27. Na Alegria e Na Tristeza
Assistir jogos de basquetebol não eram exatamente meu passatempo favorito. Afinal de contas, eu sequer entendia as regras direito. Mas também tinha conhecimento que precisava estar ali para apoiar o Luan em seu jogo decisivo, já que era a primeira vez em anos que nossa escola chegava as quartas de finais do Torneio Regional.
O colégio escolhido para ser sede desse jogo era consideravelmente longe de nossa escola. A quadra deles era extremamente grande — muito maior do que a do nosso colégio, o piso mais polido e com um ar muito mais sofisticado do que nossa escola. Também já era de se supor que as arquibancadas, quase completamente preenchidas, eram em sua maioria compostas de torcedores do time da casa. Mesmo com todo esforço do time de nossa escola nos jogos, poucos eram os alunos de nosso colégio que se dispunham a atravessar quilômetros de distância para dar apoio ao nosso time. Algumas das raras exceções eram as fãs incondicionais de Luan que iam para vê-lo jogar de perto.
— Vixe. Parece que chegamos atrasados, não é? — Olhei para a quadra assim que entramos, me dando conta de que os dois times já estavam em campo.
— Eles devem estar apenas realizando o aquecimento pré-jogo. Veja. — Leticia apontou para o cronômetro e o placar eletrônico do outro lado da quadra, ambos zerados.
Estava feliz por ela ter aceitado vir comigo para assistir ao jogo, evitando que me sentisse deslocado naquele lugar desconhecido.
Começamos a caminhar pelas arquibancadas em busca de um lugar vago para nos sentarmos antes do início do jogo.
— Kevin! — Alguém gritou meu nome, de forma que virei minha cabeça na direção das arquibancadas mais ao fundo.
Era James, que se ergueu e acenou para mim. Retribuí o gesto, prestes a ir ao seu encontro, mas quando ele notou a presença de Leh ao meu lado, sua animação desapareceu.
Da mesma forma, Leticia, ao perceber a presença do garoto com cabelo de franja, virou o rosto e começou a andar rapidamente para o lado oposto, tomando distância dele.
— Ei, Leh! Espera! — Corri atrás dela, tentando acompanhar seu ritmo. Ela finalmente parou, distante o suficiente para que James não pudesse nos ouvir. — O que aconteceu entre vocês afinal?
Tudo o que eu sabia era que Leticia e James tinham tido um desentendimento, ou algo do tipo, alguns meses atrás. O que antes parecia ser o início de um romance mágico digno dos contos da Disney, agora aparentava mais como uma briga entre Tom e o Jerry. Leh nunca foi clara sobre o que aconteceu entre eles, e James também sempre se esquivava de responder quando eu perguntava.
— Simplesmente não deu certo. — Leh disse, após um longo suspiro.
— Como assim não deu certo? Vocês nem chegaram a sair juntos. E, honestamente, o James é mil vezes melhor do que os caras idiotas com quem você costumava sair.
— Ah, já entendi, Kevin! O James é maravilhoso, e eu sou a vilã insensível, a megera sem coração que não deu uma chance ao melhor amigo do seu namorado.
Eu não conseguia entender o mau humor dela. Claramente o fato de eu torcer para que os dois ficassem juntos não tinha nada a ver com Luan. Ela parecia ter gostado de James de verdade quando o conheceu, e tudo era recíproco pelo que James me disse certa vez.
— O que aconteceu? — Tentei mais uma vez, minha voz o mais pacífica possível na esperança de acalmá-la.
— Ele simplesmente não está interessado em mim, Kevin. Eu já te disse isso antes.
— O quê?! O James? Ele está de quatro por você. Aposto que se você pedisse para ele latir, ele latiria. Tipo: auauauuuuu. — Minha tentativa de imitar um cachorro foi extremamente falha e constrangedora, mas pelo menos arrancou um riso dela.
— Se ele está tão interessado assim, por que não me chamou para sair? Ficamos semanas conversando, até que eu mesma tomei a iniciativa de convidá-lo para andar de skate. Ele inventou uma desculpa qualquer, disse que não levava jeito para isso. Depois o convidei para tomar sorvete, e ele disse que era intolerante à lactose. Então simplesmente o chamei para dar um passeio no parque, e ele? Apenas disse que estava ocupado e talvez outro dia. Depois disso, não respondi mais às mensagens dele.
"Não entendo, se ele não quer ficar comigo, por que continua insistindo? É típico dos caras, talvez eu seja apenas algum tipo de troféu para ele, ou uma opção caso não dê certo com outra garota."
Enquanto divagava, Leticia parecia se afastar cada vez mais de mim, mesmo sem se mexer. Seus devaneios voavam longe, repletos de teorias malucas. Não a culpo totalmente; no lugar dela, eu provavelmente também acharia que James não estava interessado. Mas eu sabia que não era o caso.
— Leh, o James realmente gosta de você. Ele só é um pouco lerdo. O cara nunca saiu com uma garota antes, então deve estar um tanto sem jeito de sair com você.
Seus olhos revelaram surpresa conforme seu olhar se desviava para o outro lado da arquibancada. James estava concentrado na quadra, emanando energias positivas pelo jogo de seu melhor amigo que estava prestes a começar.
— Eu não sabia que ele era totalmente inexperiente — Leh voltou seu olhar para mim após um momento de reflexão. — De qualquer forma, Kevin, isso não significa que eu esteja apaixonada por ele. Gostei das nossas conversas, e o James é realmente muito bonito, ele faz meu tipo. Mas é só isso. Desde o episódio com o infeliz do Christian, tenho focado mais em mim. Não posso ficar à mercê de alguém que não sabe o que quer, ou pior, que sabe, mas não tem coragem de agir.
Foi minha vez de desviar o olhar, desta vez para a quadra. O babaca mencionado por minha melhor amiga estava lá, bem próximo ao Luan. Christian ainda fazia parte do time de basquete da escola, e sua concentração era evidente enquanto recebia a bola de seus colegas durante o aquecimento. Imagino o quanto de paciência o Luan precisava ter para dividir a quadra com alguém tão lastimável quanto Christian.
— Deixa disso, Leh. No fundo, você acha fofo caras que são um pouco inseguros. Sou o maior exemplo disso. Não é à toa que sou seu gay favorito.
— Gay favorito? Sei não, Kevin. Se esqueceu do meu primo? Eu o amo, e ele arrasa no "Just Dance".
— Ele é um chato de galocha. — Senti um leve arrepio ao lembrar daquele garoto tentando flertar comigo quando eu ainda pensava que era heterossexual. — Vamos lá, ao menos diga um oi para ele. Você não vai morrer se fizer isso.
Um pouco relutante, Leh acabou cedendo. Nos aproximamos, então, de onde James estava sentado.
— Leticia! Oi. — Totalmente sem jeito, James se levantou de seu assento sem saber se a abraçava, se dava um beijo no rosto ou um simples aperto de mãos. O que ele escolheu, no entanto, foi a pior opção: fazer um sinal de joinha com a mão. Nessas horas, eu queria ser um avestruz e enterrar minha cabeça na terra de tanta vergonha alheia.
— Relaxa, James. — Leticia parecia se divertir com sua timidez exagerada, enquanto tentava o trazer de volta aos eixos. — Como você está?
— Estou bem, e você? Você nunca mais respondeu minhas mensagens. Achei que tivesse feito algo errado.
Um silêncio constrangedor se instalou no local. James evidentemente não havia se dado conta de que suas recusas para sair com ela foram o "erro".
— Esses lugares estão disponíveis? — Tentei mudar o foco da conversa ao perceber os dois assentos vagos ao lado dele.
— Claro, podem se sentar. — Ele conseguia manter seus olhos concentrados nos olhos dela, apesar de sua timidez exagerada. — Digo, só se você quiser, é claro.
— Está tudo bem para mim. — Leh se sentou ao lado dele, e eu ao lado dela.
Nós três nos concentramos na quadra. O aquecimento parecia intenso, mas o brilho nos olhos de Luan, concentrado, era revigorante para mim. Era o oposto completo de Christian; apesar de estarem no mesmo time, a expressão no rosto dele era muito menos amigável e mais animalesca.
— Aquele camisa onze parece ser bem mal-humorado, credo. — James comentou, referindo-se exatamente a Christian.
— Ah, aquele? — Apontei na direção dele. Fiquei um pouco relutante em dizer algo, mas vi uma oportunidade de ajudar James. — Ele é o ex-namorado da Leticia.
Imediatamente, a loira ao meu lado inclinou a cabeça com um sorriso forçado, enquanto seus olhos lançavam um claro sinal de que ela queria me estrangular. Tentei transmitir a ela uma mensagem não verbal de que James não sabia absolutamente nada sobre Christian, mas não sei se ela conseguiu me entender com os sinais que fiz com os lábios.
— Sério? Ele era realmente seu ex? — James virou a cabeça na direção dela, fazendo com que Leh assentisse melancolicamente. — Ele deve ser um verdadeiro idiota para chegar ao ponto de perder uma garota tão incrível como você.
A expressão de surpresa de Leticia ao ouvir sua fala veio acompanhada de um leve rubor em suas bochechas. Era raro vê-la em um momento de timidez como aquele.
— Posso te perguntar uma coisa?
— Acho que sim. — Ela respondeu, um pouco insegura.
James parecia igualmente estar inseguro com o que iria dizer.
— Sabe, vai ter uma sessão em um cinema ao ar livre neste fim de semana, onde vai passar o filme "Dançando na Chuva". Eu nunca assisti, mas me disseram que é um clássico muito bom. Estava pensando, você gostaria de ir comigo? — Mesmo enfrentando sua vergonha para convidá-la, James expressou o convite, enquanto um sorriso contido se desdobrava no rosto da minha amiga.
— Sério?! Esse é o meu filme favorito de todos os tempos!
— Sim, estou falando sério. Mas preciso avisar que não sou muito fã de pipoca. Normalmente, quando vou ao cinema, passo em uma loja em algum shopping e compro algum doce ou chocolate. Se não for um problema para você, é claro.
Leh se virou para mim, lançando um olhar desconfiado. Eu sabia muito bem que a loira ao meu lado tinha o hábito peculiar de comprar doces quando íamos ao cinema, em vez de pipoca, e que seu filme favorito era "Dançando na Chuva". Ela provavelmente achou que eu havia falado essas coisas para James, mas eu não havia! Mesmo assim, ela me deu um sorriso, como se me agradecesse.
— Claro.
— Ótimo.
Ambos sorriram cúmplices um para o outro. Eu não havia entendido exatamente o que tinha acabado de acontecer, mas de certa forma, aquela aura pesada que pairava sobre os dois havia se dissipado. Eles voltaram a interagir um com o outro com mais tranquilidade, como se tudo tivesse voltado a normalidade.
Minha atenção, no entanto, foi desviada quando ouvi um assobio vindo da direção das grades da quadra. Luan me fitava, apoiado no corrimão, chamando minha atenção.
Imediatamente me apressei em sua direção, quase tropeçando nos degraus enquanto descia.
— Sei o que está pensando, mas deixa para surtar sobre esses dois depois do jogo. — Falei assim que cheguei diante dele.
— Do que está falando?
— Ué, não me chamou porque ficou bravo ao ver seu melhor amigo e a Leh flertando?
Luan inclinou a cabeça por cima do meu ombro, finalmente avistando os dois conversando animadamente no fundo das arquibancadas.
— Quem você acha que falou para ele sobre o filme favorito da sua amiga e o incentivou a convidá-la para sair? — Luan questionou dando de ombros, como se não fosse nada demais.
Fiquei um tanto surpreso com seu apoio ao "shipp" daqueles dois, o que me fez sorrir em sua direção.
— Obrigado por ter vindo.
— Claro que vim. Vai dar tudo certo. — Coloquei a mão em seu ombro por cima da grade, buscando transmitir apoio. — Estou aqui com você, você vai arrasar.
— Eu sei, você sempre está. — Por cima da regata, Luan apertou com carinho o colar que trazia em seu pescoço com nossa aliança, enquanto sorria animadamente para mim. Era o máximo de carinho que podíamos demonstrar em público, e para ele, era suficiente.
O treinador do time chamou por Luan, sinalizando que a partida estava prestes a começar.
— Tenho que ir.
— Vai lá, e boa sorte. Rumo às semifinais! — Falei com entusiasmo erguendo a mão no ar, enquanto Luan me deu um sorriso forçado antes de se virar e seguir em direção ao centro da quadra. Ele não parecia tão confiante quanto eu a respeito do jogo.
Virei-me para retornar ao meu assento, mas ao perceber que Leticia e James estavam tão imersos em uma conversa animada, presumi que talvez fosse melhor deixá-los a sós. Não queria ficar de vela.
Encontrei um lugar vago em uma das fileiras do meio da arquibancada, rodeado por desconhecidos. De certa forma, eu acabei ficando sozinho. Mas estava tudo bem, era um sacrifício que eu estava disposto a fazer para que minha melhor amiga tivesse mais privacidade com ele. De qualquer forma, eles pareciam ter se esquecido completamente da minha existência.
O apito do árbitro ecoou pela quadra, marcando o início da partida e acionando a adrenalina de ambos os times. As duas equipes se alinharam, prontas para o salto inicial. O silêncio tenso foi quebrado pelo som estridente da bola sendo arremessada para o alto.
O primeiro quarto começou com intensidade, com o time adversário, trajado de azul, rapidamente ganhando a posse da bola. Eles trabalharam rapidamente para avançar em direção à nossa cesta, passando a bola entre si com precisão cirúrgica. A defesa do nosso time tentava acompanhar, correndo energeticamente e saltando para bloquear os passes, mas o time azul era ágil e persistente.
Com um rápido passe lateral, a bola chegou às mãos de um jogador do time azul, que aproveitou a oportunidade para fazer um arremesso de longa distância. O ar foi cortado com o som do metal quando a bola bateu no aro e, com um suspiro coletivo da multidão, acabou entrando na cesta.
Cada vez que o time azul marcava uma cesta, a torcida ia à loucura, enquanto eu me sentia cada vez mais aflito com a situação.
Luan conseguiu fazer algumas cestas brilhantes, driblando os defensores adversários. No entanto, Christian, nosso pivô, parecia mais interessado em fazer cestas por conta própria do que em passar a bola para os companheiros de equipe nos momentos propícios. Isso apenas aumentava minha frustração, pois era óbvio que eles precisavam trabalhar juntos para ter alguma chance contra o time adversário.
Durante os intervalos dos quartos, mal tive a oportunidade de falar com Luan. Os jogadores aproveitavam aqueles breves momentos para descansar, recuperar o fôlego e receberem instruções do treinador. No último quarto, percebendo que tanto Luan quanto Christian não estavam mais atuando no seu melhor, o capitão do time tomou a decisão de substituí-los, e o treinador acatou, enviando-os para o banco.
À medida que o tempo passava, a diferença no placar parecia se alargar cada vez mais, enquanto a torcida do time azul celebrava com entusiasmo ensurdecedor cada cesta marcada por sua equipe. Enquanto isso, eu sentia um nó se formando no estômago, consciente de que a vitória estava se tornando cada vez mais impossível de ser conquistada.
Ao soar do último apito, o placar refletia uma diferença de dezoito pontos a favor do time azul. Naquele dia, nossa escola teve uma dura derrota nas quartas de finais, e a expressão de desânimo no rosto de Luan e de seus colegas era evidente.
Após os jogadores de ambos os times se cumprimentarem em um gesto de respeito esportivo, vi Luan deixando a quadra com passos largos e um semblante de irritação profunda, enquanto ao meu redor a multidão ainda vibrava em êxtase pela vitória do time adversário
Sem pestanejar, optei por seguir Luan. Ele atravessou a porta dos fundos da quadra com uma fúria descompassada, enquanto eu ia logo atrás. Do lado externo da escola, nos encontramos em um campo gramado deserto do campus, sem nenhuma alma viva além de nós dois na proximidade.
— Luan, espera! — Chamei por ele, mas meu namorado continuava andando rapidamente sem olhar para trás, como se não tivesse me escutado, ou fingindo que não ouviu. Determinado a alcançá-lo, aumentei meu ritmo, meus passos se tornando mais rápidos enquanto eu tentava alcançá-lo. — Espera!
Quando minha mão finalmente tocou seu ombro e ele se virou, meu coração se desfez em migalhas ao notar seus olhos marejados.
— Eu sou um merda, Kevin. — Luan falou com a voz embargada, enquanto as lágrimas desciam por suas bochechas.
— Não fique assim — tentei consolá-lo, minha mão ainda repousando em seu ombro. — Você foi um dos melhores do time. Vi quantas cestas você conseguiu marcar. A culpa não foi sua, o idiota do Christian que quis chamar a atenção e não passou a bola quando deveria. Ele queria fazer tudo sozinho...
— Que merda! — Luan exclamou repentinamente se esquivando, ainda demonstrando sua frustração com a derrota. — Eu não sou bom em droga nenhuma. O basquete era a única coisa em que eu me destacava. Pode parecer idiota, mas sentia, no fundo, que se conseguisse ir bem no basquete, ao menos nisso, conseguiria orgulhar meus pais. Mas perdemos!
Uma surpresa tomou conta de mim. Luan não estava passando por um de seus picos de raiva habituais ou demonstrando um comportamento de mau perdedor. Ele simplesmente estava decepcionado consigo mesmo, acreditando que havia desapontado pessoas que nem sequer mereciam uma única lágrima dele. Pessoas que nem sequer estavam ali presentes.
— Você não precisa se esforçar para orgulhá-los, Luan. Eles não merecem nada de você.
— Eu sei, mas ainda assim... — Luan não terminou a frase. Tudo o que fez foi esfregar seus olhos vermelhos.
Era difícil para mim compreender, mas de certa forma acho que fazia sentido que, mesmo tendo pais tão problemáticos, ele ainda quisesse dar a eles algo que os fizesse se orgulhar dele. Como se isso fosse uma espécie de "pote mágico" que seria capaz de solucionar a situação familiar complicada deles.
— Ei, não importa se vocês ganharam ou perderam. Eu estou orgulhoso de você. E não, isso não é um discurso de perdedor. — Me aproximei, ficando cara a cara com ele enquanto Luan ainda chorava. — Tenho orgulho do cara que você é. Vi que deu o seu melhor. Sei que perder é difícil, mas eu estarei ao seu lado, seja nas vitórias ou nas derrotas.
"Você vive falando que te coloco num pedestal, mas tu também tem que parar de se diminuir. Você é incrível no basquete, e não apenas nisso. É um ótimo bartender, e toca guitarra como um profissional. Meu namorado tem muitas coisas da qual se orgulhar."
Com um sorriso forçado devido à tristeza do momento, Luan me abraçou com força. Um suspiro profundo dele foi captado pelos meus ouvidos. Parecia que eu havia aliviado um pouco do peso que ele carregava.
— Não importa o que digam, para mim você foi o melhor jogador daquela quadra. — Continuei a esfregar suas costas por um tempo, até que ele finalmente se sentisse pronto para se soltar.
Quando ele o fez, percebi a presença de duas pessoas atrás de nós, observando-nos.
— Vamos. Tem mais algumas pessoas que querem te apoiar. — Falei enquanto ele se virava, só então notando a presença de James e Leticia um tanto distantes esperando o momento certo para se aproximarem.
Luan sorriu para eles enquanto secava suas lágrimas com as mãos, e então ambos seguimos em direção aos nossos amigos.
💃🏻👠
A manhã seguinte na escola não estava sendo o que estávamos esperando que seria antes do jogo do dia anterior. Acreditando que venceria o jogo, Luan pensou que os corredores estariam cheios de pessoas elogiando seu desempenho. Mas, tudo estava no mais profundo habitual. Ainda que as meninas que comiam ele com o olhar permanecessem fazendo isso de forma discreta, as demais pessoas da escola, por outro lado, nem lembravam de sua existência.
De certa forma, Luan parecia mais conformável com a derrota. Afinal, é como dizem, nada como um bom choro para limpar a alma.
— Assisti ao seu jogo ontem. — A fala veio de uma garota de vestido preto chamativo que havia aparecido como um fantasma em nossas frentes pelo corredor da escola.
— Thalia?! — Exclamei, surpreso, ao revê-la. Afinal, não víamos a "dama das sombras" desde o acampamento.
— Uma dica que eu sugeriria é trabalhar um pouco na sua defesa de perímetro. De resto, você até que foi bem. — Sem tempo a perder, Thalia se afastou sem esperar por uma resposta nossa.
Eu e Luan nos entreolhamos, surpresos, e então começamos a rir. Quem imaginaria que a gótica reservada faria questão de comparecer ao jogo dele?
Seguimos em direção à nossa classe, mas como estávamos adiantados naquela manhã, decidimos ficar próximos à porta no meio do corredor, aproveitando para jogar conversa fora enquanto esperávamos pelo início das aulas.
Conforme um som de salto alto ricochetando no chão, ao se aproximar pelos corredores, era ouvido por mim, ergui a cabeça buscando a origem do barulho inusitado.
A jovem que se aproximava, recebendo olhares de todos conforme caminhava elegantemente, possuía cabelos cacheados e transmitia uma elegância que eu jamais havia visto antes. Seu estilo era composto de um conjunto branco, o qual incluía uma blusa de seda com detalhes em renda e uma saia midi plissada, destacando sua figura esbelta. Ela carregava uma bolsa de couro genuíno no ombro, adornada com detalhes em metal dourado, transmitindo que ela era rica demais para estar naquela escola pública. Seus óculos escuros de marca, com armação dourada e lentes polarizadas, completavam o seu visual. Era como se essa garota fosse o completo oposto de Thalia.
Fiquei em choque quando ela parou diante de mim e de Luan, enfim retirando os óculos escuros, revelando seus olhos caramelos.
— Há quanto tempo, Luanzinho.
Olhei para ele, confuso. A expressão de Luan estava congelada diante daquela garota. Antes que eu pudesse questionar algo, a garota se aproximou mais ainda dele, e então selou seus lábios nos de Luan, diante dos olhares curiosos de todos ao redor. Foi minha vez de ficar em estado catatônico. Por mais que não correspondesse ao beijo, Luan não se esforçou para afastá-la.
Quando ela enfim separou seus lábios dos dele, tomei coragem de questionar:
— V-V-Vocês se conhecem?
— Eu e o Luan? Diria que somos bem mais do que apenas conhecidos. Ele é o meu noivo. — Com um sorriso, ela usou as pontas dos dedos para limpar a marca de batom que ficou na boca de Luan, enquanto exclamações de surpresa ecoavam por todo o corredor, deixando-me desnorteado com aquela revelação.
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