25. Tatuagem

          O calor escaldante daquela manhã era quase insuportável. Eu aguardava a chegada de Luan, buscando proteção do sol sob o toldo de uma loja. Ele havia me convidado para darmos uma volta no centro comercial da cidade naquele dia.

— E aí! — Luan me saudou com um aceno suave ao chegar.

          Ele estava deslumbrante como sempre, talvez até mais do que o habitual. Seu estilo estava consideravelmente diferente, vestindo uma regata branca e uma bermuda tactel colorida, o oposto das vestes escuras de quase sempre. Seus cabelos ondulados estavam escondidos sob um boné virado ao avesso em sua cabeça.

— Oi, Luan.

          Ainda estava me sentindo um pouco sem jeito desde que ele havia se declarado para mim há poucos dias. Nossa relação que já era confusa antes, agora estava ainda mais.

— Minha mãe pediu para eu fazer um favor. — Luan estendeu a mão, exibindo um magnífico anel de ouro branco com um grande diamante central cercado por diamantes menores. — Ela quer que eu me desfaça deste anel. Disse que ele tem trazido mau-agouro desde que o ganhou. Bobagem, na minha opinião.

          Luan começou a caminhar pela calçada movimentada, e eu o segui enquanto passávamos pela multidão no centro da cidade.

— E onde você pretende fazer isso?

— Há uma loja de penhores aqui no centro, pensei em levar lá.

— Então, vamos. — Embora não entendesse completamente por que Luan me chamou para acompanhá-lo na venda da joia, ainda assim era um pretexto para passarmos esse dia das nossas férias juntos.

          O meio-fio da calçada era estreito, e Luan, sendo o folgado que era, não teve a decência de compartilhá-lo comigo, deixando-me à mercê dos raios solares. Parecia que ele estava determinado a se proteger a todo custo do sol, mesmo que precisasse "me sacrificar" para isso.

— Hum, na verdade, estava pensando em aproveitarmos o dia antes. Além disso, mais tarde queria que você me acompanhasse a um lugar. Depois podemos ver sobre a joia. — Ele revelou, deixando-me intrigado com seus planos secretos, aos quais inicialmente não quis me revelar, mas concordei rapidamente com sua sugestão.

          À medida que explorávamos as lojas de roupas, mesmo eu não tendo a intenção de comprar nada, acabei me divertindo ao experimentar uma variedade de roupas no provador. Me lembrava, inclusive, do enorme closet que Luan tinha em sua casa. Sempre que saía do provador, Luan opinava sobre o que achava.

— Você se acha um estilista profissional, não é? Logo você, o inimigo número um da moda que só sabe usar roupas pretas. — Bufei, irritado, após ele comentar que as roupas que eu experimentei não combinavam comigo. De certa forma, ele estava certo. Aquela camiseta alongada realmente não era meu estilo. Mas não queria lhe dar razão.

          Voltei ao provador, frustrado. Ao sair novamente, esperando por mais críticas, fiquei surpreso quando os olhos verdes de Luan brilharam.

— Cara, você está sensacional. Desse jeito, vou acabar me apaixonando ainda mais. — Ele disse, aproveitando que a atendente estava longe, com os olhos fixos em mim, quase babando. — Te pegava de jeito.

          Não achei que a roupa merecesse tanto elogio, afinal, era apenas uma calça jeans branca combinada com uma camisa de linho azul-marinho. Talvez o destaque tenha sido o fato de ser justa, realçando meus ombros e peitoral. De qualquer forma, não pude deixar de sorrir com o elogio.

          Depois de saímos da loja sem comprar nada — deixando a atendente irritada pelo tempo que passamos nos provadores —, o som do estômago de Luan nos lembrou que era hora do almoço.

— Desculpe por isso. — Ele ficou constrangido com o ronco involuntário, e eu apenas ri da situação.

          Nós nos dirigimos a um restaurante self-service movimentado no centro. Embora fosse a primeira vez de Luan lá, eu já havia frequentado algumas vezes com Leh e meus pais. Eu duvidava muito que a comida de lá fosse no nível dos restaurantes chiques aos quais Luan deveria estar acostumado, mesmo assim, eu gostava da comida daquele restaurante e queria apresentar a ele.

— A gente precisa voltar aqui qualquer dia, a comida estava incrível! — A exclamação repentina de Luan sobre nosso almoço, enquanto nos dirigíamos ao caixa, me pegou de surpresa.

          Tomei frente em relação a ele na fila, pegando sua comanda de supetão de sua mão e me dirigindo ao atendente. Luan me olhava confuso enquanto eu pagava pelos dois almoços.

— Não me olha assim. Você sempre paga tudo para mim, hoje é minha vez. — Falei para ele, enquanto pagava ao atendente e recebia o recibo de volta. — Obrigado.

          Dessa vez, Luan não contestou meu gesto. Apenas colocou sua mão por um breve momento em meu ombro, como se me agradecesse. Mesmo não recebendo muito de mesada de meus pais, gastar esse dinheiro para alimentar o meu "monstrinho" já me deixava feliz. Meu? Ah, como eu queria que ele realmente fosse meu...

— Bom, acho que já está na hora do que agendei. Melhor irmos. — Luan falou, olhando para seu relógio de pulso e apressando os passos.

          Ainda estava sem entender. Sabia que perguntar não adiantaria, então apenas o segui. Até que chegamos em frente a um grande estúdio no centro. O estúdio tinha uma fachada de tijolos detalhistas e minuciosos com uma porta de madeira escura.

          Uma vez dentro do estúdio, me deparei com grandes painéis de madeira que decoravam as paredes, exibindo belas obras de arte e designs de tatuagens personalizadas. Aquele espaço tinha um ar misto de rusticidade e elegância.

— Você é o Luan, certo? — Um homem calvo, coberto por tatuagens em seus braços, aproximou-se de nós assim que chegamos.

— Eu mesmo.

          Não entendi por que ele soube que era o Luan logo de cara, e não eu. Será que eu não parecia alguém que faria uma tatuagem? Espere! Luan estava ali para fazer uma, estava?!

— Ei, Luan. Me diz que você não vai fazer uma tatuagem. — Sussurrei para ele enquanto o tatuador seguia à nossa frente.

— Claro que vou.

— Mas você nem tem idade para...

          Antes que eu pudesse terminar minha frase, Luan me deu uma forte cotovelada no abdômen para me calar. Parecia que sua mania de mentir sobre a idade também se aplicava naquele ambiente.

          No estúdio, éramos apenas nós três. Nos sentamos em um banco enquanto Luan preenchia um termo de consentimento para a tatuagem.

— Certo. Agora só preciso ver sua identidade. — O tatuador disse ao receber o formulário preenchido de volta.

          Eu sorri confiante, jurando que o fato de o Luan ser menor de idade fosse ser exposto naquele momento.

— Claro, aqui está. — Mais confiante ainda, Luan estendeu o documento de identidade.

— Dezenove anos? Jurava que você tinha mais. — O tatuador devolveu o documento. — Vamos lá, Luan.

          Antes de se levantar, Luan olhou para mim e colocou a língua para fora, provocando-me. Maldito! Ele havia feito uma identidade falsa.

          Além disso, o bigode fino que Luan estava deixando crescer, dava-lhe uma aparência mais velha. E, diga-se de passagem, ainda mais charmosa.

          Ele se acomodou em um banco especialmente designado, estendendo o braço sobre uma maca. Usando luvas, o tatuador começou a preparar as tintas e as agulhas que seriam usadas para tatuar meu companheiro.

          Aproximei-me, percebendo o nervosismo de Luan, ao notar seu pé batendo no chão com frequência. Assim que a agulha tocou em sua pele, ele deu um pequeno sobressalto, franzindo os lábios de dor conforme ela penetrava levemente em sua pele.

— Calma, "cowboy". Você é um homem, ou não é? — O tatuador chamou sua atenção, pedindo-lhe que parasse de se mover.

          Não gostei do tom do tatuador. Mas antes que eu pudesse responder por ele, Luan mesmo se defendeu:

— Homens também sentem dor. — Ele disse com um sorriso forçado, mas logo em seguida emitiu um pequeno grunhido de dor.

          Permaneci ao seu lado, oferecendo apoio moral enquanto a tatuagem progredia. Era evidente que em alguns momentos ele sentia mais dor do que em outros, dependendo da área do braço em que a agulha estava sendo utilizada. Perto do pulso foi onde mais percebi que ele sentia desconforto.

          Enquanto o tatuador mantinha sua atenção no trabalho, Luan sussurrou para mim, sem emitir som: "Obrigado por estar aqui comigo". Ou, pelo menos, foi o que consegui entender ao tentar ler seus lábios. Sorri em resposta. Estar com ele não era nenhum sacrifício para mim, pelo contrário.

          Estava determinado a ficar ao seu lado pelo tempo que fosse necessário para oferecer apoio. No entanto, à medida que o desenho começava a tomar forma, ele pediu que eu aguardasse nos bancos do outro lado do estúdio. Ainda não sabia o que ele estava tatuando, e ele disse que queria me surpreender quando estivesse pronto. Assenti, afastando-me conforme solicitado.

          Luan parecia ter se tornado íntimo com a dor depois de um tempo, como se fossem amigos próximos, embora ainda emitisse gemidos de vez em quando. Era irônico como ele sempre tentava bancar o machão, mas em momentos como aquele, não conseguia esconder sua fragilidade.

          De longe, observei as horas de "tortura" refletidas no rosto franzido de Luan. Decidi enviar uma mensagem para o seu número, mesmo sabendo que ele não veria tão cedo: "Meu guerreiro valente", escrevi, acompanhada de uma foto que tirei disfarçadamente. Certamente essas fotos dele com expressão de dor seriam úteis para provocá-lo no futuro.

          Foram quase cinco horas de sessão, até que finalmente Luan se levantou, com a tatuagem finalmente pronta. Ele se aproximou de mim, ansioso para mostrar o resultado.

          Ocupando quase todo o seu antebraço direito, estava tatuado um lobo em um estilo realista, com detalhes impressionantes que o faziam parecer quase vivo. Seu olhar era penetrante, com olhos amarelos intensos que pareciam seguir quem olhasse para a tatuagem. A mistura de tons de cinza, preto e marrom, em sua pele era o que criava uma textura incrivelmente realista. Ao redor do lobo, um cenário natural também foi desenhado, com elementos como árvores, rochas e uma lua cheia brilhante ao fundo.

— Ficou fenomenal, Luan! — Exclamei, genuinamente impressionado com o resultado.

          Nem eu estava botando fé que ficaria tão bom. Devo confessar que a tatuagem caía como uma luva ao estilo de Luan. Ele próprio também estava embasbacado enquanto observava o resultado no espelho.

          Ele se virou, percebendo que o tatuador estava ocupado guardando o material utilizado ao fundo do ambiente, alheio a nós dois. Então, Luan se voltou para mim com um olhar de empolgação:

— Eu fiz outra.

          Confesso que fiquei surpreso com a informação. Não havia percebido quando ele mudou de posição na cadeira durante a maior parte do tempo que o observei. Mas, admito, nos momentos finais, estava mais distraído mexendo no celular. Possivelmente, a segunda tatuagem não era tão extensa, nesse caso.

          Meu rosto começou a corar conforme ele ergueu a metade a camisa, revelando seu abdômen definido. Mas o que ele queria me mostrar não era o tanquinho. Era a tatuagem feita um pouco acima de seu umbigo. Era apenas uma palavra, tatuada em tinta preta: "Kevin".

— Puta que pariu! — Exclamei, não conseguindo conter minha indignação. — Você é retardado, Luan?! Seus pais te deixaram cair do berço quando você era criança? Demência tem tratamento, busque ajuda. Você deve ser doido para ter feito uma tatuagem com meu nome!

          Em que planeta ele achou que estava para achar que eu gostaria desse tipo de homenagem? Tudo bem que ele me amava, mas fazer uma tatuagem com meu nome? Ele já estava passando dos limites, com certeza com um parafuso a menos na cabeça. Porém, diferente do resultado buscado com minha revolta, ele começou a rir de forma divertida, mal conseguindo se controlar diante da minha irritação.

— Está rindo do que agora, palhaço?!

— Isso aqui é uma tatuagem de henna — Ele confidenciou, enquanto abaixava a camisa.

— Não é uma rena, Luan! Rena é um animal da família dos cervos. Isso aí claramente é o meu nome que está tatuado. Burro eu não sou, pelo menos não muito.

          Luan riu ainda mais com minha fala, e até mesmo o tatuador, ainda que distante, deu uma risada abafada ao ouvir minha confusão. Eu estava completamente perdido.

— Tatuagem de henna é uma tatuagem temporária, seu bocó! — Luan finalmente explicou, entre risos.

— Meu Deus, você se deu ao trabalho de fazer isso só para me pregar uma peça? — Concluí, meio incrédulo e meio aliviado por não ser realmente uma tatuagem permanente com meu nome.

— Isso mesmo, e valeu muito a pena. Em alguns dias ela vai sair. Ah, mas a do lobo é uma tatuagem de verdade.

          Irritado, dei um soco no braço dele, descontando minha raiva por ter sido enganado. No entanto, sua careta de dor com meu ato me fez recuar arrependido. Eu havia acertado exatamente onde ele tinha feito a tatuagem, sem pensar.

— Ops.

          Após pagar o profissional que havia feito as tatuagens, eu e Luan finalmente deixamos o estúdio. A tarde estava chegando ao fim, e logo começaria a escurecer.

— Bom, agora só preciso ir à loja de penhores que mencionei, e então poderemos ir. Afinal, eu ainda tenho que trabalhar hoje. Não existe atestado para quem faz tatuagem, infelizmente. — Luan comentou, ajustando o plástico enrolado em seu braço para proteger a tatuagem recém-feita.

          Compadeci um pouco dele — apenas um pouco. Ao menos o idiota escolheu bem a época para fazê-la. Afinal, segundo o tatuador, ele teria que ficar alguns dias sem fazer exercícios físicos. E, estando de férias, isso não seria um problema em relação ao clube de basquete. Quanto ao boxe, ele poderia adiar seus treinos por uma ou duas semanas.

          A forma como Luan demonstrava conhecer o centro comercial da cidade me deixava impressionado. Ele entrava por becos estreitos, a fim de cortar caminho e evitarmos atravessar a avenida, até que chegássemos na famigerada loja de penhores.

          Ao adentrar, um tilintar suave ecoou pelo ambiente, emitido por um sino pendurado na porta. As prateleiras e balcões exibiam uma variedade fascinante de itens, desde joias reluzentes até livros usados, além de móveis antigos e instrumentos musicais.

          Enquanto Luan se dirigia ao senhor de idade por trás do balcão, fiquei intrigado com um livro na prateleira. Apesar de não ser um ávido leitor, o título Fantasia¹ despertou minha curiosidade. A sinopse na contracapa prometia uma aventura envolvente, onde a protagonista acabava parando dentro do seu livro favorito!

— Ele está avaliando o anel, vai levar um tempo. Melhor você esperar lá fora — Luan se aproximou de mim, interrompendo minha contemplação.

— Não tem problema, Luan. Posso esperar aqui.

— Não, Kevin. Fica lá fora, quando terminar aqui eu saio — O tom autoritário de Luan me deixou desconfortável, mas acatei sua ordem.

          Irritado, coloquei o livro de volta na prateleira e sai da loja. Luan podia ser um tanto difícil de lidar às vezes, chamando-me para acompanhá-lo e depois me afastando sem cerimônias.

          Mas, diferente do que ele havia dito, não demorou mais do que alguns minutos para que ele saísse pela mesma porta.

— Já? — Perguntei, ainda meio emburrado. — Deu tudo certo?

— Deu. — Ele respondeu de forma fria, mantendo as mãos nos bolsos.

          Havia algo de estranho com ele. Luan estava todo alegre o dia todo, mas agora agia de forma acanhada. Fiz menção de começar a andar, mas Luan não se moveu, permanecendo parado diante da porta da loja.

          Ergui uma sobrancelha. Ligeiramente corado, Luan estendeu o punho em minha direção. Estranhei o gesto, pensando que já havíamos evoluído ao ponto de não precisarmos mais desse tipo de cumprimento.

          De toda forma, correspondi ao punho. Nossos "socos" se encontraram no ar. Como se fosse uma continuação do cumprimento, ele abriu a mão. Nossas mãos agora se encontrando em um caloroso, e estranho, aperto de mãos.

          Entretanto, enquanto nossas mãos se tocavam, senti um objeto circular e gelado se envolvendo entre elas. Só pude ter a certeza do que se tratava quando Luan retirou sua mão de cima da minha. Agora, em minha mão, repousava uma aliança de prata; menos modesta que a aliança de ouro de mais cedo que ele me mostrou, mas ainda assim impressionante.

— Luan, o que é isso? — Olhei totalmente confuso para ele, embora na prática eu já soubesse o que era.

          Meio tímido, Luan permanecia imóvel, quase parecendo um soldado da Corte Britânica.

— Eu menti sobre o anel da minha mãe. Pense, Kevin, meus pais são ricos. Por que ela precisaria vender algo que não gosta? Na verdade, aquele anel foi uma herança deixada por minha avó há algum tempo. Decidi vendê-lo só hoje, e, bom, com parte do dinheiro comprei essa aliança.

          Ele não conseguia me fitar diretamente. Suas bochechas vermelhas eram claro sinal de sua timidez excessiva diante da situação. Ainda assim, eu não conseguia entender o que aquilo significava.

— Kevin, ainda não percebeu? Eu só quero estar com você. Não consigo mais me ver com nenhuma outra pessoa que não seja você.

— V-Você está me pedindo em namoro, é isso? — Falei de uma vez, encarando o rapaz de boné em minha frente. Meu coração disparava, mas o medo de sua resposta ser negativa me deixava arrependido de sequer ter cogitado questionar.

— Não está óbvio? — Ele fitava os próprios pés, ainda sem coragem de me olhar.

          Eu estava prestes a soltar fogos de artifício, gritar para o mundo que eu tinha um namorado. Luan e eu, oficialmente, estávamos namorando!! Mas, enquanto por dentro eu estava eufórico, por fora eu apresentava o mesmo nível de timidez dele.

— Comprei uma para mim também — Luan pegou uma aliança semelhante do bolso, estendendo-a na palma de sua mão. — Espero que não seja um problema, Kevin, mas não vou usá-la por enquanto no dedo. Seria uma bandeira vermelha para questionamentos de todas as partes.

          Ele pegou uma corrente do bolso, na qual inseriu a aliança nela, até que se posicionasse no seu centro. Feito isso, ele envolveu sua corrente da mesma cor da aliança sobre o pescoço e fechou seu fecho sobre ele.

— Mas, vou carregá-la comigo o tempo todo. Você vai estar sempre comigo — Luan fechou a mão sobre a aliança pendurada em seu pescoço em sinal de ternura, como se aquela aliança fosse o símbolo do nosso amor. Eu sorri para ele, um sorriso que transparecia que estava tudo bem. Aliás, mais do que bem. Estava excelente.

— Eu... Eu também irei comprar uma corrente — Falei, ainda meio sem jeito de como lidar com a situação. — Por enquanto, posso tentar usar...

          Tentei encaixar a aliança no meu dedo anelar, conforme Leh tinha me dito que era o dedo correto para aliança de namoro, e, para minha surpresa, o tamanho coube direitinho!

— Como sabia meu número? — Olhei chocado para ele.

— Sua amiga me ajudou — Um sorriso travesso se desenrolou em seus lábios, amenizando o clima de timidez entre nós.

          Maldita Letícia! Então no dia em que fui em sua casa, e ela me fez experimentar vários anéis de bijuteria que tinha, com o pretexto de que era apenas para eu ter noção do tamanho do meu dedo quando começasse a namorar, ela já estava tramando com o Luan às minhas costas! E pensar que logo esses dois estavam trabalhando juntos...

— Não faça essa cara, bobo — Luan voltou a rir de mim, enquanto eu fazia um bico.

          Ainda assim, eu era fascinado por esse cara. Ele não precisava ouvir de mim que eu aceitava seu pedido, porque ambos sabíamos que eu já era dele, muito antes desse pedido.

— Me desculpa — Luan soltou repentinamente —, me refiro aquele dia no sarau. Não sou bom em pedir desculpas, você deve ter percebido. Reconhecer os próprios erros é uma droga. Mas, agora que você é tão importante para mim, preciso te dizer que me arrependo da forma como agi. De ter te deixado para trás, e ter atrapalhado sua apresentação, só porque não me sentia confortável em estar ali. Você hoje ficou o dia todo me fazendo companhia em minhas coisas, e não reclamou em momento algum. Às vezes acho que você é bom demais para mim.

          Luan era uma caixinha de surpresas. Toda hora ele me surpreendia, fosse com algo ruim ou bom. Dessa vez, felizmente, era a segunda opção. Um pedido de desculpas que chegou só um pouco tarde, tipo alguns meses, mas que ainda assim veio quando eu nem esperava mais recebê-lo.

— Talvez eu seja mesmo — Falei sorridente, com as mãos para trás das costas. — Mas você tem sorte de eu ser perdidamente apaixonado pelo seu sorriso, pelo seu jeito, por você todinho, Luan. Eu te amo.

— Também te amo, meu moleque — Após olhar para os lados e ver que não havia ninguém nas proximidades, Luan selou seus lábios na minha testa.

          Aos poucos, eu estava me acostumando com a sensação do seu carinho, do seu afeto, dos seus lábios e, principalmente, do seu amor por mim.

          Começamos a caminhar pela rua, conforme a noite caía. Eu radiante de alegria.

— Sou um gênio, não acha?

— Do que está falando? — Olhei em sua direção.

— Escolhi logo o Dia dos Namorados para te pedir em namoro — Luan sorria de forma provocativa, nem parecia mais o tímido garoto de agora há pouco. — Ou seja, daqui um ano, quando completarmos um ano de namoro, te darei apenas um presente para os dois eventos.

          Foi só então que me dei conta de que aquele dia era doze de junho, como ele havia dito, o Dia dos Namorados! Aquele cretino escolheu a data meticulosamente para me pedir em namoro. Nem havia me atentado à data até então, afinal, nunca namorei e era alheio ao Dia dos Namorados. Porém, agora eu tinha um namorado. Tinha uma razão para comemorar essa data.

— Nada disso, seu idiota! Irá me dar dois presentes — Com um sorriso no rosto, brinquei. — Aliás, serão três. Um a mais por tentar trapacear. — Dei um leve empurrão em seu braço, a fim de tirar onda com a cara dele, porém havia me esquecido de sua recente tatuagem, na qual ele deu um leve gemido de dor pelo ato. — Ops. 

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❝GLOSSÁRIO❞

¹ Fantasia  → se trata de um livro de minha autoria, no qual a protagonista Regina Monroe acaba parando dentro do seu livro favorito chamado justamente de "Fantasia". O livro se encontra disponível de forma completa aqui na plataforma, a quem se interessar basta acessar meu perfil para lê-lo.

 

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