24. Respeitável Público

          O som energizante da música preenchia o ambiente daquela boate, enquanto uma multidão se reunia no balcão do bar em busca de bebidas. Eu me mantinha à distância, observando a destreza de Luan ao se movimentar de um lado ao outro atrás do balcão, preparando drinks conforme as solicitações.

          Mesmo com a balada movimentada naquela noite, não alcançava o mesmo nível de lotação das vezes anteriores em que estive lá. Meu olhar buscava o momento oportuno em que Luan estivesse menos ocupado para que pudesse me dar atenção.

— Você não precisava aparecer no meu trabalho para me ver — disse ele após um tempo, aproximando-se de mim no canto do balcão, afastado do seu colega que atendia sozinho os poucos clientes que havia naquele momento. Devido ao volume da música, tive que aproximar minha orelha para ouvir sua voz em alto e bom som. — Se esqueceu? Você é menor de idade, pirralho.

— Você também é, e mesmo assim trabalha aqui.

          Luan fez um gesto silencioso com o dedo sobre os lábios, indicando que deveríamos manter isso em segredo. Afinal, seus superiores não podiam nem sonhar que ele havia mentido sobre sua idade para conseguir o emprego de bartender.

          Era junho, alguns dias após o início das férias de meio do ano, um alívio após as extenuantes provas semestrais. No entanto, justamente por estarmos livres da escola, a falta de oportunidade limitava nossos encontros, especialmente desde que Luan voltou a morar com seus pais.

          Antes das férias, nos víamos todo santo dia — e até mesmo nos que não eram "santos". Porém, após elas se iniciarem, nem sempre conseguia vê-lo. Confesso que uma onda de ciúmes me envolvia ao pensar que ele poderia estar conhecendo alguém quando não estava comigo.

          Eu tentava controlar meus ciúmes, não mandando mensagens o tempo todo. Ele sempre era atencioso ao responder, mas às vezes em que demorava alimentava paranoias na minha mente, levando-me a pensar em diversas possibilidades, inclusive imaginando que ele poderia estar explorando coisas que nós dois ainda não havíamos feito juntos, só que com outra pessoa.

          Não tinha medo de que ele se apaixonasse por outra pessoa. Isso não. Pelas minhas impressões, ele não era do tipo que se apaixonava facilmente, e também não parecia alguém que foi feito para namoro. Eu deveria me conformar com isso para evitar maiores decepções.

          Nosso lance era apenas isso, um lance. Eu queria sim que firmássemos um compromisso, mas seu recuo quando disse que o amava deixava claro que ele não queria nada além do que tínhamos. E, por hora, eu estava disposto a aceitar isso. Se todos podem ficar por ficar, por que eu, Kevin Wallace Drummond, não poderia?

— Só queria te ver, mesmo não curtindo estar em baladas — falei, apoiando o queixo no antebraço sobre o balcão, deslizando o dedo pela madeira. — Você sabe, fico todo boiolinha quando estou contigo.

— Boiolinha, é? — ele deu um sorriso contido enquanto passava um pano sobre o balcão.

— Ah, desculpe aí, senhor "bissexual" — disse emburrado, desviando o olhar enquanto já me arrependia de ter dito aquilo.

— Não falei nada, eu hein. Você leva tudo a ferro e fogo. Só acho fofo você ficar assim quando me vê — seu sorriso era tão resplandecente que deixou meu coração alegre. Não, pera. Tenho quase certeza de que isso era a letra de uma música.

          Detestava a maneira como suas palavras me faziam corar de vergonha, e às vezes, estranhamente, eu considerava que preferiria quando ele implicava comigo só para evitar esse constrangimento.

— A gente precisa sair, ir para algum lugar. Não podemos deixar as férias passarem em branco — Luan disse se aproximando de mim sobre o balcão.

— Luan, não estou dando conta sozinho. Vem ajudar! — chamou seu colega do outro lado do balcão, agitando alguns ingredientes na coqueteleira.

          Atendendo ao chamado prontamente, Luan se moveu ao seu lado com uma agilidade impressionante. Com uma garrafa que pegou, serviu uma taça. Depois serviu outra, e mais outra. Ele era tão rápido que quase não conseguia acompanhar seus movimentos.

          Uma característica marcante de Luan era seu jeito de ser muito multifacetado. Ele se destacava em diversas áreas, inclusive nos esportes. Falando neles, além do basquete, nos últimos tempos, ele até se aventurou no treinamento de boxe uma vez por semana.

          O boxe não foi uma escolha dele propriamente dito, mas sim uma sugestão de sua terapeuta para controlar seu recém diagnosticado transtorno explosivo intermitente. Incentivei-o a buscar ajuda para lidar com seus picos de raiva após a briga com Rafael e Felipe.

          A sua carga de trabalho ininterrupta foi apontada como uma possível causa, levando-o a reduzir suas atividades de freelancer, permitindo-se uma folga semanal dedicada ao treino de boxe.

          Na realidade ele não chegava a lutar, apenas desferia golpes em um saco pesado por vários minutos a fim de canalizar sua energia e desacumular a carga de estresse. Afinal, eu que não o deixaria subir em um ringue. Não o incentivei a buscar tratamento para que ele começasse a "lutar", mesmo que profissionalmente. Tudo o que eu queria é que ele parasse de se envolver em brigas.

          Eu poderia ficar horas fazendo companhia a Luan naquela noite, afinal, menti aos meus pais sobre um recital no sarau para justificar minha chegada tardia. No entanto, a música extremamente alta e os esbarrões ocasionais não transformavam aquela balada no meu lugar favorito para estar.

          Antes, porém, que eu pudesse me despedir de Luan, um outro homem que trabalhava lá se aproximou, após ele terminar de atender o último cliente que estava no bar.

— Aqui está, Luan. Parabéns — Lhe estendeu um envelope, sendo recebido pelo meu colega que apenas agradeceu com um sorriso no rosto.

          Curioso, me aproximei assim que o garçom se afastou.

— O que é isso?

          Ao abrir o envelope, Luan fez uma expressão de desgosto e descartou a carta na lixeira ao seu lado imediatamente.

— Não é nada demais.

          Insatisfeito com sua resposta, saltei a bancada e, sem paciência para seu colega espantado com meu ato, peguei o envelope do lixo.

— Ingressos para o circo? — questionei, surpreso.

— Pois é, o Luan os ganhou como cortesia da boate, por ter sido o único funcionário que superou a meta de vendas mês passado. Sortudo esse garoto — Seu colega de avental deu um leve tapa nas costas de Luan, sorridente. Assim que um cliente ergueu a mão em sua direção, ele mudou o foco do olhar. — Já vou!

          Luan não parecia muito entusiasmado com sua recompensa, nem mesmo com o mérito de ter sido o funcionário destaque.

— Eu nem sequer sou efetivado daqui pra ser o funcionário do mês — Sibilou emburrado.

— São ingressos para o circo, Luan! — Repeti, com os ingressos em mãos.

— É, eu sei, uma palhaçada né? Literalmente, parando para pensar. Falaram que teríamos um mimo surpresa para quem batesse a meta. Esperava algo melhor — Ele voltou a passar o pano sobre o balcão, as marcas de bebidas dos copos ficavam constantemente marcadas na madeira.

— Por que jogou fora? — indaguei, arqueando a sobrancelha.

— Por que não jogaria? — Assim que Luan ergueu seu olhar, se voltando em minha direção, ele já imaginava o que estava por vir. — Ah, não. Esse olhar de novo não. Já até imagino o que vem aí...

— Vamos juntos! Podemos ir amanhã que é sua folga — insisti, tentando convencê-lo. Contudo, Luan era uma mula teimosa. — Ou não vai me dizer que também tem medo de palhaços, assim como tem de filmes de terror?

— Claro que não! Só acho meio agoniante quando os caras do circo fazem acrobacias perigosas. Dá medo de dar errado e a gente presenciar isso.

          Nunca havia ido ao circo, e pelo comportamento do Luan, ele também não. Mesmo assim, eu confiava na qualificação da trupe para evitar desastres dessa magnitude.

— Vai ser divertido, Luan. Você sempre diz que não quer, mas acaba adorando quando vai. Foi o mesmo na excursão. E você mesmo falou que precisamos aproveitar as férias.

— Você é mesmo um mala — ele riu abafadamente, um sorriso angelical surgindo. — O meu mala.

          Espera! Ele disse que eu era dele?!

— Eu vou. Mas com uma condição... — provocou, deixando a resposta no ar.

          Antes que eu pudesse perguntar do que se tratava, Luan jogou seu avental no chão e pulou a bancada. Fiz o mesmo, ainda sem compreender.

— Júlio, segura as pontas aí que já volto! — Luan gritou para o homem de barba longa no bar, que nem teve tempo de questionar, afinal, eu e Luan já estávamos nos misturando no meio da multidão da balada.

          Estava tocando uma música pop, cujo nome eu sequer sabia, tampouco quem a tocava. Muitas pessoas aglomeradas próximas umas das outras, alguns dançando sozinhos, outros acompanhados. Se Luan estava ali, isso só significava uma coisa...

— Bora, Kevin. Sei que não é um bom dançarino, mas vamos aproveitar que estamos aqui.

— Mas, Luan... Essa não é uma balada gay. E achei que quisesse ser discreto. Digo, seus colegas de trabalho — Falei, olhando para os lados, buscando uma desculpa para não ter que dançar.

— Eles acham que sou descendente mexicano, acham que me chamo Luan Hernández Garcia, acham que tenho dezenove anos. Se eu me importasse tanto com eles, acha mesmo que teria mentido tanto para os meus colegas de trabalho?

          Era a primeira vez que via Luan tão animado em ficarmos tão próximos em público. Mesmo com o receio de dançar em público, ainda mais com outro garoto, isso era o gás que eu precisava.

          Eu e Luan nos entregamos à batida da música, dançando coladinhos no meio da multidão. Nossos corpos se moviam em sintonia, como se a pista de dança fosse feita apenas para nós dois naquele momento.

          Luan, envolto no ritmo, parecia conhecer cada palavra daquela música, ocasionalmente deixando escapar trechos com um sutil sibilar. Em um movimento suave, ele se aproximou por trás de mim, suas mãos encontrando meus braços, e nossos corpos começaram a balançar em perfeita sintonia conforme a melodia transitava para uma cadência mais serena.

          Apesar do receio inicial de dançar em público, a energia contagiante da noite e a presença animada de Luan me inspiravam a aproveitar o momento. Ali, na pista de dança da balada, compartilhando passos e olhares cúmplices, eu dançava com o garoto que amava. Em meio à multidão, éramos apenas nós dois, passando despercebidos, livres para sermos verdadeiramente nós mesmos.

🎪🎩

          A noite seguinte trouxe consigo um frio considerável. Eu e Luan, devidamente agasalhados, resistimos por um tempo ao uso de luvas, na esperança de poder, eventualmente, segurar as mãos um do outro. No entanto, ao perceber meus dedos enrijecerem pelo frio, rendi-me à necessidade de usar o par de luvas que trouxe.

          Luan, sempre encontrando motivos para reclamar, questionava até mesmo o custo dos ingressos do circo, que não eram caros o suficiente para justificarem serem brindes do seu trabalho. Até o preço das pipocas não escapou de sua análise crítica, mesmo eu sendo o responsável pela compra.

          Embora tenhamos sido uns dos últimos a entrar na enorme tenda do circo, ainda encontramos lugares vazios na primeira fileira. Contrariando as preferências do garoto que preferia o fundão, optei por nos sentarmos na frente. O circo surpreendentemente não era tão lotado como eu imaginava.

— Pipoca? — Estendi o saco em sua direção enquanto aguardávamos o início do show.

— Vou te mostrar a pipoca que tu quer. Mas essa tem um R ao invés de P — Ele respondeu entre tremedeiras.

— Ripoca? — Falei com a boca cheia de pipoca, tirando uma com a cara dele.

— Engraçadinho — disse ele, num tom sarcástico e sem sorrisos. Seu mal humor não me afetava mais, afinal, se o levasse a sério, já o teria cancelado há muito tempo. Contudo, não demorou para que ele mesmo percebesse que estava exagerando. — Desculpa, Kevin. Sei que estou sendo chato. Só que estou meio apreensivo com o que falei ontem.

          Observei ele mais atentamente. Nem sabia mais se a tremedeira era resultado do frio ou do medo que ele estava enfrentando diante do espetáculo.

— Luan, não sabia que você tinha tanto receio de assistir acrobacias perigosas. Eu não deveria ter insistido. Podemos ir embora...

— Fica — ele disse, sem se mexer, segurando minha mão. Nossas luvas tocavam-se acima dos bancos. — Você está aqui. Isso é o suficiente. Sua presença me deixa mais confortável.

          Olhei para ele sem saber o que dizer. Luan não desviava os olhos do palco, onde o espetáculo começava a se desenrolar.

          Sob a grande e iluminada lona do circo, o "respeitável público" foi saudado pelo mestre de cerimônias com um sorriso cativante ao centro do picadeiro. Mal pude conter minha empolgação enquanto observava o palco ganhar vida.

— Senhoras e senhores, crianças de todas as idades, preparem-se para uma noite repleta de magia e destemor! — anunciou o animado apresentador, enquanto malabaristas habilidosos começavam a rodopiar seus objetos no ar ao seu lado.

          Luan, inicialmente apreensivo, parecia mais relaxado, encantado pela atmosfera circense. As acrobacias começaram, e a tensão em seu rosto diminuiu gradativamente.

— E agora, para uma apresentação que desafiará as leis da gravidade, temos os intrépidos acrobatas voadores! — proclamou o mestre de cerimônias, enquanto uma música começava a ser tocada ao fundo.

          Os trapezistas surgiram no topo, suspensos por cordas e balançando no ritmo da melodia. Seus movimentos graciosos no ar faziam parecer que de fato desafiavam a gravidade. Luan, ao meu lado, parecia cada vez mais envolvido na apresentação, esquecendo suas preocupações iniciais, quando percebeu que seus temores não tinham fundamentos.

          À medida que os trapezistas realizavam acrobacias mais ousadas, o locutor entusiasmado ecoava pelo circo, e a plateia irrompia em aplausos. Luan segurou minha mão com firmeza, e sua expressão de apreensão inicial foi substituída por um sorriso encantado.

— Esses caras são incríveis, não são? — comentei, buscando compartilhar a empolgação do momento.

— Sim, é... impressionante — respondeu Luan, sua voz denunciando o fascínio que as performances estavam exercendo sobre ele.

          Com a empolgação das acrobacias aéreas diminuindo, as luzes se concentraram em um novo espetáculo. O locutor anunciou com entusiasmo:

— Agora, preparem-se para serem surpreendidos pelas incríveis manobras de fogo dos malabaristas e o emocionante Globo da Morte!

          Malabaristas habilidosos entraram em cena, empunhando bastões em chamas que desenhavam padrões luminosos no ar. O calor e a luminosidade das chamas contrastavam com a noite fria, criando uma atmosfera hipnotizante. Luan, ao meu lado, observava maravilhado, seus olhos refletindo o brilho das chamas dançantes. Usei do momento para tirar uma foto com meu celular, de igual maneira encantado.

          Logo em seguida, o picadeiro foi preparado para o tão aguardado Globo da Morte. Uma moto rugiu, e um piloto audacioso adentrou em uma estrutura metálica robusta circular, suspensa no ar, composta por dois anéis concêntricos horizontais. O veículo ficou girando em alta velocidade. A plateia segurou a respiração enquanto a moto realizava voltas espetaculares, desafiando a física em um balé perigoso.

          Não tardou para que uma segunda motocicleta ingressasse no Globo da Morte, adicionando um novo nível de intensidade ao espetáculo. Agora, os dois motociclistas destemidos executavam giros frenéticos dentro da esfera metálica, amplificando a sensação de agonia e empolgando ainda mais a plateia com sua ousadia.

— Isso é insano! — exclamei, sentindo a adrenalina da apresentação.

          Luan, até pouco tempo receoso em assistir cenas de pura adrenalina, estava completamente imerso na emoção do momento. Seus olhos esverdeados acompanhavam cada movimento, e seu semblante denunciava que mais uma vez eu estava certo, Luan estava amando estar ali.

          Com uma explosão de cores e música alegre, os palhaços fizeram sua entrada triunfal no picadeiro do circo. Seus trajes vibrantes e maquiagem extravagante capturaram imediatamente a atenção da plateia. Um deles segurava uma trombeta e emitia sons engraçados, enquanto o outro começou a tirar um lenço interminável do bolso.

— Olha só, Bigfoot — Um dos palhaços falou para o outro, enquanto ainda retirava o lenço infinito do bolso.

— O que foi, Arco-íris Risonho?

— Um lenço mágico! Aposto que é menor do que seu nariz pomposo.

          A plateia se envolvia em risadas diante de suas presepadas. Eu igualmente me divertia, totalmente entretido com o show dos palhaços. No meio da apresentação, Luan sussurrou algo para mim, mas o som das gargalhadas da plateia me impediu de ouvi-lo na primeira vez.

— O que você disse?

— Eu disse que eu também te amo — ele falou mais alto, aproximando-se do meu ouvido.

          Fiquei em choque, paralisado. Sua resposta veio alguns meses depois de eu ter dito isso pela primeira vez naquela praia.

— Desculpa, eu não entendi de novo — sem saber como reagir, fingi mais uma vez não o ter escutado. Mas eu havia entendido muito bem da segunda vez.

— Eu falei que eu também te amo!! — Luan falou ainda mais alto, garantindo que desta vez não houvesse cera no meu ouvido que me impediria de escutar.

          No entanto, o que ele não poderia prever era que, no exato momento em que decidiu falar em voz alta, a plateia havia ficado em um silêncio fúnebre. Os palhaços também não diziam nada. Todos se voltaram para nós, assim como a luz do holofote nos iluminou quando todos ouviram Luan dizer que me amava.

          Ficamos sem reação, nossas bocas semiabertas, olhando para frente.

— Aí, está vendo isso, Arco-Íris Risonho? — O palhaço falou com ternura ao seu companheiro, ambos nos olhando.

— Ouvi sim, Bigfoot.

— Parabéns ao casal. Só uma pergunta: agora, quem vai lavar a louça e quem vai levar o lixo para fora? Ah, o amor é lindo, mas a rotina doméstica também faz parte, não é mesmo? — A plateia riu.

— Não fale bobagens para o casal, Bigfoot — Arco-Íris Risonho repreendeu seu parceiro, depois se voltando para nós. — Ei, vocês dois aí, com esses olhares apaixonados! Sabiam que o amor é como um nariz? Pode até não ser perfeito, mas é impossível ignorar quando está bem na sua frente.

          Novas ondas de risadas quando ele tocou no próprio nariz vermelho, e mais uma vez eu e Luan ficamos completamente vermelhos ao sermos o centro das atenções.

— Olha lá, Arco-íris Risonho. Estão tão vermelhos quanto o seu nariz.

          Não demorou muito para que o tema das piadas fosse direcionado para outra vertente, e logo eu e Luan deixamos de ser seus alvos. Aproveitamos o espetáculo até o final do show, embora extremamente tímidos por todos terem ouvido nossa declaração de amor.

🤹🤡

          Uma vez que o espetáculo no circo chegou ao fim, eu e Luan caminhamos pelo amplo terreno baldio onde ficava a tenda, e fomos em direção ao ponto de ônibus, seguidos por várias pessoas com o mesmo objetivo.

— Acha que tinha alguém da escola lá? — Ele perguntou, um tanto apreensivo.

— Duvido muito — respondi, com ambas as mãos nos bolsos da calça, buscando acalmá-lo, da mesma forma que tirei seu medo sobre o espetáculo.

          Caminhávamos olhando para baixo. Não costumávamos ser tímidos um com o outro, porém, depois desse dia era como se estivéssemos entrando em uma nova zona da nossa relação.

— Me desculpa — Ele disse repentinamente, fazendo com que eu me virasse em sua direção —, por aquele dia na praia. Não ter te respondido. Eu ainda não tinha certeza dos meus sentimentos, não queria falar antes de confirmar o que sentia.

— Está tudo bem, Luan. Mas agora você tem certeza mesmo?

— Tenho, Kevin. Eu te amo — Seus olhos verdes me fitaram, e dessa vez encarei sem receio ou temor do palpitar frenético do meu coração. — Não espere que eu fale isso o tempo todo. Você sabe, não sou bom com palavras e de ficar me declarando o tempo todo. Mas eu te amo.

— Bom, para quem não é de dizer muito "eu te amo", você já disse isso três vezes só hoje — Soltei uma risada debochada, assobiando e dando um salto para frente.

— Ah, seu safado!

          Luan afagou meu cabelo e inclinou minha cabeça para baixo enquanto andávamos. As pessoas atrás de nós não foram um empecilho para termos essa conversa ali.

— Mas, pera. Você me ama como amigo, ou é um amor de...

— Romanticamente falando — Ele disse prontamente, deixando claro o nível de interesse que tinha por mim.

          Antes que eu pudesse retribuir sua declaração de amor, ele segurou minha mão sob sua luva e andou comigo de mãos dadas até o ponto de ônibus. Ele sabia que eu o amava, e esse gesto demonstrava que eu não precisava dizer mais nada.

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