17. Amizades Problemáticas

          Mamãe ficou perplexa ao testemunhar Luan devorando o seu sexto pão francês naquela manhã. Sua voracidade era impressionante, e o restante de nós apenas o observava enquanto ele saciava sua fome.

— Kevin, querido, sobre aquele dinheiro que você mencionou que os pais de Luan deixaram para cobrir os gastos... Acho que será necessário — Minha mãe sussurrou ironicamente, direcionando suas palavras apenas para mim à ilha da cozinha um pouco mais distante da mesa. Ri forçadamente diante da sua observação.

          Normalmente, não tomo café da manhã em casa, mas abri uma exceção, pois aquela seria a primeira de muitas manhãs que Luan passaria conosco.

— Já chega — Retirei o saco de pão da mesa quando Luan fez menção de pegar seu sétimo pão. — Você ainda precisa tomar banho, senão iremos nos atrasar.

          Contrariado, Luan dirigiu-se ao banheiro, mas não tardou para vir até o meu quarto pedir ajuda.

— O chuveiro está gelado. Isso é normal?

— Ah, esqueci de dizer. Tem um macete para deixar a água quente.

          Olhei na direção dele, percebendo finalmente que estava sem roupa, com apenas uma toalha ao redor da cintura. Meio envergonhado, desviei o olhar de seu abdômen e fui até o banheiro, com Luan seguindo-me.

— Gire o registro duas vezes para a direita, depois para a esquerda, e só então abra tudo de uma vez — Expliquei, enquanto fazia a água do chuveiro aquecer. — Pronto.

— Obrigado, Kevin. Mas, aproveitando que está aqui, que tal vir tomar banho comigo para pouparmos tempo? — Com um olhar travesso, ainda com a toalha cobrindo seu corpo, Luan me provocou, divertindo-se com meu constrangimento. Não sabia dizer se estava falando sério, ou se só estava tirando onda com a minha cara. Não era fácil compreender em que pé estávamos nessa relação.

— Vai tomar banho com a senhora sua avó! — Disse, me apressando antes que ele se despisse por completo, recebendo sua risada enquanto fechava a porta ao deixar o banheiro e deixá-lo sozinho.

🚿

          Na escola, eu e Luan nos apressamos em direção aos nossos armários, conscientes de que estávamos em cima da hora, especialmente porque as provas bimestrais começariam naquele dia. Enquanto organizava a mochila no armário, deparei-me com uma loira apressada passando por mim.

— Leh?

— Ah, oi Kevin. Desculpa, eu não tinha te visto — Leticia respondeu apática e cabisbaixa. Com certa desconfiança, fechei o armário e me aproximei dela.

— E aí, como você está em relação ao divórcio de seus pais?

          Na noite passada, durante nossa ligação na qual pedi sua ajuda em relação ao Luan, Leticia havia compartilhado comigo que o pior tinha acontecido. Não era de hoje as discussões entre seus pais, apesar de sempre manterem os pormenores dessas brigas ocultos da própria filha. Ontem, contudo, atingiu um ponto crítico, culminando no fim do casamento deles de dezessete anos. Seu pai deixou a casa durante a tarde do dia anterior, levando consigo uma mala, e agora Leticia estava vivendo apenas com sua mãe.

— Estou levando — Ela deu de ombros, de forma melancólica. — Não era o que eu queria. Mesmo com as brigas, não imaginava que chegaria a isso. Soube que meu pai até pediu transferência para outro hospital, só para não terem que trabalhar juntos.

          Confesso que eu também não esperava que chegasse a isso. O senhor Júlio era uma boa pessoa. Pelo que Leticia já me contara, a separação se deu por divergências de opiniões, sem relação com qualquer infidelidade ou agressão. Isso me aliviava de certa forma, pois odiaria manchar a boa imagem que tinha do pai da minha melhor amiga.

          A vida não cansa de ser tão imprevisível. Em um dia qualquer, um casal aparentemente destinado a viver junto para sempre se separa, causando estranheza para quem vê de fora. Surgia a reflexão se chegaria o dia em que eu e Luan romperíamos nossa relação de igual forma. Bom, não é como se tivéssemos algo, para começo de conversa.

— Vai ficar tudo bem — Coloquei minha mão em seu antebraço, buscando transmitir conforto. — Estou aqui, Leh. Não precisa lidar com nada sozinha.

— Eu sei — Ela respondeu, ainda cabisbaixa.

          Mesmo diante dessa situação, não era comum ver Leticia tão reservada e distante. Na realidade, essa situação sobre o divórcio veio à tona para ela apenas ontem, mas antes mesmo disso, ela já havia se afastado de mim.

— Amor, já vai tocar o sinal — Christian, o namorado de minha melhor amiga, surgiu repentinamente, sem que eu o visse se aproximar. Colocou suas mãos sobre o ombro dela, afastando meu braço. — Ah, olá Kevin.

          Não fiz questão de abrir a boca para responder, apenas balancei a cabeça. Nunca tive uma conversa real com esse cara, e ainda assim, ele não me parecia alguém com o qual eu quisesse ter por perto. O fato de Leticia ficar ainda mais fechada com a chegada dele fez-me franzir o cenho.

— Vou indo, Kevin.

— Espera! Além disso, não tem mais nada acontecendo? — Questionei antes que Leticia e seu namorado se virassem. Não hesitei em desviar o olhar para ele e depois voltar para ela. — Nenhuma outra coisa te preocupando?

— Era só isso, Kevin. Boa sorte nas provas, depois nos falamos — Com a voz trêmula, Leticia se afastou com ele.

          Não podia acreditar que não estava acontecendo mais nada. Leticia estava estranha demais. E eu nunca conseguia falar com ela por muito tempo. Essa mula de duas patas, que era seu namorado, sempre aparecia para levá-la consigo. Tinha caroço nesse angu.

          Ao me virar, observei a presença de Luan um pouco mais distante em frente aos armários, atento em relação ao nosso breve diálogo. Ele não disse nada, mas estava ciente do divórcio dos pais de Leticia, pois contei a ele no dia anterior. Suspirei fundo e fui em sua direção, prontos para enfrentarmos juntos nosso maior pavor: a prova de química.

          A semana transcorreu vagarosamente. Apesar das atividades dos clubes terem sido pausadas durante a semana de provas, os próprios exames exigiam dedicação absoluta para estudos reforçados.

          Luan conseguiu uma nota seis e meio em química, o que para muitos seria decepcionante, para ele foi motivo de festa essa nota. Um sorriso bobo iluminou seu rosto ao receber sua prova de volta. Eu, que o ajudei a melhorar nessa disciplina, estava feliz com sua alegria e melhora genuína na matéria. Mesmo assim, ele prometeu me recompensar pela ajuda. Os beijos rápidos e escondidos que trocávamos no meu quarto — apesar do medo de sermos pegos, eram a melhor recompensa que aquele idiota poderia me dar.

          Esperei o fim das provas para, finalmente, confrontar Leticia sobre o que estava acontecendo. Se seu afastamento se devia apenas ao fato de não querer mais ser minha amiga, era algo que ela teria que dizer na minha cara. Assim, eu entenderia e permitiria que ela se afastasse de vez.

          Assim sendo, dois dias depois das provas terem acabado, e assim que as aulas terminaram nessa mesma data, me apressei em direção à sua casa, certificando-me de chegar antes dela. A garantia de que Christian, assim como Luan, estava treinando naquele dia na escola no clube de basquete, me fez ter certeza de que ele não surgiria para interromper nossa conversa novamente.

— Kevin? Meu Deus, que susto — Foi engraçado vê-la dar um pulo para trás ao me avistar encostado no muro próximo de sua casa assim que ela cruzou a esquina. — O que faz aqui?

— Precisamos conversar, Leh.

— Desculpa, Kevin. Hoje estou muito ocupada, podemos nos falar amanhã na escola.

          Leticia ajeitou sua bolsa sob os ombros, deu as costas e começou a acelerar os passos em direção à sua casa.

— Não, Leticia. Tem que ser agora. Se você não quer mais minha amizade, tira o band-aid fora e diz de uma vez!

— O quê? De onde você tirou isso? — Ela se virou, enfim me dando atenção.

— De onde? Leh, você nem responde minhas mensagens. E quando responde é com um "hum" ou com uma figurinha de um gatinho dormindo em resposta aos meus áudios de três minutos! Qualquer um acharia isso. Afinal não é para menos. É natural que você faça novos amigos, já que está numa nova turma e no seu novo clube de fotografia. Mas, eu ainda assim sinto sua falta. Não queria deixar de ser seu amigo.

— Kevin, deixa de ser um jegue. Não quero deixar de ser sua amiga. Acha que eu me afastaria do único garoto que quando ainda mal me conhecia, foi o único da escola toda que não riu quando caí da escada e ainda se ofereceu a me levar para a enfermaria? Você vai ser sempre o meu melhor amigo.

          Ouvir aquilo meio que aqueceu meu coração, sabendo que seu amor por mim não havia mudado.

— Mas então o que houve? Você se afastou depois que começou a namorar aquele Christian. Vocês só andam grudados agora.

— Você e aquele babaca do Luan também — Leticia retrucou, soando como se estivesse com ciúmes de nossa relação, o que não parecia ser o caso de fato. — Até nossos amigos já comentaram que sentem que você os deixa de lado às vezes para se sentar perto dele nas aulas.

— Isso não é sobre mim e o Luan, e você sabe muito bem disso. O que está acontecendo, Leh? Me conta. Você sempre escuta os meus desabafos, deixa eu te ajudar dessa vez, poxa.

          Leticia pareceu meio receosa, como se temesse me dizer o que estava pegando.

— Podemos entrar? — Tentei, apontando para sua casa mais à frente, afinal estávamos no meio da calçada.

— Melhor ficarmos aqui, minha mãe está em casa. Não posso correr o risco de ela ouvir o que vou te dizer — Ela finalmente me encarou, olho no olho, pronta para me dizer a verdade.

🌅

          Depois de saber por Leh o que estava acontecendo, e após termos nos despedido, minha frustração interna com toda aquela situação e minha incapacidade de interferir me impediram de ir para casa. Precisava pensar, arejar a cabeça. Por conta disso, tomei lugar no balanço do parquinho do meu bairro e me pus a refletir sozinho.

          Fiquei lá o resto da tarde. Pouco me importava as crianças com olhares pidões querendo usar o balanço. Era o meu momento de estresse, e eu precisava daquilo. Aguardei até que Luan saísse do treino e viesse me encontrar, pois eu havia mandado uma mensagem falando que precisava conversar.

— O que foi? — Ele perguntou, assim que chegou e viu meu olhar perdido.

          O céu estava pintado com tons alaranjados naquele fim de tarde, conforme Luan jogava sua mochila no apoio do balanço e observava as crianças mais distantes brincando na areia do parque.

— Por que não esperou que eu chegasse em casa para conversarmos?

— Meus pais estão em casa. E daqui a pouco você terá que ir trabalhar. Queria falar sem ter risco de nos escutarem — Dei de ombros. Mesmo Luan com essa rotina frenética, não demonstrava estar cansado naquele momento. O único horário que ele teria para descansar, usou para vir me ver. Hoje eu conseguia entender o porquê de ele faltar tanto na escola no passado.

— Se queria me ver para me beijar, acho que aqui não foi uma boa escolha. Está cheio de gente — Conforme Luan falava, seu olhar vagava pelo parquinho. Um pouco mais distante de nós, pais acompanhavam seus filhos menores que brincavam pelo local.

— Não é nada disso, besta — Falei, balançando bem lentamente com as mãos apoiadas no balanço, sem tirar os pés do chão. — É sobre a Leticia. Ela finalmente me contou o que está rolando. Não é só sobre o divórcio dos seus pais, como pensei.

          Luan me olhou atentamente, cruzando os braços e se apoiando nas barras de ferro do brinquedo em que eu estava.

— Me diga então — Luan quebrou o silêncio, percebendo que eu não iria responder prontamente.

— Aí que está. Não posso. Prometi a ela que não diria a ninguém. Ainda assim, é uma situação foda.

— É algo que vocês dois conseguem lidar sozinhos? — Luan me olhou. Embora eu não o tenha respondido, deduziu que meu silêncio foi uma resposta negativa ao seu questionamento. — Se não, me diga. Porra, eu sou o cara que está beijando sua boca. Você deveria confiar em mim — Luan falou as últimas frases em tom baixo, para que mais ninguém nas proximidades nos ouvisse.

— Eu confio, diabo — Falei, parando bruscamente com o balançar do brinquedo. — Mas Leticia também confiou que eu não diria.

          Luan suspirou pesaroso, vendo o quão cabeça dura eu podia ser em não abrir o bico. Ele levou um cigarro a sua boca, ainda encostado no balanço, o acendendo discretamente com um isqueiro que carregava no bolso de sua calça.

          A real é que eu precisava desabafar com alguém, foi por isso que o chamei até ali. Mas, ao mesmo tempo, sabia que não poderia dizer nada. Eu estava em uma encruzilhada emocional.

— Ele apanha do pai dele — Sem olhar em minha direção, Luan soltou aquela frase do nada, expelindo fumaça ao tirar o cigarro da boca.

— O quê? Quem? Do que está falando? — Perguntei de sobrancelha franzida, sem entender do que ele se referia.

— O James. Meu melhor amigo. O pai dele é um cachaceiro sem juízo, e quando está em casa bate nele sem motivo nenhum — Com um olhar sério, Luan girou a cabeça em minha direção.

          Mesmo sem entender aquela mudança repentina de assunto, dei a devida atenção ao relato dele.

— Você deve ter percebido, naquele dia, quando tocou no seu ombro e ele se esquivou. O ombro dele estava machucado, de tanto que apanhou do pai. Talvez apanhar não seja a palavra certa. Espancado combine mais.

"A mãe do James foi embora quando ele ainda era bem pequeno. Ela também apanhava do marido. Chegou um dia que ela não aguentou mais e se foi. Sem se importar com o que seria do filho.

"Aquela oficina é na verdade o que sobrou da antiga mecânica do pai dele. Ele não faz nada ilegal lá, Kevin. Talvez a única coisa que façamos de errado ali seja o fato de trabalharmos no lugar do pai dele. Os carros são deixados para serem reparados, ou vendidos a preço baixo para desmontarmos e revendermos as peças. Aquele carro que o Felipe deixou comigo aquela vez, era um que seu pai tinha nos vendido. Quem deveria fazer todo o trabalho era o seu pai. Mas, 'ocupado' gastando o pouco dinheiro que tem enfiado nos bares da cidade, sobra para o James cuidar dos negócios do pai para que não vão à falência.

"James abriu mão dos estudos. Abriu mão de tudo. Tudo para trabalhar naquela maldita oficina no lugar de quem deveria sustentá-lo. Ainda assim, seu pai, em vez de ser grato, o agride quando enche a cara. Muitas vezes fica semanas fora, mas quando volta, traz o inferno de volta para a vida do James. Por isso, quando ele está por lá, tenho que me manter distante."

          Eu olhava para Luan, sem saber o que dizer. O próprio nem percebeu quando a bituca de seu cigarro escapou de seus dados e caiu na grama próximo aos seus pés. Sem querer interrompê-lo, eu mesmo o apaguei pisando discretamente no cigarro.

          Seu olhar de frustração se assemelhava à minha própria em relação ao ocorrido com Leticia. Ele claramente seria capaz de esmurrar o pai do seu melhor amigo, só para vê-lo livre daquele desgraçado. Mas era nítido que aquilo não resolveria nada. Possivelmente só pioraria a situação.

— Por que está me dizendo isso agora?

— Para você ver que confio em você, Kevin. James me pediu para nunca revelar isso para ninguém. Mas você é meu parceiro, eu confiaria minha vida a você, assim como confio nele.

          Os olhos esmeraldas de Luan me fitavam com uma determinação resoluta. Aqueles dois estavam lidando com algo pesado demais sozinhos. Mesmo sendo apenas um desabafo, era como se aquilo fosse um pedido de socorro, mesmo que não esperasse que eu fizesse algo de fato. De igual forma, eu e Leh também precisávamos desse socorro.

— Sobre a Leh. Bom, ela a princípio se apaixonou pelo Christian — Decidi falar, erguendo a cabeça e olhando fundo nos olhos dele. — Ela me disse que via nele um cara diferente de todos os outros. De início, ele era gentil com ela. Mas foi só as coisas esquentarem em relação aos dois que tudo foi pro brejo.

"Ele começou a ser possessivo. Queria estar com ela o tempo todo. Sempre perguntando onde e com quem estava. Sempre aparecendo quando ela estava com as amigas. Ele é doido de ciúmes. Acredita, ela me disse que até de mim ele tem ciúmes, mesmo ela já falando mais de uma vez que somos apenas amigos.

"Ainda assim, ela não queria terminar com ele. A idiota se apaixonou nesse babaca. E foi aí o erro dela. Mesmo sem se sentir confortável, eles trocaram fotos íntimas. Ele insistiu, a manipulou, até que ela cedesse. E antes fosse esse o problema.

"Ocorre que chegou um ponto que se tornou insustentável esse grude dele. Aliado ao fato dele insistir que fossem para cama juntos, mesmo ela já negando várias vezes, dizendo que não estava confortável ainda, a fizeram acordar para a realidade e querer terminar de uma vez. Porém, ele não aceitou. Ele disse que deixou salvo aquelas fotos que ela enviou. E, caso ela terminasse com ele, a escola inteira receberia as fotos pessoais dela."

          Conforme eu falava, via a expressão no rosto de Luan se fechar. Imaginei que fosse de fato decepcionante para ele descobrir a verdadeira índole de seu "amigo". Fora eu, Rafael e Felipe — se é que esses dois últimos eram seus amigos de fato, o único outro que Luan fez amizade na escola era justamente o Christian.

— Bom, Leh se sentiu intimidada com essa ameaça. Christian se tornou um alucinado maior ainda com o tempo. Falando que a amava, e que aquilo era para o bem dos dois. Que deveriam ficar juntos. Ela não terminou com ele, por medo de suas fotos vazarem, e acreditando que ele poderia se tornar alguém melhor, assim como prometeu para ela. Mas é óbvio, Christian parece que só ficou ainda pior. Ele fica seguindo ela que nem cachorro atrás de gato o tempo todo; por essas e outras ela não conseguia sentir liberdade de falar para mim o que estava acontecendo.

"Luan, não sei o que fazer. Não posso deixá-la nessa situação. Ela finalmente caiu na real e passou a sentir nojo dele. Mas, isso não muda o fato que ela tem medo de terminar com ele".

          Vi Luan fechar o punho, e repentinamente socar a barra de ferro do balanço, fazendo-o estremecer. Levei um susto com o ato, ainda mais vendo várias pessoas olharem em nossa direção por conta do barulho causado. Ainda assim, Luan não pareceu se importar com eles.

— Vou bater tanto nele que os pais dele não vão reconhecê-lo no hospital.

— Nada disso! — Me levantei num salto, abaixando seu punho do ar com minhas próprias mãos. — Não te contei isso para você resolver na violência. Se fosse para isso, acha que também não quero bater nele depois de saber disso?

— Você é mole. Apanharia antes de encostar nele. Comigo ele nem vai ter tempo de se dar conta do que o acertou.

— Obrigado pela parte que me toca — Revirei os olhos, mantendo seu punho abaixado. — Você não pode agir usando da violência, Luan. Não pode ser expulso. Já estamos numa situação complicada com sua família e com você morando lá em casa de favor. Imagina o caos se fosse expulso de mais uma escola.

          Conforme a ficha caía, seus ombros foram ficando menos rígidos. Esperei que sua postura voltasse aos eixos, para só então soltar sua mão. Tornei a me sentar no balanço, olhando em sua direção.

— Nossos melhores amigos são bem problemáticos — Ri nervoso. Uma risada abafada também escapou dos lábios de Luan. — Eu realmente queria resolver isso tudo. Dos dois. Da Leh e do James. Mas sem apelar para a agressão.

— E vamos, Kevin. Eu acho que tenho uma ideia — Luan disse após um tempo em silêncio. Arqueei a sobrancelha desconfiado e confuso. — Relaxa. Acho que você vai gostar da minha sugestão.

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