12. A Vida Não é Um Morango
Semanas se passaram, e com isso acho que devo algumas explicações sobre o que aconteceu nesse meio tempo. Quanto a mim e Luan, digamos que nossa relação evoluiu consideravelmente. As antigas brigas e desentendimentos foram substituídos por brincadeiras descontraídas, e trocas de sorrisos mútuos durante as aulas.
Nossa amizade — se é que isso que tínhamos pudesse ser chamado assim, estava no seu ápice. Contudo, nossos beijos, nosso hobby favorito, não se repetiram desde aquele dia no parque. E não era por falta de vontade de nenhum dos dois! As aulas estavam cada vez mais puxadas, trabalhos acumulados e as iminentes provas do bimestre que se aproximavam nos deixavam sem tempo. A vida de estudante não tinha nada de fácil, diferente do que os adultos costumavam comentar.
Além disso, eu estava ocupado com o clube de teatro, ensaiando e decorando o script durante três vezes na semana após as aulas. Iriamos encenar a peça "O Auto da Compadecida" no final do ano. E mesmo sem ter tanto talento de atuação, e sem grandes pretensões de me tornar o centro das atenções, entre a seletiva do elenco para ver quem faria qual papel, fui um dos menos piores. Me desempenharam então o papel de Chicó, melhor amigo do protagonista João Grilo.
E se para mim minha rotina já estava puxada, a situação de Luan era ainda mais turbulenta. Entre ajudar na oficina do James, estudar para superar suas dificuldades em química, trabalhar como bartender na boate e treinar no time de basquete da escola, ele tinha praticamente cada minuto do dia comprometido.
Essa rotina frenética nos impedia de sair juntos, limitando nosso convívio ao ambiente escolar. Não achava que nossa relação estivesse tão maior do que uma amizade forte, o que me deixava um tanto quanto pensativo se apenas ser seu amigo, mantendo esse segredo dos beijos ocultos, seria suficiente para mim. Para Luan, no entanto, tudo parecia estar indo de vento em popa.
Já quanto à relação de Luan com os nossos colegas, digamos que pouco mudou. Meus amigos da sala não pareciam gostar dele, e o sentimento por parte dele era recíproco. Eu frequentemente tinha que mediar qualquer sinal de conflito entre suas personalidades conflitantes quando ele era obrigado a se juntar a nós em trabalhos em grupos.
No entanto, quando estávamos sós, ele era outra pessoa. Bem menos reservado, mais divertido e, em alguns momentos, até mesmo um doce de garoto. Inclusive era exatamente assim que estávamos na cantina quando Letícia se juntou à nossa mesa.
— Bom dia, Kevin — Ela disse sorridente, antes de lançar um olhar desdenhoso para Luan: — Olá, Espantalho Humano.
— Como vai, noiva do Chucky? — Luan devolveu a provocação com um sorriso cínico.
Letícia não sabia o que houve no parque entre nós naquele dia, tampouco que planejávamos repetir o ato. Apesar de confiar minha vida a ela, de igual maneira não podia trair a confiança de Luan. Falei que não diria para ninguém, e de fato me manteria firme em relação a isso. Ainda que Leh já tivesse me indagado sobre nossa relação, e tivesse claras suspeitas, sempre tratei de desconversar quando ela tocava no assunto.
Tentei não revirar os olhos quando Christian chegou repentinamente por trás de minha melhor amiga, vendando seus olhos com as mãos.
— Adivinha quem é.
— Hum, quem será?! — Leh se fez de sonsa, se botando a pensar. Apesar disso, era óbvio que ela reconhecia sua voz. Seu jogo de sedução com ele me dava preguiça.
Christian retirou as mãos de seus olhos e ela então se virou finalmente, encarando seus olhos castanhos.
— Ah, veja se não é o cara mais gato da escola.
Ambos se beijaram bem ali, no meio de quem quer que quisesse ver. Juro que tive impressão de ver alguns celulares levantados em sua direção com intuito de fotografá-los, enquanto era perceptível o quanto alguns garotos se mordiam de inveja de Christian. Me deu um súbito arrepio de imaginar eu e Luan fazendo essa mesma coisa na frente de todo mundo. Se com eles já chamava a atenção, conosco seria como se colocássemos nossas cabeças a prêmio.
— O que acha de darmos uma volta rapidinho? — Christian propôs, com suas mãos na cintura dela.
— Agora?
— Pra ontem — Ele afirmou. Leh parecia um tanto relutante, mas ainda assim assentiu com a cabeça.
Ela apenas acenou para nós em despedida, e, de mãos dadas com seu namorado — Ou o que quer que fossem, se retirou da cantina.
— O que houve? — Luan perguntou, quando ficamos apenas nós na mesa. Afinal, não me esforcei para tirar a cara de bunda do rosto.
— É esse cara. Sei lá, Leh está diferente desde que começaram a sair. Primeiro, que ela ainda não deu um pé na bunda dele. Já era para ela ter partido seu coração e caído fora, segundo seu retrospecto.
— Qualé? Não era você que criticava as relações superficiais da sua amiga? Parece que ela finalmente se apaixonou. Deixa a garota afogar o ganso com ele.
— Deixa de ser idiota — O repreendi. — Você só fala isso porque são amigos no clube de basquete.
Era verdade. Luan e Christian aparentavam se dar bem. Este último era um verdadeiro bajulador do meu amigo, só porque Luan era um excelente jogador. Isso foi suficiente para conquistar até mesmo a amizade "super seletiva" de Luan.
— Só acho que ela está me deixando de lado. A gente nem se fala mais como antes. Não tenho uma boa impressão sobre ele.
— Deixa de ser ciumento, Kevinzinho — Com o cotovelo apoiado na mesa, Luan apontou o dedo indicador para mim. — Quando você conseguir uma namorada, verá que é normal se afastar dos amigos e focar nela. Não tem nada de estranho nisso.
Sério, não sei como Luan odiava poesias, afinal ele calado era um poeta. Para que falar isso? A gente estava se pegando... Bom, foi apenas uma vez, mas mesmo assim a gente faria de novo. Então, por que mencionar uma possível relação entre mim e qualquer outra pessoa? Ainda mais uma garota! Está certo que não temos nada além de uma amizade, mas mesmo assim! De toda forma, o sinal das aulas que estavam prestes a começar me salvou daquele momento embaraçoso.
🎬
Sem atividades extracurriculares naquele dia, ambos nos encaminhamos juntos para a saída da escola assim que as aulas terminaram. Minha surpresa foi notável ao avistar James no portão, acenando para nós, naquela tarde nublada.
— Você por aqui — disse, surpreso, afinal, até onde eu sabia, James não estudava em nossa escola.
Toquei em seu ombro para cumprimentá-lo, mas no mesmo momento, ele fez uma careta de dor e se afastou ligeiramente. Olhei confuso para ele.
— Foi mal, Kevin. Dormi de mal jeito e estou com o ombro dolorido — ele se explicou, mas isso definitivamente não me convenceu.
— Preciso trocar uma ideia a sós com James, Kevin — Luan tomou frente. — Hoje irei direto para minha casa, então eu e você acabaremos indo pelo mesmo caminho. Se quiser me esperar, é claro.
Mesmo estranhando a situação, assenti em concordância e me despedi de James com um balançar de cabeça. Quando Luan não ia para a oficina de James, íamos por parte do caminho juntos, embora eu ainda não soubesse onde ele morava de fato.
Enquanto Luan e James continuavam a conversa próximos do portão da escola, saí pelo mesmo e fiquei aguardando Luan do lado de fora, encostado no muro da calçada, enquanto vários estudantes passavam por mim.
Inclinei minha cabeça para baixo, decidido a mexer em meu celular enquanto aguardava Luan. Nesse momento, não percebi a proximidade de duas pessoas que pararam em minha frente, quase grudadas em mim.
Ao erguer a cabeça, esperando encontrar Luan, percebi meu equívoco. Os dois garotos altos que me cercavam eram velhos conhecidos de vista. Felipe, corpulento, com uma pequena pinta acima da boca e semblante fechado bufafa bem próximo de mim. O outro se tratava de Rafael — o filho do diretor da escola. Embora um pouco menos malhado que seu amigo, era notavelmente parecido com ele, a ponto de parecerem irmãos. Até mesmo os bonés que usavam em suas cabeças formavam uma combinação correlativa, como se fossem gêmeos.
Sem ter ideia do que esses terceiranistas queriam comigo, cada um deles apoiou a mão em um de meus lados, impedindo-me de escapar. Diante dessa intimidação, engoli em seco para, finalmente, poder questioná-los.
— Posso ajudá-los em algo? — Tentei quebrar o clima pesado com um sorriso forçado.
— Pode sim, otário — Rafael falou, fuzilando-me com o olhar, mas mantendo o tom baixo para que apenas nós ouvíssemos —, não sabemos o que tu andas falando para o Luan, mas ele está esquisito desde que te conheceu.
— Isso aí — Felipe prosseguiu. — Para o seu bem, é melhor que fique longe dele, seu viadinho. Se ele der para trás naquilo e nos dedurar, nós vamos acabar com sua raça primeiro e depois vamos atrás dele. — Com um olhar intimidador, Felipe socou a parede com demasiada força, fechando ainda mais a expressão em seu rosto após evidenciar que um pequeno buraco se formou no lugar do impacto.
"Viadinho"?! Será que eles sabiam de algo? Não é possível, afinal, eles acabaram de deixar claro que Luan apenas estava mudado, mas que não sabiam o que era. E o que Luan poderia contar sobre eles ao ponto de precisarem me ameaçar?
— Eu não sei do que vocês...
— Cala a boca! — Rafael me interrompeu furioso. Enquanto ele falava, senti pingos de saliva respingarem em mim, por conta de sua agitação. — Não lembro de termos permitido você abrir a boca. Deixe de influenciar o Luan para o que quer que seja, nerd do caralho!
Nesse momento, ouvimos passos se aproximando. Nós três olhamos para o lado e avistamos Luan se encaminhando em nossa direção.
— Se afaste dele, senão você está fudido — Felipe ameaçou uma última vez, antes de ambos saírem de perto de mim.
— O que eles queriam com você? — Com as mãos nos bolsos, Luan questionou com um olhar intrigado quando me alcançou.
— Eles só estavam te procurando — Tentei esconder o nervosismo sobre o que acabara de ocorrer. Se tratando de Luan, já estava virando um hábito meu esconder as coisas relacionadas a ele.
— Se estavam me procurando, por que não falaram comigo assim que nos cruzamos? — Luan olhou para trás, mas nesse momento tanto Rafael quanto Felipe já estavam longe o suficiente para que ele sequer cogitasse ir indagá-los.
— E eu vou saber? Vai saber o que se passa na cabeça desses doidos — Dei de ombros, começando a caminhar.
Definitivamente, não fazia ideia do que estava ocorrendo. Deveria levar a sério a ameaça que acabei de receber? Nunca sofri bullying nem nada do tipo, por mais que tenha passado por uma fase difícil alguns anos atrás na minha antiga escola...
Ainda assim, não sabia como lidar com a situação. Contar para Luan estava fora de cogitação. Tinha medo de fazê-lo e ele optar por se afastar, fosse pensando em sua própria proteção ou para me proteger. Certamente não queria mais tirá-lo da minha vida. As melhores partes do meu dia eram ao seu lado, e não haveria ameaça que me fizesse abrir mão disso.
— O que foi agora? Você está bem calado hoje — Luan comentou depois de um certo tempo, enquanto andávamos pela calçada, me despertando do meu devaneio.
— Ah, não é nada. Só estava pensando sobre o James — Menti, tentando mudar de assunto. — Sabe, não é comum você não ir para a oficina dele depois da aula. Menos ainda ele aparecer na escola.
— Hum, o que é isso? Está com ciúmes do meu melhor amigo? — Luan falou de forma provocante, me empurrando levemente com seu próprio ombro. — Relaxa. Eu não saio beijando ele igual faço contigo. Na verdade, não faço isso com nenhum outro garoto.
— De onde tirou isso de ciúmes? Tu está é maluco — Falei fazendo um bico. Embora seu sorriso bobo amenizasse minha preocupação de agora há pouco. — Mas, já que mencionou sobre isso, bom, eu meio que acho que estou com saudades. Sabe, de nos beijarmos.
— Eu também, cara — Luan manteve um tom sincero, sem perder o foco do caminho à nossa frente. — Se não estivéssemos nessa correria, juro que te levaria no parque. Nunca me imaginei dizendo isso para outro garoto, mas estou morrendo de saudades da sua boca.
Mantendo seu sorriso, seus dentes caninos expressivos ficaram à mostra, fazendo Luan parecer ainda mais encantador.
Foi bem nesse instante que um letreiro na calçada chamou minha atenção. O outdoor no ponto de ônibus anunciava um filme em cartaz nos cinemas. Eu não costumava ir com frequência ao cinema, então não me mantinha atualizado sobre os filmes em exibição. Contudo, aquele filme em questão me fez recordar de algo. Com demasiado ânimo, puxei a manga da camisa de manga longa de Luan e apontei para o cartaz do novo filme do Homem-Aranha.
— Veja!
— Hum, Homem-Aranha? O que quer dizer com isso? Está pensando em me dar um beijo de cabeça para baixo que nem o filme, é isso safado? — Luan riu, me fazendo franzir o cenho.
— Não, idiota. Estava pensando em irmos ver. Sabe, você mencionou aquele dia que era seu filme favorito.
— Ah — O tom de desânimo em sua voz era palpável. — Eu já vi esse filme. Semana passada, eu e James arrumamos um tempo e fomos.
— Entendi. Deixa para lá então — Falei desgostoso.
Comecei a caminhar meio tristonho, mas acho que não tardou para Luan perceber.
— Mas, sabe, não seria uma má ideia. Afinal, eu estava tão cansado no dia que acabei pegando no sono no meio da sessão e perdi metade do filme — Luan falou ao chegar ao meu lado.
— Perdeu é? Deixa de ser mentiroso — Comecei a rir, empurrando-o para o lado.
Luan colocou o braço sobre meu pescoço, inclinando nossos corpos e sua mochila transversal enquanto esfregava sua mão em meu cabelo em sinal de provocação. Ambos caímos na risada, ignorando os olhares das pessoas mais velhas no ponto próximo a nós.
— Então quando iremos? — Perguntei, quando enfim ele me soltou, enquanto ajustava meu próprio cabelo que ele bagunçou.
— Que tal amanhã?
— Amanhã tenho ensaio no clube de teatro depois da aula.
— Nós faltamos na aula, não seja por isso — Luan disse como se fosse a constatação mais óbvia do mundo.
Eu nunca havia cabulado aulas assim, enquanto para Luan isso já parecia ser um hábito. Contudo, ele havia moderado suas faltas; nas últimas semanas, Luan não faltou um dia sequer. Não sabia se ele finalmente estava tomando juízo ou se eu era a motivação dele não faltar mais às aulas.
— Bom, amanhã não temos nenhuma matéria importante mesmo. Acho que faltar um único dia não matará ninguém — Falei, me convencendo de sua proposta. — Só preciso ver com meus pais se eles vão me dar dinheiro para...
— Do que você está falando? Eu vou pagar — Luan falou em tom de repreensão ao me interromper. — Eu tenho dinheiro, eu trabalho, se esqueceu? Você não. O pai aqui da conta.
— Que mané o pai da conta. Não é justo você pagar os ingressos sozinho, Luan. Bom, se for assim, eu pago a pipoca então...
— Não também — Luan negou prontamente, levando ambos os braços às suas costas. — Eu pagarei. Você pode me compensar pagando de outra forma.
— Ah é? E como?
— Fazendo meu trabalho de química.
— Nem fudendo! — Rimos em conjunto, afinal, tudo o que Luan não precisava era maneirar nos estudos dessa disciplina.
🎥🕷️
Conforme combinado, o dia seguinte foi marcado pela execução do nosso plano. Saí com minha mochila, para que meus pais não suspeitassem que eu estava matando aula, e me encontrei com Luan em frente ao cinema do centro da cidade — o único que tinha sessões no horário da manhã.
Após comprar a pipoca e os refrigerantes, nos encaminhamos para nossos assentos na penúltima fileira do fundo do cinema. Luan não escondeu a risada quando eu quase tropecei subindo os degraus, afinal, ele era um idiota mesmo quando estava sendo fofo em pagar tudo sozinho.
Éramos os únicos em nossa fileira, e não havia ninguém mais atrás de nós. Eu realmente queria que fôssemos os únicos na sessão, mas umas três ou quatro pessoas distintas estavam sentadas nas fileiras mais à frente. Sério, que povo desocupado em plena quarta de manhã para estar indo ao cinema, que saco!
A sala escureceu assim que o projetor começou a exibir os trailers antes do filme. Luan, vez ou outra, estendia sua mão em direção ao saco de pipoca que estava em meu colo.
Durante uma ou duas vezes, sua mão esbarrou na minha ao tentar chegar ao saco. Mas, na terceira, sua mão pousou definitivamente na minha mão livre. E então ele a apertou. Em seguida, entrelaçou seus dedos aos meus. Esse gesto repentino dele me surpreendeu; afinal, não esperava por um gesto de afeto vindo do cara mais marrento que conheço.
A princípio, ele não disse nada. Apenas manteve seus dedos entrelaçados aos meus, enquanto não tirava seus olhos da tela. Porém, um sorriso bobo e tímido enfeitava seu rosto. De igual maneira, não pude evitar de sorrir alegre.
— Preciso te falar uma coisa... — Ele sussurrou próximo de meu ouvido, quebrando o silêncio.
— Está com câimbra na mão também? Ah, que bom, eu não sabia como te dizer isso.
— Ah, não era bem isso — Ele soltou minha mão um pouco constrangido. Eu então olhei para ele, dando-lhe a atenção requisitada. — Estou gostando de você para valer, Kevin. Acho que é até mais do que só os beijos. Não sei ao certo o que é isso que estou sentindo, mas eu sei que você é mais do que um amigo para mim.
Ouvir essas palavras foi como tirar um peso do meu ombro. Tinha medo de que tudo isso fosse apenas uma experiência para Luan, enquanto eu sozinho me apaixonava por ele.
— Eu penso em você mais vezes do que gostaria — Falei, olhando em sua direção. — Também não sei o que isso tudo significa, mas só sei que você é muito importante para mim, Luan.
Luan sorriu meio sem jeito, tomando um gole de refrigerante com o canudo enquanto ponderava sobre algo.
— Hoje meus pais e meus irmãos não vão estar em casa até de tarde. Caso esteja disposto a faltar no teatro também, queria te levar lá. Quero que você conheça mais sobre mim — Luan falou em tom determinado.
Certamente para Luan, aquilo não era nada fácil. Tinha algo em sua vida pessoal que ele mantinha oculto por algum motivo. E querer me mostrar isso demonstrava que ele estava realmente determinado a me ter e me manter por perto em sua vida.
— Topo! — Falei prontamente, sorrindo para o cara ao meu lado.
Nossa atenção voltou à tela assim que os trailers acabaram e o filme se iniciou. Eu estava tão entretido que nem sequer notei a aproximação dele vindo em minha direção. Sem me dar conta, senti seus lábios encostando em minha bochecha, conforme ele depositava um beijo nessa região.
— O que foi isso? Errou minha boca? — Questionei, com as bochechas coradas.
— Eu nunca erro um beijo. Eu beijei exatamente onde eu queria.
Seu sorriso sacana, a forma como ele se achava e o jeito fofo como ele beijou minha bochecha me fizeram sorrir de forma boba.
— Bom, mas também estou doido pra te beijar de verdade — Ele prosseguiu, mordendo os lábios inferiores em sinal de provocação. — Posso?
— Claro que pode. Sou louco pelos seus beijos — Falei, me dando a liberdade de ser tão ousado com ele quanto gostaria.
— E eu sou louco por você — Após girar levemente a cabeça, Luan se aproximou e me beijou de forma apaixonante.
— Espera, Luan. E o filme? — Perguntei, ao afastá-lo com a mão e me dar conta de que estávamos perdendo tudo o que ocorria no telão.
— Ah, eu já vi. No final, ele derrota o Doutor Octopus se sacrificando e supostamente morre. Mas na cena pós-crédito...
— Seu arrombado, para de dar spoiler! — Reclamei enquanto o interrompia.
— Se quiser que eu me cale, terá que fazer isso com sua boca — Acabei não resistindo ao seu charme, selando meus lábios nos dele e fazendo com que ele parasse de falar.
Não havia nada, naquele momento, que me fizesse desistir de Luan. Estava finalmente em paz estando ao seu lado; desenvolvendo algo com a pessoa que eu gostava. Não seria Rafael ou Felipe quem ameaçariam eu e Luan de darmos certos juntos; eu faria dar certo custasse o que custasse. Mal sabia, entretanto, que antes da tempestade sempre vinha uma calmaria. E a tempestade não tardaria a assolar nossas vidas em pouco tempo.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top