11. Meu Lugar Secreto
Devo ser um verdadeiro pamonha mesmo por ter ido ao local combinado, depois de tudo o que rolou entre nós. Ainda assim, sob a sombra de uma árvore, aguardava o pateta chegar em pleno domingo ensolarado. Apesar de tudo o que Luan me fez, acabei caindo na tentação de vê-lo novamente fora da escola. É como dizem, o golpe está aí, cai quem é besta. Vulgo, eu.
O assunto do beijo não foi mais mencionado entre nós nos últimos dias, de forma que passei a acreditar que todo aquele lance de me ensinar a beijar fosse apenas mais uma das suas inúmeras piadas de mau gosto. Ainda assim, tinha algum resquício de esperança de que o verdadeiro propósito do convite do garoto que não saia dos meus pensamentos fosse além de apenas andar de skate pelo parque.
A proposta surgiu durante a semana, quando Luan, em meio a uma conversa, recordou-se do skate que viu em minha casa.
— Ah, verdade. Você tinha um assim no seu quarto, não é? — mencionou. — Sempre achei maneiro ver os caras andando de skate quando passo pelo parque. Mas nunca tive coragem de me aventurar em aprender. Parece complicado demais.
— Eu e Leh costumamos andar de skate com frequência — foi só eu mencionar o nome dela, que Luan revirou os olhos. — Não é tão difícil pegar o jeito. Se eu consegui ensinar até mesmo Letícia, com você seria moleza. Qualquer dia desses posso te ensinar.
— Que tal domingo? — ele propôs imediatamente, com um sorriso espontâneo no rosto.
🛹
Inesperadamente, um toque em meu braço fez-me saltar, surpreendido com a ação repentina daquela mão gelada. Ao virar, deparei-me com aquela visão celestial à minha frente, quase me fazendo perdoá-lo pelo atraso prolongado. Tudo nele capturava minha atenção: fosse sua regata preta folgada que contrastava com sua bermuda branca, ou mesmo seu sorriso doce, que era apenas levemente ofuscado pelo pequeno brinco cinza em sua orelha, que estava reincidindo conforme os raios solares o atingiam naquele momento.
No entanto, quando finalmente parei de babar por ele, percebi algo que chamou ainda mais minha atenção em sua mão. Ele segurava um skate tradicional, parecendo mais uma obra de arte sobre rodas. Ao observar mais de perto, era impossível ignorar a qualidade do equipamento. A prancha, meticulosamente esculpida, exibia uma customização detalhada e impressionante. Certamente, era um modelo exclusivo, e só de pensar no valor daquele objeto, me causava certo espanto.
— Espera. Você me disse que nunca andou de skate antes. De onde tirou um tão caro? — questionei, intrigado.
— Peguei emprestado do meu irmão mais velho. Estava lá, acumulando poeira.
Desconfiado, franzi a testa. Aquilo parecia bom demais para ser verdade. A surpresa aumentou quando ele mencionou ter um irmão, algo que nunca tinha ouvido falar até então.
— Sério mesmo, Luan? Esse skate é certamente muito caro. Ele é mesmo do seu irmão?
— Eu não roubei de ninguém, se é isso que está pensando, caramba! No máximo, peguei emprestado do meu irmão sem pedir e sem intenção de devolver — Luan respondeu enquanto se encaminhava com o skate em mãos para a pista do parque. A resposta dele, embora firme, não eliminava completamente minha desconfiança.
Chegamos à pista de skate prontos para começar o treinamento. A atmosfera daquela pista estava animada, com skatistas voando pra lá e pra cá. Ainda assim, optamos por ficar na parte mais plana e afastados das demais pessoas e das rampas da pista.
— Tá preparado, Luan? Vai ser uma aula intensiva! — avisei, empolgado.
Com uma mistura de nervosismo e animação, Luan concordou com a cabeça. Começamos com o básico: o equilíbrio. Ensinei-o a ficar de pé sobre o skate, ajustando os pés conforme necessário. Fui o primeiro a montar em meu skate, a fim de Luan imitar o gesto no seu respectivo veículo de rodas.
Contudo, ele parecia um flamingo com pernas de gelatina. Ri da tentativa desajeitada dele.
— Lembra, é como dançar. Você e o skate são um só! — expliquei, tentando soar como um professor de skate experiente. — Agora, dá uma olhada na postura. Os pés assim, larga a mão na cintura, relaxa.
Claro, não teve como faltar aquele momento clássico em que o Luan, todo confiante, deu um passo e... bum, lá foi ele pro chão.
— Jogar basquete é bem mais fácil que isso — Luan se levantou levemente irritado, enquanto tirava a sujeira de sua bermuda.
— Hahaha, relaxa, cara! Até os profissionais já beijaram o asfalto algumas vezes. Levanta aí, vamos de novo. — Encorajei, tentando segurar o riso.
Mesmo entre risos continuei a mostrar os fundamentos. Eu já estava achando que íamos virar a atração da pista, mas aos poucos, ele começou a se acostumar. Ensinei-lhe a impulsionar o skate com o pé, fazer curvas suaves, dar um ollie básico, e, claro, como frear antes de se tornar uma avalanche descontrolada e como cair sem quebrar nada.
Estávamos sem proteção, então pedi para que ele fosse cauteloso. Me certifiquei de deixar claro essa parte da queda, afinal não queria que acontecesse com ele o que houve comigo da primeira vez que andei de skate: eu, tolo, me joguei do skate ao perceber que iria cair e com isso acabei torcendo o pé na ocasião.
À medida que ganhava confiança, começou a seguir a pista com mais fluidez. E, mesmo com alguns tombos, cada risada e cada momento compartilhado fortaleciam nossa relação. Conforme o sol se punha, Luan já estava deslizando pela pista com o vento batendo em seu rosto, e eu lá, feliz por ter ajudado o cara a se tornar um skatista iniciante.
— Acho melhor encerrarmos por hoje. Logo mais você vai ter que entrar no trabalho, né? — comentei quando Luan retornou ao meu lado com seu skate.
Luan assentiu pesaroso, lembrando-me o Gato de Botas do Shrek com seu olhar pidão, como se quisesse prolongar aquele momento indefinidamente. E, convenhamos, nem eu queria que aquele dia acabasse. Ele estava se divertindo com algo que eu amava. Luan mergulhou no meu mundo, e a felicidade dele era palpável, uma diferença gritante com sua reação no dia do sarau.
Com os skates em mãos, fizemos uma breve parada no bebedouro do parque naquela tarde alaranjada para nos hidratarmos antes de seguirmos.
— Antes de irmos, queria te mostrar uma coisa — Luan disse, após saciar a sede. Inclinei a cabeça, curioso com o que ele tinha em mente.
Atravessamos uma trilha entre as árvores, mergulhando na penumbra daquele parque, até chegarmos a um recanto afastado de qualquer pessoa.
A pequena oca feita de terra diante de nós revelou-se como uma cabana natural, esculpida pela própria natureza. Era como se o tempo conspirasse para criar aquele refúgio escondido, com uma abertura estreita nos guiando para um interior acolhedor.
A elevação de terra tinha uma concavidade suave, lembrando a curva de uma parábola. Espaçosa o suficiente para nos acomodarmos, mas não tão grande a ponto de perder a sensação de proximidade com a terra.
— Bem-vindo ao meu esconderijo secreto. Ninguém mais conhece esse lugar. — Luan disse, parecendo orgulhoso da descoberta.
Ao nos sentarmos abaixo da concavidade da oca, desfrutamos de uma vista única do pôr do sol, sem nenhuma árvore obstruindo a visão, mergulhados na tranquilidade daquele lugar secreto.
A visão do pôr do sol naquele lugar era deslumbrante, mas à medida que o sol se escondia, minhas dúvidas em relação àquele refúgio secreto começaram a surgir.
— Que lugar é esse afinal?
— Encontrei uma vez enquanto andava pelo parque. Venho aqui quando quero ficar sozinho com meus pensamentos. Nem mesmo o James sabe sobre esse lugar. Você foi a única pessoa que eu trouxe aqui.
Nossos olhares se cruzaram brevemente, deixando-me levemente constrangido. Ele confiava em mim? Era isso que ele quis dizer?
— Bom, andar de skate não é tão chato quanto suas poesias. — Luan mudou abruptamente de assunto, inclinando-se para trás e deslizando os dedos sobre a prancha de skate ao seu lado.
Fiz uma careta diante de sua fala. Ainda não havia o perdoado completamente por aquele dia. Aliás, ele sequer se desculpou!
— Você é um completo insuportável. Nem sei como ainda sou seu amigo. — Declarei, emburrado.
— Então, voltamos a ser amigos? — Ele sorriu provocante, caçoando de mim em meio a uma risada contida. — Eu também te considero meu amigo, Kevin. E isso é para poucos.
Desviei o olhar dele e fixei no céu à nossa frente, que aos poucos ia escurecendo.
— Se diz meu amigo, mas sei tão pouco sobre você. Isso para não dizer nada. Por exemplo, só hoje descobri que você tem um irmão mais velho. — comentei, sem encará-lo.
— Dois. Bom, um irmão e uma irmã. Ambos mais velhos. Mas falar da minha família não é exatamente o meu tópico favorito de conversa.
Virei-me para ele, e Luan não desviava aqueles olhos esmeraldas de mim, ao mesmo tempo que mantinha a firmeza em não revelar mais nada sobre sua família. Era como se essa fosse sua própria "Caixa de Pandora", algo guardado a sete chaves que ele não queria abrir de jeito nenhum. Assim como eu tinha a minha...
— Me pergunte algo. — Ele disse repentinamente, me deixando intrigado. — Qualquer coisa. Você quem disse que não falo tanto de mim, estou te dando a liberdade de perguntar o que quiser. Claro, você sabe que há certas coisas que não quero ou não posso comentar, mas fora isso sou um livro aberto.
Fiquei pensativo. Luan não ia tocar em assuntos familiares, sobre a oficina do James ou mesmo a respeito de sua "amizade" com Rafael e Felipe. E, definitivamente, questionar sobre seus sentimentos por mim era mais proibido que todos os outros assuntos. Então, perguntei a primeira coisa que veio à minha mente:
— Qual o seu filme favorito?
Luan arregalou os olhos diante da minha pergunta. De todas as coisas possíveis para indagar, escolhi algo tão trivial. Ele não segurou o riso.
— Pare de rir, estou falando sério!
— Foi mal, cara. Imaginei que seria algo mais pessoal e inquisitivo como uma pesquisa do IBGE. Bom, meu filme favorito é Homem-Aranha. — Ele respondeu após se recompor. Desta vez, fui eu quem arregalou os olhos, surpreso com a escolha inesperada.
— Ah, fala sério. Filmes de super-heróis são um porre — declarei, enfatizando o quão entediado ficava com esse gênero.
— Você só pode ser biruta. É o melhor gênero que existe. Qual o seu filme favorito, então?
— Pânico — respondi prontamente. — Não há nada melhor que filmes de terror.
— Sai fora — Luan se ergueu, endireitando-se ao se sentar ao meu lado. — Não sou religioso, mas para assistir filme de terror só com um crucifixo do lado e uma cabeça de alho. Quero ter pesadelo não.
— Vai assistir filme de terror ou caçar um vampiro? — retruquei, rindo diante da sua proteção nada convencional contra espíritos.
Era engraçado como Luan parecia ser tão mais tudo do que eu, mas quando se tratava de filmes de terror, ele revelava-se um completo bundão. Com certeza, usaria isso ao meu favor quando quisesse provocá-lo.
— Bom, a conversa está boa, mas agora é melhor irmos de vez. Já anoiteceu, e você irá se atrasar.
Estava pronto para me levantar quando Luan agarrou meu pulso firmemente, impedindo-me de me erguer. Olhei para ele, estranhando seu ato súbito.
— Não está esquecendo de nada? — Ele disse em tom sério, com seu rosto bem próximo do meu.
Meu coração disparou repentinamente. Não sabia o que ele queria dizer, mas meu nervosismo estava a mil naquele momento. Queria me levantar e ir embora, apenas fugir. Ainda assim, também queria saber o que ele estava tentando dizer com aquilo.
— Não sei do que você está falando.
— Ué, o verdadeiro motivo pelo qual eu te trouxe nesse lugar. Prometi te ensinar como beijar. Ainda mais depois de você ter me ensinado a andar de skate hoje, te devo mais essa.
— Ah, achei que você estivesse brincando quando mencionou isso aquela vez — falei timidamente, me afastando levemente para o lado. — Esquece isso, Luan. Seria estranho. Somos dois garotos, afinal.
— Isso importa? — Ele se aproximou novamente, deixando sua boca entreaberta bem próxima da minha. — Estamos sozinhos, ninguém vai comentar nada. Não é nem como se fosse a primeira vez que fazemos isso. É apenas para fins didáticos.
— Não sei, Luan — falei acuado na parede da oca, extremamente nervoso com a situação e com as bochechas coradas.
Minha decepção veio quando percebi que Luan se deu por vencido e se afastou um pouco, olhando para frente.
— Tudo bem, eu só quis ajudar um amigo. Mas se você não quer, está tudo certo — Ele olhou para mim, e seu sorriso cativante se fez presente em seu rosto. Santo Pai, como eu odiava o fato dele ser tão bonito.
— Bom, se for apenas para me ensinar, acho que não tem problema — Tentei me tranquilizar, ao mesmo tempo que falava em tom calmo sem querer transparecer que eu estava doido de vontade de beijá-lo novamente. O sorriso de Luan se iluminou mais ainda diante de minha fala.
Luan se aproximou novamente, determinado a cumprir a promessa de me ensinar a beijar. Quando nossos lábios se tocaram, me recortei de imediato da sensação do nosso primeiro beijo na chuva. Dessa vez, porém, foi bem mais calmo e mais duradouro.
A proximidade com Luan não me deixava ignorar a ausência do gosto e cheiro do cigarro, algo raro quando ele estava por perto. Parecia que, naquele dia, ele optara por não fumar.
— Relaxa, Kevin. Deixa fluir. Não precisa ficar tenso. — Ele sussurrou entre o beijo, separando brevemente nosso contato, para retornar logo em seguida com seus lábios suaves guiando os meus.
"Movimentos suaves, boca um pouco aberta. Assim." — Ele demonstrava, e eu tentava seguir suas orientações da melhor forma possível. De certa forma, ele estava sendo extremamente gentil comigo, coisa que ele não era habituado a ser.
Em determinado momento, nossos dentes colidiram, causando um breve constrangimento.
— Cara, você nunca assistiu a um tutorial de como beijar na internet? — Luan perguntou, mantendo o bom humor. — Porque isso aí foi um pouco desajeitado.
— Deveria ter assistido? — perguntei de volta, incerto.
Luan riu, uma risada descontraída que dissipou parte da tensão.
— Não sei, talvez. Mas relaxa, a prática é o melhor professor. Aliás, prazer me chamo "Prática".
— Tenho que concordar — Falei em um impulso, mas antes que pudesse me auto repreender percebi seu sorriso diante de meu elogio.
— Vamos tentar de novo.
Retornamos ao beijo, e Luan continuou a orientar.
— Agora, a língua. Ela não deve ser invasiva, mas também não fique tímido demais. Sei lá, é como se você devesse deixar ela dançar com a minha, da mesma forma como você me instruiu com o skate. Assim, mais suave. — Ele explicava enquanto nossos lábios se moviam em sincronia e nossas línguas se encontravam.
A cada instrução, eu me sentia mais confortável, e a tensão inicial foi dando lugar à naturalidade do momento. Definitivamente aquela experiência ficaria marcada para sempre.
Não se passou mais do que alguns minutos quando finalmente tomei a iniciativa de me afastar, separando nossos lábios. Usei o antebraço para limpar meus lábios, e Luan comentou com uma risada genuína:
— Não faz isso assim, vai parecer que está com nojo de ter beijado quem você acabou de beijar.
— Foi mal — me desculpei, não querendo ofendê-lo. Mas ele parecia estar mais achando graça do que ofendido. — Acho que peguei o jeito.
— É, hoje dá pra dar uma nota seis — Ele disse, rindo novamente, me fazendo empurrar seu ombro irritado. — Mas já cansou?
— Quê? — perguntei surpreso. — Acho que para uma aula está de bom tamanho, né? E você já está atrasado.
— Para de falar do meu trabalho, você está mais preocupado com ele do que eu — Luan suspirou pesaroso. Eu definitivamente não entendia esse garoto. — Posso te beijar uma última vez antes de irmos?
— Ah, de verdade Luan, acho que já entendi como faz. Obrigado mesmo pelas dicas — falei relutante.
A verdade é que eu havia ficado ainda mais apaixonado por ele depois dessa sessão de beijos. Mas, não poderia deixar isso prosseguir. A consciência estava voltando à tona, e eu me dava conta de que ficar beijando quem eu estava a fim apenas por beijar não me traria benefícios para superá-lo.
— Eu gosto de você, Kevin.
— Hãn? — olhei meio chocado para ele. — Eu também gosto de você, Luan. Por isso que mesmo você sendo um idiota, ainda somos amigos. No fundo, bem no fundo, você é um bom amigo.
— Eu também gosto de estar contigo — ele prosseguiu, seus olhos me fitando. — E, eu meio que gosto dos seus beijos. Não quero te beijar para te ensinar nada. Sei que é estranho, mas estava a fim de te beijar agora apenas como um beijo mesmo. Sem aulas.
Mais uma vez, meu coração começou a acelerar, deixando-me imóvel e sem reação diante de suas palavras.
— Fazia tempo que não me sentia tão bem em beijar alguém. Não sei o que está ocorrendo comigo, você é um garoto, eu sou um garoto — Luan parecia imerso naquele quase monólogo, como se estivesse pensando em voz alta mais do que falando comigo. — Eu só sei que me sinto bem te beijando. Mas não quero que me entenda mal. Aliás, nem sei o que isso significa. Ah, esquece, Kevin. Você deve estar achando que sou um esquisito, falando essas coisas. Me desculpa, mesmo. Não quero perder sua amizade...
As bochechas de Luan estavam extremamente vermelhas. Nunca o tinha visto tão constrangido. Ele certamente estava confuso, e eu sabia que não deveria mencionar que já tinha a certeza de que eu estava me apaixonando por ele. No entanto, apenas saber que ele estava gostando de me beijar, que era algo além de uma simples lição, fez meu coração se tranquilizar, e um sorriso espontâneo se formou em meu rosto.
— Eu também gosto de te beijar, Luan — falei, me aproximando dele.
Seu olhar surpreso diante de minha fala aumentou ainda mais quando inclinei minha cabeça e tomei a iniciativa de beijá-lo.
O beijo começou suave, mas cheio de intenção. Ao me aproximar de Luan, eu podia sentir a conexão entre nós se intensificando. Era como se estivesse colocando em prática os ensinamentos aprendidos naquele dia durante nossas aulas de beijo.
Minhas mãos encontraram naturalmente o rosto de Luan, guiando-o sutilmente. Os lábios se moviam em sintonia, explorando um ao outro com uma mistura de curiosidade e desejo. A língua, seguindo as instruções de Luan, dançava de forma cadenciada, criando uma harmonia que eu nunca imaginara antes.
No meio daquele momento, fomos abruptamente interrompidos pelo som insistente do celular de Luan. O toque invasivo cortou o clima do beijo, fazendo-nos nos afastarmos rapidamente.
— Desculpa aí. Estou preso no trânsito, mas já chego. Está bem — ele disse ao atender, desligando a ligação logo em seguida, para só então se voltar a mim: — Agora definitivamente preciso ir. Kevin, eu...
— Fica só entre nós, eu sei — o interrompi, com um sorriso no rosto. — Obrigado pela aula.
— Se precisar de mais aulas, só falar — ele disse de forma convencida, guardando o celular de volta no bolso.
— Não preciso. Já peguei o jeito.
— Ah, tudo bem então — seu tom de decepcionado era palpável.
— Mas, se eu quiser te beijar de novo, posso vir aqui novamente no seu lugar secreto?
— É claro! — Luan respondeu, abrindo um imenso sorriso. — E não é mais meu, é nosso.
Retribuí o sorriso diante de sua fala. Luan foi o primeiro a se levantar, estendendo a mão em seguida para que eu me erguesse e saísse de dentro da oca. Uma vez em pé, nossas mãos ainda estavam unidas, num longo aperto de mãos.
— Vamos nessa — ele disse. Eu estava prestes a soltar sua mão quando Luan puxou meu corpo para perto dele, e então me deu um selinho. — Agora sim podemos ir — sorrimos um para o outro de forma tímida, soltando de vez nossas mãos e começando a caminhar para fora do parque.
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