07

CHLOE STENDER

    Liv chegou perto das cinco, estava com seu carro no mecânico então pegou um Uber até minha casa, que segundo ela, era mais barato que pegar um Uber até o Shopping.

     Enquanto eu me arrumava, ela ficou reclamando do novo professor de história que não gostava dela e considerando que Olivia Bender sempre foi a queridinha dos professores, era algo ruim.

    — Mas enfim, você conseguiu adiantar alguma coisa? — ela mudou de assunto, olhando as caixas na volta.

    — Não muito, a maioria dos móveis serão vendidos com a casa, então não ficou muito para fazer.

    Enrolada na toalha, abri meu guarda-roupa e procurei algo confortável. No fim, optei pelo mais simples: Jeans claro, uma blusinha de manga curta e meu All Star preto.

    Nunca tive muita paciência de ficar horas no espelho escolhendo roupa, por isso, deixava à vista as mais casuais que eu poderia usar no dia-a-dia. Mesmo assim, não vou mentir, já passei por momentos de reclamar e dizer que não tinha roupa nenhuma para sair.

    E que atire a primeira pedra, a garota que nunca passou por isso.

    — Antes que eu me esqueça, falei com Matt mais cedo. Ele pediu para te avisar que está com turmas de Kickboxing, caso você ainda tenha interesse. — vesti a blusa.

    — Ah, obrigada! Bom saber, eu quase nunca o vejo na escola. Queria as aulas para o Brad, ele fica o dia todo trancado naquele quarto que talvez, artes marciais, tire ele de lá.

    — Você não tinha o colocado em aulas de Jiu Jitsu? — arqueei a sobrancelha.

    — Era Kenjutsu e ele desistiu na outra semana depois de quase acertar a katana no cachorro da vizinha. — revirou os olhos, eu ri.

    Calcei meus tênis e voltei ao banheiro para pentear os cabelos, como eu não iria fazer chapinha e muito menos babyliss, acabei tomando banho quase em cima do horário e possivelmente, estávamos atrasadas.

    — Hm, não é por nada, não. Mas — ela mudou a postura —, você percebeu que essa é a primeira vez que menciona o nome do Campbell desde que terminaram? — ela se levantou da cama, onde estava sentada. — Digo, sem estar triste ou nostálgica com alguma coisa.

    Eu franzi o cenho.

    — Isso é bom?

    — É um avanço. — concordou. — Voltaram a conversar?

    Matthew e eu terminamos nas férias, cinco meses atrás. Como nenhum dos dois viajou, passamos a maior parte do verão juntos, comecei a frequentar aulas de Muaythai com ele e ele entrou no clube do livro comigo.

    Jogando conversa fora, uma noite que nenhum dos dois estava com sono, começamos a falar sobre o futuro, não sobre casar, mas sobre a faculdade e a distância. Não me pergunte por quê, eu ainda não entendi como eu entrei naquele maldito assunto.

    Simplesmente, terminamos por não saber relevar. Matthew não quer fazer faculdade, ele odeia viajar e não pretende passar os próximos anos estudando, ao contrário de mim que quero cursar jornalismo e talvez, com sorte, conseguir viajar pelo mundo.

    Não discutimos, eram quase três horas da madrugada e no fim, falamos até pegar no sono. No outro dia, tomando café, decidimos o que era melhor. 

    Nas primeiras semanas, depois do término, Matt sempre ligava para perguntar o que eu tinha feita no dia e quando não ligava, eu acabava ligando. Foram quase três anos de namoro, não queríamos nos afastar de vez, por esse motivo, tentamos sair como amigos.

    Ideia ruim, de todas as vezes que saímos, acabamos na cama. E agora, quando nos vemos, levamos companhias. Quem realmente ficou chateada, foi minha mãe, ela considerava Matt um genro perfeito e me incomodou por semanas.

    — Bom, só paramos de nos ver. A conversa continua igual, na verdade, hoje eu liguei. As coisas não pareciam estranhas.

    — Depois de cinco meses, é o mínimo.

•••

    No caminho até o shopping, Bella nos mandou mensagem avisando que estava na praça de alimentação e deixou explicitamente claro, com letras maiúsculas, que estávamos atrasadas.

    Chegando no shopping, Liv insistiu que deveríamos ir pelas escadas. Leu em algum lugar sobre a taxa de acidentes que ocorrem em elevadores e que, usar escadas, ajudava a manter o corpo saudável. Sendo verdade ou não, ela me convenceu.

    Quatro andares de escada depois, avistei Bella em uma das mesas conversando com Andrew e Mason, que também já haviam chegado. Nos aproximando mais, ouvimos eles discutindo a escolha do filme. Pensei que assistiríamos Jumanji 2.

    — Qual é, nós não vamos ver um romance bobinho. — Andrew respondeu à Bella.

    — Se tiver outra opção, é só dizer. — deu de ombros e se jogou para trás na cadeira.

    — Eu vou comer alguma coisa enquanto decidem aí. — Mason se levantou da mesa.

    Nesse momento, Liv me olhou e arqueou suas sobrancelhas. Mais alguns passos e chegamos até onde eles estavam, Bella não parecia muito animada, assim como Andrew que estava com uma cara de tédio.

    Liv saudou e puxou uma cadeira. Fiz o mesmo. — Já não tinham escolhido o filme?

    Andrew bufou.

    — Jumanji está esgotado, na verdade, quase todos os filmes estão.

    — Mas tem uma coisa no cinema que eles fazem de trazer filmes antigos e colocar em cartaz. Essa semana foi escolhido uns de 2008, Indiana Jones, Homem de Ferro, Barbie e... bom, Crepúsculo que é o único que ainda não se esgotou, mas Andrew insiste em dizer que é ruim.

    — Eu não disse que é ruim, só disse que não quero assistir.

    — Tudo bem e não temos outra opção? — perguntei.

    — Pelo visto, a única opção é não assistir. — Liv completou, fazendo Andrew balançar a cabeça em concordância.

•••

    A votação finalizou assim: Bella e Liv escolheram Crepúsculo, Mason e eu respondemos um tanto faz e Andrew entrou na sala de cinema emburrado e de braços cruzados.

    Ele de fato, não assistiu o filme, estava do meu lado e acabou dormindo nos primeiros cinco minutos, ao contrário de mim que não consegui dormir, acabei me entretendo com algo no celular. Romance e sobrenatural não me atraiam muito, menos ainda, um triângulo amoroso.

    — Sabe quantas horas são de filme? — Andrew cochichou com uma voz sonolenta.

    — Uma hora e meia, mais ou menos, quase duas. — respondi baixinho.

    — Me acorde quando estiver terminado. — resmungou e se ajeitou onde estava, deitando a cabeça para trás e fechando os olhos.

    — Você sabe que não é obrigado a estar aqui, não sabe?

    Ele deu de ombros, deveria estar desconfortável naquela posição, o que me deixava ainda mais agoniada. Ele, realmente, estava conseguindo dormir daquele jeito?

    No fim, o ignorei e voltei minha atenção para o celular. — com o brilho da tela no mínimo. — Estava vendo algumas fotos no instagram e no automático, acabava por nem clicar no coraçãozinho.

    — Você podia me seguir de volta. — ele trouxe sua cabeça para perto da minha poltrona, conseguindo ver o que eu via no celular.

    — Nem sabia que você me seguia. — respondi sincera.

    — Sigo e ainda curto suas fotos. — completou. Sua voz estava rouca.

    Acabei não respondendo.

    — Percebo que você não é muito minha fã.

    — Nós só não costumamos conversar muito. — lembrei.

    — E por que isso não pode mudar?

    Eu senti um friozinho na barriga. Por que isso não pode mudar?

    Sempre tive dificuldade em deixar que outras pessoas entrassem na minha vida. Todos que já estavam nela, tinham se aproximado ao poucos, mas lembrar que em duas semanas estaria morando na casa dos Keller, me assustava. Andrew e o Noah não estavam só entrando na minha vida.

    Estavam sendo empurrados para dentro dela.

    E porque era tão difícil? Liv estava certa, eu já os conhecia, deveria ser fácil, o senhor Keller cuidava de mim quando criança, Andrew dormia na minha casa e até mesmo Matthew que tinha rixas com Andrew, falava bem dele.

    Do que eu tinha medo? A história com meu pai não iria se repetir.

    — Ahn, entra lá no meu perfil, quero te mostrar uma coisa. — ele pediu em tom normal. Eu demorei um pouco a responder. — Tem dois membros da família que você ainda não conhece.

    — Qual nome de usuário?

    — Keller Andrew, tudo junto.

    Cliquei na lupa e digitei, assim que a internet carregou, entrei na conta de Andrew. A maioria das fotos eram dele sem camisa e outras dele com óculos de grau, que eu não sabia que ele precisava. Além disso, vendo as fotos, lembrei que ele tinha covinhas, eu era apaixonada por elas quando criança.

    Rolei mais um pouco e ele pediu que eu parasse na foto dele com Kit, seu gatinho amarelo. Mais abaixo, outra foto de uma gatinha siamesa em sua cama, Andrew comentou que ela era da vizinha mas vivia em sua casa. 

    Continuando a conversa, ele contou que precisava tomar um antialérgico duas vezes ao dia e quando ocorre de Kit dormir em sua cama, ele toma mais um de madrugada. Mencionou que depois que se mudaram para a casa no centro, ele demorou a fazer amigos, por isso seu pai aceitou um acordo de deixar ele adotar um pet, desde que tomasse direitinho os remédios.

    — Ei, casal. Olha só — uma moça na poltrona de cima nos cutucou. —, se não estão afim de ver o filme, a saída é por ali. — ela apontou para a porta. — Tem outras pessoas na sala que querem assistir.

     — Estamos falando baixinho. — Andrew se defendeu, olhando para a moça. — Não estamos atrapalhando ninguém.

     — Mas ainda estão falando. — ela revirou os olhos. — Sala de cinema não é lugar de conversa.

    Andrew bufou, a moça estava certa. Eu acabei rindo e ouvindo mais um shhh da moça da poltrona de cima.

    — Quer sair daqui e comer alguma coisa?  — perguntei. — Eu pago.

XXXX

Oi, gente bonita! Como estão? Os próximos capítulos serão de interação entre o nosso casal complicado aí e falará mais sobre a proximidade de ambos. 

Explicativas e narrações bonitinhas de Andrew sobre a atitude dele de esconder de Chloe o que realmente (quase) aconteceu com ela na festa e mais coisinhas aí.

Queria deixar uma enquetezinha para me responderem, quando puderem: O que estão achando de Chloe de Andrew até agora?

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top