02

ANDREW KELLER

    No intervalo, Mason, Liam e eu ficamos na arquibancada conversando. Os dois estavam planejando o que fazer na festa desta noite e eu aproveitei o tempo, enquanto os ouvia, para passar em um nível de Knife Hit no meu celular.

    Mason Atwood, embora negasse, estava mais abalado do que pensou que estaria com o término de seu relacionamento. Descobriu há duas semanas que Stacy Cooper o traíra com um de seus amigos do time, o que não tinha sido surpresa para mim, ela nunca foi santa, o problema, foi Mason pensar o contrário.

    Na ideia de o ajudar, Liam resolveu criar uma lista com o nome de todas as possíveis garotas que estariam na festa desta noite, mas na realidade, ele queria mesmo, era falar de Chloe Stender, a qual esbarrou mais cedo e levou um fora, com facilidade. 

    Sei que ela não vai. Ela, realmente, nunca vai nas festas que eu dou.

    — Ei, cara. — chamou minha atenção. — Por quê você nunca ficou com ela?

    — E porque eu ficaria?

    — Por quê não ficaria? — rebateu, me fazendo dar de ombros.

    Chloe e eu temos uma relação instável: somos amigos... ou quase. Nos conhecemos desde criança, mas nunca nos demos "completamente" bem. Não pretendo piorar a situação e tenho certeza que ela não é o tipo de garota que eu costumo ficar, como eu também não sou o tipo de cara que ela costuma se envolver.

    Ele riu.

    — Acho que não ficaria com ela, nem se quisesse.

    E era um fato!

    — Eu acho que não preciso te provar nada.

    Liam não respondeu. Meu celular apitou, revelando na barra de notificação uma mensagem com o nome de meu pai. O desbloqueei e abri o chat;

"Drew, tem como você não beber muito essa noite? Amanhã vamos almoçar com a Lizzie em um restaurante e eu queria você sóbrio, de preferência."

    Ah, isso! Meu pai estava saindo com uma mulher: Elizabeth de-alguma-coisa. Ele vivia falando dela, embora não tivesse me apresentado. Com a festa, ele escolheu passar a noite na delegacia e trabalhar do que ficar em casa e não conseguir dormir por culpa da música alta.

"Tranquilo, pai! A filha dela vai ir também?"

"Sim. Por isso, deixe seu mau humor em casa, por favor. E não esquece, sério. Vou te mandar o endereço."

    — Ignora ele. — Liam chamou Mason. — Entre você e eu, ganha quem levar ela para a cama primeiro.

    — Ah, não sei, não, cara! Chloe e eu somos amigos.

    — Pago três mil, se eu perder.

    Liam declarou. Pausei o jogo.

    — Três mil?

    — É — me olhou. —, ficou interessado?

    — Não, nem ferrando. — resmunguei. — Vocês não vão conseguir.

    — Fala por experiência própria? — Liam riu me fazendo bufar.

    Uma palavra que nos resumia bem era: Competição. Clarke sempre teve um certo problema com apostas, além de não saber perder, ele também não sabe ganhar.

    — Quais são as regras? — Perguntou Mason.

    — Por que regras? — Liam riu sugestivo. — Vale tudo.

•••

    A casa começou a encher, junto com a área da piscina que se concentrou a maior galera. Tinha gente na sala, nos quartos e até mesmo algumas meninas da oitava série que acabaram aparecendo sem convite. A maioria bêbada e quase sem roupa.

    Por volta das duas horas, a festa estava recém começando. Mason se pegava, num canto, com uma menina e Liam, por alguma razão, acabou sumindo de vista. Bella e Olivia dançavam, animadamente, junto com os outros e eu agradeci por não ter visto Chloe entrar.

    Já que dessa vez eu não poderia beber muito por causa do almoço com Elizabeth e meu pai, optei por tomar só água em vez de refrigerante e passei a maior parte da noite cuidando os propensos a destruir a casa.

    Infelizmente, a hora passava devagar quando se estava sóbrio.

    — Eu não acredito que ela veio mesmo. — a voz de Liam surgiu atrás de mim.

    — Quem veio? — me virei rapidamente, bebendo um pouco de água.

    — Chloe. — ele apontou para o sofá.

    Vi a garota de pé digitando algo em seu celular. Ela colocou o mesmo no ouvido e reclamou em seguida, quando alguém do outro lado da linha não atendeu.

    — Encontrei ela procurando por Olivia. — continuou. — Ofereci bebida e coloquei um certo... remedinho no copo dela.

    Dizia ele como se tivesse feito algo incrível. Eu engasguei

    — Você a drogou?

    Vale tudo.

    Não, não, não. Ele não chegaria a esse ponto.

    — Relaxa! Ela só vai dormir. Tudo bem, amanhã nem vai se lembrar. — sorriu.

    — Nem vai se lembrar é o caramba. — talvez eu tenha gritado. — Que merda você pensa que está fazendo?

    — Andrew, qual é. Nós temos um acordo.— ele me olhou. — "Se você não está na aposta...

    — ... então não se envolva nela."

    Abaixei meu olhar. As coisas estavam saído, completamente, fora de controle. Liam se afastou de mim e foi na direção de Chloe, que agora estava sentada, ainda com a atenção no celular.

    Eu observei aquela cena, meu pai sempre foi liberal comigo no sentido de não se importar com as festas que eu dava, mas tinha uma única regra: Nada de drogas ou coisas ilícitas. Acredito que estupro, também se inclua no pacote. 

    Liam sentou ao lado de Chloe e começou a puxar conversa. Ele falava, sorria e se aproximava, mas ela sempre o afastava. Ele estava tranquilo demais, como se já tivesse feito aquilo antes.

    Não demorou muito para o sonífero fazer efeito e a deixar cansada. A garota pressionou suas mãos contra o sofá, como se procurasse equilíbrio, e deixou seu celular cair. Logo em seguida, seu corpo se apoiou no encosto do sofá e ela relaxou.

    Seus olhos se fechariam à qualquer momento. Liam a puxou para a perto e a beijou, levando uma de suas mãos até a barra do jeans que Chloe usava, meu corpo começou a formigar. 

    Pensei em tudo o que aconteceria com Chloe Stender naqueles próximos minutos se eu não fizesse nada. Aquilo não podia acontecer. 

    Se você não está na aposta, então não se envolva nela.

    Me virei de costas, respirei fundo e tentei pensar em algo. Tinha uma garrafa de vodka aberta perto de mim que eu peguei e bebi sem pensar muito, sentindo o álcool descer queimando em minha garganta.

    Aquilo já tinha deixado de ser aposta à muito tempo. O que meu pai diria se me visse agora?

    Meu pai!

    — Isso precisa funcionar. — Larguei a garrafa e corri escadas acima, indo direto no escritório de meu pai.

Ele guardava na primeira gaveta, uma sirene de emergência gerada a pilha. A ideia era horrível e eu não tinha certeza se daria certo, mas era o que tínhamos. Desci novamente as escadas e liguei a sirene perto do microfone, fazendo com que a caixa de som liberasse o barulho por toda a casa.

    Não demorou muito para as pessoas se agitarem e começaram a ir embora, pensando ser uma batida policial. Saíram a maioria pela porta dos fundos e Liam me olhou, como se perguntasse o que estava acontecendo.

    Não respondi, mas acenei para que ele saísse. Algumas pessoas desciam as escadas e outras com roupa de banho procuravam uma toalha para se enrolar. Foi questão de minutos até a casa se esvaziar completamente.

Mas, ainda tinha uma garota drogada no meu sofá.

    — Você entra em cada uma, seu idiota. — me xinguei mentalmente ainda sem entender como as coisas tinham chegado àquele ponto. Liam sempre levou seus jogos à sério, eu só não sabia o quão sério ele chegaria. — Agora já sabe. — revirei os olhos.

    Sentei ao lado de Chloe que estava completamente apagada e suspirei, passando a mão na testa. Já iam ser quase quatro da madrugada, a senhora Stender deveria estar dormindo... e mesmo que estivesse acordada e eu fosse até lá, diria o que?

    "Ah, oi. Trouxe sua filha... drogada e quase estuprada, sinto muito. Tenha uma boa noite." Não vai rolar.

    Liam Clarke, com certeza, merecia uma surra.

XXXX

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