O cessar daquele choro - Marina
Pov Marina
Por muito tempo eu achei que a família de Alice era problemática, eu não estava errada, desde aquele dia em que ela me levou a sua casa pela primeira vez eu fiquei espantada com a frieza que ela e seus pais se tratavam, e mesmo que hoje as coisas sejam diferentes, eu imaginei que nunca poderia viver assim com a minha família.
Mas acontece que a minha também não era a mais perfeita, claro apesar dos nossos problemas frequentes como a constante falta de dinheiro, nossa loja falida e a leucemia de Nicolas, eu sempre ponhava um sorriso no rosto e mantinha uma atitude positiva para os proteger, os alegrar e não os preocupar se eu estava bem ou não, e foi assim por tanto tempo que se era saudável ou não isso já não me importava mais e parecia ser como deveria ser.
E foi preciso que eles pela primeira vez perguntassem como eu realmente estava, pela segunda vez depois de muito tempo, que eles já sabiam estava estampado em seus olhos, eles sabiam e eu também, mas se importava ou não aquilo tinha sido levado pelo vento do tempo, uma coisa eu não sabia, que minha maior certeza de que tudo aquilo preso em mim e a rocha que eu tinha me transformados para eles era uma mentira feia e errada, e que principalmente minha família não era tão melhor da de Alice.
Assombrada por aquele dia e esse pensamento, eu tentei melhorar, mas incrivelmente, nada de ruim nos meses que se sucederam.
Eu me formei, e assim como quando a nota do vestibular saiu um tempo depois eu consegui uma bolsa integral em uma escola particular, não deixamos de comemorar uma vez só, só nós quatro, saímos para passear nos lugares mais divertidos, comemos a mais boa comida e conversamos como nunca, compensando anos da falta disso tudo em poucos meses, sem se preocupar tanto com a saúde de Nicolas, pois assim como o médico disse o doador era bem compatível com Nicolas, e os riscos de infecção eram baixos, o ver com um aspecto tão saudável depois de um ano foi a melhor coisa que nos aconteceu durante todo o verão.
No aniversário de cem dias desde o transplante do Nicolas, fizemos uma pequena comemoração em casa, e justamente quando conversávamos sobre o passado meu pai recebeu uma ligação de um número desconhecido, mesmo sem saber o que era sabíamos muito bem sobre o que se tratava e uma tensão pairou no ar, meu pai atendeu a ligação relutantemente enquanto assentia com poucas palavras e uma reação não mais que educada, os olhávamos atentamente mas seus olhos inquietos evitavam o nosso, mudando para casa canto aleatório da casa de segundo a segundo.
Ele esboçou um sorriso triste antes de desligar depositar gentilmente o celular na mesa, para logo em seguida se levantar e partir em direção ao andar de baixo, a nossa falida loja de vasos, sem dizer uma única palavra, nos entreolhemos por um minuto, sabíamos que ele tinha feito uma entrevista de emprego a dias atrás e essa era, provavelmente, a tão esperada ligação da empresa, mas afinal ele tinha conseguido ou não?
Encaramos a porta que nos mostrava assustadoramente a escuridão do abandono por uma pequena abertura, era escura como uma sombra, aquela loja era a sombra do nosso passado, uma sombra que nos perseguia e principalmente, meu pai... que como uma criança boba tentava correr ou apenas tinha medo daquela sombra que inevitavelmente o perseguia em baixo do seu nariz, como o passado...
O passado...
Me levantei rapidamente e o som estridente da cadeira contra o chão ecoou pela casa, mas não me incomodei e assim como meu pai, deixei-os sem nenhuma palavra. Desci as escadas nas pontas dos pés, e em meio em toda aquela escuridão e aquele pó, a luz da lua iluminava fracamente aquela loja abandonada, me aborreci pensando que nem mesmo sua luz conseguia iluminar aquela constante que parecia eterna escuridão impermeável, abandonada aos poucos com desgosto, decepção e tristeza, e mesmo que eu dissesse que é por conta do cheiro de mofo que estava começando a se formar aqui, eu sabia que eu agora evitava a todo custo ficar nesse lugar, assim como meu pai, como uma criança eu tinha medo do fantasma feito de sombras dessa família, e ninguém gosta de fantasmas.
Quando meus olhos se adaptaram a escuridão eu conseguir enxergar a silhueta do meu pai que observava aqueles belos vasos melancolicamente, meu coração se apertou, apesar de tudo o que aconteceu eu nunca tinha o visto assim, ou pelo menos ele nunca me deixou ver...
Me aproximei dele e me instalei em seu lado, observando os vasos junto a ele sem nenhuma palavra, não precisei esperar muito para que ele começasse a falar com uma voz carregada de lagrimas que pareciam gritar para saírem.
- Eu não estou pronto pra ver lugar sumir, não estou pronto pra desistir da minha loja, a loja que eu e sua mãe vivemos por quase vinte anos, nos conhecemos em uma aula de vasos de argila e até chegamos até a viver aquela cena clichê de “Ghost”, compramos essa casa e criamos essa loja aqui em baixo, tivemos você e ainda a ensinamos a fazer vasos de argila, eu ainda me lembro das suas mãozinhas modelando desastradamente a argila... esses foram os melhores anos da minha vida, das nossas vidas... e mesmo quando as vendas começaram a cair e um processo agoniante e exageradamente longo ela começou a falir, eu não desisti dela... eu... recusei tantos trabalhos por causa dela!
Ele me olhou espantado, arrependido de suas próprias palavras e comtemplei seu rosto já velho e cansado, também estava espantada, não pela sua fala, pois eu já sabia de tudo, mas que mesmo depois de poucos meses eu esqueci como era ver sua expressão aflita.
– No começo! Apenas no começo... mas quando a doença do seu irmão surgiu e as coisas apertaram de verdade, eu não recebi mais propostas! Minha sorte sumiu e consequentemente a da sua mãe também, filha não pense que eu...
- Eu sei pai, eu sei... mas olhe em volta, essa loja que você criou e cuidou por tanto tempo... se foi. Já sumiu a muito tempo atrás e isso é tudo o que sobrou dela, esse lugar escuro e abandonado não é a nossa loja, ela se foi de verdade a muito tempo e isso é apenas seu fantasma que nos assombra... num processo agonizante e exageradamente longo.
Seus olhos se arregalaram com minha frase como se eu tivesse cravado uma faca em seu peito, baixei os olhos em vergonha, era a verdade, mas seu olhar quebrado pela verdade me fez me envergonhar e me odiar por dizer aquelas palavras, e logo suas dores me infectaram também. Não notei quando suas mãos se aproximaram das minhas, apenas quando senti suas mãos apertaram a minha com uma surpreendente destreza e carinho, apesar das minhas palavras. Quando criei coragem pra olhar para seu rosto me surpreendi quando seus lábios esboçavam um sorriso que eu não sabia identificar, mas um olhar que me dizia que estava tudo bem, tudo bem com aquelas palavras, mesmo que doessem....
Apertei suas mãos antes de solta-las e lhe guiar, agarrada em seu braço em forma de apoio para um dos extremos da loja, onde uma estante de vasos grandes e pequenos, coloridos e enfeitados com belos desenhos, descasavam por muito tempo.
- Eu sei que sou muito nova para falar disso, mas com base do que eu aprendi nesses últimos meses, a vida pode ser como um vaso, veja esse, assim como a vida precisamos molda-lo a partir das nossas escolhas, ações e gostos, e dependendo disso no futuro ela pode ser um belo vaso como esse. Mas se você se prender ao passado o vaso ficara pra sempre no processo de moldar-se, e quando você finalmente desistir... o seu vaso vai ter se tornado uma massa cinza e feia. Eu sei que é um exemplo idiota mas o que eu estou tentando dizer é que esse lugar é essa massa cinza e feia, mas nossa loja de verdade está viva na nossa memória por agora... e quando ela se for é essa a última imagem da nossa loja que você quer ter na memória?
Ele olhou em volta longamente, analisando cada canto daquele espaço escuro e úmido, e eu não sei se delirei ou se minhas palavras tinham mesmo feito efeito, mas enquanto observava seus olhos exibiram o brilho que exibia quando admirava aquela loja vivida de anos atrás, como se ela estivesse ali agora, junto com aquele brilho nos olhos que eu achei estar perdido para sempre.
- Você tem razão, eu vou aceitar o emprego e compensar a todos vocês todos os anos que vivemos desse jeito, pois eu fui egoísta.
O abracei forte e seus braços logo envolveram minhas costas com a mesma força, lembrei que aquela era a primeira vez que o abraçava em tempos, e chorei, chorei assim que percebi que seu corpo não era mais tão grande quanto eu lembrava, mas seus músculos ainda tão tensos quanto como eu o abraçava quando criança, como uma rocha, chorei quando lembrei que algumas coisas simplesmente não mudam, mesmos as mais tristes, e chorei mais um pouco quando finalmente percebi que eu não era a única rocha dessa família.
De qualquer forma, eu era a rocha deles, e eles, a minha única e infinita rocha.
- Pai, você não poderia ter sido melhor.
Dias depois resolvemos abrir a loja por uma última vez, a rua se encheu de gente, e ironicamente, nunca vendemos tanto.
A noite encontrei meu pai depositando o único último vaso em um canto da sala, corri até ele e o abracei por trás, sorri pela primeira vez em dias quando senti que seu corpo não carregava mais aquela tensão brutal, como se um peso tivesse sido tirado das suas costas, pela primeira em muito tempo, e o fantasma inquilino que morava no andar de baixo da casa, não o assombrava mais.
{...}
Alice não precisou buzinar duas vezes pra eu aparecer correndo do portão, acenei uma última vez para a minha família que acenavam de volta com os sorrisos mais orgulhosos que eu já tinha os visto dar, absorvi aquela imagem no meu coração para encarar o resto do meu dia, e senti automaticamente a coragem e conforto do antigo e imutável para o nova fase da minha vida.
Pulei para dentro do carro e sorri a ver que a foto que tiramos quando visitamos a universidade, que agora pendia lindamente junto a um chaveiro brega no carro, apesar do nervosismo e todos os sentimentos possíveis para um primeiro dia de aula, sorriamos tão lindamente quanto o dia daquela foto, onde coisas piores estavam acontecendo.
Incrivelmente nossas faculdades esse ano estavam começando o ano letivo no mesmo dia, e mesmo que nós três estejamos indo para universidades diferentes, as três eram perto uma da outra e Alice tinha milagrosamente se oferecido para nos levar, até quando ela achar bom...
- Marina por favor acalme Julian com suas sabias palavras, ele já tomou Maracugina, Chá de Camomila e nada de se acalmar! Eu sou a namorada dele e não estou aguentando, agora é sua vez!
- Dá um desconto pra ele, todos estamos nervosos... Julian todos vão gostar de você, você é bonito e simpático e isso é tudo o que você precisa para sobreviver na faculdade, já Alice... uma hora eles vão se acostumar com você.
- Ei!
Ouvir a gargalhada de Julian me fez gargalhar junto quase que imediatamente, e a visão da Alice indignada do espelho do motorista me fazia rir ainda mais, e em segundos aquilo parecia mais um dia normal em caminho ao trabalho.
- Porque você não volta a ser a garota sem graça que você é? Vai se encaixar muito bem com a turma de psicologia. Eu sou a sarcástica aqui!
- Você e todas as garotas mimadas e malvadas do curso de moda.
A risada fina e alta do Julian estourou pelo carro e meu riso o acompanhou, eu ria mais de sua risada que agora descontrolada me parecia mais como uma... Hiena? Ele puxava o ar e depois ria rouco antes de parecer uma hiena de verdade, eu nunca tinha percebido isso.
- Não sei como vocês pensaram que nossa amizade ia acabar agora que estamos em paz digamos assim. Todas essas noites no carro indo pra faculdade e agora trabalhando juntos na empresa do seu pai... é a mesma coisa de antes só que sem o triangulo amoroso, as tentativas de assassinato e suicídio, a doença de Nicolas e a tortura psicológica de Emily! Estamos de volta pior do que nunca!
O meu tom otimista sobre todas as coisas horríveis que tínhamos passado deixavam tudo cômico, e rimos mais um pouco de todas as coisas que tínhamos passado, sinceramente eu não sabia se e como isso tinha afetado cada um de nós, se tínhamos escolhido ignorar todos aqueles sentimentos e jogados eles no porão da nossa mente, se ainda lidávamos com essas memorias nos nossos pesadelos ou sonhando acordados ou se ao menos tentávamos supera-las, principalmente Alice que tinha passado pelo pior sozinha, as vezes me pego pensando nela e tentando decifrar seus olhos quando ela não está olhando, pois nunca tínhamos realmente falado sobre isso, mas uma coisa eu sabia, nós não subíamos mais no terraço da empresa para tomar café, Alice tinha medo.
- Passamos por poucas e boas... – Alice comentou, introduzindo a chave para ligar o carro, olhávamos atentamente para ela, mas ela fugia do olhar.
- É, nós éramos muitos idiotas por pensar assim – Julian afirmou.
- Mas isso só faz alguns meses – Indaguei.
- Exatamente.
(Flashback)
A formatura foi estranha, pelo menos para todas as outras pessoas com suas lagrimas e danças lentas, mas para nós três foi simplesmente perfeita.
Depois de ouvir o discurso desnecessariamente longo e clichê da representante do 3º ano e termos pegos nossos prezados diplomas sob os aplausos dos alunos e estudantes, rir muito da cara dos professores ao ver o nome de Alice ser chamado e nos despedirmos dos nossos colegas com um curto abraço e palavras superficiais e promessas vazias, eu tive que segurar muito a risada com o nervosismo do Julian ao conhecer os pais de Alice, consequentemente seus sogros, e apesar das diferenças nossos pais e os tios de Julian pareciam se dar tão bem quanto a gente.
Em um certo momento me peguei perambulando pela escola procurando por algum sinal da presença de Emily, e me surpreendi a sentir um vazio confuso em meu coração procurando pela sua presença que as vezes me parecia mais como um fantasma que eu tinha encontrado a meia noite naquela noite, e me perguntei se aquilo tinha realmente acontecido, rezei para que não, pois não queria sua presença que aquele dia se tornou enigmática perseguindo mais meu coração.
As vozes de Alice e Julian me tiraram do meu transe e a expulsara da minha mente pelo resto daquela noite, com uma desculpa esfarrapada demos o fora daquela escola para sempre.
Como os faróis dos carros, os apartamentos acordados na tarde da noite e um céu cheio de estrelas, brilhávamos mais que qualquer luz da cidade naquela noite, luzes que corriam por aquela cidade com os pés descalços e risos ecoantes, que se perdiam naquela cidade grande, mas ficavam eternizados dentro da gente, e quando finalmente chegamos naquela colina verde e macia e subimos até sua ponta embaixo da arvore em que a sombra não era mais precisa àquela hora, tudo o que se podia ver era o vestido reluzente de duas meninas que brilhava mais naquela parte isolada da cidade chamada de nossa.
Como nossos corações, aquela noite estava quente, e debaixo daquela arvore tudo parecia mais fresco, conversamos sobre tudo o que era possível e impossível, como se conversamos tudo o que não conversamos durante toda a nossa amizade turbulenta. Dançamos como nunca, eu tinha certeza disso por causa da maneira desastrosa que dançávamos, no nosso baile particular sob a lanterna de celulares no ponto mais alto da cidade ninguém podia nos julgar, tivemos a melhor noite das nossas vidas, e assim nossa última noite como adolescentes estudantes (nada) comuns.
Em um outro ponto da noite, onde já tínhamos as bochechas doendo de tanto rir e as pernas bambas de tanto dançar, deitamos e observamos os milhares de estrelas sem dizer uma palavra por muitos minutos, e agora que não estávamos ocupados, uma pequena duvida que tinha surgido sutilmente foi cuspida no ar por Alice.
- E agora? – Alice questionou, e mesmo que não tinha sido especifica nos sabíamos muito bem sobre o que ela estava falando, pois sentíamos a mesma dúvida – Nos formamos, fizemos o vestibular, eu fiz a pazes com meus pais e com a Emily e Nicolas está saudável... todos os nossos problemas se foram, mas porque eu me sinto tão inquieta?
- Nesses últimos meses tudo fora tão agitado, um acontecimento ruim atrás do outro, que nós apenas sobrevivemos um ao lado do outro lidando e resolvendo tudo a nossa volta, tentativa de suicídio e assassinato, problemas familiares e um triangulo amoroso, nossa amizade nunca foi normal, e agora que vai ser tenho medo que vamos nos afastar.
Os dois se viraram pra mim, que estava no meio, esperando uma resposta segura e tranquilizadora, não me aperreei mais, a resposta estava nas suas palavras e eles não perceberam.
- E vocês acham que acabou? Sempre vamos ter problemas sejam eles normais ou não, mas eu sei que sempre vamos ter um ao outro pra nos apoiar, para brigar, e para comemorar das mais pequenas até as mais grandes alegrias, até a tristezas, porque é pra isso que servem os amigos... eu sei que isso é clichê, mas é a verdade! E que tal assim? Temos 18 anos e estamos indo para faculdades diferentes, Alice de primeira é detestável, Julian é muito tímido e é estranho, e eu sou uma nerd trabalhadora, sendo assim... vamos voltar um para os outros na primeira oportunidade que tivermos, sempre que alguma coisa acontecer ou vocês simplesmente quererem jogar conversa fora, liguem, mande mensagem ou vamos buscar um ao outro de algum jeito, porque sempre foi assim que funcionou e sempre vai ser assim que vai funcionar.
Sobrevivemos a tanta coisa... porque não podemos sobreviver a problemas normais também? E mesmo que um dia nos separamos, eu tenho certeza, que em algum ponto da nossa vida outra série de acontecimentos desgraçados vão nos juntar de novo.
E foi assim que depois de um discurso nada convencional e estranhamente pessimista, eu consegui convence-los e assim, convencer a mim mesma. Fazer o que? Era nosso jeitinho.
(Flashback off)
- E de fato, com tudo o que aconteceu depois era praticamente impossível da nossa amizade se acabar, todos os pequenos e grandes acontecimentos que ocorreram naquele verão nos aproximaram ainda mais e...
- O que você está fazendo? – Alice indagou – Eu que queria fazer a última fala!
- Que última fala? Você acha que estamos no que? Num livro e esse é o último capítulo?
Se fez um silencio, ninguém sabia bem o porquê, mas minha última frase nos deixou atônitos, erro na matriz? Pensei.
- E se bolarmos uma frase e falamos todos ao mesmo tempo pra ficar bonito? – Julian sugeriu.
Passamos vinte minutos para bolar aquela frase.
- E de fato, com tudo o que veio depois era praticamente impossível de nos separarmos. Criamos um mundo só nosso que nos permitiu sobreviver do nosso passado, que como destino nos atingiu a toda força e nos juntou dolorosamente, como se.… fizesse a gente ter feito sofrer pelo passado sozinhos por tanto tempo, apenas para nos juntar no futuro, mas apesar da raiva, não poderíamos estar mais agradecidos. E hoje, estamos desfazendo nosso mundo, não será mais mundo da Alice, ou da Marina, será nos três contra o mundo, o mundo real, mas com vocês isso não parece tão assustador.
...
- Isso não foi bem uma frase...
- Isso foi tudo menos sincronizado.
- Alice! Teria ficado bem melhor se você tivesse simplesmente deixado a Marina falar tudo antes... agora estamos atrasados!
- Merda!
Naquele dia atravessamos dois sinais vermelhos. 30 dias depois, a multa chegou e fizemos uma vaquinha para paga-la, brigamos o caminho todo por causa disso, mas me peguei sorrindo enquanto observava os dois.
Me senti grata ao universo, ao destino ou apenas ao acaso aleatório de um planeta esquecido por Deus, por ter nos concedido tempos que pareciam não passar de sofrimento, apenas para mais tarde nos compensar com essas pessoas, em que o tempo parecia passar mais rápido, e que elas eram a recompensa finita das nossas vidas.
E desejei que mesmo se na próxima vida fosse pra sofrer tudo de novo, essa recompensa viesse pra nós de novo, a recompensa marcada como uma tatuagem imutável na infinita pele da nossa alma.
Fim.
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