Capitulo 14

Pov Marina

Não nos vimos no final de semana, ou nos falamos, o que era uma raridade. Mandei mensagem, mas não podia chamar aquilo de resposta, era curto e grosso, podia parecer muito, mas não era, aquilo não parecia com Alice. Também não há vi antes de entrarmos na sala, nem ela nem Julian, não sei porque, mas não conseguia acha-los, me senti perdida na escola por aqueles poucos minutos, mesmo que eu a conhecia de cor. Só os vi no intervalo, me sentia ansiosa, e quando finalmente os encontrei, eu realmente tinha motivo.

O bosque já tinha se tornado um habito e tudo parecia normal, mas nada realmente estava, pesava no ar. Quando os encontrei gritei por Alice e corri até eles, que me receberam sem muita cerimonia. Pela primeira vez naquela escola os 20 minutos de intervalo se arrastaram preguiçosamente, quase parecia como um dia inteiro. Comemos praticamente em silencio, eu tentava puxar assunto e animar o clima, trocamos poucas palavras, Julian era o que mais se esforçava para responder da melhor maneira possível, a voz meio rouca, pesada, se esforçava por ele e Alice, que mal abria a boca, nem para implicar com Julian, ou comigo, e se abria murmurava alguma coisa baixinho, sem muito sentido, não importava, eu mal ouvia sua voz, e se ouvia, não parecia a dela.

Os dois pareciam se consolar, compartilhar a mesma dor. Era obvio, Alice ficava só encolhida, tão perto e tão distante, sempre perto de Julian, só dele.

Não perguntei nada naquele dia, eles não me saberiam responder. Também não os vi na saída, nem queria, estava assustada.

Dormi aquela noite com a esperança que o amanhã fosse melhor.

Não foi.

Novamente não perguntei nada, estava assustada e confusa.

Depois dia seguinte. Nada. Decidi que eles precisavam de tempo, e eu também.

Na quinta feira Alice não estava lá. Julian me disse que ela não iria para escola por um tempo.

Foram dias sombrios, por isso não consigo me lembrar quanto tempo ficamos sem vê-la, mas eu acho que foi por bastante tempo.


{...}

Se passaram poucas semanas que não víamos Alice, como se não fosse nada, uma tarde Julian me disse para esquece-la por um tempo.

Não esqueci, mas isso já era passado, a uns dias atrás mesmo dia recebi a notícia que Alice voltaria para escola, de que a veríamos de novo. Eu estava feliz, Julian estava feliz, o clima já tinha melhorado entre nós, ou quase.

Dou uma mordida tão grande que já quase não sobrava nada do pedaço de bolo, estava faminta. Mas desde aquele dia não conseguia comer direito, sentia fome, mas tudo que eu comia parecia entalar na minha garganta e não descia nem com reza, mesmo agora não importa o quão delicioso esteja o chocolate desse bolo, eu não conseguia engolir e no fim ficava o gosto amargo na minha boca do chocolate que antes era tão doce. Abro a mini caixinha de leite e a bebo como se fosse agua, não sinto seu gosto, mas sinto a massa finalmente deixando minha garganta. Amasso a pequena caixa com as mãos, era frustrante, não conseguia engolir comida, não conseguia engolir Alice e sua maldita mudança, não conseguia engolir as últimas semanas.

- O que foi que essa pequena caixinha de leite te fez? Não é com ela que você deveria estar brava.

Reconheci a voz de Julian e me virei para ele. Lá estava ele, me observava com uma expressão grave no rosto, a testa franzida e olhos semicerrados, e eu estava do mesmo jeito, nós dois combinávamos bem com o cenário cinza e opaco do alto do céu, no terraço do gigantesco prédio que trabalhávamos, aquele era, é, o nosso lugar secreto, de nós dois. Mas nenhum de nós estávamos na melhor forma agora.

- E com quem eu deveria estar brava então? Com você?

Ele não respondeu, apenas foi até mim e se sentou ao meu lado, bem perto de mim.

- Achei que não viria hoje – Continuei.

- Porque eu não viria? Aposto que se eu não viesse você esfarelaria até esse bolo, que por sinal parece uma delícia... – Ele roubou o outro pedaço e o enfiou quase todo em sua boca, sem nem me dar tempo de reagir.

- Ei! – Exclamei, indignada. Ele mal conseguia mastigar aquele tanto de bolo, os cantos da sua boca se curvavam e percebi que ele estava segurando o riso, se risse cuspiria todo o bolo.

Eu começava a rir do seu desespero que surgia, e o provocava pra ele rir e cuspir tudo aquilo, a comida ameaçava sair toda vez que ele deixava escapar um riso mas depois ele empurrava com a mão e mastigava ainda mais forte. Não demorou até aquilo acabar, mas foi o suficiente pra levantar nossos ânimos.

- O Carma! Isso foi o Carma por você ter roubado meu pedaço de bolo! Hahaha

- Carma? Isso foi é você jogando praga pra mim! Eu vi seus olhos perversos brilhando e você desejando “ Se engasgue “ – Ri ainda mais, ele tentava a todo custo se manter bravo – Que boca desgraçada!

Me lembrei de Alice.

- Se fosse a Alice ela teria desejado que você morresse engasgado.

- Realmente... me lembre de nunca roubar comida dela.

- Seja como for estou feliz que ela vai voltar.

- Eu também... agora tudo vai ficar tudo bem de novo.

Apesar das palavras, seu rosto dizia o contrário, os lábios se esconderam numa fina linha e ouvi o engolir em seco, como se engolisse o choro. Balançou a cabeça levemente e seu cabelo cobriu seu rosto.

Ele estava mentindo e escondendo, mas não tinha nada para esconder. Não iria ficar tudo bem.

- Será que vai? – Indaguei, mesmo sabendo a resposta.

- O que você quer dizer?

Alcancei seus cabelos e os pus atrás da sua orelha, nunca tinha tocado em seu cabelo antes, gostaria de ficar e lhe dar o carinho que merece, mas tínhamos coisas mais importantes para resolver, ele estava surpreso e eu também, nem tinha pensando direito, mas era tão espontâneo que parecia certo. Foquei em ler seu rosto, seu verdadeiro rosto. Seus olhos não olhavam nos meus, era incrível como ele ainda tentava esconder o obvio.

- Eu também a vi Julian. Eu a vi e estava assustada, assustada com vocês dois! Não sei você, mas eu já vi Alice mal, mas nunca desse jeito... e ela sempre voltava brilhante e esplêndida no dia seguinte como se nada tivesse acontecido, mas dessa vez ela passou semanas fora... dessa vez eu não sei como ela vai voltar.

- Você não viu tudo – Murmurou abatido, seus olhos aos poucos se voltaram para os meus, as pupilas frenéticas pra lá e pra cá, arregalados e assustados, como num longo susto – Você não viu nem metade.


{...}


Não sei quanto tempo fiquei pensando depois de tudo o que ele me disse, mas acho que foi bastante tempo, ele também não me apressava pra responder, era muito pra digerir e talvez, ele tenha demorado ainda mais tempo que eu, talvez ainda esteja digerindo.

Ele me contou tudo. Tudo o que eu sabia e tudo que eu não fazia ideia. E as peças finalmente começaram a se encaixar, peças que faltavam no quebra cabeça de Alice e as vezes me vinha a mente. Me senti miserável por Alice, eu sentia muito mesmo, e me pareceu que eu sentia tanto quanto ela, mesmo que isso fosse impossível. Daquele momento em diante tudo em Alice parecia compreensível, sua personalidade, suas atitudes e sua raiva.

- Mas não podemos sentir pena dela agora... ela volta amanhã e não sabemos como ela vai agir, mas não importa como seja temos que a apoiar e enfrentar isso com ela.

- Você tem razão... somos os amigos dela, os únicos.

- Sim... somos amigos, nós três.

Ele sorriu, eu também.


{...}


Tudo o que se ouvia entre nós eram o arranhar das minhas unhas na madeira e as cigarras que cantavam em algum lugar entre as arvores – não sabia o porquê, mas essa cidade é cheia delas, em dias ruins, são só elas que eu escuto – só isso, não se escutava uma palavra entre mim e Julian, nenhum de nós saberia o que dizer sobre essa agitação silenciosa e gritante.

Alice chegava hoje, em pouco tempo, em instantes, depois de um bom tempo sem se ver ou ao menos se falar. Olho pra Julian, me perguntei se talvez ele tivesse falado com Alice esse tempo todo, mas ele fita a entrada do bosque, entre as arvores, em qualquer canto, como se a vida dependesse disso. Não, ele com certeza não falou. Parece mais desesperado do que eu.
Finalmente! O som de passos se aproxima lentamente e eu me levanto rapidamente, o canto das cigarras ficam mais altos e eu me agonio, percebo farpas de madeira penetradas na minha pele, me agonio, piso forte nos galhos no chão enquanto caminho até Julian, tentando abafar esse canto horroroso.

- Porque diabos essas cigarras cantam tanto?! – Reclamei entre os dentes.

- Elas não estão cantando, estão chorando – Uma voz conhecida diz serenamente, e em seguida a dona da voz nos aparece como um anjo.

Um belo anjo.

- Alice! – Gritamos em coro e ao mesmo tempo corremos felizes até ela.

Ninguém esperou sua vez de abraçar, apenas nos abraçamos os três juntos, abraço atrapalhado e de palavras incompreensíveis que os três murmuravam, abraço apertado, longo e quente, como tinha de ser. Eu já nem ouvia o choro das cigarras, mas acho que alguém chorou, senti minha bochecha molhada. Podia ser qualquer um, ou podia ser todos.
Nos separamos os três com sorrisos de orelha a orelha no rosto, e por um minuto não dizemos nada, apenas admiramos a presença de Alice e apreciamos seu riso pelo abraço repentino por uns segundos, apreciamos tudo maravilhados. E talvez ela também apreciou nós dois, eu apreciei cada um, éramos nós verdadeiramente felizes, depois de um bom tempo.

- Como os dois pombinhos passaram esse tempo sem mim? Aproveitaram muito sem a vela aqui?

- P- Pombinhos?! O que você quer dizer... – Murchei antes mesmo de terminar, estava vermelha de vergonha, mesmo que não fosse verdade.

Alice tirou sarro de mim e riu maleficamente. Era incrível, ela não parecia ter mudado nada. Eu já sabia a história inteira e Emily tinha finalmente voltado, as duas se reencontraram e Alice sumiu de nós por mais de um mês, nenhuma notícia, nenhuma palavra. E então ela volta e é como se nada disso tivesse acontecido, era a mesma, tudo parecia certo, mas tinha alguma coisa errada, sempre teve.

- Como é que você volta depois de tudo e essa a primeira coisa que você fala? – Julian retruca.

Alice estala a língua e desvia o olhar, Julian franze o nariz e continua a encarar, nem parecia que a segundos atrás seu olhar procurava desesperadamente por ela, o rosto tão frágil que parecia poder quebrar em instantes. No fim, os dois eram iguais, mas nenhum deles admitia.

- Mas como você está Alice? De verdade.

Pergunto do modo mais casual possível, eu sabia que ela odiava pena. Ela demorou um pouco a responder, seu olhar corria por todo o canto, estava inquieta.

- Eu passei essas últimas semanas pensando e tentando inutilmente encontrar uma resposta pra tudo o que aconteceu e está acontecendo, mas eu não consegui achar nada. Mas eu cansei de esperar que tudo se resolva e afastar tudo a minha volta de novo, essa não sou eu, não sou mais uma criança. Mas mesmo assim, eu não sei se vou ficar bem, eu nunca fiquei, talvez dessa vez eu consiga, talvez eu dê sorte ou talvez vocês simplesmente vão estar aqui.

Sua inquietude sumiu enquanto falava, até a minha. Não dava para mudar o passado, e agora ela mesmo falava numa serenidade triste, uma aceitação necessária, não dava para mudar aquilo, e então eu entendi o que Julian disse, não adiantava ter pena dela agora, a gente tinha que a apoiar e mudar esse futuro que parecia o passado.

- Talvez? Não. Nós vamos estar aqui.


{...}


Botávamos o papo em dia enquanto comíamos sem pressa, eu não podia dizer que não estava curiosa para saber melhor como Alice passara essas últimas semanas, queria que se abrisse comigo por, mas que fosse doloroso, mesmo que fosse egoísta. Mas concordamos em respeitar esse assunto e não tocar nele até que Alice o faça. Assim, tudo entre nós estava quase tão bem quanto antes.

Por pouco tempo.

Não muito longe de nós um som de passos e cochichos se aproximavam, viramos para trás assustados, ninguém nunca tinha vindo aqui, logo um casal de mãos dadas surgiu dentro do bosque e seus risos altos cessaram assim que notaram a nossa presença. Um silencio constrangedor pairou por um longo tempo, minha atenção se prendeu na garota, seu cabelo longo e escuro estava preso numa trança elegante e apenas uns fios rebeldes caiam sobre seu rosto apático, ela era tão bonita quanto Alice, seus olhos grandes e puxados moldavam seu rosto definido e único, me senti hipnotizada pela garota, meus olhos não se desviavam e mesmo quando ela me notou e me sorriu de lado, os olhos brilhando perigosamente, me senti ruborizar e ainda não conseguia desviar os olhos, seu interesse em mim sumiu rápido e seu olhar se voltou para frente de novo, talvez me prendi nela por muito tempo, demorei para perceber onde seus olhos fitavam tão intensamente, segui seu olhar, ela olhava exatamente para Alice.

Ela não me parecia nada bem.
Era como se ela tivesse ficado doente em um instante, seu rosto ficou tão pálido quanto um fantasma japonês, toquei em sua mão, estava gelada como a morte. Procurei por Julian, desesperada, mas ele também estava atônito, silencioso.

- Que merda está acontecendo Julian?! O que tem de errado com a Alice? – Eu quase gritava.

Sem resposta, seu olhar fitava assustado a garota que chegara a pouco, eu nem ligava mais pra ela, eu ligava pra Alice, procurei suas mãos e procurei seu olhar perdido, seus lábios tremiam, mas ela não respondia. Ouvi um riso ecoar entre nós, um riso alto e agudo, nem as cigarras se atreviam a cantar, o riso dela era mais feio. Senti meu sangue congelar e me virei devagar para a garota, seu rosto apático agora exibia um sorriso perverso no rosto, os olhos pareciam se deliciar da imagem quebrada de Alice.

- Não me diga que... por favor ela não pode ser Emily – Murmurei desolada, minha cabeça negava como se pudesse faze-la não ser.

- É – Julian respondeu simplesmente – Eu já vi ela antes.

Como eu demorara tanto pra perceber? Seu rosto belo ficara bizarro e eu tinha medo do seu extasse a observar Alice em agonia, e ela ainda se atrevia a dizer que a amava? Senti repulsa, nojo e medo ao mesmo tempo, olhei pra Julian, ele já nem olhava pra garota e toda a sua atenção estava em Alice, ele a acompanhava de perto, mas naquele momento Alice estava inalcançável. 

- Alice... Alice olha pra mim!

Ele implorou, mas ela apenas negava com a cabeça, seus pés se arrastavam em pequeno passos em direção e Emily, ela murmurava coisas incompreensíveis e levava as mãos à cabeça, tentando se proteger do nada, como uma maluca.

- Que mundo pequeno esse, não é? – Emily falou pela primeira vez, um sorriso e um tom tão amigável que parecia real.

- Como... Porquê... – A voz de Alice mal saiu – P- porque você está aqui?

- Eu estou aqui pelo mesmo motivo que você ué, é isso mesmo que você quer me perguntar? Que patético.

Emily cuspia essas palavras tão nojentas que sua boca se entortava. Alice demorou pra responder, ela passava a mão na cabeça e puxava seu cabelo, ela estava perdida e tentava desesperadamente achar palavras.

- Mas tem tantas escolas pra você estudar... Não! Não posso deixar você estudar aqui, eu não posso ter você perto de mim, eu não quero. Essa escola é meu lugar, lugar dos meus amigos... por favor, eu pago a quantia que for, eu faço o que você quiser, mas vá embora daqui... você não lembra do que eu te falei aquele dia? Você não disse que me ama? Não pode fazer isso por mim?

- Já se passaram anos e você ainda pensa desse jeito? Dinheiro e mais dinheiro... no fim, você é igualzinha a seu pai. Você acha mesmo que eu vou sair da escola só porque você disse pra eu sair? Parece uma criança burra e mimada, sim... você ainda é a mesma criança.

- Mas você disse que me ama! Disse que faria qualquer coisa por mim! Eu arco todos os custos... você só tem que ir.

- Amor?! Hahahaha! Você ainda tem coragem de falar sobre amor? Você rejeitou o meu amor como se ele fosse uma mentira, foi você que disse que ele era uma mentira! Você jogou ele fora e agora quer tirar proveito dele? Você não ama ninguém e nunca vai amar, você não é digna de amor e eu tenho vergonha de um dia ter amado você.

- ... porque você está sendo tão má? eu não fiz nada de errado pra você, foi você que fez...

- Você sabe o que fez! Você é uma pessoa de merda Alice, tudo o que você fez tudo o que você fala... eu aposto que os seus amigos sabem.

Emily pôs seu olhar em nós, os olhos semicerrados nos dissecavam como carne, um sorriso largo e malicioso se formou em seus lábios.

- Ei... como você tem certeza que eles são seus amigos mesmo? Você não me descobriu por anos, o que garante que seu pai não paga pra eles serem seus amigos? Ou... será que é você que paga?

Ouvi Alice soluçar, a quanto tempo ela estava chorando? Foi a gota d’água, me segurei a conversa inteira pra não voar em cima de Emily, não sei porque diabos achei que aquilo podia dar certo, no estado que Alice estava...

Tudo aconteceu muito rápido. Antes que eu pudesse andar até Alice, Julian já corria até ela, e quando chegou, pegou sua mão e se pôs a frente dela, a poucos centímetros de Emily.

- CHEGA!!!

Seu grito ecoou por todo o bosque, mais alto que a risada maléfica de Emily, forte e firme como um rugido. Um silencio atônito pairou por todos nós, meu coração saia pela boca, o rosto vermelho, pra mim aquilo parecia cena de filme, e tudo tinha sido tão bonito que parecia ensaiado, naquele momento ele estava bonito como um ator, ele ofegava e suas mãos ainda tremiam, tudo parecia um filme. Alice apertava freneticamente a mão que ela segurava, ela ainda tremia e sua pele parecia pior, pelo grito e por tudo que ouvira. Como a mocinha e o herói, de um história mais trágica e real.

- Olha eu não ligo para o que aconteceu no passado entre vocês duas, mas nada disso importa agora, ela tem a gente agora e você não é mais importante, eu não ligo sobre o seu amor por ela ou o seu ódio, você não tem o direito de falar essas coisas pra ela, eu te escutei por cinco minutos e você já me parece bem pior que ela... pois dá pra ver sua dor por trás das suas palavras podres, então se for pra ser ruim esconda sua dor melhor da próxima vez, como Alice fez, então melhore Emily.

A cara que Emily fazia era impagável, e o seu silencio era melhor ainda, observamos sem pressa ela tentar articular alguma palavra e falhar miseravelmente, no fim, ela conseguiu esboçar um sorriso estranho pra nós e dar meia volta, voltando de onde saiu, sem ao menos esperar o idiota que a acompanhava.
Andei até eles sem pressa, ninguém disse nada, o sinal já tinha batido e ir pra aula não era uma opção, se passaram poucos minutos, mas o três estavam exaustos. Ninguém parou pra pensar no que aquele sorriso significava e só rezamos pra que a resposta não viesse tão cedo.

Olhei para Julian, Alice tinha soltado sua mão e agora ela estava arranhada e vermelhada, parecia doido, mas ele parecia não se importar, era um novo lado de Julian que se revelava pra mim hoje, pra todos, principalmente pra Alice, afinal ela tinha sido a causa. Meu coração apertou.

Olhei para Alice, perto de Julian, um pouco de cor tinha voltado pro seu rosto, e ela não tremia mais, mas seu rosto estava molhado de lagrimas, perto de Julian ou de mim, perto de hoje Alice parecia menor do que é, estava encolhida, destruída e inacessível, pensei que foi assim que Alice passou essas últimas semanas, nesse estado, é.… eu tinha certeza. Meu coração apertou.

No fim do dia, meu coração apertou muitas vezes.

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