Capítulo 65: POV Beatriz Biersack
Eu estava realmente feliz com toda a minha situação com Charles. Eu tinha finalmente mostrado a minha música para ele. Tudo bem que eu tinha escrito aquela música para o Noah, mas mesmo assim. Super encaixava para o príncipe e ele tinha acreditado que tinha inspirado a letra.
Eu realmente achava que tudo estava indo bem. Eu acreditava de verdade que ele estava começando a ver que nenhuma menina ali valeria mais a pena do que eu, que nenhuma gostaria dele como eu gosto. E também estava achando que tinha começado a ganhar de Gabrielle.
Mas tudo isso foi por água abaixo quando eu estava subindo para o segundo andar e vi uma criada andar até o quarto dela, segurando uma travessa que parecia vazia. Eu a segui com cuidado, fingindo que ia para o meu quarto (apesar de que ele ficava do outro lado do corredor). Enquanto eu fingia que estava para abria a maçaneta do quarto de Victoria, ela tirou um papel pequeno da travessa e colocou-o delicadamente embaixo da porta.
Ainda bem que a criada não era muito esperta, porque eu fiquei vários segundos enrolando com a maçaneta, sem querer abrir e encontrar a Victoria lá. Mas ela não percebeu nada, só deu meia volta e foi embora. Quando já tinha desaparecido de vista, fui até a porta da Gabrielle e me abaixei para ver se conseguia alcançar o papel.
Só tinha uma pontinha para fora. Eu preparei minhas unhas com cuidado, antes de tentar pegá-lo. Não queria só empurrar mais ainda para dentro.
"O que você pensa que está fazendo?" Ouvi atrás de mim e levei o maior susto da minha vida.
Até perdi meu equilíbrio, tendo que me apoiar na parede, quase me sentando no chão.
"Meu deus," falei, com a outra mão no peito, e me virei para olhar para a dona da voz.
Victoria.
"O que você tá fazendo agachada na frente da porta da Gabrielle?" Ela perguntou de novo, colocando as mãos na cintura.
Ela devia ter me ouvido do lado de fora do seu quarto. Droga, pensei.
"Eu não estou fazendo nada," falei, me levantando.
"Na-na-não, não vai achando que eu vou cair nessa," ela disse, balançando o dedo no ar. "Eu quero saber o que você estava fazendo e você vai me contar. Senão eu vou ter que falar para o príncipe que você estava sabotando a queridinha dele."
"Ela não é a queridinha dele!" Falei, um pouco alto demais.
Mas Victoria só levantou uma sobrancelha, me deixando nervosa com sua ameaça.
"Tá bom, vai. Mas você tem que prometer que não vai contar para ninguém," falei e ela revirou os olhos. "Eu vi uma criada deixando um bilhete para ela na porta."
Victoria ficou quieta um instante, franzindo as sobrancelhas. Até que entendeu do que eu falava.
"Quer dizer, do Charles?"
"Sim, acho que sim!" Falei, olhando para o final do corredor para ver se alguém não estava vindo. "Só que eu preciso vê-lo para ter certeza."
"O que você tá esperando? Pega logo," ela falou, apontando para a porta.
Hesitei um pouco, mas logo estava agachada de novo, tentando pegar com cuidado o papel. Mas minhas unhas não aguentavam o peso dele e não consegui tirá-lo debaixo da porta.
"Ah, pelo amor!" Victoria soltou, se inclinando em cima de mim e abrindo a porta.
"Espera," falei, tentando me levantar e me recompor antes que a Gabrielle ou qualquer criada dela me visse.
Mas o quarto dela estava vazio.
"Você é louca?" Perguntei para Victoria. "E se tivesse alguém aqui?"
"Eu vi quando ela saiu com as criadas hoje de manhã, relaxa," disse, simplesmente entrando no quarto. "Vai, pega esse negócio logo e fecha a porta."
Fiz como mandou, mais por medo de alguém ver a gente com a porta aberta ali do que porque achava que era uma boa ideia. Não era, eu sabia disso. Era uma péssima ideia.
"O que diz?" Perguntou, enquanto eu me sentava na cama do lado dela.
Abri o papel com cuidado, tentando não estragar o selo.
"'Gabrielle,'" eu li, "'gostaria que me desse uma segunda chance para um encontro perfeito. Dessa vez, em algum lugar coberto. Me encontre na sala do oceano, às 19h? Charles.'"
"Uuuuh, nadar de noite, que romântico," Victoria disse, me irritando profundamente. "Ele quer vê-la de biquíni."
Eu revirei os olhos, me segurando para não amassar aquele bilhete.
"Você não vai responder?" Victoria perguntou depois de um tempo em silêncio.
"Tá louca?"
"Não, você que deve estar," ela disse, se levantando e indo até a mesa da Gabrielle. "Você realmente quer que eles tenham esse encontro romântico e molhado em uma piscina escura do castelo?"
"Não!" Falei por impulso.
"Então," ela voltou até mim, uma caneta na mão. "Vá em frente, invente alguma razão para ela não conseguir ir."
Peguei a caneta com cautela, ainda sem saber se ia mesmo fazer aquilo.
"Escreve alguma coisa constrangedora!"
"Não," falei, fazendo-a parar de sorrir. "Vou só falar que ela não pode ir."
"Tenho uma ideia melhor," ela disse, "escreve que depois do outro encontro, ela precisa passar um tempo longe dele. Que ela precisa de um tempo. Não sei."
Me foquei de volta no papel na minha mão, preparei a caneta. Ainda não sabia direito o que ia escrever, mas comecei, logo embaixo da sua assinatura.
"'Quero Charles,'" eu li conforme fui escrevendo, "'Depois do que aconteceu no último encontro, eu acho melhor nós adiarmos o próximo um pouco. Espero que entenda. Gabrielle.'"
"O que aconteceu no último encontro?" Victoria perguntou, lendo por cima do meu ombro.
"Não sei," admiti. "Mas se ele acha que não foi perfeito, é porque alguma coisa deve ter acontecido."
Nós nos levantamos e eu deixei a caneta no criado-mudo. Victoria olhou para os dois lados quando abriu a porta, depois nós duas saímos. Enquanto ela voltava para seu quarto, eu andei até o final do corredor. Ia eu mesma deixar na porta do quarto do príncipe, mas encontrei uma criada no final das escadas. Ainda bem que não era a mesma.
"Por favor," pedi, fazendo-a parar e se virar para mim, "Lady Gabrielle pediu para que esse bilhete fosse entregue para o príncipe Charles."
Ela pegou o papel de mim, me fez uma reverência e subiu de volta as escadas.
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