Capítulo 56: POV Charles Regen
Fazia três dias que eu tinha perdido mais uma das minhas selecionadas. E dessa vez para o meu irmão. Claro que eu nunca falaria isso para ele, mas era estranho tudo isso. Ele não deveria nem ter olhado para elas sem pensar que elas estavam aqui para mim. Não que elas fossem minhas, elas não eram. Mas mesmo assim. Ele se sentiu no direito de simplesmente escolher quem ele queria.
Tá, não foi bem assim que isso aconteceu. E nos últimos três dias, eu pude ver que ele estava muito incomodado com tudo isso. Ele não fez por querer. E se ele pudesse, ele nunca teria se apaixonado por ela.
E, para falar a verdade, era engraçado vê-lo assim. Eu nunca tinha imaginado que ele acabaria se apaixonando. Eu podia jurar que ele acabaria se casando com qualquer menina só para se casar mesmo. E se ele tinha que se apaixonar por alguém, melhor que fosse a Nina.
Que era incrível, vou admitir. Era como se fôssemos amigos há muito tempo. Mas não tinha nada de romântico entre a gente. Melhor assim, do que ele começar a se apaixonar por alguma outra mais próxima de mim.
Andei me empenhando em conhecer as outras meninas. Depois que várias foram embora mais cedo do que eu esperava, resolvi que não tinha tempo a perder. A ideia de ter perdido a menina que poderia ser a minha mulher só pelo jeito como ela se portou na festa era um pouco assustador. Mas depois de tudo com o Sebastian, meus pais tinham deixado claro que eu era livre para fazer o que eu quisesse.
E o que eles queriam dizer era que eu poderia fazer isso mil vezes se quisesse, poderia escolher qualquer uma. Que eu não precisava me importar com o que a população dizia.
Pois é, depois da festa de meu irmão, eles soltaram numa revista o resultado da enquete das preferidas. Annabel estava em primeiro lugar. O que era de se esperar, ela se portava mais como uma rainha do que a minha própria mãe. Em segundo lugar estava Abigail, mas eu imaginava que era só porque ela era famosa. Confesso que sempre achava ela um pouco louca por fama demais. Toda vez que tinha uma câmera perto de nós, ela se jogava em mim. Mas assim que a câmera saía, ela me largava.
Depois estava Melissa, Melody e Gabrielle. Eu me perguntava se eles gostariam mais da Gabrielle se a conhecessem como eu. Em último lugar estava Beatriz, que não merecia esse lugar de jeito nenhum.
No sábado de noite, tive um encontro com Melody. Nós pintamos alguns quadros e tal. Foi legal, mas eu acho ela um pouco nova demais para mim. Sei que ela tem praticamente a mesma idade que todas as outras, mas é um jeito de cabeça mesmo, sabe? Ela ainda não tem a vida tão clara na cabeça dela como eu tenho.
No domingo, eu tive dois encontros. De manhã, fui tomar café com Sophie no jardim. Ela é completamente apaixonada por mim! Não sei se é de um jeito natural ou se é mais como fã. Na verdade, tenho a impressão de que é mais como fã. E ela tem uma ideia já pronta de mim na cabeça, o que fica meio difícil de conhecer ela de verdade. E principalmente dela me conhecer. Ela já presume que sabe coisas o suficiente sobre mim e nunca me pergunta nada. E quando eu pergunto dela, é como se cada uma das suas opiniões já estivesse sido formada baseadas nas respostas que eu dei sobre o assunto minha vida inteira.
De tarde, eu fui atirar arco e flecha com Melissa. Foi ótimo, de verdade. Não sei como não tinha percebido ela antes. Ela é meio perdida, mas de um jeito legal. Como se o cérebro dela estivesse funcionando em uma velocidade tão rápida que, enquanto eu estou entendendo a primeira coisa que ela falou, ela já respondeu essa coisa e deu mais uns cinco argumentos a favor e contra ela. Só que presa na própria mente, ela não parece conseguir acompanhar uma conversa normal. Apesar de eu sentir que poderíamos nos entender bem melhor se eu fosse como ela, é meio engraçado como ela age. E até meio encantador.
Ela também é uma das mais bonitas. E uma das que tem mais jeito de rainha também, e eu vou levar isso em consideração.
Ontem eu saí de manhã para cavalgar com a Victoria. Mas cada mini coisinha que acontecia, ela reclamava. Do sol, do cavalo, da sela, dos mosquitos, da bota dela, da graça, do vento, do clima, das unhas, do cheiro, de tudo. Praticamente tudo. Mesmo que o dia estivesse lindo com uma temperatura perfeita, eu não pude aproveitar. Tive que ficar lutando na minha cabeça para não mandar ela calar a boca nas mil vezes em que alguma coisa não estava boa o suficiente para ela.
Já percebi bem a diferença entre ela e a sua irmã. O problema é que eu e a Vanessa não temos muita química. Não entendo porque, ela parece ser uma menina muito legal. E, claro, muito bonita. Mas a conversa entre nós não flui. É bem tosca, na verdade. Parece que ela é uma prima muito distante minha, sabe? Que é para termos algo em comum, mas no fundo, somos completamente diferentes.
Eu saí também com Enny. Bom, não saímos, ficamos vendo filme. Assistimos "Soldado Anônimo", e ela me contou sobre o seu pai. Disse que ele era piloto de avião do exército e que desapareceu faz um tempo. Também me disse que ela sempre tinha sonhado em seguir seus passos, mas que depois disso, ela desistiu. Ela sabia que teria que lutar muito para conseguir uma coisa dessas, mas que depois dele ter desaparecido, ela tinha perdido todas as forças para ir contra os homens que ainda dominavam essa área.
Para ser honesto, eu não senti nenhuma inclinação amorosa em relação a ela. Mas depois que ela me contou isso, pensei que eu gostaria de fazer o que pudesse para ajudá-la a encontrar seu pai e realizar esse sonho.
Só não sabia como ainda.
De noite, eu pensei em chamar Gabrielle para sair, mas ela disse que estava indisposta. Era engraçado, porque quando eu a via com as outras selecionadas, principalmente Abigail, ela estava sempre feliz, rindo alto, leve e relaxada. Era só eu chegar perto para ela ficar apreensiva. E eu odiava isso, porque não sabia o que poderia fazer para ela entender que eu gostava dela. Que mesmo que eu estivesse saindo com as outras, ela ainda era uma das minhas preferidas, mesmo que fosse só porque eu a tinha visto primeiro.
Eu passei esses três dias pensando no encontro perfeito para fazê-la voltar a confiar em mim. Ou pelo menos me olhar com um pouco menos de tristeza nos olhos. Só isso já seria ótimo. E eu achava que tinha tido a melhor ideia possível! Só precisava colocá-la em prática.
Depois de ter me recusado ontem, ela tinha que me aceitar hoje. Não poderia simplesmente dizer não dois dias seguintes. Não seria de bom coro. Ela estava ali para me conhecer melhor, para ter mesmo encontros comigo. Ficar me negando assim só deixaria com cara de que ela não queria estar mais ali.
Eu estava andando determinado em sua direção quando pensei naquilo e tive que parar. E se ela não quisesse mais estar ali mesmo? E se ela fosse me falar não? Eu teria que considerar aquilo como uma rejeição de vez? Como um adeus?
Se fosse para ser assim, eu preferia nem a chamar para nada. Preferia viver um pouco na negação. Então me virei para andar de volta por onde tinha vindo, já pensando em tudo que teria que cancelar agora que esse encontro não aconteceria. Mas ouvi uma voz me chamando.
"Charles," ela disse, me fazendo parar de andar.
Respirei fundo uma vez antes de me virar e ir de encontro com quem tinha me chamado.
"Silvia," eu disse, quando cheguei até elas. "Lady DeChamps."
As duas me fizeram uma reverência.
"Já está tudo preparado para hoje à noite, a selecionada já confirmou?" Silvia perguntou, fazendo eu arregalar meus olhos.
Mas um segundo depois eu já tinha pose de volta.
"Por que você não pergunta para ela?" Ofereci, apontando para Gabrielle.
Pronto, pensei. Agora ela não tinha como me negar. Não na frente da Silvia.
"Oh," Gabrielle soltou quando percebeu do que falámos. "Você está me convidando para alguma coisa?"
"Sim," falei e tentei sorrir do melhor jeito possível para convencê-la. "Para um jantar comigo hoje à noite. Aceita?" Franzi as sobrancelhas, tentando parecer o menos intimidante possível.
Olha como eu sou legal, pensei. Você não quer sair comigo?
Ela não sorriu como eu, mas concordou com a cabeça de leve. "Claro," disse e isso foi tudo.
Senti que ela tinha só aceitado mesmo por causa de Silvia. Mas tudo bem, era só isso que eu precisava. Eu ia convencê-la de que desistir era uma má ideia. O único problema era fazer ela chegar até o encontro, e agora isso estava resolvido.
"Eu passo para te buscar no seu quarto às oito da noite," eu expliquei, logo antes de fazer um aceno com a cabeça e dar meia volta.
Eu já estava longe o suficiente delas para fazer um gesto de vitória escondido pelo meu próprio corpo.
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