Capítulo 43: POV Melissa McQueen

Uma festa como aquela era tudo que eu poderia pedir. Não só tivemos a oportunidade de dançar um pouco, de comer e beber sem ter que pensar em nossos modos, mas também tínhamos a chance de conhecer pessoas de todos os mundos.

Com meu russo arranhado, consegui conversar com o embaixador da Rússia. Fui direto para ele, assim que a festa começou a ficar mais descontraída. Ele estava conversando com uma mulher que se apresentou como Rainha da França. Falamos sobre as diferenças dos nossos países, depois um pouco sobre línguas. Uma princesa croata se juntou a nós com sua amiga de Kosovo. Falávamos mais em Inglês, mas quando um de nós não sabia uma palavra, falava em sua língua e quem soubesse, traduzia.

Era uma mistura de línguas e culturas perfeita! Eu estava me divertindo muito ali, apesar de quase todos à minha volta terem pelo menos vinte anos a mais do que eu. Estava finalmente em meu ambiente. Se a seleção não me rendesse mais nada, já podia ficar feliz de ter tido aquela experiência.

Falávamos sobre o clima, quando alguém atrás de mim chamou a atenção de Viktor Burkov.

"Ei, garoto, venha cá," disse, fazendo um aceno para quem quer que fosse.

Me virei já sorrindo, esperando que fosse outra pessoa com um sotaque diferente que fosse nos contar de suas experiências em outros países. Mas quando ele se colocou entre mim e a princesa croata, seus olhos azuis encontraram os meus, me fazendo perder completamente a pose.

"Esse é Theodore Kaiser, príncipe da Alemanha," Viktor explicou.

"Príncipe, é?" Perguntei, mas Theo não se arriscou a me olhar.

"Sim, sim," Viktor falou por ele. "Foi inusitado, mas seu pai teve que assumir o trono quando o primo dele morreu sem herdeiros," Viktor deu de ombros, quase jogando seu champanhe na cara da rainha da França. "Acontece," ele falou, sorrindo. "Mas esse garoto aqui é o futuro da Alemanha, pode ter certeza."

"Futuro da Alemanha," repeti para mim mesma.

"Ele é o preferido do povo para assumir depois, nem queriam que seu pai entrasse no poder antes," Viktor colocou a mão no ombro de Theo, orgulhoso. "Se não fosse por ele, pode ter certeza de que a Rússia não estaria com uma relação tão boa com a Alemanha como está hoje."

"Que bom," falei, ainda tentando entender tudo aquilo.

Theo manteve seus olhos em Viktor, mas ainda parecia tão desconfortável quanto eu.

"Eu preciso ir falar com o Príncipe Charles," falei, tentando sair de lá e lembrar Theo ao mesmo tempo que eu estava ali por causa de outro homem.

E funcionou. Seus olhos caíram em mim, mas eu estava olhando para todos os outros na roda.

"Foi um prazer enorme conhecer vocês," falei, educada. Me virei e me distanciei.

Mirei a mesa de cupcakes e doces, já pensando em como eu ia misturar a champanhe que tinha pegado de um garçom com o açúcar deles. Estava para pegar um cupcake vermelho, quando uma mão apareceu do meu lado, segurando um que tinha pedaços de chocolate branco na cobertura.

Coloquei meus dedos em volta dele, sentindo a mão de quem o segurava, me virando para encontrar Theo ao meu lado.

"Achei que fosse gostar mais desse," ele disse, lentamente tirando sua mão debaixo da minha.

"Obrigada," falei, já me odiando por ter me deixado aceitar o cupcake dele.

"Desculpa aparecer assim," ele veio atrás de mim, quando eu comecei a andar para a minha mesa.

Dei de ombros, apesar de querer mesmo era gritar com ele. Estava rezando para ele me deixar ficar sozinha, mas ele insistiu em me acompanhar. Quando cheguei à minha mesa, deixei o cupcake lá e me virei para ele.

Ia pedir para me deixar. Mas seus olhos em mim trouxeram de volta tantas lembranças, que não consegui falar nada que fosse fazê-lo se afastar de mim de novo.

"Tem algum lugar que a gente possa ir para conversar?" Ele perguntou.

Eu não sabia de nenhum, mas andei com ele para fora da tenda. Nós caminhamos em silêncio até estarmos longe o suficiente para a música estar quase imperceptível.

"Theo," comecei, sem saber ainda o que ia falar.

"Eu sabia que você ia estar aqui," ele me cortou.

"Como assim?"

"Meu pai queria vir, mas eu insisti. Eu soube que você tinha entrado para a seleção e eu tinha que vir te impedir de cometer o maior erro da sua vida!" Ele olhava fundo nos meus olhos, como se fosse sua única chance de me fazer entender a gravidade do problema.

Eu quase ri do que ele falou. Era irônico demais para ele quer que eu o levasse a sério.

"Tá brincando?" Perguntei, meu tom nem um pouco divertido.

Senti minhas pernas fraquejarem com a expectativa de ouvir tudo que sempre quis.

"Você não pode se casar com ele," Theo falou, a urgência de suas palavras clara nos seus olhos.

"Claro que eu posso!"

Me lembrei do dia em que ele foi embora e como tinha ficado mal. Tive que engolir a seco umas mil vezes para não gritar para ele tudo que eu tinha pensando nos meses em que passei praticamente como um zumbi, sem a mínima vontade de viver. Fazia mais de um ano e eu finalmente estava em um momento da minha vida em que eu nem imaginava mais como seria encontrá-lo de novo. E bem naquela hora ele aparecia na minha frente.

"Mel, por favor," ele falou, colocando suas mãos nos meus ombros. Seu toque familiar me fraquejou por mais alguns segundos.

Mas a minha raiva era maior. Tirei suas mãos de mim e dei um passo atrás.

"Que diferença faz para você, hein?" Perguntei, colocando as mãos na cintura.

Ele hesitou antes de falar, olhou para o lado, como se procurasse uma resposta para alguma pergunta na sua cabeça. Depois voltou-se para mim, seu olhar determinado.

"Eu amo você, Mel. Eu sempre amei," ele balançava a cabeça, seus olhos sentindo tanto as suas palavras quanto meu coração sentia. "Eu não aguentaria ver você nos braços dele."

Pisquei meus olhos algumas vezes, tentando fazer aquela miragem desaparecer. Mas não era miragem. Era verdade. Ele estava bem na minha frente, eu podia ver através das lágrimas que inundaram meus olhos.

"Não, Theo," falei, dando outro passo atrás. "É tarde demais-"

"Não é," ele andou até mim e tentando me segurar de novo, mas eu desviei dele.

Não conseguiria me manter lúcida com as mãos dele me mim.

"Você foi embora, Theo. Você teve quatro anos para me falar isso e preferiu simplesmente ir embora," falei, sentindo minhas lágrimas nas bochechas.

"Eu não tive escolha!" Sua voz estava mais alta, seu sotaque arranhado presente em cada palavra.

Como eu tinha tido saudade daquele sotaque!

"O que você queria que eu fizesse? Continuasse aqui quando meu pai tinha se tornado rei da Alemanha?"

"Não, o que eu queria era que você tivesse me visto uma vez na sua vida!" Eu gritei, me virando para ele.

"Como assim, te visto?"

"ME VISTO. Olhado para mim e me visto. Porque eu estava lá, do seu lado o tempo todo, te amando em segredo e você não conseguia me enxergar. Você olhava para qualquer pessoa à sua volta, menos para mim," respirei fundo, tentando acalmar meu próprio coração. "Pensar que você pode simplesmente vir atrás de mim, agora que outra pessoa me percebeu," balancei a cabeça, como se aquilo fosse o final da minha frase. "É tarde demais, Theo. O que quer que tinha entre a gente, o que quer que fosse, já acabou. Eu quero outra pessoa agora."

Esperei ele me falar mais alguma coisa, mas parecia que ele conseguia pensar em nada. Eu sabia que não era necessário, sendo que ele nem era da realeza do meu país, mas lhe fiz uma reverência, sentindo em todos os meus ossos que aquilo era a prova definitiva de que nós já estávamos longe demais um do outro para ter alguma chance.

Me virei, sentindo o pesar da distância que criava entre nós passando por todo o meu corpo. Era a minha vez de deixá-lo, mas isso não fazia aquilo nem um pouco mais fácil.

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