Capítulo 38: POV Charles Regen
"Eu juro," falei. "Eu odeio isso. Se eu pudesse, te poupava de ter que passar por isso."
Seus olhos me olhavam como se eu já a tivesse perdido, mas eu precisava acreditar que ainda tinha alguma chance.
Era minha vida, eu pensei. Eu estava ali para decidir a minha vida, eu não podia me entregar para a primeira que aparecesse. Mesmo que eu quisesse. Mesmo que eu quisesse muito.
Seu olhar caiu ao chão e eu soltei seu rosto, esperando que ela falasse alguma coisa. Ver suas lágrimas escorrendo, uma atrás da outra em silêncio estava me matando. Prendi a respiração, como se aquilo fosse me evitar de sentir a agonia de cada segundo que ela passava sem falar nada, só pensando no que tinha visto.
Se eu soubesse que não ia me empurrar, a teria abraçado e nunca lhe largaria. Eu não queria ter feito aquilo com ela, não queria que tivesse visto. E poder enxergar nos seus olhos toda a dor que eu tinha causado me fazia me sentir a pior pessoa do mundo.
"Está bem," ela disse finalmente, seus olhos fixos ao chão. "Eu entendo."
"Não, você não entende," me abaixei para olhar nos seus olhos, mas ela ainda não queria me encarar. "Gabrielle, não tem outro jeito de eu fazer isso. Eu tenho que ir atrás delas. Eu preciso conhecer cada uma delas-"
"Eu entendo!" Ela falou mais alto, se virando para olhar para mim. "Eu entendo, tá? Eu entendo tudo isso aí que você tá falando. Agora será que dava para você parar de ficar repetindo? E me deixa ir para o meu quarto," ela começou a andar até lá e por um segundo eu pensei em deixá-la.
Mas só a ideia dela passar a noite pensando no que tinha visto e me odiando era demais para mim. Eu não podia deixar a noite acabar daquele jeito. Eu não podia deixá-la dormir assim.
"Não, a gente não terminou de conversar," falei, pensando que talvez o confronto seria o melhor jeito de fazê-la falar comigo.
"Desculpa, mas isso não é uma conversa," ela falou, parando de andar e se virando para mim. "Isso é adeus. Boa noite."
Ela começou a se virar de novo, mas a segurei pelo braço e a puxei para mim. Ela acabou ficando um pouco mais perto de mim do que eu tinha planejado, e eu esperava que aquilo não fosse a irritar ainda mais. Principalmente quando eu estava feliz de sentir o perfume de jasmim dos seus cabelos outra vez.
"Isso não é boa noite," falei, com menos convicção do que estava pretendendo. "Eu não vou deixar você ir dormir assim."
"Você não tem que deixar nada-"
"Tenho sim! Você está aqui por mim, eu decido quando você vai conversar comigo ou não!"
As palavras saíram da minha boca antes que eu as pudesse parar. Ela parou de se mexer quando me ouviu e eu soltei seu braço.
Ela cambaleou para trás, seu olhar confuso. Eu não sabia o que eu poderia dizer para amenizar o que eu já tinha dito.
"Gabrielle-" comecei.
"Se é assim que você me vê," disse, levantando o rosto para olhar fundo nos meus olhos, "então eu não quero mais estar aqui. Eu não quero mais você," eu tive que parar um pouco para me perguntar se tinha ouvido aquilo mesmo. Mas seu olhar determinado em mim era claro. Ela engoliu em seco e continuou, "parabéns. Você tem uma escolha a menos para fazer agora."
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