Capítulo 25: POV Melody Hope

 Minha mesa era a melhor. Eu tinha pedido ontem para me deixarem usar um quadro grande e uma mesa perto da parede, onde pendurei meus quadros preferidos. O maior era da minha família. Eu nunca tinha gostado muito de pintar coisas realistas, preferia imagens um pouco mais divertidas, mais distorcidas. Colocava estampas em algumas coisas, usava tecido para outras. Sempre queria meus quadros mais originais. Pintar como uma foto nunca me pareceu vantajoso.

A Rainha America nos incentivou a andar pelas mesas, conhecendo as outras meninas. Eu adorei a ideia, porque estava super nervosa com ter que falar com ela. Só de pensar já me sentia doente do estômago.

E não ajudou nada que quando ela chegou na minha mesa, várias outras meninas aproveitaram para vir ver minhas coisas. Era como se eu estivesse falando para um público enorme, onde várias pessoas estavam torcendo para eu ir mal.

"Seus quadros são lindos," ela disse e algumas meninas concordaram com a cabeça. "Você pinta desde pequena?"

"Sim," falei, praticamente amassando uma mão na outra, tentando tirar um pouco do meu nervosismo.

"Gosto muito desse," ela falou, apontando um que estava do lado do da minha família.

"Ah, é minha irmã," disse, chegando perto. "Ela gosta de flores, então cortei algumas em papéis coloridos."

"Eu gosto de como você consegue misturar a tinta com o tecido sem deixar estranho," a rainha falou, sua voz doce. "Você é muito talentosa."

Senti minhas bochechas pegarem fogo com o elogio. "Obrigada," falei, meus olhos grudados na mesa. Não queria encará-la de jeito nenhum nesse momento.

"Posso te pedir uma coisa?" Ela perguntou, me fazendo olhar para ela contra minha própria timidez.

Concordei com a cabeça, esperando o que ela ia me falar.

"Tem como você me pintar um quadro meu?" Ela pediu, me fazendo abrir a boca de surpresa.

"Você quer que eu pinte um quadro seu?" Eu repeti, só para ter certeza de que eu tinha ouvido certo.

"Sim!" Ela disse, animada. "Eu gostaria de ter uma lembrança de vocês. Se quiser, não precisa."

"Não, eu quero," falei, antes que ela marcasse isso como uma coisa ruim sobre mim. "Eu só não garanto que ficará bom!"

"Ah, mas não tem como não ficar," ela sorriu e eu senti minhas orelhas esquentando.

"Tem alguma coisa que você quer que eu coloque?" Perguntei, pegando um caderno que eu tinha ali e uma caneta.

"Você escolhe, confio no seu gosto."

Ela continuou andando pelas mesas e a maioria das meninas seguiram atrás dela. Uma só ficou para trás.

"Eles são realmente lindos," ela disse, parecendo mesmo encantada com um.

"Você é a bailarina, não é?" Perguntei, dando a volta na mesa até ela.

Eu tinha minha resposta mesmo que ela não quisesse me falar. Seus olhos estavam grudados em um desenho que eu tinha feito da minha irmã de tule e sapatilhas.

"Sou sim," ela disse e apontou para o meu desenho. "Essa é a coisa mais linda que eu já vi de bailarinas."

Eu ri, jogando a cabeça para trás. "Já ouviu falar de Degas?"

"Já, claro," ela sorriu, divertida. "Mas gosto mais dos seus. São mais divertidos, mais a minha cara."

"Eu super desenharia um para você," falei, muito mais calma do que quando falara com a rainha.

"Sério?" Ela virou seus grandes olhos para mim. "Você faria isso por mim?"

"Claro! E se você quiser, pode me pagar com um de seus poemas," falei, lembrando de ver a mesa dela.

"Ah, não," ela escondeu o rosto nas duas mãos. "Eu sou péssima! Queria ter alguma outra coisa para te dar!"

"Ah, mas eu gosto de poemas!" Falei. "E eu amei os seus."

"Pode ser uma música?" Perguntou, abrindo suas mãos.

"Você toca?"

"Não," admitiu, olhando para baixo. "Mas se a gente arrumar alguém para colocar a parte da música, eu escrevo uma letra!"

"Isso ia ser incrível!" Falei, super animada. "Mas quem você acha que a gente devia chamar?"

Ela olhou em volta e depois voltou-se para mim. "A Jenny é pianista. E muito boa! A gente tem que chamar ela!"

"Está bem," eu disse, lembrando que ela era uma das legais.

"E também tem a Beatriz, que toca violão. E podíamos chamar a Arya para cantar!"

"Ah, vamos chamar todo mundo que der!" Eu estava ficando mais animada do que ela. "A gente podia preparar alguma coisa para o príncipe Charles! E depois fazer uma mega apresentação! Eu podia desenhar, cada uma podia ajudar em alguma coisa!"

Ela parecia surpresa por eu despejar tudo aquilo nela do nada. "Pode ser," disse, não chegando nem perto do meu nível de animação.

"Quem sabe a Rainha America poderia ajudar!" Eu sentia que podia começar naquela hora, já imaginava um cenário incrível onde apresentaríamos a nossa música.

"Por que a gente não espera?" Ela falou do nada, tentando me acalmar.

"Por que?" Perguntei, começando a me desanimar.

"Não conta essa ideia para ninguém, vamos esperar um pouco. Podemos esperar um momento especial," disse.

"Ah, pode ser," falei, dando de ombros. "Mas eu ainda posso te pintar um quadro, quer?"

"Quero, sim," ela concordou com a cabeça.

"E você pode me ajudar se quiser," sugeri.

Ela abriu um sorriso grande. "Quando quer começar?"

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