NOTAS INICIAIS

Uma pequena oneshot (beeeeem pequena mesmo) que eu escrevi pra um dos inúmeros desafios do grupo "Curtidores da SasuHina/BR" lá no facebook, muitos anos atrás. O tema desse era 7 pecados capitais, e pecado da história é "avareza". ♥ 

O dinheiro deveria comprar tudo, não era? Poderia comprar quantas casas ele quisesse, carros, comida, livros, beleza, sexo. E até mesmo sentimentos, já que as pessoas gostavam dele por causa do dinheiro. Foi nisso que Sasuke acreditou durante sua vida inteira, até o dia em que ele a viu naquela cama de hospital.

Eles não eram casados, amantes, muito menos namorados. Eles eram amigos.

Somente amigos.

Foi isso que Sasuke disse para si mesmo a vida inteira.

Quando os olhos dela se abriram, Hinata ainda estava sonolenta por conta dos vários remédios que precisava tomar. Já não conseguia ficar acordada por mais do que algumas horas, para então, cair no sono outra vez. Sasuke conseguiu chegar no horário certo; diferente de todas as outras ocasiões.

— Sasuke? — ela chamou, incerta, em um fio de voz. Tão rouca, que nem parecia ela.

— Sou eu. — Aproximou-se com cautela até entrar no seu campo de visão. Forçou um discreto sorriso; sabia bem que ela não ficaria feliz se soubesse o que ele realmente estava sentindo.

— Finalmente você veio, né? — resmungou, lutando contra os olhos que pesavam.

— Finalmente você está acordada — retrucou ao se sentar na cadeira ao lado da cama. Ela virou a cabeça para poder encará-lo, um pequeno sorriso dançava nos seus lábios, agora, pálidos. Não iria perguntar como ela estava se sentindo, isso era óbvio. — Há algo que você precise?

Hinata balançou a cabeça.

— Eu estou bem, não se preocupe.

— Eles estão cuidando de você bem? — perguntou, as sobrancelhas franzidas.

— Claro que estão, não seja bobo, Sasuke. — Começou a ter uma crise de tosse, ele esfregou as costas da mão dela, os lábios apertados em uma linha reta. — Desculpe.

— Está tudo bem — disse baixinho ao apertar os dedos dela, tão frágeis, entre os seus.

O dinheiro deveria comprar tudo, não é?

Deveria.

Quando ele trabalhou tanto para conseguir dinheiro, achou que quando ficasse rico, Hinata finalmente olharia para ele, e então, poderiam ser mais que amigos. E ele trocou os passeios, as fotografias, os sorrisos, os filmes, os momentos em que poderia passar com ela pelo dinheiro.

E agora, ela estava morrendo.

E Hinata jamais saberia que era o amor da vida dele.

Tudo que tinha restado era "quando".

Quando. Quando. Quando.

Até que a palavra perdesse o sentido. Mas era a única coisa que ele pensava.

"Até quando ela vai conseguir? Quando vai chegar o momento? Quando ela vai partir? Quando ela vai estar acordada? Quando eu vou escutar a voz dela pela última vez?"

Quando? Quando? Quando?

Não sabia.

Daria todo o seu dinheiro para comprar a saúde dela de volta.

Mas o dinheiro não compra tudo.

— Me fale sobre o seu dia, Sasuke — Hinata pediu, os olhos perolados ainda brilhavam, ironicamente, cheios de vida; mesmo com as olheiras abaixo deles.

— Você não vai querer saber — murmurou. — Você sonhou com alguma coisa? — Tudo para que ela pudesse falar e ele escutá-la.

Porque poderia ser a última vez.