CAPÍTULO 40
Quatro anos depois...
Millena
Em passos largos eu sigo pelo corredor da delegacia, entro na sala de Juca e o vejo concentrado em um sanduíche. Quando ele me vê invadir sua sala, praticamente sem a farda e esbaforida, ergue a sombrancelha e depois de dar de ombros me oferece seu sanduíche.
Reviro os olhos, e nego com a cabeça enquanto me sento na cadeira do outro lado de sua mesa. Paro alguns segundos para analisá-lo, está com uma camiseta branca e a calça da farda, lendo um relatório com o óculos apoiado na ponta do nariz, sorrio, está bonito e de bom humor.
— Não veio comer? — Pergunta depois de engolir o que estava mastigando, nego novamente. — O que quer então?
— A sua afilhada, tem uma apresentação hoje e estou atolada em papéis até a testa. — Murmuro abrindo um sorriso descarado. Juca me olha por sobre o óculos e pega uma caneta apontando pra mim.
— Tá querendo que eu te dê cobertura, de novo, para fugir? — Juca debocha e aponta com a caneta em direção a saída, e depois abaixa a mão e assina rapidamente na folha que estava lendo.
— Ah vai, por favor Juquinha do meu coração?! — Peço juntando as mãos, implorando. Meu celular toca, com a chegada de uma mensagem e sei que é Vinicius, ele disse que ia vir me buscar. — A Mariah está ensaindo para essa apresentação do teatro, já tem mais de um mês.
— O que ela vai apresentar dessa vez?— Questiona sorrindo, ainda está comendo o sanduíche mas está com a atenção em mim.
Minha filha tem quatro anos, parece comigo na aparência, mas é o Vinicius todinho no jeito de agir, a teimosia e a bagunça. Mariah é um grude com o pai e aprontam tanto que não sei quem é a criança, já que a minha pequena parece ter mais juízo que o meu marido.
Desde mais novinha, ela escutava as histórias classicas e fazia mudanças no enredo depois fazia as fantasias com Julia e apresentava pra família, seja sozinha ou com os amigos e primos. Entrou na escola e toda apresentação que preparam, ela está no meio.
— Vai apresentar Branca de Neve. — Sorrio lembrando dela chegando em casa com Vinicius, os dois no maior debate para decidirem se ela ia ser a bruxa ou a branca de neve.
— Quem ela vai interpretar? — Juca pergunta tomando seu suco.
— Vinicius tentou convencer ela, a todo custo, ser a Branca por ter os anões seguindo ela pra todo lado. E por ser a princesa do papai. — Murmuro lembrando dela explicando para Vinicius, que não tinha graça fazer a princesa pois ela já tinha feito esse papel e que já era uma princesa na vida real, e não seria justo com os colegas. — Então ela rebateu que queria ser a bruxa, pois era um papel que nunca tinha interpretado e deixaria o da princesa para a Taís, amiga dela.
— Essa menina ainda vai dar um baile em vocês dois, escreve o que estou te falando! — Juca diz rindo orgulhoso da afilhada. Esse é outro babão que estraga a minha filha! Nem parece que vai se casar daqui uns meses; conheci Cátia um ano depois que Mariah nasceu, esse ingrato estava namorando e nem me falou.
Todavia, não foi trabalhoso decidir os padrinhos de Mariah. Vinicius escolheu a irmã, assim como eu, portanto tínhamos a madrinha. Depois o padrinho, chegamos a um consenso e decidimos por Juca, não teria escolha melhor e até hoje não me arrependo.
Minha gravidez, posso dizer que foi complicada! Eu fiquei grávida de gêmeos, nunca fiquei sabendo o sexo do outro... há quatro anos, enquanto estava no Maranhão com Vinicius, o médico disse que era um começo de aborto, mas eu realmente cheguei a ter um aborto e isso dói até hoje, pois o meu corpo expeliu e eu só fiquei sabendo disso, meses depois, na primeira tentativa de saber o sexo do bebê.
Espero nunca mais passar por isso!
Contudo, minha filha alegra a parte sombria e triste do meu âmago.
— Desistiu? — Juca me tira da escuridão. Com o tempo eu vou superar. Volto a encará-lo e sorrio levemente. — Vinicius está te ligando, já deve ter chegado. — Aponta para o celular vibrando em cima da mesa. Balanço a cabeça e levanto suspirando.
— Verdade, estou indo então. Obrigada gatão! — Pego o aparelho e depois de atender, coloco no ouvido e saio da sala. — Já estou saindo, Vini.
Passo na minha sala, um pouco mais a frente e pego minha bolsa, vou em direção ao estacionamento pelas portas do fundo. Vejo o carro de Vinicius parado do outro lado da rua. Caminho até o mesmo e entro fechando a porta. Me estico e dou um beijinho no rosto do meu marido, digo um oi e ele também.
— Demorou ein, tava fazendo o que? — Pergunta dando a partida, começo a me desmontar. Tiro a farda e pego uma mochila em baixo do meu banco.
— Conversando com o Juca. Como foi no trabalho? — Pergunto enquanto tiro a bota e visto uma jardineira por cima da regata branca, coloco uma sandália e volto a olhar em sua direção, esperando que me responda.
— Cansativo, depois que deixei Mariah na escola, percebi que tinha esquecido a pasta do projeto em cima do sofá e tive que voltar em casa. — Fala enquanto soco meu uniforme dentro da mochila e a coloco de volta em baixo do banco. Ele para no sinal vermelho e se vira pra mim, abaixo o espelho do carro e solto o cabelo. — E você? Como foi seu dia?
Termino de passar o batom, olho o trânsito caótico de uma sexta-feira a tarde e o encaro sorrindo.
— Como estou?
— Linda e maravilhosa como sempre.— Antes de voltar a dirigir, ele se estica e beija minha boca brevemente.
Conversamos tranquilamente até chegar na creche, e graças a Deus, conseguimos chegar a tempo e achar uma vaga para estacionar. Assim que entramos, seguimos para a sala de Mariah, onde iria acontecer a peça. Todo final de bimestre, cada turma faz uma apresentação e para a felicidade da minha filha esse bimestre a sala dela está trabalhando teatro.
Adentramos a sala, razoavelmente grande, temos que levar em consideração que são 30 crianças de entre cinco, quatro anos, numa sala só, o que não é pouco. Vejo o lugar todo arrumado e parecido com uma floresta e sorrio, a decoração sempre é impecável mas dessa vez eles capricharam.
— Esse bimestre, eles se superaram. — Vinicius murmura sentando ao meu lado. As crianças não estão aqui, mas devem estar chegando.
— Estava pensando isso também. — Comento rindo.
Alguns minutos depois, a sala lota de pais e em seguida a professora, Camila, entra, se apresenta e explica brevemente a história que as crianças vão apresentar. Então, eles entram e quando vejo minha filha, sinto a emoção me tomar. Está toda saltitante e sorridente pois encenar e interpretar é o que Mariah ama fazer; olho para Vinicius que está só orgulho para com a nossa pequena.
Estico a mão e seguro a sua, sorrimos um para o outro.
A peça acaba seguindo o planejado, todas as crianças participaram e assim como eu e Vini, os outros pais se levantam para aplaudir. Mariah nos procura anciosa com os lindos olhos cintilante, iguais a de Vinicius e quando nos encontra vem correndo, ainda sorrindo e saltitante.
— Mamãe! — Ela grita e me abaixo para recebê-la, se jogando em meus braços eu tenho a chance de beijar e a apertar mais uma vez no dia. Passo a mão em seus cabelos e sorrio. — Você viu, mamãe? Na hora que caio da montanha?
— Eu vi meu amor e você está de parabéns, fez um ótimo trabalho. — Parabenizo sorrindo e a erguendo no colo, Vinicius está de braços cruzados e olhando para a janela, lá vem o drama.
Mas é o drama desses dois, amores da minha vida, que aquece o meu coração e alegra a nossa rotina. Sorrio olhando para Vinicius e beijo o rosto de Mariah, não mudaria nada na minha vida, nem agora e em nenhuma escolha do passado.
Vinicius
— Eu até fiquei com um pouco de medo, — Começo a dramatizar e Millena revira os olhos. — mas como minha filha nem me falou oi, vou reconsiderar a...
— Ah papai! — Mariah murmura rindo e estende os braços pra que eu a pegue, pego ela no colo e beijo seu rosto. — Não seja ciumento! — Ela exclama, como Millena vive falando e depois se apoia em meu ombro e começa a sussurrar em meu ouvido. — Mas você viu, que eu fiz a risada de bruxa que me ensinou?
Sorrio e olho para a minha esposa, que escutou o que Mariah disse e semicerra os olhos. Seguro gentilmente a cabeça de Mariah, e sussurro em seu ouvido.
— E você fez direitinho, minha princesa. — Mariah arregala os olhos e tampa minha boca, enquanto olha em volta.
— Não papai! — Ainda tapando minha boca, ela sussurra. — A princesa é a Taís.
Assinto com a cabeça, querendo rir e Millena acaricia os cabelos de nossa filha, enquanto explica.
— Amor, o que o seu pai quis dizer é,— Mariah olha para a mãe atentamente. — que você é a princesa das nossas vidas, da nossa casa. E não a princesa da história.
— Ah, então eu não sou a Branca de Neve. — Ela para pra pensar e então estica as mãozinhas, toca na bochecha da mãe e no meu queixo. — Mas se sou a princesa Mariah Silva Menezes, — Ela olha para Millena e depois pra mim. — a mamãe é a rainha Millena, e o papai é o rei Vinicius?!
Sorrio e olho para Millena vendo ela sorrir, emocionada, com a frase de Mariah.
Essa é a minha filha! Transmitindo alegria por onde passa, sendo o meu orgulho e felicidade desde quando estava no ventre da mãe.
Millena pega Mariah no colo e a aperta. Abro os braços e as acolho apertado, essa é a minha família, é o caminho que decidi escolher e continuo seguindo sem nenhum arrependimento!
E é o fim...
👉🏽💘👈🏽
Pessoas que eu amo, como vão?❤
E enfim chegamos ao fim de QUAL CAMINHO DEVO SEGUIR?, quero saber o que acharam, falem tudo!😎
Beijocas e logo eu posto o epílogo!😉
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top