CAPÍTULO 38
Vinicius
Millena me encara como se eu fosse louco e então, do nada dá um tapinha em meu ombro e se afasta rindo.
— Esse meu noivo fala cada coisa. — Olho para trás e ainda em meio a risos, Millena senta na cadeira e antes de colocar o óculos ela olha rindo e me acena com mão, para só então tomar sua água de coco e mexer no celular.
Continuo meu caminho em direção ao mar azul e me deixo levar pelas ondas, enquanto penso. Eu continuo pensando e volto afirmar que Millena está grávida, já tem um mês que ela vem agindo, posso dizer que, até fora do comum. Na minha cabeça não é normal ela chorar por tudo, sendo que não tem motivos pra tal ato. Milli estar revoltada é até que normal, mas arranjar discussões por eu não comer camarão?
Abro os olhos e paro de boiar, apoiando os pés na areia. Olho em direção a praia e de início eu não a encontro. Mas logo vejo ela voltando com uma sacolinha branca, franzo a testa e como sempre a curiosidade vence e eu volto, mas devagar que é pra não dar na cara.
— Ficou curioso né? — Millena abre um sorriso sarcástico quando me vê chegando. Ignoro ela e espio dentro da sacola, vendo um teste de gravidez.
— Eu posso ter ficado curioso, mas você também ficou! — Balanço a embalagem na frente do seu rosto. Amo meu relacionamento, uma conversa mais doida que a outra. — E ai? Quando vai provar que estou certo?
— Eu só fiquei pensando sobre, fiquei imaginando nós dois sendo pais, mas eu acho tão cedo, nos acertamos agora, estou com medo... — Millena murmura mexendo com as pernas do óculos, não saberia dizer se ela está confusa, pensativa, feliz ou triste. — Mas eu vou ama-lo, porque sei que você vai estar comigo, sempre! E isso me reconforta, me da paz. E agora estou empolgada! Quero muito um bebê nosso!
— Querida, mal sabemos se você está grávida ou não. — Bagunço seu cabelo e sorrio para conforta-lá ou me confortar, não sei ao certo.
Eu sei que seria o homem mais feliz do mundo, porque quero ser o pai que eu não tive, quero dar o amor paterno que eu nunca recebi do meu, quero ser o mundo, o ombro que meu filho possa apoiar e poder mostrar e demostrar que, nunca, em hipótese alguma vou abandona-ló.
Olho para Millena mais uma vez, e sei que com ela posso transformar esse sonho em realidade. Pois tenho certeza, da mãe maravilhosa que ela vai ser!
💘
Levanto os olhos do celular e encaro Millena, sentada ao meu lado, ela dá uma rápida olhada no temporizador marcando os minutos do teste e volta a encarar um ponto alternativo na parede.
Estico o braço por trás de seus ombros e a abraço, quero passar força e tranquilidade mas até eu estou ansioso. Milli apoia a cabeça em meu ombro e suspira, dou risada e abano a cabeça. Tenho certeza que ela está grávida, nunca que ela ficaria nesse drama e enrolação nos vinte minutos que voltamos para o quarto.
Olho para a poltrona, onde ela colocou o teste, perto da varanda. Millena fez questão de colocar longe para não ficar nervosa, não adiantou! O celular apita em meu colo e ela dá um pulo da cama e corre para a poltrona. Continuo sentado, apoio os braços na cama, atrás do corpo enquanto a observo.
— E aí? Acertei? — Pergunto sorrindo, já sabendo a resposta. Millena se vira pra mim com a testa franzida. — O que foi?
— Dois tracinhos é positivo, né? — Pergunta confusa e çoca a cabeça num gesto de nervoso. Acho que nem ela está acreditando. Dou um pulo da cama e faço um gesto de yes, em comemoração.
— Ae! Estamos grávidos, vamos ser pais! Estava certo, toma! — Comemoro feliz da vida, e então Millena se aproxima e me estica o teste já com lágrimas escorrendo em seu rosto. — Amor, não chora... — Millena soluça e se agarra à minha cintura enquanto chora, misericórdia o que eu faço?
— Deu negativo, Vinicius! — Exclama entre lágrimas e soluços, e paro de alisar seu cabelo confuso. — Não estou grávida, não vamos ter nosso bebê!
Me afasto e agora meu sorriso já se foi. Limpando o rosto, ela me entrega o teste e o pego de sua mão, vejo apenas uma linha e para ter certeza aproximo o teste do rosto. Passo a mão entre os cabelos, e jogo o teste na cama. Começo a andar pelo quarto e esfrego com força o rosto, quando uma única e solitária lágrima desce rosto abaixo.
Escuto Millena me chamar e continuo de costa para ela. Eu não estou acreditando e não quero acreditar!
— Vini? Amor? — Sinto sua aproximação e logo sua mão apoia em meu ombro. — Fala comigo, por favor.
A voz embargada e depois os braços me envolvendo por trás, quebra alguma coisa dentro de mim, eu não sei explicar, só sinto uma dor enorme dentro do peito; não sei como posso sentir tristeza, dor e impotência de perder algo que nem nunca cheguei a ter mas já tinha um espaço no meu coração!
— Desculpa... — Minha voz sai rouca e pigarreio para voltar ao normal. — Desculpa ter criado esperança em nós dois, desculpa ter torcido para que tivesse sido positivo. Me perdoa por nos fazer sofrer.
Não tem mais jeito, as lágrimas descem descontroladas por meu rosto e soco a parede a minha frente, quando os braços da minha noiva me apertam e depois me solta. Fecho os olhos e aperto os lábios de raiva. Sinto suas mãos na lateral do meu rosto, e ela acaricia levemente secando meu rosto, então seu aperto fica mais forte e ela puxa meu rosto para baixo, abro os olhos e a encaro confuso.
— Para de ser idiota! — Millena esbraveja bem perto do meu rosto e vejo as lágrimas acumularem em seus olhos. — Eu queria que fosse verdade, assim como você! Eu queria tanto quanto você, para de se desculpar por isso! Você está me magoando, eu fiquei feliz com a idéia e você se desculpando dessa forma me deixa pior do que um monstro! — Já estamos os dois chorando e ela continua. — Para já com isso! Isso é apenas um teste de farmácia, não quer dizer que não vamos ser capazes e mesmo que assim fosse, iríamos adotar ou o que seja; contudo para já com isso e volte para nossa bolha. — Olho para Millena e vejo súplica em seus olhos, eu realmente não entendo como ela mudou de idéia assim tão fácil, mas eu entendo a tristeza que ela sente. — Por favor...
Ergo a cabeça e respiro fundo, certo, posso fazer isso. Volto a encarar Millena e abro um sorriso.
— Que horas são? — É a segunda vez no dia que Millena me encara como se eu fosse louco. — Temos um itinerário, querida. Ainda temos mais um lugar pra ir, antes de pegar a estrada.
Os olhos de minha noiva brilham e sei que conseguirei trazer, novamente, a alegria pra essa viajem.
— Tem razão! — Ela bate palmas ao se lembrar de algo e sorri. — Vamos almoçar, depois quero um açaí com churros de chocolate.
Franzo a testa e olho para ela indo em direção ao banheiro. Cada gosto estranho, açaí com churros de chocolate?
— E tem isso aqui? — Questiono parando na porta do banheiro. Millena termina de tirar a roupa e entra em baixo dos jatos de água quente do chuveiro. Depois de alguns segundos, ela põe a cabeça pra fora do box e me responde.
— Se não tiver, a gente monta.
— Ok, então. — Aceito que ela tem gostos estranhos e caminho para dentro do banheiro, me despindo. — Chega pra lá, vou adiantar o meu banho, que você demora demais.
💘
Duas semanas depois
Millena passa em disparada pelo corredor da pousada, em direção ao nosso quarto como se sua vida dependesse disso. Está passando mal, pela segunda vez na semana.
Estamos em Chapada das Mesas, no Maranhão. Na segunda-feira, Millena vomitou no pé do instrutor de paraquedismo. Já é quinta-feira, ela não quis ir no hospital durante a semana, e então comeu uma vinagrete com picanha agora na janta, e está aí, botando tudo pra fora.
Fecho a porta do quarto e corro para o banheiro, ajoelhada na frente do vaso sanitário, arfando e suando frio é como Millena se encontra. Seguro seus cabelos e massageio suas costas tentando, de um jeito inútil, aliviar a tensão.
— Devíamos ter ido no caralho do hospital, Millena! — Exclamo entredentes, numa revolta por ela ser tão teimosa. Fica comendo de monte, e não escuta ninguém.
— Este não é o melhor momento para você começar as críticas, Vinicius! — Ajoelho ao seu lado enquanto ela tenta resmungar. Está totalmente sem cor, os lábios rachados, estou começando a me preocupar. — Me ajuda a levantar...
Nem tive tempo para pensar em levantar, Millena se apoiou no meu ombro e logo perdeu as forças caindo desmaiada.
— Olha o que você está fazendo consigo mesma, Millena! — Murmuro entre desesperado e surtado, quando vejo sangue começar a escorrer por suas pernas, corro até a porta com ela em meus braços, pois desta vez ela vai pro hospital!
👉🏽💘👈🏽
Oi gente, tudo bom?😉
Então... Resolvi postar logo esse capítulo, pois o próximo é o penúltimo e amanhã mesmo eu o posto!😌
Beijocas e até amanhã. 💋
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top