CAPÍTULO 34

Millena 

Vinicius me abraça e apoio meu queixo em seu ombro, mesmo nesse ambiente com cheiro químico eu ainda posso sentir o cheiro do shampoo prevalecendo.

— Eu pensei que ia morrer... — Sussurra de repente e meu coração se aperta com a lembrança assustadora. — Achei que nunca mais iria ver você, minha mãe e minhas irmãs.

— Não pense mais nisso, agora estou aqui com você e da próxima vez eu te amarro em casa, se eu sofri imagino você e Juca... — Aperto os olhos para impedir que as lágrimas comecem a cair e acaricio seu cabelo numa tentativa falha de me acalmar.

— Verdade... O que aconteceu com o Juca e as crianças? — Pergunta parecendo entre confuso e curioso. — Lazlo deu notícias? Tudo o que sei é que tem muitos repórteres e policiais no porto, parece que muita gente morreu nessa operação mas graças a Deus nós nos salvamos.

— Nossa! Verdade, precisamos ir ver o Juca. — Exclamo levantando de supetão e olho para Vini que concorda, já estou recuperada da fraqueza de agora pouco e na teimosia começo a empurrar a cadeira de rodas para fora do quarto, seguimos até o final do corredor e paramos no balcão onde encontramos Lucinda com seus papéis.

— Se estiverem tentando fugir, vou ser obrigada a sedá-los. — Diz depois de nos dar uma breve encarada. Vinicius cai na gargalhada e eu o acompanho, essa mulher tem algum parafuso solto. — Se não estão fugindo, estão indo para onde?

— Por que eu fugiria? — Vinicius pergunta esticando o braço e pegando uma balinha dentro de um pote no balcão. Essa bala deve ser horrível, faço uma careta.

— Pode me explicar como chego no quarto...

— Do seu amigo? — Lucinda completa minha frase olhando em meus olhos e depois que confirmo ela olha para o tablet e murmura. — Juca está no quarto 455 do andar de cima, no corredor da esquerda. É fácil, depois que sair do elevador siga a linha laranja.

— Obrigada Lucinda. — Agradecemos e ela reclama mais um pouco e depois nos lembra de voltar para comer ou vai nos colocar na sonda. — Eu quero é sair dessa cadeira e a mulher quer me colocar na sonda, só pode ser doida. — Vinicius reclama mexendo no celular, ao que parece ele quer tentar falar com Lazlo. E queria saber onde ele tinha guardado este aparelho, esses pijamas de hospital não tem bolso.

No momento em que saímos do elevador já damos de cara com o médico, e Vinicius continua tentando ligar para Lazlo.

— Oi doutor Duren, — Cumprimento e aperto sua mão. — estamos indo ver o Juca.

— É bom ouvir isso e vê-los melhorando, estava indo pedir para Lucinda trazê-los, pois ele estava perguntando por vocês. — Juliano murmura sorrindo e aperta meu ombro em despedida. — Bela amizade de vocês, estão conectados. Mas, agora preciso ir, tenho uma cirurgia para realizar.

Nos despedimos e continuamos o percurso de seguir a linha laranja no chão, mas antes de chegar no quarto Vinicius consegue falar com Lazlo.

Vinicius

Olho para Millena e faço positivo com dedo, mostrando que consegui entrar em contato com Lazlo.

Graças a Deus, cara! — Escuto Lazlo suspirar aliviado do outro lado da linha. — Pensei que não ia conseguir falar com vocês. Não posso sair daqui, as crianças estão sob minha responsabilidade, mas estou sempre de olho em vocês.

— Como assim? — Olho em volta e antes de Millena adentrar o quarto 455, vejo a câmera vigilando o corredor. — Ah safado, invadiu o sistema do hospital, né?

Millena larga a cadeira no meio do quarto e corre para perto da cama, onde Juca está tomando água.

Você pode ser bom, mas eu também sou. — Lazlo resmunga e coloco a ligação no viva voz. — Oi Juca! Oi Milli! Dêem oi para eles crianças… São aqueles na tela ali, olhem... — Lazlo aconselha e olho para Millena e Juca, estão abraçados mas prestam atenção nas vozes. As crianças cumprimentam e nós sorrimos, estou feliz por estarem salvos.

— Eí crianças, estou feliz por estarem bem e orgulhosa por terem sido tão corajosos. — Millena fala segurando a mão de Juca.

— Também estou orgulhoso de vocês. — Juca murmura olhando para a câmera, após limpar a garganta. — Se comportem, até estarmos com vocês.

O tio Lazlo irá cuidar da gente! — Uma das meninas informa.

E o tio Manoel também, Maria! — Agora um menino retruca, dou risada já estão até se implicando, chego a conclusão que a evolução e melhora está indo de vento em popa.

— Ok, mais tarde nos falamos. Agora preciso ir, meu celular está para desligar. — Sentencio e então desligo.

Giro a roda da cadeira até chegar na cama onde se encontra Juca e estico a mão para que ele bata.

— Você é um lutador, cara.— Nos cumprimentamos e sorrio olhando para Millena. — Vocês são lutadores e heróis na verdade, parabéns!

Os dois sorriem e sorrio de volta, Juca e Millena merecem tudo do bom e do melhor. E farei o possível para que minha mulher seja feliz.

Juca

Perdi um baço, mas aqui estou eu, firme e forte. Deito na cama do hospital, porque posso estar vivo mas estou com dor e desconfortável, olho para Millena parada entre a cama e da cadeira de Vinicius, está segurando minha mão e a da de Vinicius também.

Ela arquea uma sobrancelha e ainda segurando nossas mãos ela começa a falar e sucessivamente ela vai às apertando também.

— Juca? — Ela fala meu nome num tom diferente, e desse tom eu tenho medo, ela só usa ele quando está decepcionada.

— Sim?

— Por que tirou o colete? — Pergunta me olhando nos olhos, não sei dizer se ela está chateada, decepcionada ou com raiva.

— Porque dei a Jonas. — Explico tentando tirar minha mão de suas garras. — Pois ele estava com medo e foi uma maneira de acalmá-lo e criar um vínculo.

— Você queria morrer? Por que pulou na frente das balas? Eu estava com o colete Juca! — Ela vocifera com lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Você é imortal? Tinha um colete na cabeça? — Indago magoado, só queria proteger minha irmãzinha.

— Eu fiquei desesperada! Eu pensei que você fosse morrer! — Ela grita em meio a soluços. — Tinha sangue por todo o seu corpo, você não reagia! Eu entrei em pânico, porque acredito que você achou que fosse o Wolverine. Mas olha, deixa eu te falar que até o Wolverine morre, se for uma bala específica! — Millena continua esbravejando enquanto mais lágrimas descem por seu rosto. Dessa vez acho ela está triste mesmo. — Nunca mais faça isso! Por favor! Eu não irei aguentar ver você jorrando sangue novamente.

— Calma amor… — Vinicius chama por sua atenção e então o aperto de minha mão vai para a sua e acho que ele se arrepende de imediato. — Millena!

— Calma o caramba! — Ela volta a gritar. — Você é outro, o que pensou quando decidiu entrar para uma investigação? Que envolve traficantes, traficantes de menores o que é pior, pois se eles não têm consideração com as crianças, imagina com adultos que querem atrapalhar o rolo deles. — Millena continua desabafando e chorando e começo a me preocupar se ela não vai passar mal de novo. Segundo o médico, ela passou mal justamente por se estressar ao limite.— Ok, tá certo que você ajudou a conseguirmos os milhões de dados, beleza muito obrigada, mas eu te avisei que era perigoso a outra etapa, avisei porque eu já pressentia que algo ruim aconteceria. Avisei pois eu sabia onde você estava se metendo e tinha medo de que algo poderia te acontecer, e você fez o que? Foi da mesma forma, sem se quer cogitar o que eu disse.

— Você vai acabar passando mal… — Vinicius também percebe o que notei.

— Ótimo! — Ela exclama. — Quem sabe assim, vocês não entendem o quanto eu sofri ao ver os dois jogado no asfalto frio cheios de sangue, sem reações e sem cor. Mas não vai ser nem a metade do que senti, eu iria ficar totalmente culpada e se algo acontecesse com vocês. — Millena volta a me encarar. — A mãe dos dois não iriam me perdoa nunca nessa vida, eu iria viver a minha vida toda me lamentando por ter levado vocês e os perdido no mesmo dia. — Ainda me encarando ela continua. — Sabe que eu tive ameaçar os paramédicos?

— Como assim? — Vinicius questiona antes que eu possa abrir a boca, então a atenção volta pra ele.

— O Juca morreu bem na minha frente, e os paramédicos tinham desistido de tentar reanima-lo. — Então ela volta a me olhar. — Sabe o quanto foi desesperador? Claro que não! Mas então, eu peguei o desfibrilador e disse que ia dar um choque de alta voltagem em quem tentasse me impedir.

— Meu Deus do céu! — Vinicius e eu murmuramos totalmente chocados.

— Portanto, eu peço encarecidamente e de coração, não façam mais essas coisas. Pois quando eu digo que sofri e fiquei louca e descontrolada sem saber o que fazer, é porque é verdade! — Depois de desabafar e falar a última palavra, Millena solta nossas mãos e eu posso ver as marcas de unha na palma de minha mão, ela seca o rosto e fecha os olhos, respira fundo e apoia as mãos no ombro de Vinicius e na cama para se equilibrar. — Está tudo rodando…

— Quem é a teimosa agora? — Vinicius pergunta caçoando enquanto tenta apoiar Millena.

— Te avisamos. — Murmuro logo atrás.

A porta é aberta e uma senhora entra já encarando Millena.

— Não disse a vocês para voltarem pra comer? — Exclama com uma cara nada boa.

— Lucinda, que bom que chegou. — Vinicius cantarola. — Millena disse estar passando mal.

A tal de Lucinda, ajuda Millena sentar na poltrona ao lado da minha cama e começa a resmungar.

— Eu não disse a senhora para não se estressar? Quer que eu a coloque para dormir?

— Oche que parafernalia é essa de colocar para dormir? A senhora agora é um matador de aluguel? — Questiono confuso com sua fala, então Vinicius me cutuca e pede para que eu fique quieto. — Ficar quieto por que?

— Porque a Lucinda é assim mesmo, doida para deixar seus pacientes tranquilos e relaxados. — Millena é quem explica me olhando e quando Lucinda a encara. — Já estou bem Lucinda, foi só uma breve tontura por falar rápido de mais.

Ainda meio inconformada ela assente e pergunta se os dois não vão descer para comer.

— Não podemos comer aqui? — Vinicius pergunta e depois explica o porquê do pedido. — É que ainda temos muito o que conversar.

— Ok, mas que fique claro que isso não é permitido e se for questionada sobre isso, vou dizer que vocês me obrigaram.

Dizendo isso a estranha enfermeira sai do quarto e eu Vinicius olhamos para uma Millena cabisbaixa olhando ainda sentada pela janela.

— Silva, você não pode ficar magoada comigo para sempre, somos melhores amigos, somos parceiros e acima de tudo somos irmãos de mães diferentes. E sabe que, tudo o que fiz não foi proposital. — Desabafo também a olhando mesmo que ela ainda esteja olhando através do vidro. — Eu amo você, sabe que faria de tudo para te proteger.

— E não pode ficar magoada e nem com raiva de mim também. — Vinicius começa — Sou seu namorado, eterno crush, logo mais serei noivo, e assim depois marido. Prometi nunca mais me afastar um dia sequer de você e irei cumprir até que você se esqueça o porquê de estar brava comigo, pois assim como eu, você também me ama e sabe que nossos caminhos estão entrelaçados e destinados a ter o mesmo fim, juntos eternamente. — Vinicius respira fundo e continua. — Eu fiz tudo aquilo ontem e faria de novo, pois sei que fui útil e ajudei da forma que pude, ajudei a minha namorada fazer aquilo que ela tanto ama, proteger. E de agora em diante vou proteger a ti, nossa família e o nosso relacionamento.

Millena se vira assim que Vinicius termina de falar, e já chorando novamente — Acho que ela deve estar com algum problema não é possível chorar tanto. — ela murmura.

— Vocês ainda acham que eu não ia os perdoar? Vou aproveitar que estão bem vivos e guardar em um potinho para que nada aconteça aos meus bens tão preciosos. — Millena abre um sorriso — Eu não vivo sem os meus amores eternos e vocês não vivem sem a minha pessoa.

Sorrio, ela está mais do que certa, não consigo viver longe de Millena pois ela faz parte da minha vida e sem ela eu não veria o sol, devo a minha vida a minha irmã.

👉🏽💘👈🏽
Olá meus lindos e amados leitores do meu core!!! ❤

Bom esse capítulo gigantesco, foi para fechar com chave de aço a etapa difícil que nossos heróis, precisavam passar para crescer mentalmente no quesito união. Lavaram a roupa suja, discutiram e se perdoaram o que é importantíssimo. 😥😉

Portanto me digam o que acharam do capítulo, e nós vemos na próxima. 💋

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