CAPÍTULO 33
Vinicius
Ainda deitado e com os olhos fechados, faço uma careta por sentir um cheiro de éter e de imediato eu sei que estou em um hospital e que não estou morto, o que já é um bom começo. Agora o próximo passo é pegar Millena e companhia e ir embora o mais rápido possível deste país, tá louco que preciso ver minha família para que, ainda possa ter uma boa saúde mental, e não vai ser nesse hospital que vou ficar bem.
Abro os olhos e rapidamente eu os fecho novamente, odeio hospital desde que fiquei sabendo da existência de Julia, minha irmã e me contaram que por anos ela viveu em coma dentro de um edifício como este. Fico imaginando como deve ter sido solitário e desde então eu venho evitando ao máximo entrar em um hospital, só se for muito extremamente necessário e agora como já estou muito bem salvo, acredito que posso ir embora.
Escuto a porta se abrir e alguém ir andando para perto da cama, logo a pessoa está mexendo em algo do meu lado e então tomo uma longa respiração e com uma careta eu me viro e volto a abrir os olhos, vejo uma senhora que segundo o crachá se chama Lucinda e estico a mão para puxar seu jaleco, de início ela se assusta, mas depois abre um sorriso e pergunta como estou me sentindo.
— Incomodado!
— Incomodado com o que exatamente senhor?
— Com esse lugar, claro! — Suspiro aliviado quando ela ajusta a cama e começo a sentar. — Só esse cheiro químico de hospital já me enjoa, e a saudade me debilita mais do que esses quinhentos mil pontos no meu corpo. — Lucinda me oferece um copo de água, acho que por estar com a voz de um robô, aceito a água e depois continuo a falar com ela enquanto me examina. — E a propósito, quantos pontos foi que levei no total?
Então verificando a minha ficha ela responde tranquilamente como se fosse super normal:
— 45 pontos.
— Como é? Eu ouvi você falando 45 pontos? — Grito tirando força não sei de onde, levanto a roupa hospitalar que ela acaba de baixar e examino os pontos na lateral do meu abdômen, vejo os pontos mas não sei quantos são, a dor do esforço me faz voltar a posição anterior. — São muitos pontos misericórdia, vai me dizer que perdi um órgão nessa brincadeira também? Eu bem que estou me sentindo meio vazio mesmo...
— Sim eu realmente disse 45 pontos, pois só no ferimento da coxa o senhor levou 15 pontos, enquanto na lateral do abdômen o ferimento foi mais profundo e graças à moça que chegou com o senhor que conteve o começo de hemorragia, foi mais tranquilo a cirurgia. E não o senhor não perdeu órgão algum... — Enquanto ela me explicava eu já estava erguendo a barra da calça e procurando o ferimento na perna direita, os pontos formaram um completo X no meio da minha coxa, e quando vejo isso eu só tento gritar, não tenho garganta pra isso no momento. — E é melhor o senhor se acalmar ou irei seda-lo para que não prejudique o ferimento...
— Que mané me sedar, mulher! — Continuo horrorizado. — Como é que um simples ferimento virou um X? Um X, criatura! Minha irmã vai pensar que minha perna é o X do tesouro de algum pirata sacana. — Lucinda me olha e revira os olhos enquanto falo e então me lembro dela ter falado de uma moça, e de imediato sei que é Millena. — Mas pera, onde está à moça que chegou comigo?
— Este simples ferimento é porque, pelo o que entendi o ferimento aumentou quando o senhor fez esforço para alguma coisa, e agradeça que não pegou infecção nenhuma e o que é pior, não morreu. — Lucinda reclama e briga comigo e sinto como se minha mãe estivesse aqui, a saudade me toma. Lucinda começa a reunir suas coisas e quando se vira para ir embora ela me responde. — E a mulher que chegou contigo está no quarto do lado, provavelmente deve estar para acordar...
Lucinda não teve tempo de terminar a frase, pois algum alarme é soado e então ela sai correndo porta a fora e nada eu posso fazer, até porque meus lindos e nada dolorosos ferimentos me impedem. Encosto na cama e suspiro aguardando pelo retorno da enfermeira, porém como a porta ficou um pouco aberta consigo ver o ritmo do corredor, o que acaba me deixando é tonto.
Procuro pelo controle da televisão e quando encontro, ligo o aparelho. O jornal local está passando e depois de cinco minutos começam a falar sobre o flagra do porto.
"— Boa tarde, estamos aqui no porto de Bruges aqui mesmo na Bélgica, e estamos tentando passagem para onde tudo aconteceu. — Logo em seguida mostra a repórter andando na avenida e na entrada do porto da para ver a barreira de policiais. — Vemos que os policiais militares e civis, criaram uma barreira em volta e nada além da perícia, IML e os próprios policiais entram, vamos agora tentar falar com um dos seguranças do porto que está saindo neste momento da barreira.
— Boa tarde senhor, poderia nos informar o que aconteceu lá dentro, ontem? — A repórter pergunta e dá para ver claramente o nervoso do homem.
— Olha senhora, tudo o que eu sei é que uns traficantes vêm a anos trazendo uns bacuris roubados e eu nunca soube disso! Então ontem vieram uns policiais e teve muita morte, lá dentro tem tanto corpo que até está parecendo um cemitério. Mas agora a senhora vai me dar licença, mais tenho que ir à delegacia dar meu depoimento e ir ver minha família porque eu sobrevive por muito pouco. Ah e eu quero agradecer no nome dos bacuris e de todo cidadão de bem, aos heróis que fizeram o favor de salvar a todos, Deus os abençoe.
— Pelo o que entendemos, houve muitas mortes e nada foi revelado sobre para onde levaram as crianças resgatadas e nem quem foi que as resgatou."
A mulher explica brevemente e agora preciso saber onde estão as crianças e se Millena e Juca estão bem. Olho novamente para a porta e espero que passe alguém, durante dez minutos ninguém passa e então de repente eu escuto um grito sofrido que atinge meu coração em cheio, sei que foi Millena. Jogo a coberta para o lado e tento mover minha perna, o que é uma péssima idéia pois passei um bom tempo deitado e sedado, faço uma careta e mesmo com dor eu continuo me forçando até estar sentado na beira da cama. Apesar de tudo, eu não tinha feito um esforço tão grande para que puxasse os pontos no abdômen, mas só o movimento simples de impulso faz com que eu volte a sentar.
Coloco o dedão na boca e mordo para evitar que eu grite. Porra, eu já estou costurado e com curativo porque raios isso dói assim?
— O que houve senhor? — Olho na direção da voz e vejo o enfermeiro já do lado da cama.
— Ah moço, você poderia me arranjar uma cadeira de rodas? — Pergunto enquanto volto a me sentar agora com ajuda.
— Para que o senhor precisa de cadeira de rodas? Precisa ir ao banheiro? — O jovem Euclides continua fazendo perguntas enquanto perco tempo. Ele me olha desconfiado. — Posso ajudar se desejar e...
— Credo não! Só preciso da cadeira de rodas para fazer uma visita. — Exclamo com uma careta e Euclides faz uma cara de confuso e olha em minha ficha.
— Está prescrito aqui, que o senhor deve ficar em repouso e não passeando pelo o hospital.
— Eu vou ver a minha esposa, ela deve estar em um dos quartos do lado já que escutei o grito. — Eu apelo para o drama, quem sabe ele não se doa.
— Tenho certeza que nossos profissionais irão cuidar perfeitamente dela, senhor. — Euclides esclarece.
— Euclides só busque lá a cadeira e me ajude no básico que do resto eu me encarrego. — Repito o pedido e então Euclides faz uma cara de descontentamento e cinco minutos depois ele volta com a bendita cadeira.
Euclides me ajuda e então pergunta o nome da minha esposa, e não foi uma mentira tão grande já que quando sairmos daqui a primeira coisa que irei fazer é pedir ela em casamento, não vou me separar dela nunca mais, porque ela é a minha vida; depois então que lhe digo o nome dela, ele move a cadeira e saímos do quarto. Parece até destino mas ele me informa que Millena está no quarto ao lado e que acionou o botão de incêndio por acidente.
Entramos no quarto e de imediato eu sinto um alívio tremendo ao ver ela sentada e com muita energia pelo jeito.
— Lucinda e essa mania de querer dopar as pessoas... — Antes de entrar tinha escutado Lucinda propor o sedativo, até parece doida, existe o Edward mãos de tesoura e neste hospital tem a Lucinda mãos de sedativos. Olho para Millena e sorrio minha vontade é de ir abraçá-la, mas se nem da cama conseguia sair quanto mais desta cadeira. — Oi amor, sentiu saudades?
— Aí Vini! — Quando dou por mim ela já deu um pulo da cama e vêm em minha direção com os braços abertos. — Graças a Deus que você está bem! Estava tão preocupada, depois que minha memória voltou, claro. — Millena se sentou na perna direita, a que não é machucada, graças à Deus.
— Quê? Como assim, depois que sua memória voltou? — Millena está me enchendo de beijos no rosto, então seguro seu rosto para que ela me responda.
— Eu fiquei brevemente desmemoriada, acho que por ter batido a cabeça ou cansaço, não sei ao certo. Mas estou feliz de ver você sem sangue. — Olho em volta e não tem ninguém além de nós dois, os enfermeiros foram embora.
Passo a mão em seu cabelo e a abraço, porque mesmo com essa roupa de hospital e com o rosto todo marcado por lágrimas, continua linda como sempre. Continua sendo a minha mulher!
👉🏽💘👈🏽
Oi amados, tudo bom? Espero que sim. 😌
Gente esse capítulo é a segunda parte do anterior, mas como ficou muito grande eu separei e postei hoje. ❤😌
Esses dois capítulos foi para mostrar que eles estão bem e a salvos, portanto quero saber o que acharam. 😁
Espero vocês no próximo capítulo😉💋
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