CAPÍTULO 26

Millena

— Boa sorte rapazes, tudo vai dar certo. — Digo firme e arrumo a roupa para não aparecer o colete, e ajeito a arma e meus equipamentos, colocamos uma pequena câmera na gravata de Juca para garatir. Saio do carro sendo seguida por Juca e andamos pela rua com a brisa do mar, de mãos dadas como o casal Laban que todos conhecem. O ponto chia brevemente em meu ouvido até a voz de Lazlo soar calmamente:

"Manoel está pronto."

"Walter também." — Dessa vez é a voz de Vinicius que escuto.

— Nos conectem com eles. — Juca diz firme e baixo ao meu lado e em seguida a voz com sotaque de Walter soa em nossos ouvidos.

"A policia acaba de chegar ao porto, estão indo para seus respectivos lugares."

"Segundo o radar, uma pequena embarcação se aproxima." — Manoel é quem escuto agora.

Continuamos andando confiantes pelo calçadão e quando estamos quase chegando ao porto, eu vejo uma cabeleira loira saindo de um beco mais a frente acompanhada por dois grandes homens, no mesmo instante um arrepio me passa pelo corpo e seguro o braço de Juca para me equilibrar, uma sensação estranhamente horrível me domina.

— Que foi? — Juca segura meu rosto e me analisa. — Está se sentindo mal Millena? — Encaro os carinhosos e corajosos olhos de meu amigo e companheiro de vida e todos os meus pelos se arrepiam. Balanço a cabeça me recuperando seja lá do que.

— Nada não, vamos continuar. Foi só uma sensação estranha, nada demais. — Sussurro abrindo um pequeno sorriso tranquilizador, Juca me encara brevemente pra ter certeza que estou bem e quando se convence, as vozes de Vinicius e Lazlo nos assusta:

"O que houve?" — Vinicius pergunta agitado.

"Por que pararam?" — Lazlo vem logo em seguida.

Damos risadas e balançando a cabeça os respondo:

— Nada aconteceu. Estamos chegando, de volta a seus lugares. — Suspiro e em seguida avisto Joah, o responsável e fofoqueiro da Central, as duas vezes em que estivemos aqui Joah estava e no dia seguinte o prédio todo já sabia que o casal Laban estiveram no porto. Um perfeito dedo duro.

— Boa tarde, Joah. — Juca cumprimenta sério e o senhor de meia idade à nossa frente revira os olhos e olha para o relógio na parede do cubículo onde faz o seu turno.

— Já passa das seis, é noite! — Resmunga me encarando de cima a baixo e dessa vez sou que reviro os olhos com uma careta.

— Pouco me importa a hora velho babão! — Cravo as unhas em seu braço, bem estilo Athina Laban, agressiva e sem paciência, Joah já deveria saber que não pode me irritar. — Abre essa maldita porta, se não quiser uma bala metida bem no meio de sua testa.

— Calma senhora, só queria descontrair. — Se defende fazendo careta pela dor que estou lhe infringindo.

— Sei bem o seu descontrair. — Juca murmura se debruçando no balcão e apertando o botão bem na hora em que vejo o navio atracando no cais um pouco mais distante, Juca também percebe a embarcação e se vira bruscamente apertando o rosto de Joah com sua mão direita e batendo no balcão com a esquerda, fazendo um ótimo papel de um bipolar descontrolado e sibila entredentes. — Imbecil, não gosto de me atrasar!

Joah solta um gemido baixo de dor e sussurra um perdão entrecortado, o soltamos e satisfeitos voltamos a andar deixando Joah para trás. A uma certa distância da entrada eu escuto novamente os meninos.

"Tenho medo de vocês dois, atuam perfeitamente!" — Vinicius murmura parecendo pasmo.

"Amo vocês dois! Aquele velho fofoqueiro mereceu." — Lazlo diz eufórico e contenho a gargalhada. Juca ao meu lado aperta a ponte do nariz fingindo dor de cabeça, mas eu sei que é para evitar dar risada.

Sem mais nenhum contratempo chegamos no desembarque do navio, e após mostrar nossas identificações e ser liberado a nossa entrada, caminho sendo acompanhada por Juca ao meu encalço para dentro da embarcação. Um dos inúteis que se nome a, Lucas, anda a nossa frente e descemos até o que acho ser o porão ou calabouço por um corredor sujo, fedido e molhado. Quase tenho um treco quando vejo uma grande e monstruosa barata voar por cima da minha cabeça, agarro o braço de Juca e arregalo os olhos parando de andar, misericórdia senhor!

— Então a madame tem medo de um inseto besta deste? — Escuto a voz zombeteira de Lucas a minha frente e fecho a cara no mesmo instante.

Dou um passo ameaçador em sua direção e rosno:

— O que eu tenho medo ou deixo de ter, é problema meu, e não de um infeliz como você! — Lucas arregala os olhos e recua batendo as costas em uma porta.

— Foi mal ai dona, não foi minha intenção irritar. — Diz tremulo, não vou negar que gosto de colocar medo nesses marmanjos que se acham, de um certo modo ter esse pequeno poder serve para alguma coisa. — Alias, chegamos olha... — Vejo ele se virar e destravar as três trancas da porta e abrir a porta em seguida. O cheiro de urina e fezes invade minha narina e meus olhos enchem de lágrimas instantaneamente, para disfarçar eu tampo o nariz e dou passagem para Juca, sem conseguir ver sua reação.

Essa é com toda certeza a pior parte, ver toda essa situação, ver os pequenos rostos morrendo de medo e em situações precárias e vergonhosas, e fingir indiferença. Esses bando de filhos da puta, o ódio me domina e me recuso me fazer de insensível mais uma vez, fazer essas pobres crianças sofrerem mais um pouco não está no meu plano. Não serei eu a colocar mais medo nelas, não quero ver o pavor em seus tristes olhos. Antes de entrar com Juca, eu me viro com brusquidão e cravo as unhas nas bochechas de Lucas que sorria perversamente olhando porta a dentro. Se assustando com meu ataque repentino, Lucas segura meu braço e Juca o olha ameaçador fazendo rever seus movimentos.

— Está fazendo o que parado aqui ainda? — Grito descontando minha fúria totalmente nele, saco a arma e coloco em sua barriga para que quem esteja lá dentro não veja. — Vai chamar o carro seu imbecil! — O solto e vejo ele acenar e correr pra longe. — Idiota medroso. — Sussurro guardando a arma e me virando para Juca que tem os olhos nublados de ódio e rancor. Ele desvia o rosto e sei a indecisão que passa em sua cabeça. — Precisamos de calma e controle...

— Não quero que tenham medo de mim, não sou um deles. — Juca sussurra e vou até ele o envolvendo num abraço trêmulo. — Mas preciso fazer isso por eles, porque são pequenas crianças indefesas que não tem a menor culpa de tudo isso.

— Então vamos respirar fundo, fazer isso juntos como sempre e terminar com essa nojeira o mais rápido possível, que tal? — Sussurro e o encaro vendo a tristeza em seus olhos, que muda para determinação quando escutamos um grito fraco e seguido por choros compulsivo.

Me viro e entro correndo com Juca, vejo um lugar escuro, fedido, abafado por falta de janelas e meu coração aperta, com a visão de sete crianças de quatro a dez anos, cinco meninas e dois meninos; um adolescente de acho eu, quatorze ou quinze anos segurando um bebê.

— Mas que porra! — Juca murmura.

Olho em volta, atrás de quem gritou e o que vejo me assusta mais que a barata de minutos antes. Um rato ou ratazana sei lá, preta está parado a centímetros de distância de uma menina de aparentemente quatro anos encolhida no canto aos prantos.

— Juca... — Sussurro aterrorizada pelo bicho monstruoso. Juca se vira e sem que eu espere, saca a arma e pra meu espanto e de todos presentes, atira no bicho que dá seu ultimo grito e se desmancha em sangue na parede. — JUCA! — Grito assustada e enojada.

"Eita cara doido!" — Vinicius murmura — "Tutorial de como matar um rato..."

Ainda não acreditando no que presenciei, caminho até a pequena garota ainda apavorada e me agacho ao seu lado que se encolhe chorando. Estico a mão e toco em seu cabelo antes cacheado, agora só o bagaço.

— Escute querida, na verdade, — Levanto e falo para que todos me escutem. — preciso que confiem em nós dois e sei que é difícil pedir isso a vocês, mas façam um esforço sim?

Meu discurso parece não ajudar muito já que nenhum deles levantam, muito pelo contrário se encolhem mais ainda e fecham os olhos.

— Não machuca a gente não, por favorzinho... — Escuto uma vozinha a minha direita e tenho vontade de chorar.

Encaro Juca que toma a palavra.

— Somos policiais e precisamos que sigam a gente para conseguir leva-los de volta pra casa em segurança.

— Como vamos saber que estão falando a verdade? — Pergunta o adolescente. — No começo todos são bonzinhos.

— Não sei como provar isso a vocês. - Juca responde e encara a porta por um momento.

— Qual o seu nome? — Pergunto e ele responde baixinho. "Jonas" Aceno sorrindo.

"Diz que vai dar chocolate, chocolate sempre ajuda." — Vinicius murmura.

"Não seja idiota! Sequestradores oferecem coisas boas as crianças, assim como doces. Prometer algo não é o caminho, já que são crianças traumatizadas, desconfiadas, com medo de tudo e todos." — Lazlo murmura e sinto dor por meu amigo, ele já esteve deste lado.

— Eu também não sei, mas quero ajudar vocês e impedir que aja mais sofrimento num futuro próximo. — Murmuro encarando Jonas. — Estou nesse minuto falando com meu amigo e também com meu namorado, por este ponto de ouvido aqui, — Tiro o objeto e mostro a eles — Eles dois estão esperando por nós dentro de uma van, logo aqui fora, para darmos o fora deste pardieiro. E vou contar pra vocês um segredo, meu amigo já esteve no lugar de vocês, ele foi levado da casa dele ainda pequeno, mas deu a volta por cima e agora está tentando fazer justiça e fazer pra vocês algo que ninguém fez por ele.

— Como ele voltou para a casa dele? — Uma menina pergunta do outro lado abraçada com outra garota.

— Vocês vão ter que perguntar a ele, mas pra isso preciso que vá conosco. — Digo sorrindo.

— Isso é uma escolha de vocês, ficar aqui nesse nojo de lugar ou tentar a sorte e ir com a gente. — Juca complementa.

— Não vamos força-los, mas devo avisar que aqui é perigoso e daqui a pouco o inútil volta e tudo vai por água abaixo. — Digo olhando no relógio e depois para a porta. Volto me para eles e encaro os indecisos olhinhos temerosos.

👉💘👈
Oie gente tudo bem?

Perceberam a tensão do momento né? Próximo capítulo a coisa vai ficar pior já aviso.😜😂
Alguma idéia do que pode acontecer? Me contém tudooo

E quero agradece-los porque estamos em primeiro lugar no ranking!!!☝️💃😻Felicidade me define! Amo vocês!💜

#Viniciussemexe
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#Últimoscapítulos
#Tráficonão
🔥

Até a próxima, beijocas😘💋

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