CAPÍTULO 23
Vinicius
— Aonde é que ela vai? — Pergunto me virando para Juca, que está pensativo. Parece preocupado, ele não me responde, continua olhando para a porta por onde Millena saiu tem dez minutos. Caminho até ele, com a espumadeira na mão. — Ei, cara? O que você tem? — Pergunto franzindo a testa e tocando em seu ombro, então finalmente ele parecer voltar a si e balança a cabeça me encarando.
— Que foi? — Murmura baixo.
— O que está acontecendo? — Pergunto confuso com todo esse mistério e cara feia.
— Você não nos encontrou? Descobre agora onde você se enfiou! — Diz ríspido entredentes e reviro os olhos, cara chato!
— Larga a mão de ser otário! — Respondo no mesmo tom. — Quero saber onde está Millena, porque é tão difícil de me explicar?
Juca parece se enfezar, bate com muita força a xícara na bancada, que se quebra em vários pedaços e enche sua mão de caquinhos, espalhando café pra todo canto.
— Millena e eu, estamos infiltrados no meio de traficantes de menores! — Grita perdendo a paciência, suspira profundamente e se afasta levantando a mão, vendo alguns cacos fincados. Fazendo uma careta, Juca ergue a outra mão e vai retirando os cacos voltando a falar. Minha única reação é arregalar os olhos e fazer uma cara de nojo, por pensar em pequenas crianças sofrendo na mão de gente babaca e também por ver o sangue jorrar de sua mão. — Tem dois anos que estamos tentando pegar todo e qualquer tipo de pista. Mas não conseguimos reunir o nome de quem comanda, e de todos os envolvidos.
Encarando a mão do pertubado a minha frente, minha mente voa longe. Como assim tráfico de menores? Outro dia mesmo estava passando uma reportagem sobre este assunto, mas não prestei atenção. Tudo que vem na minha cabeça é, violação dos direitos humanos. Quem raios faz isso? Por que fazer umas imundices dessas? O que leva a pessoa a cometer uma barbaridade como essa? Meu sangue ferve só de imaginar, um parente meu, um filho... Emily! Ficaria louco da vida se minha irmãzinha fosse levada de nossas vidas.
— Nesse meio tempo, como pensam que fazemos parte da imundice. — Suspira profundamente e caminha até a pia e enfia a mão embaixo do jato de água, fazendo cara de dor. — Mandam nós dois para missões, incluindo pegar os menores no porto. -— Juca parece irritado e incomodado com esse assunto. — Hoje... É um dia desses... — Sussurra triste de repente.
— Porra! Isso já não basta para vocês prenderem esse povo? — Pergunto já descabelado de tanto passar a mão. Que assunto mais bizarro! Onde fui me meter?
— Não caralho! Se fosse possível, você não acha que já tinha me mandado? — Juca grita de novo e aperta a mão para conter o sangue. — Tanto eu quanto Millena, não aguentamos mais essa pressão. Isso é sufocante, quando escolhi minha profissão eu jurei cuidar e defender do interesse do meu povo, mas aqui eu sou impotente. — Ele começa a andar rumo ao banheiro e eu o sigo, estou chocado e com raiva dessa situação toda, imagina eles dois sozinhos nisso! Agora também estou envolvido e quero ajudar e abraçar a minha garota de qualquer forma. — Se tentarmos um flagrante no porto por exemplo, não dá! Justamente porque só vão quatro pessoas, eu e Milli, e Lazlo. Negar ir?, não tem como negar! Porque desde o começo, por puro e completo azar, fomos escalados pra isso. — Sentado na tampa da privada ele continua fazendo o curativo. — Chegar invadindo a central também não adianta. Nunca estão todos presentes, pegar provas naquele hospício é quase impossível!
— Entendi... — Murmuro escorando na porta e o observando. — Mas... Onde que Millena foi?
— Daqui a pouco ela chega. Deixa de ser grudento...
— Não é questão de ser grudento, Juca! — Começo a me alterar. — Você acaba de me contar toda essa história de doido. E vem me falar de grude? Meu filho, eu estou é muito preocupado com Millena saindo assim; eu amo ela! A segurança dela vem em primeiro lugar. Então vamos logo me falando onde é que ela foi!
— Segurança em primeiro lugar... — Zomba levantando e parando à minha frente. — Você a deixou ir por dois anos! Dois anos, que quem cuidou dela fui eu! Não me venha agora com esse papinho de engana trouxa, porque a mim você não engana. — Juca aponta o dedo em meu peito e desdenha. — Ela acredita em você, porque te ama. E quem ama fica um pouco retardado, sei como é. Mas eu não tenho nada com você, não caio nesse papo furado. Millena é como minha irmã mais nova, e com toda a aprovação da mãe dela. Até conseguir a minha confiança, eu nunca vou acreditar cem porcento em você. E vou proteger ela, se precisar até mesmo de você!
Dito isso, Juca sai do banheiro e sobe as escadas rapidamente batendo a porta logo em seguida. Franzo a testa e balanço a cabeça, esse cara é doido. Porém, por dois anos realmente foi ele quem cuidou dela, e eu estava esse tempo todo me culpando ao invés de tomar uma providência. Mas agora vou fazer a diferença, ao menos tentar. Me viro e subo as escadas, entrando no quarto de supetão. Juca que está tentando mexer no celular com a mão esquerda, quando me vê revira os olhos.
— O que é? — Resmunga.
— Quero ajudar vocês, como posso colaborar? — Digo confiante e sento na outra cama, de imediato sinto o cheiro de Millena.
Juca balança a cabeça, como se duvidasse da minha capacidade, e interiormente eu não vejo a hora pra provar o contrário.
— Invade o sistema da central! — Dispara rindo livremente e eu o acompanho. Isso é mamão com açúcar! Pra quem invadiu o computador de um policial, isso é fichinha.
— Vamos então? — Levanto da cama e ele só levanta a cabeça me encarando com desdém. — Preciso de um pen drive, outro notebook, Internet, um CD, e alguns dados que espero que você tenha. — Pontuo as coisas que preciso e Juca levanta confuso.
— Como assim? Você vai mesmo fazer isso? - Pergunta desconfiado. — Você sabe fazer essas coisas? Como você sabe fazer isso?
— Muito simples, faço desde pequeno e só fui me aprimorando. — Digo orgulhoso. — Agora faço faculdade de Engenharia Mecatrônica, o que só foi melhorando minhas idéias de como invadir sistemas e construir algumas coisas.
— Ah então foi assim que nos encontrou, seu pilantra! — Exclama praticamente revoltado. — Qual foi o computador que você invadiu? Me fala seu salafrário!
— Ora me poupe! Estamos perdendo tempo e eu seria muito otário se te falasse alguma coisa.
Saio do quarto e desço as escadas, sigo para minha mala localizada no canto da sala e pego meu notebook, fone de ouvido e carregador, tudo dentro da mesma. E sento no sofá o ligando.
— Me fala, se eu te dar o que está pedindo; você não vai cagar tudo né? — Juca pergunta receoso sentando ao meu lado. — Ou irei morrer nas mãos de Millena e do meu chefe. E pode ter certeza, que volto pra puxar seu pé eternamente.
— Lógico que não! Não faço nada sem ter certeza e segurança. — Respondo digitando minha senha rapidamente e ignorando o resto de sua fala. — Tá pensando que sou idiota é? — Olho pra ele de relance que sorri. — Nem precisa responder!
Juca me entrega as coisas e começo meu trabalho, que tanto amo. O barulho das teclas me inspira a continuar, minha mente vai longe quando estou entre quatros paredes, isso vem de dentro, nunca teria outra profissão.
Algum tempo depois...
Escutamos um carro estacionar na garagem, vozes, e então um tempo depois a porta abre e eu levanto a cabeça revelando uma Millena séria e acompanhada de um outro homem, também sério e mexendo ao celular.
— Tão fazendo o que? — Pergunta curiosa irradiando tensão e eu continuo encarando o sujeito, que sussurra agora com Juca em um canto.
— Quem é esse? — Pergunto sentindo o ciúme bater forte no meu peito. Cerro os dentes e encaro o homem alto olhando entre os dois. Que raiva! Estou sendo ignorado.
👉💘👈
Olá gente que amo, como estão?
Espero que bem.
Esse foi o capítulo de hoje, me digam o que estão achando.😉
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Beijocas até a próxima. 💋
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