seu nome é o meu poema de amor

Não é romântico como todas as minhas letras são sobre ele? Sobre seus olhos castanhos, que guardam um universo misterioso a qual desejo desbravar com todas as cores de caneta que há no meu arsenal. Sobre seus lábios de morango, meu fruto proibido e favorito; agridoce, saboroso, delicado. Sobre suas mãos fortes, dedos ásperos que sempre mapeiam cada extremidade frágil da minha alma e dedilham as teclas de um piano da minha mente, formando a música do meu coração. Sobre seu sorriso açucarado, que goteja mel a cada entortar de lábios, e é o adoçante da minha vida amarga.

Sobre ele, sempre ele.

Não me considero a melhor, não acho que mereço um título de excelente poetisa; não sou como eles, talvez nunca chegue a ser. No entanto, todos os dias tento ser um pouco mais. Por ele, porque desejo vê-lo entre cada sílaba das páginas que carregam seu nome e canções de amor disfarçadas. Porque desejo contar ao mundo o romance que vivemos em uma noite que foi curta demais para corações em chamas e bocas famintas. E, por isso, se estendeu em uma semana, um mês, e agora, um ano. Hoje faz um ano que sonho com ele quase todas as noites, que acordo admirando seu rosto adormecido e durmo com os dedos entre os fios longos e sedosos do seu cabelo. Hoje faz um ano que sou dele, mas também, é uma vela a mais no seu bolo de aniversário.

Hoje é uma data especial demais.

Há muito o que comemorar, mas eu não estou preocupada em festejar com nossos amigos ou vê-lo desembrulhar o presente que comprei com carinho. Estou mais focada em procurá-lo entre esse mar de gente, de levá-lo até seu quarto e recitar as mais belas poesias entre sussurros com seu corpo sobre o meu. Necessito disso para assim conseguir viver, para assim conseguir escrever, para assim me sentir saciada. Preciso tocá-lo, mas, acima de tudo, preciso proferir cada sílaba do seu nome para que sua força magnética decaia sobre mim e me proteja do mundo. Preciso que ele se faça meu, para que assim eu me torne sua entre linhas tortas e frases em negrito que queimam as páginas.

Pois seu nome é meu poema de amor, meu mantra favorito que murmuro em lamento sempre que tenho-o sobre mim. Sua pele leitosa, tão doce e suave. Sua boca saborosa, seu beijo com sabor de pecado. Seus olhos afiados, me rasgam a pele, perfuram a alma. Seus dedos ágeis, me despem de cada amarra, me tiram todo o ar. Sua língua habilidosa, mapeia cada estrela da minha galáxia, me leva até outro continente, me faz sentir amada. Sua voz rouca, profere meu nome com carinho, me tira do limbo da dor, e me mostra o caminho do amor.

Fiz morada em cada letra desse nome tão bonito, me apaixonei pelo Y e me rendi como sua súdita fiel no I. Minha alma agora recita poesiacantos sempre que vê seu rosto sereno, meu coração lhe pertence. Yoongi agora é o rei do meu coração, aquele que guarda minha sanidade na palma das mãos e na ponta da língua afiada. Ele é meu, mas não minha propriedade ou prioridade. Mas sim meu amado, meu amor, meu amigo, meu abrigo, meu querido. Ele é meu bem, porque me faz bem, meu anjo, porque me ajuda a ser melhor, meu garoto favorito, porque como ele não há outro.

E eu poderia recitar milhões de versos e poesias sobre ele, sobre seus traços delicados e seu nome de sonoridade doce e significado forte. Poderia escrever um livro, dedicar-lhe cada letra, poderia escrever mais de mil páginas falando somente dele. Ainda sim, parece ser insuficiente. Por isso preciso encontrá-lo, tocá-lo e amá-lo com as pontas dos meus dedos nesse dia tão festivo. Que se dane todos os nossos amigos que o procuram para cantar o parabéns, que se dane aquela garota que não para de soltar indiretas com seu nome como se não soubesse que ele é comprometido. Que se dane essa festa, essas pessoas, e até essa cerveja que carrego entre os dedos. Eu só preciso encontrá-lo.

Encontro Taehyung perto da porta, ele tem o braço pendurado no pescoço de uma garota de pele de chocolate e cabelo cacheado. Ele tem bochechas vermelhas pelo álcool que consumiu nessa tarde, e sorri largamente ao conversar com Seokjin a sua frente, esse que beberica sua bebida e encara o amigo como se não acreditasse em nada que ele dissesse. Me aproximo tentando ao máximo não soar tão desesperada, mas é quase impossível.

- Vocês viram o Yoongi? - pergunto, atraindo os três pares de olhos para mim. A música suave que toca de fundo não é o suficiente para cobrir o toque alto do meu coração que martela no peito de saudade do meu garoto.

Taehyung começa a falar coisas sem sentido que só bêbados falam, enquanto a garota que tem um rosto familiar tenta fazê-lo falar menos com um sorriso meio sem jeito na minha direção. Devolvo o sorriso gentil a ela, forçando minha mente a lembrar seu nome, mas não consigo pois tudo o que me importa é encontrar o aniversariante do dia.

- Vocês deveriam casar logo! - Taehyung diz, enquanto eu tentava lembrar o nome da sua namorada. Ele parece sério, se não fosse pela sua expressão grogue de quem bebeu demais eu até pensaria que ele está mesmo falando uma verdade absoluta. A moça ao seu lado lhe dá um tapinha e reclama que ele está passando dos limites. - O que foi, amor? Eu não aguento mais ver esses dois suspirando um pelo outro! - ele se vira para mim, aponta o dedo na minha cara com uma expressão de quem vai desmaiar. - Então casem logo!

Estou prestes a abrir minha boca para repreender o comportamento infantil de Tae, mesmo que saiba que isso é influência das inúmeras garrafas de cerveja que ele consumiu, mas Seokjin é mais rápido e intervém.

- Tá, já chega, Taehyung. - ele exclama, com aquela pose de pai do grupo que tanto admiro. - Chega de ser chato e chega de cerveja pra você também. ㅡ ele toma a garrafa que Kim segurava e joga na lixeira próxima, fazendo o loiro exclamar alguns palavrões que com certeza não falaria estando sóbrio.

- Eu vou fazer ele tomar um banho. - a garota diz antes de arrastá-lo rumo a escadaria com um sorriso envergonhado. Ainda ouço Tae dizendo coisas sem sentido em alto e bom som, enquanto meus olhos vagam pelas pessoas em busca daquele que tem meu coração.

Jin solta um risinho divertido, o que me faz encará-lo.

- Até parece que vocês se viram há meses e não há poucos minutos. - ele diz, de modo divertido. Ignoro sua provocação e torno a olhar em volta procurando Yoongi.

- Você o viu?

- Da última vez que o vi ele estava na cozinha com Hoseok.

- Acabei de vir de lá. - tomo um longo gole da cerveja que surrupiei do congelador, sentindo o amargor natural da bebida descer pela minha garganta. Meus olhos ainda vagam pelos rostos à procura dele.

- Olhou no quarto do piano? ㅡ assinto antes de tomar mais um gole da cerveja. - Posso perguntar pelo menos o motivo desse desespero todo?

Desvio os olhos da multidão e encaro Seokjin, pensando no quanto aprecio sua companhia, mas no momento tudo o que quero é encontrar o meu garoto.

- Porque eu quero muito transar, Jinnie.

Seokjin gargalha alto ao ouvir minha resposta, ele abre a boca para dizer alguma coisa, mas vê algo por cima dos meus ombros e nada diz. Vejo seu olhar vacilar, mas isso dura milésimos de segundos, até que grite:

- Joon! - viro para trás, acompanhando o olhar de Jin e compreendendo porque seus olhos se perderam de rumo ao visualizar aquela cena. Namjoon está caminhando de mãos dadas com José, ambos com os dorsos nus e peles molhadas.

Somente Yoongi, Jungkook e eu sabemos da paixão platônica que Jin sente pelo amigo e como sofre em silêncio em todos os encontros que Joon traz o namorado. Sei que Seokjin e Namjoon tiveram alguma coisa no verão passado, na viagem em que acampamos na praia e os dois sumiram de vista por uma noite inteira. Sei que a marca no pescoço de Jin não foi um mosquito ou uma porta, assim como sei que o fato de Namjoon ser ainda mais desastrado naquela viagem depois do sumiço dos dois não foi à toa.

Ninguém sabe por qual motivo não levaram aquilo adiante, e nem porque Joon apareceu namorando logo depois disso. Fingimos não ter percebido nada naquela noite, assim como acolhemos José como o próprio Jin fez. Ele disfarça bem, se não fosse tão tola apaixonada quanto ele, diria que não morre de amores pelo dono das covinhas mais lindas. Mas, eu sei também o quanto queria estar no lugar daquele que segura a mão de Namjoon e tem toda sua atenção para si.

Volto a realidade, José e Joon estão ao nosso lado agora. O moreno de cabelo cacheado fala alguma coisa aos risos a Jin, enquanto Namjoon evita o contato visual disfarçadamente. Dois excelentes atores, uma pena que em matéria de teatro eu sempre tirei notas altas.

- Vocês viram o Yoongi? - Jin pergunta, atraindo minha atenção. - Se a Maitê não encontrar ele agora acho que vai ter um piti.

- Hey! Eu não vou ter piti nenhum!

- Oh, vejam, meninos, só foi falar do Guinho ela acordou. - Jin gargalhou, fazendo os outros o acompanharem. - Seja bem vinda de volta à Terra, querida.

- Ele estava perto da piscina, Mai. - José exclama, depois de rir da minha cara junto com o namorado. Meus olhos rapidamente voam para a porta de vidro a qual eles passaram há alguns minutos tentando ver algum indício do meu garoto.

- Vai lá agarrar seu homem, vai. - ouço uma voz baixinha no meu ouvido e o estapeio por reflexo. É Jin, rindo de mim novamente.

- Se me dão licença - me viro para o casal -, irei sequestrar o aniversariante.

Todos riem e eu me afasto, já sentindo as borboletas alçarem voo no meu estômago.

- Usem camisinha! - Jin grita quando alcanço a porta, o ignoro, seguindo meu caminho até ele.

Não há muitas pessoas ao redor da piscina e ninguém dentro dela. Vejo alguns conhecidos, comprimento-os com um aceno de cabeça enquanto caminho e tento não parecer tão afobada a cada passo, mas é praticamente impossível. Vejo Jungkook sentado numa espreguiçadeira, ao lado de uma garota de cabelo azul que o olha como se ele fosse um deus. A mão tatuada acena para mim assim que seus olhos grandes me notam e eu aceno em resposta. Ele parece ter muito menos de vinte e seis anos às vezes.

E então, depois de passar por vários rostos agradáveis e outros nem tanto, finalmente o vejo. Ele está parado, encostado na mureta ao lado de um vaso de planta que exibe suas folhagens lustrosas ao pôr do sol. Seu cabelo dança com o vento pra lá e pra cá, meus dedos formigam em uma vontade de domá-lo. Ele ainda veste a mesma roupa social da apresentação de mais cedo, quando ele nos deu a graça de ouvir os acordes que seus dedos produzem nas teclas no piano. O terno preto também dança suavemente com a brisa, ele tem uma mão dentro do bolso da calça e a outra descansa suavemente ao lado do corpo.

Yoongi está tão bonito que não consigo continuar andando.

Ele fita o horizonte com um olhar perdido, sua expressão exala calmaria, seu perfume dança pelos ares e me abraça com suavidade. Eu gostaria de escrever sobre esse momento, sobre como ele fica absurdamente lindo em seus momentos de paz. Então, talvez eu escreva um poema de amor antigo quando chegar em casa. Usarei palavras difíceis, perfumarei o papel com óleo de lavanda, e selarei em um envelope com um beijo. Tudo isso com seu nome escrito em letras bonitas no centro da página, porque este é a poesia mais doce que já conheci.

Taylor Swift começa a tocar de fundo e Mirrorball se torna a trilha sonora desse momento mágico. Viajo nos versos da canção enquanto admiro cada suspirar seu com suavidade, como se sua presença fosse uma dádiva ao mundo. Me sinto a mais sortuda das mulheres, a mais amada, mais feliz, mais realizada. Pois aquele homem sempre caminha na minha direção, com seus passos suaves de quem tem o mundo na palma das mãos e olhar cortante que é capaz de partir até a mais forte das almas.

E assim como diz a música, Yoongi hoje parece um globo espelhado. Que reflete cada feixe de luz, me mostra versões minhas que nem sabia existir; gira, canta, dança, me ilumina. As luzes alaranjadas do romper da aurora banham sua pele leitosa, pintando-a com o mais puro ouro do mundo. Ele brilha, seus olhos são um abismo a qual quero me jogar, iluminados pelos feixes solares, e transformados em casa de milhões de estrelas. Ele é um universo, e eu amo astrologia.

Yoongi me nota quando Taylor diz hush, seus olhos felinos se encontram com os meus e ele permanece suave. A mão que descansava ao lado do corpo é colocada dentro do bolso, ele vira o tronco na minha direção e me encara com uma fascinação quase que curiosa. A música continua tocando, mas não mais alto que o ritmo do meu coração que bate as cordas vocais da sonoridade do seu nome. Me sinto em um circo, responsável por arrancar risos do garoto mais lindo da noite. E por ele eu seria o mágico, tiraria coelhos e rosas da cartola, seria o palhaço que finge estar feliz e o trapezista que salta para entretenimento. Eu seria a tola que agradeceria por aplausos seus, encheria meu cache com o açúcar que brota daquele sorriso genuíno, e cuspiria fogo em cada um que tentasse se aproximar com segundas intenções dele.

Minha poesiacanto da alma se chama Yoongi.

Seria muito indelicado da minha parte tirar algumas fotos? Seria muito insano correr até seus braços e mergulhar no doce dos seus lábios como se esse fosse meu último dia de vida? Tomo alguns goles da cerveja morna com certa pressa, fazendo uma linha fina escorrer pelo canto dos meus lábios. Yoongi me analisa entre um sorriso torto com uma expressão que diz: "o que você tá fazendo?"

Caminho até meu garoto a passos lentos, como se temesse escorregar e cair dentro da piscina, ou que ele evaporasse no ar como fumaça. Ele continua me olhando daquela maneira complacente, como se não fosse afetado pela minha presença, como se deleitasse dela. Yoongi se porta como um príncipe, tem postura de rei, e delicadeza de um anjo. Ele é real? Seu cabelo continua se movimentando com a brisa e eu me perco em suas ondulações, fantasio meus dedos entre eles e novamente lembro do motivo que me levou a procurá-lo.

- Onde você esteve? Te procurei por toda parte. - exclamo ao parar ao seu lado, tentando parecer casual e não desesperada. Se ele percebe, não sei, pois continua me encarando daquela maneira que só ele faz.

- Estava aqui, querida. - ele sopra no ar, com uma suavidade extraordinária. Encaro seu rosto com descrença, será que ele faz de propósito? - Mas o que foi? Hoseok já quer que eu assopre as velinhas? Ele disse que seria mais à noite...

Ainda há um gole de cerveja na garrafa, sorvo ele com um pouco de dignidade junto. Céus, esse homem é a minha perdição. Ele está aqui, falando sobre velas e um bolo de aniversário e eu querendo desesperadamente beijá-lo.

- Não, Hoseok está muito ocupado em um dos quartos agora, amor. - ele ri. - Eu estava te procurando porque quero subir para o seu quarto também.

Olho em volta em busca de uma lixeira para jogar a garrafa vazia, mas não vejo nada. Yoongi solta outro riso e isso me faz encará-lo novamente. A mão direita sai suavemente de dentro do bolso e vem de encontro com a minha cintura, estremeço ao toque. Ele tem um sorriso sugestivo nos lábios, minhas pernas se tornam gelatina e eu preciso me apoiar em seus braços para não cair nesse chão sujo.

Yoongi se aproxima ainda mais do meu rosto, me sinto derreter como ferro em fogo.

- Humm... - ele murmra ao pé do meu ouvido. Seu perfume é forte, sua mão em mim é delicada, ele é tão... eletrizante. - Então você quer ir ver o meu gato?

Ele se afasta, seus olhos queimam como fogo, seu sorriso é sensual demais para quem estava há poucos admirando o pôr do sol. Ele se aproxima ainda mais, nossos corpos se juntam como se pertencessem um ao outro. Me sinto zonza, seu perfume me enlouquece, sua presença me entorpece.

- Pelo amor, vamos logo para o seu quarto.

Yoongi sorri e assente ao entrelaçar nossos dedos e me puxar para dentro da casa novamente. Essa noite será curta.

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