[00'1]
Amanda Ferreira tinha apenas 13 anos, quando sentou-se na quadra do colégio, cercada pelas paredes de concreto e nos bancos de madeira. A pré-adolescente olhou para o céu azul, sentindo o sol quente em seu rosto. Era um momento de paz, longe da confusão e da preocupação que havia em sua casa. Seu pai havia perdido o emprego há algumas semanas e sua mãe estava trabalhando dobrado para sustentar a família. Amanda sentia o peso da responsabilidade em seus ombros, sendo ela a filha mais velha da família. Mas, naquele momento, ela apenas queria se esquecer de tudo... Seria muito bom.
― Oi, Amanda! ― Ruth, sua melhor amiga, apareceu ao lado dela, sentando-se no banco. ― O que você está fazendo aqui?
― Só precisava de um momento de paz. ― ela respondeu, sorrindo fracamente.
― Você me parece um pouco triste. Tudo vai dar certo, Amanda. Sua família vai superar isso. ― Ruth colocou a mão no ombro da best friend. ― Vamos aproveitar o horário vago? Isso é um tédio...
Amanda olhou para Ruth, sentindo gratidão pela amizade e apoio dela. Mas ela sabia que as coisas não eram tão simples assim. Mas sabia que a amizade com sua amiga era mesmo verdadeira.
― Ei, eu preciso te contar algo. ― Ruth olhou para Amanda com um brilho nos olhos. ― Ontem, eu estava passando pela praça e você sabe que eu não sou curiosa né? Eu ouvi um jovem pregando...
― Pregando? O que você quer dizer? ― Amanda levantou uma sobrancelha.
― É sobre aquele papo chato da igreja. Mas ontem eu achei interessante... Ele estava falando sobre a palavra de Deus. Você se lembra daqueles folhetos? Ele disse que a palavra de Deus pode nos ajudar a superar nossos problemas. ― Ruth se inclinou para frente. ― O jovem também disse que Deus tem um plano para cada um de nós e que podemos confiar em Deus.
― Faz um bom tempo que eu não vou à igreja. Os meus pais pararam de ir... Será que Deus ainda se importa conosco?
― Eu nunca entrei em uma igreja. ― Ruth sorriu. ― Sabe o jovem que estava pregando? Ele era muito engraçado e carismático... Ele disse que Deus pode nos dar paz e tranquilidade, mesmo no meio da tempestade. Eu achei interessante...
― Será que é verdade? Será que Deus pode me ajudar? Os meus pais estão precisando muito da ajuda dele...
― Eu não sei amiga, mas achei muito interessante as palavras do jovem. Ei!
― O que foi? ― o barulho a atrapalhou.
― Eu tive uma ideia. Quando acabar a aula, você quer ir lá ouvi-lo pregar? Você pode se sentir mais tranquila e em paz.
― Sim. ― ela hesitou por um momento, mas respondeu corretamente. ― Eu quero.
― Vamos lá, então! ― Ruth sorriu. ― Vamos ouvir o que Deus tem a dizer.
Naquele momento Amanda percebeu o quanto era importante ter uma amiga companheira ao seu lado.
As aulas finalmente terminaram, e Amanda e Ruth se despediram das amigas e seguiram em direção à praça. O sol ainda brilhava forte, mas o ar estava mais fresco agora que o dia estava chegando ao fim. No meio do caminho Amanda estava prestes a desistir, pois lembrou que teria que arrumar a casa assim que chegasse e que teria de buscar seu irmão mais novo na casa do vizinho.
Ainda bem que a Ruth estava ao seu lado, pois a garota a incentivou até o momento que chegaram à praça. Amanda avistou o jovem pregador do evangelho de Deus. Naquele momento Amanda ficou parada como se tivesse sido atraída por ele... O jovem estava de pé, com uma Bíblia na mão, e um sorriso no rosto. Ao lado dele, havia outros jovens da igreja, mas apenas ele estava pregando naquele momento. Sua voz era clara e ousada, e ele falava com uma convicção que era contagiosa. Amanda não demorou muito para notar que à medida que ele pregava, várias pessoas pararam para ouvi-lo. Alguns ficaram apenas por um momento, enquanto outros se sentaram nos bancos ao redor para ouvir mais. Amanda notou que as pessoas estavam realmente ouvindo o que ele tinha a dizer, e que algumas até estavam chorando próximo.
― Ele é incrível, não é? ― Ruth cutucou a amiga com o cotovelo. ― Tá gostando?
Amanda assentiu, sentindo-se um pouco envergonhada. Ela não sabia o que esperar da pregação dele, ou porque ela tinha aceitado o convite da amiga para estarem ali. O jovem pregador continuou a pregar, sua voz ressoando pela praça. Ele falava sobre a esperança e a redenção que Jesus Cristo oferece, e sobre a importância de seguir os ensinamentos de Deus. Amanda se sentiu tocada pelas palavras dele, e sentiu um senso de paz e tranquilidade que não sentia há semanas.
― A paz que o mundo oferece é temporária e ilusória. ― o jovem disse. ― Mas a paz que vem de Deus é eterna e verdadeira. Ela é a paz que Jesus Cristo nos oferece, a paz que nos permite enfrentar as tempestades da vida com confiança e esperança... Deus está falando com uma pessoa aqui!
― Com quem será? ― Ruth sussurrou, baixinho.
Amanda sentiu que as palavras dele estavam diretamente falando com seu coração. Ela havia estado procurando paz e tranquilidade em outros lugares, e agora estava começando a entender que a verdadeira paz só pode vir de Deus.
"O que está acontecendo comigo?"
― Pessoal, nesse exato momento quero fazer um apelo a cada um de vocês. Quem deseja aceitar Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador? E receber a paz que ele oferece, por favor, levantem as mãos.
Algumas pessoas levantaram as mãos. As duas melhores amigas olharam ao redor.
― Eu quero fazer uma oração por cada um de vocês. ― jovem pediu para que as pessoas se aproximassem dele. ― Então, peço que todos fechem os olhos. ― e assim, continuou. ― Senhor nosso Deus e nosso Pai, apresentamos a ti cada uma dessas pessoas. Ó Deus, escreva o nome delas no livro da vida. Senhor Jesus nós te pedimos que envies o teu Espírito Santo sobre essas pessoas, e que elas recebam a paz e a salvação que só vêm de ti...
― Amanda, o que foi? ― Ruth perguntou ao observar que a sua amiga estava emocionada. ― Você queria ir até lá?
― Não. ― ela sussurrou, limpando a lágrima que escorria de sua bochecha.
A pré-adolescente estava sentindo uma sensação diferente e boa. Amanda continuou olhando para o jovem que orava pelas pessoas, o restante dos jovens fizeram a mesma coisa que ele. De repente, sua atenção foi atraída por ele.
― Para aqueles que ainda não aceitaram a Jesus, eu peço que vocês não se desanimem. Peçam a Deus para que tenham a oportunidade de conhecer melhor a Ele e a Sua palavra. ― ele continuou. ― Peçam para que Ele os ilumine e os guie na jornada da vida.
― Ruth, será que a gente já pode ir embora? Tenho que buscar o Danilo ainda.
― Lembrem-se de que a porta da salvação ainda está aberta... ― o jovem continuou a falar. ― E que Deus está sempre disposto a receber vocês com braços abertos. Por favor, não percam a oportunidade de conhecer o amor e a misericórdia de Deus. Jesus te ama! Ele quer te salvar e dá paz.
Quando Amanda pensou que já estava indo para casa, Ruth levantou a mão e chamou a atenção do jovem com um grito.
― Rafael! Ei, por favor, pode se aproximar por um momento? ― ela perguntou.
Amanda olhou estranho para Ruth.
― Claro. ― Rafael respondeu, se aproximando delas. ― O que posso fazer para ajudá-las?
― Ruth? ― a loira ficou assustada. ― O que você está fazendo? Você conhece ele?
― A minha amiga aqui. ― Ruth apontou para Amanda. ― Está passando por um momento difícil ultimamente e precisa de uma oração. ― ela disse, segurando a risada. ― Pode fazer uma oração por ela?
― Claro. ― Rafael assentiu. ― Deixe-me orar por você. Pode fechar os olhos?
Amanda olhou para ele, sentindo-se um pouco desconfortável com a ideia. Ela não estava acostumada a receber orações ou a falar sobre suas crenças religiosas. Mas havia algo no olhar de Rafael que a fez sentir que ele estava sendo sincero e que realmente se importava com as pessoas.
― Sim. ― ela respondeu, muito baixinho.
Amanda estava envergonhada de receber uma oração, especialmente na frente de outras pessoas. Se ela pudesse, teria puxado sua melhor amiga para o mais longe possível daquele lugar, mas era impossível. Rafael não pareceu notar sua hesitação, mesmo assim orou por ela. Pedindo a Deus que confortasse Amanda e lhe desse força para enfrentar os desafios da vida. Sua voz era suave e calmante, e ela sentiu que estava sendo envolvida por uma sensação de paz.
― Amém! ― ele finalizou a oração. ― Está se sentindo melhor? Não se preocupe que... ― o jovem deu uma rápida olhada para farda de Amanda e seu sorriso se tornou uma expressão de surpresa. ― Vocês estudam no Colégio Bandeirantes?
― Sim! ― as duas responderam juntas.
― Que legal. ― ele riu. ― Eu também estudo lá! Mas hoje eu não fui ao colégio porque estava aqui, fazendo essa evangelização com meus irmãos da fé.
― Interessante. ― Ruth sussurrou, segurando a risada mais uma vez.
― Nossa, que coincidência! ― Amanda ficou surpresa, mesmo tentando não manter contato com o Rafael. ― É uma coincidência e também um pouco estranho. Para mim eu nunca te vi no...
― Ah, Amanda... Não se faz de inocente. É claro que vocês se conhecem. ― Ruth entrou no meio da conversa, sussurrando para amiga. ― Você se lembra que a gente sempre falava mal do garoto chato do Colégio que ficava entregando folhetos bíblicos para todo mundo?
― Ruth, não é necessário dizer isso... ― Amanda corou, sentindo-se envergonhada. ― Pode esquecer tudo que eu te falei?
― É um pouco difícil. ― Ruth continuou rindo. ― Você sempre dizia que ele era muito intrometido e que não sabia quando parar de falar sobre Deus. Não lembra?
― Ah, entendi. Então eu sou o garoto chato do colégio. ― Rafael respondeu, sorrindo.
A pré-adolescente sentiu-se ainda mais envergonhada. Enquanto Rafael apenas riu sem se sentir ofendido em nenhum momento. O jovem estava muito confiante.
― Não se preocupe, eu não me ofendo facilmente. E, aliás, eu acho que é bom que você tenha uma opinião. ― ele sorriu. ― Mas, sinceramente, não me importo se você me chama de chato ou não. O que importa é que eu continue pregando a palavra de Deus e compartilhando a mensagem de salvação com as pessoas...
"Eu vou te matar, Ruth!" - Amanda pensou.
― Eu sei que não é fácil ouvir a palavra de Deus, especialmente quando ela desafia nossas crenças e valores. ― ele olhou para Amanda e Ruth com um olhar sério. ― Eu acredito que é importante que as pessoas ouçam a verdade e tenham a oportunidade de tomar uma decisão importante sobre suas vidas.
― Ei, Rafael! ― um grito chamou a nossa atenção, e sua aproximação rápida. ― É hora de voltarmos com a evangelização. O pastor Samuel mandou que todos os jovens voltassem para a igreja.
― Certo, Timóteo. ― ele respondeu. ― Vamos continuar a compartilhar a palavra de Deus para as pessoas. Então é isso...
― Ei! Desculpe-me pelo que eu disse sobre você. ― Amanda sussurrou, antes que ele fosse embora com o amigo Timóteo. ― Eu não sabia que você era tão dedicado à sua fé. Eu não sabia que os folhetos eram sérios... Perdão por tudo que eu disse!
Amanda se lembrou de que sempre ridicularizava os folhetos que encontrava em todas as mesas do refeitório, sem saber quem os colocava lá. Ela costumava fazer piadas sobre o conteúdo e a linguagem usada, e seus amigos sempre riam junto com ela. Mas agora, ao saber que os folhetos eram do Rafael, Amanda sentiu um pouco de culpa. Ela não sabia que estava ridicularizando algo tão sagrado, importante e verdadeiro.
― Não há problema, Amanda. Eu entendo que não compartilham da mesma crença. ― Rafael se manteve firme. ― O importante é que você esteja disposta a ouvir e aprender a partir de agora...
― Deus pode me ajudar? Deus pode ajudar a minha família de verdade? Mesmo...
― Ele já te ajudou. ― Rafael acenou com a cabeça. ― Não se preocupe com a sua família porque o Senhor Jesus Cristo já visitou ela e tu terás que testemunhar.
Os dois jovens deram as costas para elas e foram embora. E as duas melhores amigas foram em direção às suas casas.
Na mesma noite, Amanda se sentou em seu quarto, sozinha, dobrou os joelhos. As palavras de Rafael não saiam de sua mente e ela não parava de se lembrar das palavras que ele falou sobre Deus. Amanda fechou os olhos e começou a orar, com lágrimas de alegria e gratidão.
"O que está acontecendo comigo?"
― Se as palavras que o Rafael disse sobre o Senhor Todo-Poderoso forem verdadeiras, o Senhor pode me provar? Eu fui para a igreja quando era criança... Eu juro que eu não sabia que os folhetos eram dele... Que, as palavras eram suas. ― as lágrimas começaram a escorrer na bochecha. ― Me perdoe, por favor!
Amanda pensou sobre todas as vezes que havia se sentido perdida e confusa, sobre todas as vezes que havia se sentido sozinha e sem esperança. E então, ela percebeu que Jesus havia estado ali o tempo todo, esperando por ela, querendo ajudá-la. Ela sabia que depois daquele dia ela nunca mais seria a mesma Amanda.
― Jesus, eu peço que o Senhor entre na minha vida. Eu quero que seja o meu Senhor e Salvador. ― ela sentiu um peso sair de seus ombros, e sentiu uma sensação de alívio e de paz. ― Eu estou pronta para seguir o Senhor e para viver de acordo com a sua vontade.
Aos 13 anos de idade, Amanda Ferreira, havia encontrado o seu caminho, e ela estava pronta para seguir em frente. De repente, ela ouviu a porta do quarto abrir e sua mãe entrou com um sorriso no rosto.
― Filha! ― ela gritou. ― Você não vai acreditar na notícia que eu tenho para te contar! ― ela acrescentou, ansiosa.
― O que é, mãe? ― ela se levantou, esperando rapidamente pela resposta.
― O seu pai acabou de receber uma oferta de emprego incrível! Ele vai trabalhar em uma empresa grande e vai ganhar muito mais dinheiro do que ganhava antes. ― ela a abraçou muito forte. ― Foi um milagre...
Amanda tinha convicção que o emprego do pai não era apenas uma coincidência ou um resultado do esforço dele. Ela sabia que era algo mais profundo, algo que havia sido concedido por Deus. Ela se lembrou da oração que havia feito, das lágrimas que havia derramado, e das palavras do jovem Rafael.
― Deus é incrível. ― Amanda disse para si mesma, sorrindo. ― Ele é tão fiel e tão amoroso. Eu sou tão grata por tudo o que Ele fez por mim e pela minha família...
Amanda sentiu um sentimento de paz e de segurança, sabendo que Deus estava ao seu lado e que Ele sempre estaria lá para ajudá-la. Ela sabia que não importava o que acontecesse no futuro, Deus sempre estaria lá para guiá-la e protegê-la.
☕publicação;
Qua. jan. 29, 2025
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