Capítulo 9
S/N pov
Quando acordei, demorou para processar aonde estava. A luz do sol passava por entre os vãos das venezianas nas janelas. A mesa de centro desarrumada, com vários pacotes vazios de doces e salgadinhos, copos de refrigerante vazios próximos ao balde de pipoca vazio. Eu realmente havia me esquecido sobre o que aconteceu ontem durante o dia, aparentemente Pyrus conseguiu me fazer esquecer, caso esse fosse seu propósito. Realmente, a madrugada foi muito boa, nunca tive amigos para fazer algo como isso, como se fosse uma festa do pijama ou algo do tipo. Fiquei feliz por ter tido minha primeira experiência em algo assim, mesmo que provavelmente não será repetida.
Olhei para meu lado, Pyrus estava dormindo tão pacificamente, fiquei com pena de acordá-lo, provavelmente estara exausto depois de ontem. Me sinto mal por ele ter se esforçado tanto por mim ontem, de certa forma me senti inútil mesmo ele dizendo várias vezes que eu salvei sua vida no último momento.
Peguei meu celular, vendo as horas. Era muito cedo para me levantar, já que não preciso mais dedicar minha manhã inteira para uma escultura de qualquer forma. Pensei em dormir novamente, mas já não estava com sono como antes. Quando fui me levantar, o braço de Pyrus me puxou de volta para ele, me prendendo em uma espécie de abraço forte enquanto ele ainda estava meio sonolento.
-- Está muito cedo, S/N. - Ele diz. - Descansa um pouco mais.
-- Eu perdi o sono, obrigada. - Eu o respondo, tanto alguns tapinhas em seu braço para que ele solte seu eu precisar fazer isso por ele.
-- Eu ainda estou cansado. Quero dormir com você. - Ele insiste.
Ele afundou seu rosto em minha nuca, prendendo também uma de suas pernas encima da minha, como se estivesse abraçando um urso de pelúcia.
Olhei para a parede ao meu redor, já que era a única coisa interesaante a se observar quando se é preso com força por Pyrus. Olhando para cada detalhe dos quadros pacientemente pintados por mim, aonde variam de paisagens urbanas e naturais, objetos, pessoas e animais. Nunca fui fã de obras abstratas, portanto não pretendia pintá-las para perder meu tempo. Na minha visão, obras abstratas não podiam ser tão expressivas como as outras, aonde não é preciso ser escravo de linhas e figuras para desabafar. Limita os movimentos dos pincéis, de forma que não consiga expressar o que quer, e se torna útil somente pela paleta de cores aleatoriamente decidida pelo pintor. Não sou contra, somente nunca tive o costume de me esforçar para aprender a gostar de tais obras.
Pensando na paleta de cores de diversas pinturas, me toquei que quando Pyrus veio, levou consigo algumas tintas, pincéis e godês pelo impacto da transformação, que acabou quebrando e derrubando várias coisas. Precisei limpá-las mais tarde, mas ainda não me lembrei repor os itens perdidos. Várias tintas foram perdidas, e de fato me fariam falta, portanto deveria ir comprar mais. Agora que me lembrei, era a hora certa.
Me levantei sem me preocupar em acordar Pyrus, de qualquer forma, se ele quisesse, poderia voltar a dormir novamente. Saí de seus braços, então fui em direção ao meu quarto pegar algumas roupas para tomar banho e aproveitando para fazer minhas higienes pessoais.
[...]
Quando terminei de me vestir com um moletom bege liso, um par de calças pretas e um par de tênis all star na cor combinante da calça. Não precisei de nenhuma maquiagem além de um delineado simples para sair, não costumo ser muito vaidosa para simplesmente aparecer ao público por poucos minutos, mas também não desajeitada ao ponto de sair de qualquer forma, pois ainda assim é inevitável que pessoas olhem para mim.
Peguei minha bolsa carteiro na cor bege, com alguns bottons infantis a enfeitando.
Quando toquei a maçaneta para sair, Pyrus a abriu para mim, então saindo na minha frente como se estivesse marchando para fora.
-- Aiai... Que dia lindo. E aí, para aonde vamos? - Ele pergunta, olhando para a paisagem ao seu redor.
-- O que? Não me lembro de ter te chamado. - Eu digo. Logo me arrependo do tom grosso que involuntariamente foi usado na frase.
-- Não chamou, mas não quero que ninguém tente fazer o que fizeram com você ontem. - Ele diz. - De um lado me senti culpado por não ter chegado a tempo, então é melhor evitar.
-- Eu disse que não foi culpa sua. - Eu digo. Suspirei pesado, não poderia negar a ajuda de Pyrus sem parecer ingrata. - Mas já que você teve todo o esforço de levantar no sofá, você pode ir comigo.
-- E aí, para aonde nós vamos? - Ele ainda pergunta.
-- Para um ateliê que abriu no outro lado da cidade. Dizem que os preços de lá são ótimos. - Eu digo.
-- Ótimo. Me passa o endereço. - Pyrus diz, indo em direção a garagem.
-- Não seria mais fácil irmos de metrô? - Eu pergunto.
-- Aah, qual é! Eu juro que vou devagar dessa vez. - Ele diz, tirando sarro.
Na última vez, quando saí do hospital, Pyrus mostrou não ligar para a velocidade e adrenalina, algo que não é muito do meu costume. Fora a velocidade a quase 100 km/h passando por pequenos trechos entre os carros, Pyrus gosta fazer com que a moto fique sobre uma roda, a empinando para trás com frequência enquanto fica na mesma velocidade, como também faz a graça de dirigir com os pés ou com a cabeça sem a ajuda das mãos.
De fato, para quem gosta de adrenalina e curte a parada de suicídio, Pyrus pode ser o parceiro perfeito quando está sobre duas rodas em alta velocidade.
-- Eu ainda acho que o metrô é muito mais seguro do que uma moto em que você pilota. - Eu digo, andando para fora de casa.
Pyrus vem até mim, me levantando e me jogando em seu ombro direito como um saco de arroz sem o menor esforço enquanto tento sair de seu colo.
-- Pyrus! Me solta!
-- Vai lá, eu juro que não vou fazer nenhuma graça, a não ser que você peça. - Ele diz. - Confia em mim, S/N.
-- Vai ser a última vez se você fizer alguma coisa perigosa. - Eu digo.
Pyrus sorriu, logo me deixou encima de sua moto, me dando então um de seus capacetes. Me posicionei quando ele a montou, e fiz o mesmo quando colocou seu capacete.
[...]
Quando chegamos no ateliê, Pyrus estacionou sua moto em frente a uma farmácia, era o único lugar que havia vaga disponível, era uma rua bem agitada. Nós descemos da moto, Pyrus prendeu os capacetes para que não fossem roubados, segundo ele, os capacetes foram uma fortuna e a movimentação nas ruas não era confiável.
Caminhamos em direção ao ateliê, que ficou há dois quarteirões de distância.
Pyrus fez questão de segurar minha mão para me dar segurança, e andou ao lado em que as entradas para os becos ficavam.
Notei que estava um tanto intimidador hoje, talvez seja pelas suas vestes mais escuras. É raro vê-lo usando roupas que não sejam coloridas ou abertas. E hoje ele está com uma blusa branca lisa por baixo de uma jaqueta de couro preta, um par de calças jeans na mesma cor e coturnos tratorados. Sem contar com seus acessórios na cor prata, que dava um charme em sua roupa. Depois de um tempo, notei que pyrus havia um alargador nas duas orelhas, e usava um brinco de pirulito da cor vermelha. Obviamente esse brinco não faltaria, Pyrus tem uma coleção de brincos em formatos de pirulitos acrílicos em diferentes cores, ele sempre os uso em todos seus looks.
Ele olhou para mim, eu desviei o olhar antes que ele perceba que estava o encarando, mas aparentemente ele já notou, e assim como eu, fingiu que não viu.
Ele pegou seu celular, logo arregalou os olhos quando viu algo em sua tela inicial. Pyrus pareceu ficar inquieto enquanto andávamos, parecia nervoso, e tive certeza quando suas mãos começaram a tremer. Eu parei de andar, pensando ser algo sério, o obrigando a parar também.
-- O que foi? - Eu questiono.
-- N-Não é nada, o que você quer dizer? - Ele diz.
-- Fala logo. Você está bem?
-- É que... Daqui três dias é o dia trinta de junho e... Sabe... - Ele demora para completar a frase.
-- Fala logo, Pyrus! - Eu digo, já sem paciência.
-- O dia de boi bumbá! É daqui há três dias! Só se comemora no Brasil, eu não queria muito participar esse ano já que perdi o carnaval, eu fiquei muito tempo sem participar enquanto estava preso no mármore! - Ele diz, parecendo realmente preocupado com isso.
-- O que? Isso tudo é por causa de uma festinha? - Eu levanto uma de minhas sobrancelhas.
-- Festinha?! É a festa da minha vida, S/N! Eu amo com todas as forças esse dia desde que ele foi criado! - Ele diz, parecendo estar com raiva e mágoa.
-- Eu não tô com dinheiro pra viajar agora. Você pode ir se quiser. - Eu digo.
-- O que?! Quer nos matar?! Eu não posso ficar quase 10 mil quilômetros longe de você! - Ele diz. - Eu pago! Eu pago tudinho na viagem toda! Você sabe que eu vendi quase uma tonelada de ouro da minha época!
-- Pyrus! Não se pode falar da sua fortuna em público! - Eu digo, olhando para algumas pessoas que olharam para o moreno na mesma hora.
-- Mas você vai se eu pagar a viagem? - Ele permanece. - Eu juro, não vou te pedir nada nunca mais! Eu vou- eh... Eu vou virar um Deus! É isso! Vou aparecer nessa festa de uma vez a vários anos e fazer um milagre! - Ele diz, parecendo um tanto empolgado.
Franzi o cenho, não convencida com sua empolgação ou ideia irrealista. Eu o puxei pela mão, fazendo-o andar ao meu lado novamente.
-- Ahm... Vão ser só cinco anos ao seu lado, S/N. Eu quero aproveitar esse tempo só com você, então ficaria se nós ficássemos aqui, seguindo a mesma rotina. - Ele diz.
-- O problema é que eu não conheço absolutamente nada do Brasil, não há como eu ir lá sem nem saber sequer cumprimentar alguém. - Eu digo. - Não é um país para mim.
-- Eu sei como tudo funciona lá! Não tem desculpa, eu nasci lá e vivi lá por séculos, sei como está nos dias atuais. E eu vou comprar um pacote de uma semana se o tempo for te atrapalhar. - Ele diz. - Eu sei, está encima da hora, mas eu preciso que você confie em mim, vai ser uma experiência única, S/N. Todo o samba, axé, as roupas, as danças, as cores e muito mais! Vai ser perfeito, eu te prometo.
-- Infelizmente, parece que não tenho muito tempo para pensar, não é? - Eu digo, nervosa.
-- Eu não estou te pressionando, mas é algo que eu amo de coração mesmo. Eu vou me esforçar para você aproveitar as três noites de festa como se fossem os últimos dias da sua vida. - Pyrus sorriu depois de muito insistir, mesmo sabendo que seu sorriso estava ali contra sua vontade.
Comecei a pensar a respeito disso. Pode ser uma experiência única. Pyrus obviamente dará um jeito de dançar junto aos outros, o conhecendo, com certeza não me deixará de fora, pelo menos. Posso não ter uma oportunidade de ir a uma festança anual tradicional de um país estrangeiro, talvez possa me fornecer inumeras inspirações para mais e mais obras. Pyrus já fez muita coisa para mim nesta semana em que apareceu, foram sete dias que pareciam anos e anos. A presença de Pyrus se tornou algo familiar e confortável, não o vejo mais como um monstro desconhecido. Talvez esteja na hora de fazer algo por ele, me sinto mal fazendo com que ele faça minhas vontades sem ligar para as suas.
-- Se você prometer não me deixar sozinha, por mim tudo bem. - Eu digo.
Pyrus me abraçou fortemente, alguém poderia acreditar se dissessem que estara tentando me matar. Não me importaria se ele estivesse sentindo o mesmo sufoco que eu, mas pelo o que li em alguns livros antigos sobre este pacto, o demônio e seu portador sentirão todas as dores que sentem desde que não fossem causados por eles mesmos. Então não importa se eu bata em Pyrus ou vice-versa, eu não vai sentir se eu for o responsável pela dor no mesmo.
(De forma resumida: se o Pyrus abraçar a S/N forte, ele não vai sentir o sufoco dela, mas se a S/N for abraçada com força por outra pessoa ou ser, Pyrus vai sentir. Eles não sentem as dores que um causam no outro).
Ele parecia não querer soltar tão cedo, me agradecendo de várias formas, seja com carinhos desesperados como cafunés desajeitados e beijos rápidos em minha testa.
Com certeza esse tipo de contato era incomum para mim.
-- Muito obrigado, S/N! Eu juro que vou ser a melhor companhia possível no Brasil e em todos os lugares! - Ele diz.
-- Oh... Você está perdendo toda sua postura de valentão. - Eu digo.
-- Eu não me importo. Não vai me fazer falta. - Ele diz, sorridente como nunca. Realmente, ele ama a festa de boi bumbá com seu coração.
-- Bom, agora nós podemos ir ao ateliê? - Eu digo, desviando do assunto.
-- Ah, é mesmo! Havia me esquecido. - Diz o moreno nervoso e contente.
Feito isso, nós dois voltamos a andar, e logo o ateliê estava em nossa frente. Tinha uma faixada rústica, com várias plantas e detalhes a madeira para dar um charme medieval. Quando entramos, fui procurar minhas tintas na imensa variedade de cores, marcas e texturas enfileiradas nas prateleiras.
Pyrus ficou junto a mim, me observando falando sozinha enquanto julgo e avalio as tintas e suas demais marcas, sei que uma parte dele estava rindo.
Após selecionar algumas tintas a oléo de cores terrosas, parti em busca das tintas acrílicas nas cores primárias, e logo após uma busca de melhor qualidade, separei alguns potes de tamanhos maiores para que rendam mais. Este ateliê realmente há várias opções de tintas de diferentes marcas.
Quando fui escolher os pincéis, notei Pyrus tentando me acompanhar com os olhos, me vendo testando as cerdas dos pincéis. Separei um kit de pincéis para aquarela, de cerdas macias, e outro de cerdas mais firmes para pinturas a óleo ou acrílicas. Andando um pouco mais a frente, procurei pelas estecas de silicone e alumínio, também testando aspontas em minhas mãos para avaliar a textura e a fluidez em superfícies.
Logo fui em direção a outras prateleiras, pegando então algumas telas não muito grandes e dois potes pequenos de óleo de linhaça e dois potes de verniz.
Minhas compras acabaram quando adicionei mais duas pequeninas espátulas para a cesta nas mãos de Pyrus. Eu a levei até o caixa, quando me deparei com um rosto familiar no atendente do ateliê.
Seu cabelo, seus traços e seus olhos eram tão familiares. Eu o conhecia, e acima de tudo ele parecia nem ter me visto.
-- Foi você quem me ajudou na noite em que o Pyrus desmaiou, não foi? - Questionei, de forma direta.
O rapaz na mesma hora parou de passar os produtos na leitora de códigos de barra.
-- Oh... Acho que sou eu. - Ele diz, dando olhadas nervosas em direção de Pyrus, parecendo estar incomodado com sua presença ali.
-- Pensei que nunca mais te veria. Tenho tantas perguntas. - Eu digo, vendo o rapaz dando certos passos para longe de Pyrus.
-- P-Perguntas? - Ele diz. Parece ter algum tipo de problema na comunicação ou simplesmente é tímido de mais para me olhar nos olhos.
-- Como você soube de tantas coisas sobre os íncubos? Você é um? - Eu questiono.
-- N-Não, eu só leio sobre eles em alguns livros, nada de mais! - Ele olha para os produtos, evitando ao máximo olhar para o Pyrus.
-- O que foi? Está com medo do Pyrus? - Eu pergunto.
-- Uh? N-Não! Claro que não. É só... Eu esqueci que tomar meus remédios, não fico muito bem sem eles, entende? - O rapaz dos olhos esverdeados diz.
Olhei para Pyrus para verificar se não estara tentando intimidar o rapaz com uma expressão macabra que ele sempre faz, mas quando eu o olho, parece estar tão surpreso quanto ele, como se estivesse algo preso em sua garganta.
-- Pyrus? - Eu o chamo.
-- Eh... Eu te conheço de algum lugar? - Pyrus pergunta ao caixa.
-- Certamente não. - Ele responde.
-- Ah, qual é, eu sinto seu cheiro. - Pyrus insiste.
-- Porra, eu já disse que não te conheço! - O garoto diz de maneira explosiva.
-- Ah, é? Qual é a cor do eclipse, Maboo? Se lembra quem são os astros neste evento? - Pyrus diz, eu os entreolhei.
Pyrus mostrou seus chifres em direção ao teto enquanto um conjunto de três asas saíram dos cabelos de Maboo no lugar de suas orelhas. Dei alguns passos para trás, vendo os dois se entreolhando de forma mortal, em um silêncio desconfortável. Sei que mentalmente, estão matando um ao outro de uma forma sanguinária.
Não demorou para que um sorriso de Pyrus apareça em conjunto aos seus olhos enraivecidos.
-- Você não iria me matar, Maboo? Não estava atrás de mim para fazer isso? Aonde está sua coragem agora? - Pyrus diz, para minha surpresa. Ele não amava Maboo cegamente? Certamente não quero ser amada desta forma.
-- Olha quem fala, não sou eu quem precisa se apoiar em meros mortais para criar coragem. - Maboo o retruca, no mesmo tom.
-- Pelo menos eu valorizo quem me fornece apoio, não cresci sendo um mimadinho mal agradecido. - Pyrus o responde novamente, o que fez Maboo cerrar seus dentes de ódio.
Eles não se mexeram ainda, estão lutando com os olhos sem precisarem se mover. Que permaneça assim, não quero interferir no assunto deles, e também não quero que piore.
-- Mimadinho?! Disse o príncipe do submundo que nunca ouviu falar sobre tempo na vida! - Nesta hora, pensei que Maboo daria um passo a frente invés de recuar.
-- Sendo o príncipe eu quase matei o seu rei, se eu tivesse a mesma ocupação eu teria o matado de uma vez por todas. - Pyrus aparentemente consegue tocar na ferida de Maboo.
-- Humph! Escuta aqui, nem se você quisesse poderia matar o meu Deus- Pyrus o interrompe antes mesmo que Maboo termine a frase.
-- Se eu não poderia, por que ele removeu parte dos meus poderes? Seria medo que acontecesse pior em uma próxima vez? Medo de ser derrotado por um mero demônio, Maboo? Ou talvez seja para me igualar ao poder dele, fazendo disso uma batalha justa? - Pyrus dá um passo a frente. - Se eu fiz foi o suficiente para que o céu tremesse, imagine o que faria com um anjinho que não tem nada além de asas para fugir daqui?
-- Está zombando da sua punição? Se ele é capaz de reduzir seus poderes, óbvio que ele é muito mais grandioso do que você. Não se compare com ele. - Maboo faz o mesmo, se aproximando. - Enquanto ao que sobrou de você? Uma cauda e um chifre? O que eles fazem? Um empurra enquanto o outro afasta?
-- Por que você mesmo não descobre? - Nessa hora, percebi as unhas de Pyrus crescendo atrás de suas costas, se preparando para golpear Maboo, foi nesse momento em que resolvi interferir.
Peguei o dinheiro em minha carteira, e logo deixei no balcão uma quantidade suficiente para pagar pelos produtos, eu os peguei e guardei em uma sacola plástica, funcionou quando Pyrus e Maboo olharam para mim como um obstáculo entre eles.
-- Acho que aqui é o suficiente, obrigada. - Eu digo, logo segurei no braço de Pyrus, o empurrando comigo para a porta da loja.
Percebi que antes de Pyrus começar a falar, sua cauda chicoteia na direção de Maboo, que pegou o rapaz desprevenido, cortando uma parte do rosto de Maboo em um corte não mundo profundo.
O anjo cobriu seu machucado com a mão, para impedir um previsível sangramento no local.
Nós deixamos a loja e, assim que damos alguns passos para fora, eu parei Pyrus na calçada, então cruzei meus braços, esperando que ele comece a se justificar.
Ele recolheu sua cauda e seus chifres para si, então suspirou antes de começar a falar.
-- Ah... Você sabe como ele é, S/N, eu já falei sobre ele. - Pyrus coçou sua nuca, nervoso.
-- E daí? Você não disse que amava ele? Por que começou com essa discussão toda?! - Eu digo, indignada com a situação.
-- E-Eu amava quando ele não era apaixonado por formas de me matar! Ele me mataria sem pensar duas vezes, S/N! - Ele diz.
-- Não! Ele não te matou agora e nem quando você estava desmaiado, chance ele teve caso ele quisesse! - Eu digo, colocando minha mão em minha testa, apertando minhas sobrancelhas com os dedos. - Ugh... Quer saber? Tanto faz, eu não estando envolvida nisso tudo é o que importa.
-- O Thomas também teve milhões de chances de te-... Argh! Deixa quieto! - Pyrus respira fundo para manter a calma.
-- O que? - Pergunto, por que Thomas estaria envolvido?
-- Não é nada, eu falei errado. - Ele diz.
Percebi a expressão de Pyrus mudando, ele realmente não gosta que gritem com ele, ele é muito sensível quando o pressionam, é possível sentir suas lágrimas querendo sair de seus olhos. Eu suspirei pesado, era o mesmo que lidar com uma criança. Abri meus braços, esperando com que ele entendesse o sinal, era uma maneira de pedir desculpas sem que eu precise falar diretamente olhando em seus olhos.
Quando ele limpou seus olhos, logo sorriu quando me viu, então me abraçou fortemente após entender o que isso significava. Dei alguns tapinhas em suas costas, o acalmando para que não passe a vergonha de chorar no meio da rua.
-- Vamos pra casa comprar as passagens para o Brasil. - Eu digo, o que aparentemente acendeu Pyrus de uma maneira momentânea.
-- Sim! Vamos, vamos! - Ele diz, empolgado.
Confesso que depois que ele saiu do abraço, foi difícil correr na mesma velocidade que ele em sua ansiedade para chegar em casa, mas felizmente consegui permanecer inteira até chegar á moto novamente.
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