Capítulo XIV
Mais de um ano já tinha passado desde que Chris Evans deixou Nova Iorque numa tentativa urgente de salvar a sede da empresa em Milão. Era agora verão na bela cidade italiana e Chris estava sentado numa esplanada a ler o jornal e tomar um café. Era o seu primeiro dia de férias e queria passear pelos recantos mais antigos da cidade. Com uma camisa branca às riscas e uns calções castanhos, Chris passeava sozinho a ver as montras das lojas. Foi um belo vestido púrpura que o fez lembrar de Shawn naquele dia. E, como todos os dias, queria voltar para poder estar com a pessoa que mais amava. Mas um ano já tinha passado e Chris tinha-se habituado à ideia de que quando voltasse a Nova Iorque, Shawn não iria querer recebê-lo. Evans nunca parou de ligar ou deixar mensagens ao jovem do outro lado do Atlântico; pelo menos, até há uns meses atrás quando finalmente desistiu. Não valia a pena, Shawn não respondia às suas chamadas. Continuava ativo nas redes sociais mas para Chris era como se tivesse morrido. Então o empresário desistiu e seguiu a sua vida. Mas não foi fácil: chorou muitas noites sozinho no hotel. Mas agora tudo iria mudar: a empresa tinha recuperado, o desaparecimento dos ficheiros secretos fora resolvido, e, mal acabassem as suas férias, Chris voltaria a Nova Iorque. Pelo menos, se nada fosse alterar os planos.
Chris descia uma rua estreita e escura que ía dar ao centro da cidade quando o telemóvel tocou. Com as mãos suadas por causa do calor, tirou-o do bolso e um sorriu se esboçou no rosto, como já não se via há muito tempo. Era Shawn a ligar-lhe e, sem pensar duas vezes, atendeu:
- Shawn!?
- Hey, sou eu... Tudo bem?
- Sim, e contigo? - Chris sentiu-se ligeiramente envergonhado.
- Também! Eu queria falar contigo... queria saber quando voltas cá para podermos conversar...
- Vou voltar no final do verão! - exclamou o empresário, segurando o jornal debaixo do braço.
- É que eu queria pedir desculpa por ter-te ignorado e...
- Não tem mal! - interrompeu-o Chris.
- Mas... eu estava tão triste e só queria fazer-te sofrer, ignorando-te... Eu nem sequer estive com mais gajos desde que tu partiste... Desculpa!
- Hey, eu desculpo! Eu por ti faço tudo, eu amo-te tanto!
- Eu também - chorou Shawn - eu não sei porque fiz isto, eu queria tanto ter falado contigo mas sabia que tu não irias voltar e isso só me fazia sofrer mais!
- Vem passar o verão comigo aqui, por favor! Eu arranjo-te já um avião para este fim de semana e pago-te tudo!
- Eu não sei... mas eu vou tentar! E não preciso que pagues porque agora arranjei trabalho!
- A sério? Onde?
- Estou a estagiar com o meu amigo Justin numa empresa!
- Boa! E podes passar o verão aqui comigo?
- Sim! Se quiseres que eu vá... - disse Shawn, em tom sensual.
- Claro - riu Chris - vamos passar o verão inteiro aqui em Milão, vais ver que vais adorar!
E uma semana depois, Shawn partia de avião para a majestosa cidade italiana onde encontrar-se-ia finalmente com Chris. Estava tão nervoso, não se sentia assim há tanto tempo, mas era um nervosismo bom. E o jovem Evans estava ansioso por voltar a estar com Shawn. Naquela manhã nublada, já estava no aeroporto pronto para ver o seu namorado de novo, ao fim de um longo ano. Mas as horas passavam e não havia sinal do avião chegar. A azáfama no aeroporto fazia a cabeça doer-lhe. Pessoas de um lado para o outro e a falar alto criavam um clima de ansiedade e cansaço. Chris sentou-se num pequeno banco e continuou à espera. Ao fim de poucas horas, uma voz no altifalante avisava que o voo de Nova Iorque estava atrasado por motivos incertos. Evans continuou a esperar e não muito tempo depois, a mesma voz avisava que quem estivesse à espera do avião de Nova Iorque deveria dirigir-se à sala 13. Chris, preocupado, assim o fez; levantou-se e seguiu uma fila de gente até à sala. As pessoas cochichavam e tentavam perceber o que tinha acontecido. Chegado à sala, um homem de fato escuro subiu a um pequeno palco e, ao microfone, começou a discursar. Falou que tinha notícias más sobre o voo em questão. Chris estava com medo e suava. Nem queria pensar no pior. E o pior acontecera. O avião tinha caído durante a viagem. As pessoas começaram a berrar e a chorar. Chris ficou em choque. O homem pediu que se acalmassem. Evans levantou-se, estava completamente branco como a cal. Não sabia o que fazer ou dizer, mas o coração palpitava com muita força. Saiu a correr da sala e começou a chorar descontroladamente no corredor. Toda a gente começou a sair da sala em pânico sem saberem o que fazer. Chris encostou-se à parede e sentou-se no chão. As lágrimas corriam-lhe pelo rosto, mal conseguia respirar e os olhos nem sequer abriam. O mundo tinha acabado para Chris. Na sua cabeça, a culpa era toda sua. Correu até lá fora, pegou no carro, e arrancou com força. Seguiu estrada fora até à ponte sobre o rio Ticino. Estacionou e saiu do carro, sentindo a brisa quente de verão. O rio estava mesmo debaixo dos seus olhos, e Chris aproximou-se da ponte. Respirou fundo e chorou. Um flashback de Shawn na sua vida passou à frente dos seus olhos. "Eu amo-te, Shawn" gritou ele, atirando-se ao rio. Nunca mais ninguém o viu. As pessoas da rua aproximaram-se para ver o que tinha acontecido. Algum tempo depois, o corpo de Chris flutuava na água, em sangue. Pelo menos agora no céu estariam juntos para sempre.
FIM
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