Capítulo XIII

         Após uma longa viagem de Milão a Nova Iorque, Chris já tinha avisado Mark, o seu motorista, para preparar-lhe as malas, e dirigia-se agora a casa de Shawn, que até então não lhe tinha ligado. Chris parou à frente de casa de Mendes e bateu à porta, sendo que Shawn veio abrir.
         - Estou aqui! - disse Chris, aproximando-se de Shawn, que estava calado - Desculpa!
         Chris aproximou-se gentilmente para o beijar e Shawn beijou-o de volta.
         - Eu estou muito triste com o que aconteceu...
         - Desculpa, eu não estava à espera de nada disto mas agora estou aqui!
         - Eu desta vez perdoo-te, mas para a próxima não - sorriu Shawn - queres entrar?
         - Eu preciso de te contar uma coisa... Dás-me licença?
         Shawn franziu a sobrancelha e deixou-o entrar. Chris sentou-se num sofá velho coberto com uma manta azul aos quadrado e começou:
         - Odeio ter de te dizer isto mas... eu tenho de partir amanhã de manhã outra vez...
         - O quê!? O que é que se passa Chris?
         - Desculpa, eu só vim cá para preparar umas coisas na empresa, fazer as malas e voltar para Milão...
         - Fazer as malas!? - Shawn estava vermelho - Porquê!?
         - Eu preciso de ficar lá cerca de um mês para...
         - Um mês!? - disse, interrompendo Chris - Vais-me abandonar um mês?
         - Desculpa, Shawn, eu não sei...
         - Sai! - gritou Mendes, apontando para a porta - Sai!
         - Shawn, não por favor...
         - Sai agora!!! - berrou ele, em lágrimas.
         Chris levantou-se com os olhos esbugalhados:
         - Deixa-me despedir-me de ti por favor...
         Mas Shawn empurrou Chris em direção à porta, aos berros, deixando Chris lá fora. 
         - Shawn... - murmurou ele, em lágrimas, do outro lado da porta.
         O empresário retornou ao carro irritado e começou a dar murros no vidro. Gritava e agarrava nos próprios cabelos com raiva. Não conseguia acreditar no que a sua vida se tinha tornado. Sentou-se no carro e olhou para o banco do passageiro. No chão, estava o batom cor de púrpura no chão. Chris pegou nele, e desatou a chorar. Olhou-se no espelho retrovisor e passou gentilmente o batom nos seus lábios, sorrindo com a cara desfeita em lágrimas. Arrancou no carro e voltou ao apartamento. Lá, não falou para Mark. As malas estavam prontas e foi deitar-se.
         - Sr. Evans, não era para o levar à empresa ainda hoje? - perguntou o motorista, sem obter resposta.
         Chris chorou durante horas até adormecer. Nunca chorou tanto por alguém em toda a sua vida.

         Era hora de partir. Se Deus quisesse, voltaria rápido para os braços do seu amor. Se Deus não quisesse, não voltaria. E partiu. Mais uma viagem de avião até Milão. Ainda tentou falar com Shawn, mas este não atendeu as chamadas. Na casa de banho do avião aproveitou para chorar. Precisava de chorar. E começou a repensar tudo sobre si, porque já nada fazia sentido. Será que tudo aquilo não era só uma ilusão? Será que nunca esteve mesmo apaixonado por Shawn? Havia alturas em que Chris achava que o medo de ser gay o tornou nisso mesmo. Mas ele ainda se dizia bissexual. E naquele momento, secalhar nunca tinha gostado de fazer sexo com Shawn. Secalhar na verdade nem era bissexual. A sua cabeça estava uma confusão.
         E o tempo passou, os meses voavam, e já quase um ano se tinha passado desde que Chris viera para Milão. O estado da empresa era cada vez mais preocupante e Chris dava o seu máximo para salvar o negócio. E foi preciso um ano para isso acontecer. De um dia para o outro a sua vida mudou. Shawn seguiu em frente, nunca mais se preocupou com Chris, apenas viveu a vida que merecia. Se Chris voltasse, talvez lhe fizesse sexo oral outra vez e fosse embora. Ou talvez voltasse para os seus braços. E naquele ano, Chris não fez mais nada senão trabalhar. Trabalhou imenso, e quando a empresa começou a tornar-se cada vez maior, Chris não queria parar. Mas parou.

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