Capítulo X

         Domingo de manhã, Chris acordara todo nu na sua cama com Shawn deitado ao seu lado e uma garrafa de vinho vazia entre os dois. Não se lembrava bem do que tinha acontecido, mas pela destruição naquele quarto, algo confuso tinha sido. Lembrava-se de que tinham feito sexo, e que tinha sido bom, recordava ele. Mas a partir daí era tudo uma página em branco. Depois lembrou-se! Lembrou-se do jacuzzi e das conversas que tiveram sobre a vida e sobre tudo o que agoniza uma pessoa. Lembrou-se da música que Shawn ligou nas colunas e ao qual dançaram todos nus no quarto. Mas a partir daí, já não se lembrava de mais nada outra vez. Olhou em volta e reparou noutra garrafa de vinho caída no chão do seu lado da cama. E outra ao fundo, na casa de banho. Quanto vinho tinham bebido, então? 
         A cabeça doía-lhe. Não sabia se era da ressaca ou do ressentimento. Onde é que há um ano atrás ele estaria num hotel de Los Angeles a ter sexo com um homem? Não é que isso lhe incomodasse mas as pessoas mudam, sim. Ou secalhar sempre foram da maneira que são, mas nunca tiveram oportunidade de o mostrar. E Shawn fora essa oportunidade.
         Chris esticou o braço e apanhou o telemóvel. Já passava da uma da tarde e Shawn ainda dormia colado a si. Pegou na garrafa de vinho que estava entre os dois e empurrou-a para o fundo da cama. Levantou-se todo nu, com o pénis ainda ereto, e foi à casa de banho mijar. Quando voltou à cama, Shawn estava a acordar.
         - Bom dia - disse Chris, beijando a testa de Mendes.
         Este bocejou, olhou para Chris e riu-se:
         - Mas que noite!
         Os dois foram tomar banho juntos, beijaram-se debaixo de água, e Shawn ainda lhe fez sexo oral. Já vestidos e prontos para comer, eram três e meia da tarde e decidiram ficar pelo centro comercial. Mais uma vez, por insistência de Shawn, foram ao McDonald's.
         - Esta é a comida mais doentia de sempre - resmungava o empresário que era obcecado com a boa forma.
         - Deixa lá, é para curar a ressaca - riu Shawn.
         O resto da curta tarde foi passada a ver o mar e a namoriscar pelos recantos da cidade. Não havia cidade mais romântica do que Los Angeles, dizia Shawn, pelo que Chris prometeu-lhe levá-lo um dia a Paris e ver o que é de verdade uma cidade romântica.
         Era hora de jantar e dirigir-se ao aeroporto. Para variar, Shawn estava atrasado. "Não precisas de te maquilhar para irmos embora... de avião", resmungava Chris. Shawn era fã de maquilhagem e em "eventos importantes" como ele chamava a andar de avião, maquilhagem era sempre essencial.
         Algumas horas depois, o avião partia. Era hora de regressar a casa. No aeroporto, Mark Consuelos estava à espera do casal para os levar a casa. No carro, os dois iam de mãos dadas, agarrando com força como se algo os fosse separar naquele momento. Era hora de Shawn sair e ir para casa. 
         - Adeus, amor - disse Shawn, beijando o namorado e entrando em casa.
         Mark arrancou e seguiu de volta ao apartamento.
         - O Sr. Evans tem estado muito feliz utimamente - disse o motorista.
         - Nós somos naturalmente felizes, a vida é que nos entristece, não achas?
         - Tem razão Sr. Evans, tem razão.
         Chris chegou a casa, trocou de roupa e foi deitar-se. Era já muito tarde e no dia seguinte tinha de ir sem falta ao ginásio. "Até amanhã, Mark", disse, fechando a porta do quarto. "Até amanha, Sr. Evans".

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