Capítulo VI
No dia seguinte, Chris levantou-se bem cedo para ir fazer o seu habitual workout. No seu apartamento, tinha uma sala de ginásio com vários equipamentos que ele usava regularmente para se manter em forma. Eram sete e meia da manhã quando acabara de se vestir. Bastava uma t shirt branca, uns calções de desporto, e uns ténis da NIKE, e estava pronto. Lá fora, alguém tocou à campainha do prédio. Era Zac Efron, o grande amigo de Chris, e também seu colega de ginásio de vez em quando. Zac subiu no elevador e Chris foi-lhe abrir a porta. Tal como o bem sucedido empresário, Zac tinha um corpo forte e musculado, e era obcecado com a sua imagem.
- 'Bora lá, dar-lhe forte! - disse ele, com uma palmadinha nas costas de Evans.
Os dois riram e foram até ao ginásio que ficava no andar de cima. Aquela divisão era grande e luxuosa: tinha uma piscina aberta, uma sauna, um jacuzzi, todos os mais variados equipamentos de ginásio, um bar, e ainda um pequeno jardim também aberto ao exterior.
- Como está a Taylor? Não a tenho visto - perguntou Chris, pegando em duas toalhas brancas.
- Tem estado a trabalhar no hospital dia e noite, é demasiado cansativo - respondeu Zac, retirando uma garrafa de água do frigorífico.
- Pois, eu imagino... Ela não pode tirar umas férias, ou assim?
- Ela vai tirar para o mês que vem, logo na primeira semana. Nós já não temos um tempinho só para nós há semanas!
- Estás a falar de sexo? - riu Evans, dirigindo-se à passadeira.
- Olha que tu também já não te vejo com mulheres há muito tempo - disse Zac, acompanhando-o.
Chris engoliu em seco e ligou a máquina. "Não tenho tido tempo", disse começando a caminhar. Zac percebeu que algo estava errado com o amigo e desligou-lhe a passadeira.
- Que é que estás a fazer?
- Passa-se alguma coisa, Chris?
- Sim, desligaste-me a passadeira - respondeu friamente, voltando a ligá-la, e retornou a caminhar.
Zac pousou a sua garrafa de água e começou a sua caminhada.
- Estás com problemas no trabalho? Nunca paras em casa...
- Está tudo bem, Zac, não te preocupes - interrompeu Chris, sem deixar de se concentrar no seu exercício.
Após uma hora de suor e esforço, já eram quase nove horas da manhã, e os dois amigos estavam na cozinha a tomar uma refeição pós workout.
- Como é que se chamava aquela tua ex... - começou Zac - era... Selena?
Chris, corado, engoliu a comida que tinha na boca, e respondeu:
- Sim, era, porquê?
- Foi a tua última namorada, certo? Nunca mais, pensaste em arranjar outra? Já passou tanto tempo...
- Quando eu achar que preciso de uma namorada eu trato disso - riu Evans.
- Não tarda nada viras gay.
Chris engasgou-se com a comida, deu um gole na bebida, e começou a arrumar a mesa.
- Não és gay, pois não? - perguntou Zac, apreensivo, mas em tom de brincadeira.
O empresário parou, pousou tudo no lava-loiça, e engoliu em seco:
- Porquê?
- Só estou a perguntar, não há mal nenhum se fores gay... ou bi, o que quer que seja!
Vieram-lhe as lágrimas aos olhos e Zac levantou-se e abraçou-o:
- Hey, não chores, conta-me o que se passa, por favor!
Chris respirou fundo e num tom monótono disse:
- Eu tenho tido fantasias... com homens... e eu não percebo, eu nunca tive...
- Não tem nada de mal, é normal! Secalhar gostas de homens e mulheres, pronto! - disse, colocando a mão sobre o ombro de Chris que tinha os olhos em lágrimas.
- Desculpa, é que estou muito confuso... - sorriu ele.
- Vá, tens planos para hoje?
- Não, nada demais...
- Então anda passar a manhã comigo, e almoçamos juntos! Que dizes? Eu aviso a Taylor que não vou almoçar a casa. Vá lá!
- Ok, combinado - sorriu Chris.
- E não fiques a pensar nisso ou com medo do que eu possa pensar! Eu estou descansado, sei que me achas jeitoso - riu Zac, abraçando-o.
- Que mentira - disse Chris, empurrando-o na brincadeira.
Os dois passaram o resto da manhã juntos e foram almoçar a um restaurante em Brooklyn.
Já depois de comer, Zac deixou Chris no seu apartamento e foi embora. Passava pouco das três da tarde, e o empresário queria adiantar uns documentos da empresa. Entrou em casa, mudou de roupa para ficar mais confortável, e sentou-se no escritório ao fundo do corredor, luxuosamente decorado em tons de vermelho, com uma grande janela para a cidade. Chris observava a vida lá fora, as pessoas a passear, os turistas, toda a gente a passar o sábado naquelas ruas coloridas. Como gostava de estar sozinho muita das vezes, Evans ficou ali no seu escritório, a assinar documentos e a trabalhar no computador.
Só algumas horas depois é que, já cansado do trabalho, Chris foi navegar na Internet e ler sobre a sexualidade humana. Algo mexia na sua cabeça, sem saber bem o que era, mas sentia medo, revolta, mas também esperança. Fechou de imediato o computador e pôs-se a pensar nas palavras que Zac Efron lhe dissera naquela manhã. E depois, como se de uma ideia brilhante de um cientista maluco se tratasse, Chris teve um flash mental e levantou-se rapidamente. Tinha de fazer alguma coisa, não podia continuar tudo assim. Era altura de ir ter com Shawn e pedir desculpa (mais uma vez) e deixar as coisas claras. Mas mesmo assim, nada era claro para o jovem Chris. Pegou no telemóvel e ligou a Shawn:
- Hey, tudo bem? Desculpa estar a ligar assim sem mais nem menos mas eu preciso mesmo de falar contigo...
Mendes hesitou, respirou fundo e respondeu:
- Se for como ontem, nem precisas de voltar a ligar-me, é só apagares o meu número e esquecer o que aconteceu. Não és o primeiro gajo hetero a quem faço sexo oral, portanto não fiques preocupado, é normal.
- Não é isso, eu... eu... sou bissexual! - disse Chris, sorrindo - Eu quero é estar contigo, se também quiseres estar comigo!
- Bem... não vou fazer nada esta tarde, queres ir passear a algum lado?
- Eu tenho um sítio em mente, prepara-te que saímos agora e só chegamos de madrugada!
- Uau, vais-me raptar? - disse Shawn na brincadeira.
- Depois vês - respondeu Chris, em tom sexual - Vá, agora arranja-te que estou a sair de casa.
Estava bom tempo cá fora e Shawn estava na rua à espera que Chris chegasse. Com uma roupa desportiva, mas sempre extravagante, colocou os óculos de sol dourados e passou um batom de vaselina nos lábios. Pegou no telemóvel para ver as horas quando o luxuoso carro preto de Evans parou à sua frente. A porta abriu-se, e o elegante empresário saiu do carro para abrir a porta do passageiro a Shawn. Trazia uma camisa de verão azul marinho com pequenas flores amarelas e uns calções beije muito curtos.
- Olá! - disse ele com um sorriso no rosto, fazendo sinal para Shawn entrar.
Já os dois no carro, Chris ligou o rádio e pôs a tocar música clássica, o seu género favorito.
- Então, onde vamos? - perguntou Shawn.
- Parque Manahawkin, conheces?
- Isso ainda é longe, não é?
- Em menos de duas horas estamos lá - disse Chris, mostrando o itinerário no ecrã do GPS.
E ao fim de duas horas de viagem e de conversas aleatórias, mas divertidas, tinham entrado no belo parque. Seguiam ao longo de um caminho de terra batida rodeado de todas as árvores que se possam imaginar e sobre o sol escaldante. Chris tinha preparado uma cesta com comida e uma manta para fazerem um piquenique. Por causa do calor, o empresário desapertou a camisa e Shawn ficou a apreciar os seus abdominais definidos. Ao fim de alguns minutos tinham chegado a um pequeno lago rodeado de arvoredo e sentaram-se debaixo de um carvalho, à sombra.
- Isto é tão relaxante! - exclamou Shawn, apreciando o ar fresco do parque.
- Leva uma pessoa a repensar toda a sua vida, não achas? - perguntou Chris, virando-se para o jovem.
- A vida é complicada mas... às vezes somos nós que a complicamos...
- E é por isso que eu queria pedir desculpa pelo que aconteceu ontem... - disse Chris, pegando na mão de Shawn, que sorria - eu entrei em pânico, nem sabia o que dizer, que tonto...
Shawn aproximou-se de Evans e disse:
- Não tem mal, comigo está tudo bem.
E lentamente, Chris levou a sua boca à de Shawn e beijaram-se. Não estava mais ninguém ali, só o som da brisa fresca do lago a pairar no ar. E, deitados na relva, beijavam-se e riam sem preocupações. Pela primeira vez em muito tempo, Chris sentia-se ele próprio, não tinha nada a esconder, era aquilo que sentia. Era amor. E os dois ficaram ali sozinhos, a amarem-se.
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