Capítulo 5 - O Labirinto do Fauno

—Alice, eu realmente acho que você deveria ir a essa vigília. – Layla insistia pela milésima vez com a amiga que se mantinha em seu próprio casulo formado pelo edredom.

A morena de olhos firmes não parava de chorar, os soluços de tristeza se faziam presentes dentro de seu quarto. Alice não era o tipo de garota que demonstrava com todas as letras o que sentia, muito pelo contrário, guardava tudo para si, seja na amizade, seja com a família, ou com qualquer outra coisa. E isso não seria diferente quando o assunto era Jonas.

Alice nunca dissera nada para ninguém, mas sempre alimentou sentimentos fortes pelo atleta, contudo, nunca teve coragem de dizer isso para o mesmo, estavam sempre ocupados demais brigando um com o outro. E agora, com Jonas morto, a gamer sentia como se todas as suas chances de ser feliz tivessem ido embora com ele, afinal, adolescentes naquela idade tinham como principal característica o exagero nos sentimentos.

—Layla, você não sabe o quão isso vai ser doloroso para mim, eu o amava. – Disse entre soluços.

—Tudo bem, é natural você sentir isso, todos nós amávamos o Jon. – A loirinha afagou as costas da amiga.

—Você não entende, Layla, eu amava Jonas Stuart do mesmo jeito que você ama Ethan Payne. – Alice encarou a melhor amiga no fundo dos olhos.

A namorada de Ethan, ao ouvir a confissão da garota, logo compreendeu a gravidade da situação em que se encontrava. Perder alguém que se ama não é nada fácil, principalmente quando a pessoa parte sem saber os sentimentos daquele que se deixou. Layla tinha medo de algo desse nível pudesse acontecer entre Ethan e ela, e com isso, sempre que tinha a oportunidade dizia ao amado o quão ele era importante na vida dela e o quão ela o amava.

—Eu sinto muito, Lice, juro que não sabia sobre isso, devia ter contado para mim ou até mesmo para o próprio Jonas, talvez as coisas teriam sido diferentes. – A Young abraçou a morena.

—Não sei em que ajudaria contar para você ou para o próprio Jonas o que eu sentia, você não se desgrudava do Ethan, e Jonas estava sempre metido com as drogas porque não suportava o jeito como o melhor amigo dele o havia deixado de lado depois que começou a namorar, se Jonas está morto a culpa é do seu Ethan, Layla. – Alice despejou com mágoa.

—Alice, conheço o namorado que tenho e você também deveria conhecer o amigo que tem, nós duas sabemos que Ethan e Jonas jamais teriam problemas que levassem um a destruir o outro, tenho certeza que o meu namorado não faria nada que pudesse prejudicar o amigo, muito menos matá-lo, se tivesse visto como ele estava hoje quando fui vê-lo, pensaria duas vezes antes de falar algo desse tipo. – Layla defendeu o namorado.

—Você está cega, minha querida, quem te garante que seu namorado não é um maluco psicopata?! Você precisa conhecer mais a índole das pessoas, você é muito inocente para ver essas coisas. – Alice rebateu.

—Quer saber, Alice?! Eu sei que é horrível perder alguém que você ama, mas não tente projetar suas frustrações nas pessoas, qualquer um pode ter feito aquilo com Jonas e com a Rebecca, inclusive você, mas como disse antes, conheço bem o namorado que tenho, e a propósito, não sou eu quem está dormindo com o inimigo. – Layla explodiu sem pensar. – Estarei na vigília as sete. – Despediu-se e saiu do quarto de Alice deixando a mesma estática.

Não era novidade para ninguém que Jonas, Alice e Ethan, estreitaram laços de amizade principalmente por causa das drogas. A garota não era considerada um membro do clube problemático do Payne, mas tinha formas diversas para conquistar o entorpecente, uma delas inclusive, era dormir com Bradley, o principal fornecedor do grupo.

Alice não se orgulhava daquilo, muito pelo contrário, tinha uma repulsa enorme por praticamente vender seu corpo em troca da droga. Mas aquilo tinha um propósito no início, Alice só entrou naquela vibe para se aproximar de Jonas, contudo, quando percebeu que transar com um viciado não a ajudaria em nada, a garota resolveu tentar algo diferente para alcançar seu principal objetivo, apelou para a verdade.

Lembra como se fosse ontem, fora o pior dia de sua vida. Alice estava caminhando rumo a casa de Bradley, estava disposta a ser sincera com o seu traficante e dizer que tudo o que ela estava fazendo era somente para que Jonas a enxergasse com outros olhos.

Aproximou-se da casa e tocou a campainha, um rock pesado tocava dentro da residência e ela pensou por alguns segundos que aquilo não era uma boa ideia. Já estava preparada para dar meia volta e sair dali quando a porta a sua frente é aberta e o garoto pálido e magrelo surge em seu campo de visão.

—Lice?! Você por aqui?! – Bradley estranhou a visita repentina.

—É...será que podemos conversar?! – Ela pediu sem jeito.

O menino deu de ombros e cedeu espaço para que ela entrasse em sua casa.

—Venha, vamos para o meu quarto. – Apontou para a escada.

Alice respirou fundo e subiu. O quarto de Bradley ficava no final do pequeno corredor da casa e a gamer já perdera as contas de quantas noites passara ali...perda de tempo, pensou.

—E então?! O que quer falar?! Precisa de mais, gatinha?! – Ele se aproximou dela já tocando em seus cabelos.

Alice, porém, logo afastou seu toque e assumiu uma postura firme.

—Eu não preciso de mais, Brad...na verdade, acho que nunca precisei disso. – Fechou os olhos respirando fundo.

—Como assim nunca precisou?! Pensei que gostasse... – Bradley assumiu uma expressão confusa.

—Eu só queria que o Jonas me notasse, e ai pensei que, entrando no grupinho, eu conseguiria a atenção dele. – Abriu os olhos lentamente.

—Então toda aquela historinha de que precisava ficar doidona era mentira?! Era tudo um pretexto para ficar com o Jonas?! – Bradley respirou entrecortado, visivelmente alterado.

Alice sentiu uma pontada de arrependimento e medo, talvez devesse ter ficado de boca fechada, mas já era tarde, muito tarde.

—Só me diga se conseguiu o que queria? – Brad encarou a garota em sua frente que tremia perante seu olhar.

—Não. – Ela respondeu simplesmente.

Bradley riu secamente e seguiu até a porta de seu quarto a fechando de forma brutal. Alice viu-se recuado automaticamente no momento em que notou uma seringa nas mãos de Bradley. Se antes ela estava com medo, agora ela estava totalmente aterrorizada.

O garoto aproximou-se da menina com um sorriso sádico nos lábios, em sua cabeça somente a mágoa predominava, ele estava se sentindo traído, enganado, alimentava sentimentos fortes pela gamer e ela simplesmente o usou como um trampolim de acesso para outro cara. Aquilo não ficaria elas por elas, ele daria o troco e sabia exatamente o que fazer.

Quando estava perto o suficiente para segurá-la, Bradley mostrou a seringa com um liquido incolor nas mãos, Alice sabia o que era e implorou com os olhos para que o garoto não lhe aplicasse aquilo. Porém, Brad não queria saber o que ela gostaria ou não, com brutalidade, o garoto fincou o objeto em seu pescoço a fazendo apagar no mesmo instante, sem nunca saber ao certo o que lhe aconteceu naquele dia.

Alice, ao lembrar dessa história se viu levando as mãos no lugar onde a poucos meses uma agulha havia sido enfiada. Nunca soube o que lhe acontecera aquele dia, mas sabia que algo dentro de si havia mudado, como se tudo o que era bom tivesse sido tirado dela. Desde então, seu incômodo com a presença de Bradley era nítido, tinha medo do rapaz e nunca mais depois daquele dia, eles trocaram uma palavra no corredor da escola.

"Melhor assim" — pensou.

Balançou a cabeça respirando fundo, a fim de espantar todos aqueles pensamentos sombrios. Caminhou até o closet, abriu o mesmo e retirou de lá um lindo vestido negro que ia até os joelhos. Alice havia ganhando aquela roupa de Jonas, e achou mais do que justo, usar em sua vigília.

Dirigiu-se ao banheiro onde despiu-se e tomou um banho quente. Saiu do mesmo e arrumou-se enquanto as lágrimas desciam a cada segundo que se lembrava do atleta. Terminado o serviço, olhou-se pela última vez no espelho antes de partir.

"Jonas adoraria me ver assim."— disse para si mesma saindo de casa logo em seguida.

(...)

Layla estava sozinha um pouco afastada da pequena multidão aglomerada em volta de uma foto de seu amigo. As palavras ditas por Alice ainda não haviam saído de sua cabeça, muito pelo contrário, estavam martelando com voracidade em seus pensamentos. Ela confiava em Ethan, e ele, nela. Mas pensar que talvez essa cumplicidade toda possa ter levado alguém a ser morto por coisa errada a deixava aflita.

—Layla, que bom encontrar um rosto conhecido por aqui. – Vince aproximou-se da loira acenando com as mãos.

A garota devolveu o aceno com um sorriso simpático no rosto. Seus olhos foram incapazes de não capturarem a bela figura de Vincent em sua frente.

—O que faz por aqui, Vince? – Ela questionou quando ele chegou mais perto.

—Ethan me pediu para ficar de olho em vocês, de alguma forma ele acha que estão em perigo, e eu não o culpo por pensar isso. – Vince explicou colocando as mãos nos bolsos do jeans.

—E porque ele mesmo não vem até aqui e faz o papel de segurança da noite?! – A loira bufou visivelmente irritada com a distância do namorado nos últimos dias.

—Layla, tenho certeza que ele viria, mas entenda, ele acabou de perder o amigo, isso deve doer mais do que tudo, dê tempo a ele e logo vocês estarão bem novamente.

—As coisas não são tão simples, Vince. – Layla virou-se para o moreno. – Ethan está assim tem semanas, muito antes dos assassinatos começarem a acontecer, estou começando a acreditar que talvez ele tenha arrumado outra garota e está esperando o momento certo para terminar tudo de vez comigo.

—Não acho que ele seja burro em trocar uma garota linda como você por outra. – Vince a olhou com os olhos brilhando.

Layla sorriu envergonhada e tratou de desviar a pequena troca de olhares a pouco estabelecida, sabia exatamente o que aquilo poderia significar caso fosse notado por pessoas de fora.

—Lay?! – Uma voz conhecida a chamou, e ela sabia quem era.

—Lice?! – Respirou aliviada ao ver a amiga caminhando ao seu encontro. – Pensei que não viesse.

—Eu não ia vim, mas precisava acertar aquele clima chato que criei na minha casa mais cedo, me perdoa, não quis colocar a culpa do que aconteceu com Jonas em Ethan, eu estava totalmente desnorteada e acabei falando merda. – A morena disse com sinceridade.

—Tudo bem, são águas passadas, sei que você não diria aquilo se não estivesse nervosa. – Layla segurou as mãos da amiga em sinal de conforto.

—Meninas, estarei aqui por perto, qualquer coisa podem me chamar, estarei alerta. – Vince surgiu na conversa das duas.

As garotas assentiram e trocaram olharem cumplices.

—Porque ele está aqui e Ethan não? – Alice cruzou os braços observando Vincent se afastar.

—Longa história...Porque não vamos prestar nossas homenagens e irmos logo para minha casa?! Não sei se posso suportar tanta falsidade em um único ambiente. – Layla revirou os olhos.

—Nem me diga, nem um terço das pessoas que estão aqui realmente se importam com a morte do Jonas, bando de hipócritas. – Alice olhou com desprezo as pessoas que deixavam mensagens de carinho no pequeno memorial.

Layla confortou a amiga e juntas seguiram até o memorial onde deixaram fotos do grupo e mensagens verdadeiras para Jonas, tinham certeza que de onde ele estivesse estaria feliz por ser lembrado de um jeito especial pelos amigos.

Mais tarde, já dentro da caminhonete da amiga, Alice sente uma sensação estranha brotar dentro de seu peito, como se estivesse sendo observada ou qualquer outra coisa do tipo. Já estavam prestes a sair dali quando a morena sente seu celular vibrar.

Instantaneamente ela se vê pegando o aparelho e o desbloqueando a fim de ler a mensagem.

OLÁ ALICE, O QUE VOCÊ ACHA DE GANHAR ALGUMAS RESPOSTAS SOBRE CERTOS QUESTIONAMENTOS?

Alice prendeu a respiração e tentou identificar o número que mandou a mensagem sem obter sucesso. Layla a olhava com uma enorme interrogação na cara e a gamer estendeu o celular para que a líder de torcida pudesse ficar a par dos acontecimentos.

—Quem tem mandou isso?! – Ela questionou.

—Eu não faço a mínima ideia. – Alice balançou a cabeça. – Me dê o celular, vou responder.

Quem é você e que tipo de respostas você está disposto a me dar?

Enviou e olhou para a amiga, ambas estavam ansiosas para descobrirem o que aquilo significava.

Não tardou muito para que uma nova mensagem aparecesse no celular de Alice fazendo com que a mesma abrisse quase que na mesma hora o conteúdo.

ORA...VOU TE MOSTRAR O QUE ACONTECEU COM JONAS, VOU TE MOSTRAR A VERDADE SOBRE AQUELA TARDE NA CASA DO BRADLEY, NÃO ESTÁ A FIM DE COLOCAR UM PONTO FINAL NESSE SEU PESADELO?

—O que ele quis dizer com a verdade sobre Bradley?! – Layla olhou fixamente para Alice que estava totalmente abalada com a mensagem.

—Lay, há certas coisas que eu nunca cheguei a te dizer, uma delas é que eu me sujeitei a dormir com Bradley algumas vezes com o intuito de descolar umas drogas, eu sei que isso soa insano e ridículo, mas é que na época eu achava que aquilo poderia de alguma forma fazer com que Jonas me notasse, o que não aconteceu. E foi ai que as coisas desandaram, eu cheguei a ir até o Bradley para esclarecer algumas coisas, quando contei sobre meus sentimentos pelo Jonas, o cara pirou, trancou a porta do quarto e injetou em mim alguma coisa através de uma agulha, eu nunca soube ao certo o que aconteceu naquela tarde e desde então eu venho nutrindo um certo receio pela presença daquele cara, eu sei, isso é horrível e eu não deveria ter guardado isso só para mim. – Desabafou.

Layla tentou digerir aquilo pensando somente em alguma forma para ajudar a garota ao seu lado. Pegou o celular das mãos dela e digitou.

O que eu preciso saber para obter o que eu quero?

Passaram-se exatos dois minutos e logo a resposta veio.

VAMOS JOGAR UM JOGO, ENTRE NO LABIRINTO QUE É A SUA ESCOLA E SIGA AS PISTAS ATÉ A VERDADE, BOA SORTE!

As garotas se entreolharam e desceram do carro, rumando a entrada da Winchester School.

(...)

Ethan estava impaciente e nervoso com tudo que acabou de ver na casa do pai, e ainda havia Layla. O celular em sua mão estava prestes a completar uma ligação para o dono da loja quando o mesmo ligou para o rapaz primeiro.

—Ei Ethan, deixei Layla e Alice dentro do carro, elas me garantiram que iriam para casa, fique tranquilo.

—Espera, você não levou elas até em casa?! – Ethan andava de um lado para o outro.

—Ethan, elas foram para casa. – Vince afirmou com toda a certeza.

—Droga! Tenho que desligar. – O garoto disse tampando o celular na cama a tempo de notar uma nova mensagem de texto surgindo em sua tela.

Com o coração na mão ele abriu.

E ENTÃO TAMPINHA?! SERÁ QUE SUA NAMORADINHA E SUA AMIGUINHA VÃO SABER JOGAR MELHOR DO QUE VOCÊ?! TIC TAC O TEMPO ESTÁ PASSANDO...

Em baixo da mensagem, Ethan olhava abismado a pequena gif que mostrava Layla e Alice andando pelos corredores escuros do colégio, e logo em seguida uma mão com luvas segurando uma faca a poucos metros atrás delas.

Ele não pensou, pegou uma jaqueta, as chaves do carro e correu.

(...)

—Estou começando a achar que isso tudo foi uma perda de tempo, uma bela de uma brincadeira de mal gosto. – Layla bufou enquanto iluminava o corredor com a lanterna.

—Talvez não, olhe, parece que tem alguma coisa pendurada ali. – Alice apontou para a porta de acesso ao ginásio de esportes.

—Parece um papel...vamos lá olhar. – Layla assumiu o comando e seguiu a passos largos até a porta.

—É uma foto...uma foto minha. – Alice pegou a pequena fotografia nas mãos.

—Onde você estava ai?! – Layla questionou iluminando melhor o papel.

—Essa é a rua da casa do Bradley, foi no dia que eu contei para ele sobre o Jonas. – Alice contou sentindo um aperto no peito.

—Tudo bem, isso é estranho, vamos entrar. – Lay prendeu a respiração sentindo um pouco de medo mas não deixando isso transparecer para a amiga, afinal, alguém precisava ser forte ali.

—Espera! – Alice segurou em seu braço. – Tem certeza que devemos continuar?

—A escolha é toda sua, Lice. A principal envolvida nisso tudo é você, se você quer saber a verdade, talvez essa seja sua chance, ou não. – A loira disse firme.

—Okay, você tem razão, vamos lá. – Alice segurou a mão da amiga e juntas elas entraram dentro do ginásio.

Como os corredores, o lugar estava igualmente escuro, propício para uma bela cena de filme de terror. Alice, logo remeteu-se ao labirinto do fauno, seu filme favorito de suspense em que uma garotinha precisa completar três tarefas para conseguir achar seu caminho de volta para sua verdadeira casa.

A única diferença que separava Ophelia de Alice, era que a segunda não estava ali para achar o caminho de casa e sim, para encontrar a verdade.

—Alice, acho que vai gostar de ver isso aqui. – Layla fala do outro lado do ginásio.

A gamer para de vasculhar as cestas com as bolas de basquete e se volta para a amiga caminhando a passos rápidos e ágeis.

—O que foi? – Ela pergunta assim que chega perto.

—Olhe isso. – Apontou para o pequeno varal de fotos um pouco acima de suas cabeças.

As fotografias estavam em ordem, começavam pela Alice tocando a campainha da casa de Bradley, depois ela entrando na mesma, subindo as escadas, entrando dentro do quarto, conversando com o garoto, sendo prensada pelo mesmo e por fim...sendo abusada por ele.

Alice não conseguiu conter as lágrimas ao ver a última foto, ela se sentia exposta. Não estava acreditando naquilo, não podia ter sido uma boneca nas mãos imundas de Bradley, ela não podia ter sido violentada daquele jeito.

—Droga, Alice! Temos que levar isso para a polícia o quanto antes. – Layla pegou todas as fotografias do varal.

—E falar o que para a polícia?! Ah senhor policial, como pode ver nas imagens, meu antigo traficante não aceitou muito bem que eu amava outro cara e me estuprou, teria como prendê-lo?! – Alice disse chorando de raiva. – Tá vendo como isso soa?! Essa não é a saída, deixe que eu resolverei do meu jeito.

—Mas Alice... – Layla ia protestar, contudo, foi cortada.

—Mas nada, Lay! – Alice respirou fundo e pegou as fotos da mão da amiga.

Nesse mesmo momento, um barulho soou dentro do ginásio, como se alguém estivesse ali, as olhando, somente esperando o momento certo de aparecer.

As garotas se juntaram mais uma com a outra e deram as mãos.

—Ouviu isso?! Acho melhor a gente ir embora. – Layla iluminou ao redor delas.

—Mas e quanto ao Jonas?! Quem me mandou a mensagem me garantiu que eu teria as respostas sobre a morte dele também. – Alice protestou.

—Mas que merda, Alice! Esqueça um pouco isso, e vamos logo embora dessa droga, estou com um mal pressentimento. – Layla começou a arrastar a amiga para a porta principal do ginásio.

Porém, assim que alcançaram a mesma foram surpreendidas por um barulho de uma lâmina sendo riscada contra a parede próxima a elas.

O pânico tomou conta das garotas e elas se limitaram a trocar olhares cúmplices e silenciosos enquanto prendiam a respiração.

A lâmina parecia estar cada vez mais perto das duas garotas, e sem pensar duas vezes, elas correram o mais rápido que podiam até a segunda saída de emergência do local.

—Liga para a policia. – Sussurrou Layla.

—Estou sem bateria. – Alice resmungou.

—Droga! Mas que porra de porta. – Layla praguejou ao constatar que a porta estava trancada.

O barulho continuava e as garotas decidiram que o melhor a se fazer era arrumar um esconderijo e esperar até que, quem estivesse as perseguindo, desistisse e fosse embora.

Entraram debaixo das arquibancadas e se encolheram ao máximo dentro da escuridão, naquele momento, aquilo era a única coisa que estava a favor das meninas, se o assassino não as visse, não poderia fazer mal algum a elas.

Fecharam os olhos e esperaram até o barulho cessar. Quando somente o barulho de suas respirações entrecortadas era notado, Alice e Layla saem de forma vagarosa da arquibancada.

Caminham com cautela até a porta, mas são surpreendidas por um par de mãos que as agarra por trás e abafam os inúmeros gritos das meninas.

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