Sete

- Jesus, Taehyung, vamos passar menos de duas semanas lá, por quê está levando o seu armário inteiro? - comenta Jimin, dando risada da mala enorme que o primo carregava enquanto caminhavam pelo aeroporto.

- É o necessário, Jimin-ah, não seja chato - o Kim respondeu de volta, rolando os olhos. Estava satisfeito demais com todas as roupas que escolheu, além de orgulhoso por ter feito tudo caber dentro de uma única mala - enorme.

Já faziam algumas horas desde o momento em que deixaram todos os problemas em casa e dirigiram até o aeroporto internacional do Japão. Kim Yerin, tia do Park, atraía risadas de todos no carro a todo momento.

Jimin estava se divertindo, claro. Adorava a sensação de viajar. Desde toda a preparação em casa até o momento em que adentram o avião. Estavam esperando o horário de embarque após comer algo leve em um dos restaurantes dali mesmo.

- Tem certeza que está bem? - Hyuna questiona ao terminar de tomar o milkshake e jogar o copo descartável no lixo.

- Por que não estaria?!

- Jimin, eu te conheço... - Quando o olhar desconfiado da prima encontrou o do Park, ele bufou.

- Eu vou ficar bem. - Deu de ombros, fingindo prestar atenção em algo no seu celular, apenas para desviar a atenção da prima.

- Claro que vai, estamos indo para Seul! Vamos nos divertir muito, você sabe - diz a mais nova, animada ao voltar a pensar na viagem. - Não deixe ele estragar ainda mais as coisas, ele que saiu perdendo.

- Eu sei. É só que... - Daqui a menos de três horas estaria muito perto de qualquer que seja o lugar que Jeon Jungkook está, e mesmo assim, não teria a oportunidade de ver quem lhe arrancava sorrisos antes de dormir e ao levantar. - A sua mãe precisa nos deixar sair pra bagunçar em algum momento, sério. - Mudou de assunto.

- Você é o sobrinho favorito, com certeza vai convencer a mamãe. - Hyuna mostrou a língua, rindo nasalado e se agarrando ao braço do Park. - Vamos nos divertir muito, Jiminie.

Chamando a atenção da irmã mais nova e do primo, Taehyung acenou e os chamou para que se juntassem próximo ao corredor do embarque. A cada passo, Jimin se sentia ainda mais nervoso, intenso. Seu coração pulava tanto no peito que ele tinha a leve sensação de que o órgão poderia escapar a qualquer momento.

Estaria finalmente em Seul, conheceria a cidade natal de sua mãe e veria sua tia agir como se fizesse parte da população coreana desde os tempos do império.

[...]

Ok, Seul era totalmente o contrário do que Yerin havia colocado na cabeça do sobrinho. Tudo parecia moderno demais, apesar da cultura estar destacada em cada ponto que os olhos do Park alcançavam. Chegaram já no fim da tarde, quando a capital fora tomada por vários pontos de luz. Fossem nos postes, nos inúmeros prédios enormes, nos parques ou em alguma atração direcionada aos idols dali. Jimin estava todo bobinho.

Após fazer o check-in no hotel que ficariam nos próximos três dias, Park Yerin deu a ideia de caminhar um pouco pelo centro da capital, afinal era o que haviam planejado para a viagem: turistar.

Usando uma camisa listrada de manga e uma bermuda escura junto ao par de all star nos pés, Jimin sentia a brisa atingir seu corpo e não deixava de sorrir, encantado com a beleza e todo o movimento de Seul. Falando assim até parece que ele não saía de casa quando estava no Japão, que é tão populoso e agitado quanto, mas era novidade, então deixaria seu país natal um pouco de lado e daria foco total à Coreia do Sul.

Talvez estivesse tão bobo por já ter visto fotos de sua mãe mais jovem aqui, ou por ter escutado a mais velha lhe contar histórias incríveis por tantos anos. Metade do sangue correndo pelo seu corpo era coreano, talvez fosse isso também.

Perdido em pensamentos, o acastanhado só voltou a prestar atenção no que sua tia dizia quando ouviu o grito fino de Hyuna.

- Mãe, me deixa levar um, por favor! - Franzindo o cenho, Jimin se perguntou quando a prima havia pego um filhote de cachorro. Parou de prestar atenção só por alguns instantes.

- 'Tá maluca, garota?! Ele é um fofo, mas chegamos na capital há menos de um dia, não vou ficar presa em casa cuidando de um cachorro enquanto a bonita fica bagunçando pela rua. - Jimin e Taehyung davam risada da discussão boba entre mãe e filha, apesar do mais alto estar mais focado em algo no seu celular.

Após tanto insistir e receber inúmeros "não" da mãe, decidiram comprar algo ali na rua mesmo. O cheiro característico de comida coreana adentrando os narizes de todos enquanto passavam os olhos por cada barraca.

O Park não estava com tanta fome, pegaria qualquer doce que sabia que Taehyung escolheria, então ficou em um cantinho esperando que sua tia e seus primos finalmente escolhessem algo. Iam e voltavam pelas barracas, confusos e indecisos sobre o que pegariam, já que tudo parecia gostoso demais.

Jimin já estava ficando sem paciência, prestes a intervir, quando seu corpo pareceu travar no canto da calçada e seu olhar não desviou de um casal que caminhava em sua direção com sorrisos nos lábios. Reconheceria a cabeleira vermelha de longe, depois de tanto abrir o perfil da garota, mas ela - ou qualquer outra pessoa presente ali - não pareceu um por cento interessante quando era o moreno que tinha a atenção do Park toda para si.

Em que mundo seria possível encontrar Jeon Jungkook e sua namorada depois de ter a certeza absoluta de que nada do tipo aconteceria consigo?

Travou. Quebrou. Mais do que já esteve por todos os últimos meses. Porque ele estava bem na sua frente, se aproximando a cada passo e Jimin queria simplesmente desaparecer. Não era justo. E não foi justo quando Jungkook encontrou seu olhar, arregalando as orbes acinzentadas que chamaram a atenção do mais velho desde a primeira vez.

- Podemos visitar aquela atração, amor - Mijoo diz, agarrada ao braço tatuado do namorado.

Não ouviu Jungkook responder. Na verdade, parou de ouvir qualquer coisa que não fosse o zumbido que se apossou de seu ouvido, mesmo quando o casal passou por ele e seguiu o caminho.

Piscando algumas vezes, ainda em choque, Jimin procurou seus parentes com os olhos e ao enxergar Taehyung em uma das barracas mais afastadas, forçou seus pés a darem passos para longe dali. A mente nublada, os pensamentos bagunçados e o coração acelerado. Mas, que merda!

De costas para o caminho que o casal havia seguido, o acastanhado sentiu o pane tomar conta de si quando uma mão em seu pulso o fez parar. Virando rapidamente e encontrando o olhar intenso do Jeon, Jimin puxou seu braço para longe do toque alheio, apesar de não ter conseguido evitar o formigamento em sua pele.

- Você... Você está aqui!

- Hum.

- Você está aqui mesmo! Eu não pensei que... Eu não imaginei que fosse acontecer. - O sotaque forte do mais novo foi o que levou o mais velho a arrepiar-se por inteiro.

- Não é como se fizesse alguma diferença... - Jimin murmurou, desviando o olhar em meio a um risinho sem graça.

- Jimin. - E lá estava. Pela primeira vez ouviu o Jeon lhe chamar pelo seu nome, e não por nenhum dos apelidos que por muito tempo o enfeitiçaram. Estaria mentindo se dissesse que aquilo não mexeu consigo, ainda mais por estar diante de Jungkook. Sua mente trabalhando em trazer de volta tudo o que o moreno havia prometido lhe dizer pessoalmente.

- Bom... Eu já vou. Meus primos e minha tia estão esperando, e você também parece bem ocupado, foi um prazer, Jungkook. - Iria embora, claro que iria, mas a mão forte ao redor de seu pulso outra vez, foi capaz de mantê-lo no mesmo lugar.

Por Deus, não sabia se agradecia por saber de toda a mentira, o que o fazia se controlar, ou se ficava frustrado pela verdade o impedir de agarrar o garoto em sua frente.

- Onde você vai ficar? - A voz soou quase como um sussurro, fazendo Jimin duvidar sobre realmente ter escutado isso.

- Jungkook...

- Por favor... Eu sei que não mereço, mas você está mesmo na minha frente, não vou me perdoar nunca se deixar a oportunidade passar - fala o mais novo. O polegar pressionando o pulso acelerado num carinho discreto, atraindo o olhar do Park para ali.

- Jungkook-ah, vamos logo, eles irão fechar cedo hoje. - Ao ouvir a voz exageradamente manhosa da garota, Jimin se afastou, voltando à realidade e se martirizando por ter deixado o moreno se aproximar tanto.

- Mando o endereço por mensagem. - Encontrando o olhar acinzentado com o foco inteiramente sobre si, o mais baixo sorriu entristecido e voltou a seguir seu caminho.

- Oh, não sabia que estava falando com alguém. Quem era ele? - Ainda ouviu a garota dizer, mas não parou para escutar o que Jungkook diria. Só queria sair dali o mais rápido possível.

Apesar de quebrado, o acastanhado reconhecia o quão forte era. Claro que era. Se não fosse, com certeza estaria se afogando em suas lágrimas na frente de quem ainda tanto mexe consigo.

- Tae... - Tocando o tecido da camisa de frio do primo, Jimin chamou sua atenção.

- Jimin-ah! Estava quase... - O tom divertido morreu no instante em que o Kim encarou o rosto avermelhado do mais baixo. Os lábios contraídos em um bico e os olhos marejados. - O que aconteceu? - questionou, preocupado.

- O Jungkook... Eu... Deus, isso só pode ser brincadeira. - Riu incrédulo, fungando e afastando algumas lágrimas teimosas que correram pelo seu rosto.

- Ele está aqui? Por que não me avisou? Eu vou agora mesmo quebrar a cara daquele...

- Você não vai a lugar nenhum. Ele já foi... Está com a namorada, não imaginei que fosse me reconhecer, muito menos que viesse falar comigo. - A voz embargada do dono dos fios castanhos só deixou o Kim ainda mais furioso.

- Quais as chances disso acontecer? E que merda esse garoto tem na cabeça pra falar com você mesmo depois do que fez?

- Ele perguntou onde eu estava ficando... - Jimin encarou o primo desconfiado.

- Você não disse, né? - Taehyung cruzou os braços.

- Não...

- Ótimo, não aguento mais ouvir falar desse garoto. Não acredito que ele falou mesmo com você, e ainda estava com a namorada. Que ódio! - Ouvindo uma senhora avisar sobre o pedido estar pronto, o Kim pagou pelo que pediu e segurou o palito com o enroladinho quente.

- Eu disse que mandaria o endereço por mensagem - revelou, vendo o queixo alheio cair e Taehyung apoiar o peso do corpo em uma perna, incomodado.

- Park Jimin!

- Eu sei...

- Vou dizer a minha mãe, não quero saber. Ela não vai deixar você se encontrar com um desconhecido - falou o mais alto, andava em direção a sua mãe e sua irmã que já estavam mais afastadas, porém ainda conseguiam vê-las de onde estavam.

- Tae, para com isso. E ele não é um desconhecido... - Jimin murmurou, tentando tirar da mente a imagem do moreno que a poucos minutos estava diante de si. Seria idiota demais se dissesse que já estava com saudades?

- Ver ele te fez esquecer de tudo o que ele fez? Quer dizer, tudo o que ele não fez, né... O cara sumiu, Jimin! Tinha uma namorada e nunca te contou sobre isso, está maluco? - Era o óbvio. E o Park não iria rebater, sabia que o Kim estava certo, mas quando teria a oportunidade de ver o Jeon de novo? Até para ter, enfim, alguma explicação... Ele sabia o que estava fazendo.

- Não vai acontecer nada, e eu não esqueci de nada. Não vou esquecer isso nunca, você sabe. Só quero estar diante dele quando ele explicar o que aconteceu, Tae. Você sabe que sempre esperei por essa explicação... Não vou deixar ele mexer comigo. - Jimin engoliu a seco, vendo o primo negar com a cabeça.

- Eu não vou te ver chorar por causa desse garoto outra vez, Ji. Mas, você sempre quis isso, mesmo que eu seja contra, você vai mandar mensagem. Só tome cuidado, por favor - diz o Kim, respirando fundo antes de dar uma mordida em seu enroladinho.

- Eu sempre tomo. - Sorrindo para o mais alto, Jimin focou em se divertir ali.

Felizmente, Taehyung e Hyuna colaboraram com a ideia do Park de se distrair. Com certeza não seria algo legal passar o restante da noite pensando no que havia acontecido com o Jungkook, por mais que aquilo não saísse da cabeça de Jimin.

Também não contaram nada para Yerin, a mais velha estava animada demais, Jimin não queria estragar a viagem com o drama que é a sua vida.

As horas não demoraram a passar, uma após a outra. A noite pareceu cair rápido demais e eles só queriam voltar para o hotel e dormir depois da viagem e de toda a caminhada que fizeram pelo centro. No entanto, ainda não era o momento de voltar para o hotel. Yerin fez questão de jantar em um de seus restaurantes favoritos, e enquanto esperavam pela comida, tiravam algumas fotos e mexiam nos celulares.

Jimin estava mais focado em observar o interior do restaurante temático, mas a vibração de notificação em seu celular o distraiu da decoração ao redor. Seu coração pulou no peito quando o nome do Jeon piscou na tela, o castanho olhou ao redor para ter certeza de que não esbarraria com o casal outra vez.

JJK: se pensar demais não vai me mandar

PJM: vc não tem nada mais interessante pra fazer?

JJK: poderia estar com vc agora, mas preferiu fugir...

PJM: se eu te contasse quem fugiu aqui, vc não acreditaria

JJK: vida...

PJM: 30 Eulji-ro, Euljiro 1(il)-ga, Jung-gu. é o Lotte Hotel

JJK: quando?

PJM: tô cansado da viagem, então hoje não. pode ser amanhã

JJK: vai ficar lá o dia todo?

PJM: se isso significa esperar por você, então não

JJK: eu mereço isso

JJK: vou depois do almoço, é um horário bom

PJM: ok

JJK: ei

JJK: n entendo mesmo aquele lance da insegurança, vc é ainda mais lindo pessoalmente

Ele reparou nisso? Merda, por que tem um sorriso nos lábios do Park? Ele deveria estar sob controle. Sabe-se lá o que aconteceria quando encontrasse o moreno.

Quando o garçom apareceu para servir o jantar, Jimin já não estava mais tão contente. Sentia o vazio em seu coração, e a imagem do Jeon junto com a namorada, depois de todas as descobertas, lhe faziam se sentir menor do que é. Se sentia mal por perceber que a sombra de negatividade estava se apossando de seu peito, já que tinha certeza de que quando voltasse para casa, deixaria tudo isso para trás, inclusive o Jungkook.

hmmkkkjkjk

tt: pjmluvsjjk

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