Onze

- Eu não deveria estar surpreso... Na verdade, eu não acho que estou. Só... isso se tornou grande demais, Jimin. E eu odeio ver você envolvido nisso, por escolha própria, sabendo que vai se machucar. - Terminando de vestir um jeans escuro que combinava com mais uma de suas diversas camisas - também escuras - com estampas diferentes, Jimin tentava controlar seus batimentos cardíacos enquanto Kim Taehyung segue reclamando e lamentando desde a manhã.

- Deixe o menino, Taehy. Ainda não percebeu que reclamar não vai mudar a escolha dele? - Sentada sobre a cama macia do hotel, mexendo nas joias do primo mais velho, Hyuna resmunga. - Ninguém vai fazer o Jimin mudar de ideia, com exceção de uma única pessoa... Estou certa? - A garota prende cuidadosamente o olhar ao Park quando nota a atenção deste sobre si. Sorri fraco ao vê-lo assentir.

- Não posso nem tranquilizar vocês dizendo que sei o que 'tô fazendo, porque, sinceramente, uma pessoa que tem amor próprio não se submeteria a isso. Eu só... preciso disso. Preciso dele. - Jimin franze o cenho ao notar o quão problemática a sua fala soou e se martiriza ao sentir o olhar do Kim pesar sobre si. - Não de um jeito problemático, Tae! Eu amo o Jungkook. Porra, não importa quantos surtos vocês vivenciem, nunca vão ter noção do quanto eu amo esse garoto, e eu não seria capaz de dizer "não". Independente de qualquer situação... Eu sinto muito por te decepcionar - conclui o acastanhado, deixando seu perfume de lado e caminhando até o primo para tocar levemente o braço desnudo alheio.

- Eu não te julgo. - Acabam rindo da fala hipócrita do Kim mais velho. - Ok, eu passarei a te julgar menos a partir de agora. Já tentei me colocar no seu lugar, e eu realmente entendo o quão complicada a situação é, mas por ser alguém de fora vendo o quanto você está sofrendo, eu me perco também. Porque, sabendo como é, eu faria tudo diferente. Mas, 'tá tudo bem, Ji. Só não tenha um treco enquanto estiver sozinho com o garoto, pelo amor de Deus! - Brinca, rolando os olhos e suspirando, preocupado, ao sentir os braços quentinhos lhe apertarem em um abraço.

- Eu não garanto nada - Jimin diz, olhando nos olhos do mais alto enquanto prende a risada e morde o lábio.

- E, por favor, não se atreva a tirar nenhuma foto. - O Park recua ao ouvir a voz da prima mais nova. Seu olhar entristecido arranca uma risada travessa da garota. - Eu 'tô falando sério. Você não vai querer isso...

Engolindo a seco, segurando a vontade de chorar e colocar tudo para fora, o mais baixo assente. Ela estava certa. Assim como Taehyung também estava certo. Já não sabia mais nem o que estava fazendo arrumado esperando alguém que já tinha outra pessoa.

- Acho que eu vou vomitar - murmura, a sensação de bolo na garganta lhe fazendo arrepiar da cabeça aos pés.

- Sem tempo, meu bem. - Hyuna ri fraco, balançando o celular alheio em sua direção. O visor aceso incomoda a visão do Park por alguns instantes. - O Jungkook já está lá embaixo te esperando - ela fala, entregando o aparelho ao primo.

- Gente, eu não quero mais. Não vou conseguir. Avisa a ele, por favor. - Soltando a respiração de uma vez, Jimin nega com a cabeça, se afastando da porta do quarto e sentindo as pernas bambas.

- Jimin, namoral! Você não vai dar pra trás agora. É só o Jungkook. O cara que você conhece, que te conhece, vocês têm uma amizade legal, lembra? Vocês têm algo. Ele vai fazer ser legal, apenas vá. - Surpreendentemente, foi o Taehyung quem disse.

- Tudo bem... Qualquer coisa, eu... Vocês...

- Qualquer coisa a gente aparece lá com um pau e quebra na cabeça do Jeon. Vá logo! - Hyung indicou a porta, rindo do surto alheio.

Assentindo e dando uma última olhada em Taehyung, Jimin se apegou ao olhar encorajador que seu primo lhe lançou e saiu dali. Era só o Jungkook. Só um tempo com o Jungkook. Um encontro com o Jungkook. Sozinhos. Juntos.

Ok, ele travou no corredor.

Mas, não demorou a seguir o caminho. Logo estava no térreo do hotel, desviando de algumas pessoas que faziam check-in ou check-out ali e só se deu conta do que realmente estava fazendo quando teve seu antebraço puxado levemente por alguém.

- Ei! Não imaginei que aqui ficasse cheio a essa hora. - Era por volta das seis da noite. As pessoas costumavam chegar de viagem nesse horário, mas não iria provocar o Jeon. Nem conseguiria. Jimin ainda sentia seu antebraço formigando devido ao toque alheio.

- É verdade...

- Hmm, você 'tá lindo. - Do nada.

- Olha pra você... - O mais baixo podia sentir o olhar escuro passar por todo o seu corpo, mas estava ocupado demais admirando-o para sentir alguma vergonha. Se é que tinha como se sentir mais tímido do que já estava. - Bom, onde a gente vai? E nem vem dizer que é segredo, já fez todo o mistério pelas mensagens, não seja chato. - Dá um leve soco no peitoral alheio, sorrindo ladino ao ouvir a risada do outro.

- Que isso, vida, pensei que você gostasse de umas surpresas - Jungkook fala descontraído, desviando de um grupo de pessoas que passa entre ele e Jimin, e aproveita a deixa para colocar um braço por cima dos ombros alheios, trazendo o acastanhado para mais perto e começando a andar para fora do hotel.

- Corta essa, Jungkook. Fala logo. - Ele não iria perceber a menos que alguém lhe contasse, mas o sorriso no canto de seus lábios já parecia natural demais, assim como sua feição, seu corpo relaxado e seus batimentos cardíacos. Estava bem.

- Vamos à praia. 'Tá fazendo um frio gostosinho, é bom pra caminhar e conversar um pouco. - Eles acabam por concordar em silêncio. Parecia mesmo uma ótima ideia.

Claro que o Park não iria alimentar o ego do Jeon. Chega de humilhação. Mas, por dentro estava extremamente grato pela escolha.

O nervosismo anterior de Jimin também não o impediu de provocar o moreno quando pararam diante de um carro escuro todo bonitinho. A praia não era tão distante dali. Provavelmente levariam de dez a quinze minutos caminhando até chegar lá, mas Jungkook fez questão de levá-lo de carro e tudo mais. O caminho foi legal até.

Ouviram música, e arriscaram cantar juntos, rindo e trocando alguns olhares suspeitos. Já haviam se perdido na bolha deles e nem perceberam.

Na praia, caminhavam lado a lado. A conversa rolava solta, como se estivessem acostumados a fazer isso por muito tempo. As mãos se encostavam algumas vezes, deixando Jimin um tanto agitado, o que atraía algumas risadas do Jeon que sentia o coração derreter diante de tanta fofura.

Havia um peso. Havia um fim inevitável. Havia dor. Porém, também havia amor. Carinho. Consideração. Um sentimento inevitável e insubstituível. Algo que, mesmo lutando contra, eles não eram capazes de bater de frente.

- Dói? - questiona Jungkook, após permanecer em silêncio desde que tomou a mão quente entre seus dedos.

- Não.

- Quem está mentindo agora? - O Jeon ri nasalado, sem graça. Sente Jimin hesitar e tentar afastar a mão, mas a mantém ali, firme. - Me desculpa, vida. - O Park prende a respiração ao observar Jungkook levar as mãos entrelaçadas até a boca avermelhada e selar as costas de sua mão pálida.

- Eu te amo... - Jimin não controla o que escapa por entre seus lábios. Até para de andar. Seu olhar levemente arregalado pede socorro para o mais alto, este que intercala entre uma expressão de dor e alívio tão perceptível que o Park quase se jogou em seus braços ali mesmo.

- Eu também te amo. Muito.

Após uma troca de sorrisos que pareceu entregar mais que seus infinitos assuntos durante a noite, eles decidiram parar pra tomar um sorvete. Brincaram um com o outro na hora de escolher os sabores, deram mais risadas, Jimin ouviu Jungkook contar sobre algumas coisas que haviam acontecido em sua vida durante esse tempo.

O Park estava... feliz. Sentia seu coração quente. Sentia todo o seu corpo arder e, porra, estava bem. Ouvia o mais novo com um sorriso enorme nos lábios, sentia o olhar alheio sobre si e corava, dava risada, fazia piada, depois ria de novo. E então tinha Jungkook tocando suas mãos, brincando com suas pulseiras e anéis, o toque tão sutil, mas que tinha um efeito tão enorme sobre ele. Inexplicável.

E quando o moreno o levou de volta para o hotel, soltando sua mão a contragosto, se embolando em meio a palavras desconexas para se despedir e dar as costas, Jimin não queria que a noite acabasse ali. Até praguejou ao perceber tudo voltar no instante em que Jungkook começou a caminhar sozinho para o carro. Mas, aquele não era o fim. Ainda. Não tinha que ser.

- Mo. - Escapou de novo. E Jungkook sabia exatamente que o apelido proferido pelo Park era direcionado a ele, porque virou no mesmo instante. - Tem um lugar aqui que eu encontrei pra ficar lendo enquanto fugia dos meus primos... Se você quiser ficar um pouco... - falou, gesticulando e acabou por rolar os olhos diante da risadinha travessa do Jeon. Odiava que agora ele tivesse noção do quão desconcertado - lê-se idiota - Jimin ficava quando algo era sobre o moreno.

- Hmm, pode ser. - E Jeon Jungkook não seria maluco a ponto de negar o pedido de um Jimin todo tímido, todo pequeno ali e entregue ao mundinho deles.

Jimin viu Jungkook caminhar novamente em sua direção, o olhar intenso, o sorriso no canto dos lábios, os fios escuros do cabelo no lugar, e não poderia sentir que estava mais apaixonado. Tinha Jungkook. O seu Jungkook. O momento deles.

E quando se acomodaram no sofá confortável em um cantinho do corredor liberado apenas para leitura ou atividades mais tranquilas, não ficaram nem um pouco tenso a cada vez que as mãos se esbarraram, ou a cada vez que o mais velho parecia se perder ouvindo atentamente o mais novo falar, gesticular e sorrir para si. Estavam confortáveis.

Ambos se sentindo bem, e Jimin não poderia imaginar um momento melhor. Nada que lhe viesse à cabeça chegaria aos pés do que realmente sentia ao estar ao lado do Jeon, o conhecendo, se divertindo, aproveitando cada instante sem que qualquer pensamento lhe fizesse voltar alguns passos.

E talvez fosse justo por se sentir tão bem, e ser algo tão espontâneo da parte dos dois, que não se afastaram quando ambos os lábios se encostaram em algum momento da conversa, nem quando deram início ao primeiro dos muitos beijos que iriam segredar ali, no mundinho que era apenas deles.

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