Oito
Caos. Caos é, definitivamente, o que resume a viagem e não se passaram nem quarenta e oito horas desde que Jimin aterrissou em Seul. Já havia passado da fase de surtar a cada notificação nova que aparecia em seu celular, mas Jungkook fazia questão de deixar claro que estava ali. Fosse curtindo alguma foto sua, ou reagindo aos stories que o Park postava enquanto turistava pela capital. Jungkook sempre estava ali.
E iriam se encontrar daqui a poucas horas. O mais velho só podia estar louco por ter aceitado isso. Ainda não sabe como se sente, apesar de ter certeza que esse sentimento não envolve apenas coisas boas.
- Então você não virá conosco? Tem certeza que não está se sentindo mal? Podemos todos ficar até você se sentir melhor, Ji - diz Yerin, tocando a testa alheia apenas para conferir a temperatura.
- Estou bem, tia. Não se preocupe. Irei terminar de organizar as coisas aqui e à noite já saio com os meninos, o Taehy falou que irá visitar alguns lugares legais que viu na internet, né? - Jimin sorria, tentando tranquilizar a tia.
- Sim sim, tudo bem. Mas, não deixe de comer. O almoço não está incluso no pacote, mas temos dinheiro o suficiente para comer aqui vez ou outra. - A mais velha continuou preocupada.
- Sem problemas, e qualquer coisa eu dou uma saída rápida pra comer algo fora. Aviso a vocês por mensagem, podem ir. - Incentivou, rindo das caretas que Taehyung fazia devido ao drama de sua mãe.
- Ai mãe, se a senhora soubesse...
- O que?
- Nada... - Jimin arregalou os olhos, levantando do sofá e guiando todo mundo para fora do quarto de hotel. - É a fome mexendo com a cabeça do Tae, ele começa a dizer coisas sem sentido, acredita? - Rolou os olhos, estapeando as costas do mais alto e o tirando dali.
- Se ele fizer alguma coisa, Jimin...
- Ele não vai fazer nada comigo - garantiu, rindo nasalado.
- Hum, acho bom. Qualquer coisa me ligue, eu apareço aqui num instante. - Taehyung manteve o olhar preso ao do mais baixo por alguns instantes antes de ouvir sua mãe chamar e sair dali, nada confiante.
Simplesmente não gostava do Jungkook. Não depois do cara ter conseguido quebrar a pessoa mais incrível do mundo. Sério, o Kim nunca o perdoaria por isso.
Fechando a porta, Jimin pôde finalmente respirar fundo e colocar a mente no lugar. Não conseguiu fazer isso enquanto tinha sua família decidindo inúmeras coisas ao mesmo tempo, além do Kim no seu pé a cada segundo.
Já passava do meio dia e o acastanhado se perguntava quando o Jeon chegaria ali. Não fazia ideia do que significava "depois do almoço" para ele, sendo que nem o Park havia almoçado ainda. Bufando, decidiu pegar o celular e enviar uma mensagem. Seus dedos tremendo a cada dígito que aparecia no visor.
PJM: não prefere só falar por mensagem?
Infelizmente a resposta veio rápido demais.
JJK: não posso fazer o que quero fazer só por mensagem
PJM: vc deveria tomar vergonha na cara
JJK: eu deveria
PJM: vem acompanhado?
JJK: ???
PJM: vai dar uma de doido agora
JJK: não kkj, é só que... claro que não vou acompanhado
PJM: claro que não
PJM: eu já estou sozinho, aliás
JJK: libere a entrada para mim então, bebê
Merda. Mil vezes, merda!
O rastejar dos pés do Park chegavam alto e claro aos seus ouvidos enquanto ele ia até o pequeno interfone que havia ali. Felizmente o "quarto", na verdade, era mais como um pequeno apartamento, assim eles não teriam apenas uma cama para sentar e conversar. Apesar de ter sido exatamente assim que a mente de Jimin trabalhou e criou certas imagens durante meses.
Após avisar ao recepcionista sobre a visita de Jeon Jungkook, não esperou mais que quinze minutos até ouvir a campainha tocar. Podia sentir a bile ir e vir em sua garganta, o estômago se remexer por inteiro e as pernas se tornarem bambas. Não sabia até quando conseguiria se manter forte.
- Ei... Não prefere ficar caminhando por aqui? - Foi o que Jungkook disse, tirando um peso enorme das costas do Park, por mais que não percebesse. Ou percebesse.
- Sim! Quer dizer, prefiro. - Tentando não encontrar o olhar acinzentado, manteve o seu distraído e fechou a porta do quarto, levando o cartão de acesso consigo enquanto tinha Jungkook em seu encalço.
- Eu me sinto um merda. - Sorriu pequeno ao ouvir o moreno dizer. Aquilo já era algo, afinal. Saber que ele se sentia mal pelo o que fez, já era alguma coisa.
- Me senti assim no último ano... - Brincando com as decorações de alguns suportes das paredes dos corredores, Jimin não conseguia ver o olhar do Jeon atento sobre si.
- Não era pra ser assim.
- Não era...
- Vida... - Jungkook apressou um pouco os passos para tocar o pulso alheio, mas se arrependeu no instante em que Jimin se afastou de seu toque. - O que? - Engoliu a seco vendo o mais baixo cruzar os braços, o encarando irritado.
- É Jimin. E eu não quero que você me toque. - A última frase falhou no tom de voz inseguro e o Jeon não deixou de notar. Sabia que o mais velho estava se segurando, e iria continuar insistindo até tê-lo por inteiro ali.
- Não? - Jungkook tombou a cabeça para o lado, cerrando os olhos e admirando o rostinho avermelhado em sua frente. - Não precisei conviver com você pra saber quando está mentindo. Não preciso hesitar te chamar por apelidos porque sei que você prefere assim, porque você sabe que é único. - Jimin negou, mordendo o lábio.
- Único? Pensei que você fosse mais esperto, Jungkook - diz o acastanhado, empurrando o peito alheio na intenção de sair dali, mas teve o pulso agarrado outra vez e o olhar penetrante preso ao seu.
- Eu preciso mesmo dizer? - O moreno suspirou, levando a mão ao rosto alheio num carinho delicado, fazendo Jimin prender a respiração num reflexo. - Não coloco ela acima de você, ou o contrário, não seria escroto a esse ponto, já me odeio o suficiente por ter feito o que fiz com você, mas você é único, sim. O único que mexeu comigo de verdade, o único que gostou de mim e que eu senti isso.
- Não único o suficiente pra você me contar que tinha uma namorada. - O sorriso triste nos lábios do Park fez Jungkook querer morrer.
- Eu sinto muito...
- Você é a coisa mais linda que eu já vi na minha vida. - O tom de voz saiu quase como um sussurro, mas foi alto o suficiente para Jungkook escutar e um pingo de esperança acender em seu peito. - Eu te amo, só que eu te odeio pra caralho porque eu nunca mais serei capaz de amar alguém assim. - A mão do Park segurava a do Jeon em seu rosto, os olhares presos um no outro e ambos os corações batendo no mesmo ritmo. - Você sentiu, em algum momento, o que você me dizia nas mensagens? - Jungkook pôde ouvir a voz quebrada expressar tudo o que Jimin sentia.
- É claro que eu senti, meu amor - falou após rodear os braços pelo corpo de baixa estatura e abraçá-lo.
Jimin não queria, mas se entregou ao momento como se não houvesse nada os impedindo de ficar juntos. Se agarrou ao moletom escuro do mais novo, sentindo o cheirinho amadeirado adentrar suas narinas e as mãos grandes lhe apertarem tanto quanto ele o apertava.
- Sei que tudo se torna uma bagunça quando a gente descobre uma mentira, ainda mais desse jeito, mas eu ainda sou eu, o mesmo Jungkook que te prometeu tudo aquilo, por mais que fora do nosso mundinho as coisas sejam diferentes. Me desculpe, vida. - Sentindo Jimin se encolher cada vez mais em seu abraço, o buraco no peito do Jeon começava a crescer. Sabia que seria difícil, por isso evitou tanto, não porque não se importava, era exatamente o contrário. E deixar ele ir era o certo, mas Jungkook faria questão de continuar errado se isso significava ter o Park consigo por mais tempo.
- Eu só queria a sua amizade, idiota - Jimin choramingava, ainda sem se afastar do toque alheio. Se dependesse dele, não sairia dali nunca mais. E olhando para Jungkook com as lágrimas presas em suas orbes escuras, viu o mais novo franzir o cenho, tão choroso quanto ele mesmo. Talvez porque ele também sabia que não foram feitos para amar um ao outro daquele jeito, mas que foi teimoso o suficiente para insistir em algo que definitivamente não daria certo.
tt: pjmluvsjjk
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