Vinte

Louis

Enfrentar um dia caloroso, parecia mais positivo que sair em uma tempestade de frios e chuvas. O sol parece nosso amigo, mas até em certo ponto ele parece nos odiar profundamente, como um verdadeiro amigo e inimigo. 

Eu gostava do calor, mas o frio ainda sim parecia gostoso em meio às cobertas com um copo cheio de chocolate quente e um filme de suspense ou terror. 

O calor nos trazia positividade, paisagem linda e suas flores em cores vivas. 

O frio, entretanto, também tinha sua beleza, mas nada se comprava o tanto de camadas de roupas que temos que usar para nos manter aquecidos. 

E talvez seja isso que encaixa no que passo dentro de mim. Vivo em camadas de pensamentos para aquecer o frio de minha mente, para esquentar a negatividade do frio para o calor trazer suas cores. 

Parece que o frio de dentro de mim se estabeleceu e fez morada, mas nunca desejei perder a essência do calor. Eu ainda queria as cores vivas dentro de mim. 

Cada molécula de meu sangue parecia reproduzir as mesmas estruturas e pensamentos. Nosso corpo trabalha constantemente para nos manter vivos, e às vezes nossa mente trabalha para nos matar de alguma forma. Seja física, emocional ou espiritual.  

Sobreviver não quer dizer que estamos nos mantendo vivos. 

Movo meu cabelo para o lado, com os meus dedos que pareciam congelar pelo frio. Meu óculos se mantinha em meu rosto. Abraço um pouco o corpo, caminhando até em meu armário, sentindo submerso pelo meu sono de manhã. 

Uma semana tinha se passado desde o dia do trabalho na casa de Aisha. Como a mesma disse, a professora iria dar cada sua aula para cada um grupo. A garota então pegou meu número, fazendo um grupo entre nós, dizendo que não seria necessário irmos no sábado à casa dela, já que ela não tinha computador ou notebook o suficiente para procurarmos os vídeos. Então ela sugeriu que pesquisassem em casa e mandassem no grupo no sábado. 

Assim fiz, na sexta à noite procurei pelos vídeos e no sábado de manhã mandei alguns que achava interessante, fazendo assim, os demais no decorrer do dia mandarem os vídeos. 

Durante a semana, Logan parecia mais próximo, sempre que me via fazia questão em parar-me para conversarmos um pouco. Abertamente gostava de sua presença, já que ele era espontâneo e alegre com cada mínima coisa pelo meu ver.

Desde o dia em que o mesmo tentou me beijar, parecia, para ele, que esse dia nem ao menos existiu, uma vez que ele não tocou no assunto, fazendo ser meramente nada. E também não ousei entrar em tal assunto.

E como combinado, Harry parou de me provocar. Mal olhava para mim e, quando fazia, tratava de desviar o olhar despreocupado, como se eu fosse um totalmente estranho. Eu mal o via além no refeitório ou na aula prática de literatura. Mas na semana que passou, não trocamos uma palavra sequer.

Evitei, também, já que não tinha motivos para eu manter algum contato com ele ou alguma aproximação. Harry estava determinado em me deixar em paz, e eu não podia contradizer pois era isso que eu queria desde o início: 

Que ele me deixasse em paz. 

E talvez fosse bom para ambos, já que estávamos vivendo em uma bolha de provocações, raiva, irritação e desejo. Eu sabia que trazia alguma reação para Harry e sua declaração na casa de Aisha se intensificou ainda mais, deixando tudo claro que eu atraia Harry ou sua mente acreditava que eu estava o atraindo. 

Paro em frente ao meu armário e abri, olhando para o cronograma qual aula iria ter e quais dias naquela semana teria minha tutoria com a psicóloga do colégio.

Abro minha bolsa pegando os livros que utilizei durante o final de semana, colocando empilhado e organizado no armário, pegando das próximas aulas que iria ter. 

Sinto alguém esbarrar em mim. Olho para o lado vendo o momento que Joy vira seu rosto e olha-me, com seus lábios curvados em um divertido sorriso 

— Olá garoto esquisito. — Ela diz retornando a andar, dando-me uma pequena piscadela e vira seu rosto, caminhando para o seu rumo e esbarrando novamente em duas garotas que andavam conversando, sem se importar em ao menos pedir desculpa. 

Volto olhar para frente, tentando ignorar o episódio anterior, todavia, tomo um susto ao ver Aisha ao meu lado, com sua postura reta e com um grande sorriso em seus lábios, olhando-me. 

— Louis eu queria dizer que gostei do vídeo que você mandou e usei uma boa parte dele. Sua pesquisa foi fundamental para o decorrer do nosso documentário e está ficando incrível! Eu só queria agradecer por você ter se empenhado em fazer isso de uma forma certa e correta. — Ela diz um pouco afobada, fazendo-me questionar se ficaria feliz em saber disso ou preocupado pela garota estar um pouco eufórica. 

— Obrigado você! — Sorriu de lado, ainda segurando o livro em que iria levar até a bolsa. 

— Qualquer coisa irei avisando no grupo. Até mais, Louis! — Ela acena para mim e sai disparada para outro rumo, segurando seu livro sobre seu peito, sem ao menos dar-me tempo para responder sua partida. 

Olho para o meu livro recompondo meu pensar. Olho para o título vendo que era o primeiro livro que usarei no dia. Caminho o objeto até minha mochila e guardo, começando a pegar os outros e fazer a mesma trajetória. 

Fecho a porta e vejo Joy vindo em minha direção, engrandecendo seu sorriso ao me ver, direcionando seus passos até mim. 

Busco ignorar, olhando para os lados e caminhando até a sala de aula, entrando a garota para ao meu lado e começando a caminhar junto a mim. 

— Quer? — Ela estendeu um pacote de amendoim. Nego calado. 

Ouço o pacote começar a fazer barulho ao meu lado. Olho para o lado oposto, questionando o que diabo ela queria, já que ela sempre parecia querer andar sozinha e nunca acompanhada e vê-la ao meu lado, certamente, tinha tudo o que duvidar. 

— Semana passada, após você ter ido embora da casa de Aisha — Ela começa, com sua voz distensa. —, eu fui ao banheiro minutos depois que Harry disse que iria. — Olho para ela. Ela me olha. Seu olhar parecia calmo, mas, contudo, era visível que tinha uma pequena interrogação em seu olhar. — Harry não estava no banheiro e seu carro ainda estava na frente da casa dela. — Ela enruga a testa. 

Oh, garota, agora virou fiscal? 

— E o que tem a ver? — Digo indiferente, apertando em meus dedos a alça da mochila. 

Ela deu de ombro. — Eu não sei. Poderia me responder? 

Paro em frente a sala e olhou-a sentindo um pouco zangado por sua persistência e bisbilhotice. Embora eu estivesse tenso por ela ter visto algo, todavia não cabia a ela interferir no que faço e tampouco Harry. 

Ela coloca sua mão no pacote, tirando uma pequena porção de amendoim e colocando na boca, mastigando e prestando sua atenção em mim. 

— Por que você não vai cuidar de sua vida? — Rebato, desejando finalizar com aquilo. 

Ela sorri novamente de lado ao engolir seu amendoim. 

— Engraçado que a mesma palavra que Harry usou, você está usando…

— Por que será? — Interrompo seu falatório que no momento não me interessa. 

Poderia ser notório que a garota estava tentando achar algo para que pudesse me irritar, já que não estava sendo difícil ir para esse ponto. 

— Por que está enfuriado? Apenas lhe fiz uma pergunta inocente. — Sua voz saiu equilibrada e em um tom passivo. 

Frouxo meus dedos, constatando que não iria valer a pena sentir-me emoções por sua presença.

— Eu sei quando uma pergunta é inocente. — Digo. — E posso ter a maioria das certezas que pode ter tudo em sua fala, menos inocência.

E, repetidamente, ela deu de ombro. 

— Acredite se quiser. Mas preste atenção…Louis! Até uma garota má consegue ser uma irrelevante sem moral. — Ela diz. — Você sabe, ele parece um passivo louco para ser fodido…e acho que ele já achou a sua presa. 

— Por Deus, cale sua boca. — Digo quase rolando meus olhos, achando esse rumo do assunto incongruente. — Eu não sei por quê ainda estou te ouvindo. — Proferi relaxando meus ombros, sem disposição para suas falas posteriores. 

Joy deu uma rápida piscadela, virando seu corpo e saindo dali. Vejo-a se afastar, caminhando para longe dali, sozinha, sem ao menos cumprimentar alguém. 

Caminho até um banco vazio quase de frente com a sala e sento, tirando meus óculos do rosto e passando minha mão ali, jogando as mechas de meu cabelo para o lado. Tento me recompor do acontecido de segundos atrás, sentindo meus nervos esvaziar pela irritação, começando a dar um ar de indiferença. 

Joy não abalava-me e percebi nos segundos que senti meu corpo relaxar melhor. 

Ouço o sinal tocar, fazendo-me no mesmo instante levantar e caminhar até a sala, para poupar em ter que me esquivar de alunos apressados e eufóricos. 

Caminho até a minha mesa e sentei, colocando minha mochila em cima da mesa e retirando as coisas que iria utilizar naquela aula, notando alguns alunos adentrar na sala e ir para seus lugares. 

A aula começa, fazendo-me prestar atenção em todas as aulas no decorrer, prestando atenção apenas no que os professores falavam e anotavam, fazendo-me escrever tudo em meu caderno. 

E as horas foram passando, um pouco rápido para o meu gosto, todavia estive tão inércia em meus deveres que apenas mantive meu foco e cabeça para aquilo. Tento finalizar as atividades a tempo antes que as aulas encerrarem. 

Já estava na última. A gloriosa última aula. Batuco minha caneta na mesa ouvindo um pouco de falatório por conta dos alunos que finalizaram suas atividades, juntamente a mim. A professora passava de mesa em mesa, corrigindo, até parar no meu, pegando em meu caderno e olhando. 

Olho para o seu rosto, vendo uma expressão neutra, passando sua caneta em minha folha. Ela me olha e entrega o caderno, saindo para a outra mesa. 

Olho para o caderno, vendo que acertei algumas e errei outras. Entretanto, senti-me normal, já estive em situações piores que apenas trabalhos foram a solução para me salvar nessas situações. Exatas nunca foi meu ponto forte, tampouco minha alegria. 

Admirava meu pai, por ser um homem genial para as contas, como um verdadeiro amante no que fazia. 

Ouço o sinal tocar, fazendo-me recolher minhas coisas com calma e colocar dentro da mochila. De se esperar, as pessoas pareciam apressadas para sair, como se estivessem comemorando o fim da aula torturante, se retirando da sala. 

Levanto e coloco a alça de minha mochila em meu ombro, saindo da sala. Torcia para Joy não me entediar durante o intervalo, apenas desejando ter minha típica rotina desde que entrei no colégio. 

Caminho até o armário e abro-o, colocando todas minhas coisas ali dentro e logo em seguida fechando-o. E, antes que eu virasse meus calcanhares para prosseguir até o refeitório, vejo um papel pendurado em alguns passos de distância dos armários e vejo algumas pessoas passando e olhando, logo se retirando.

Caminho até o papel curioso para saber o que estava acontecendo ou o que continha ali. Paro ao me aproximar e olho, notando que era as inscrições de futebol do colégio, com o nome de todos os participantes naquele período, vendo logo ao lado que era a renovação do time. 

Olho mais para baixo vendo meu entusiasmo interior diminuir-se, fazendo meus ombros caírem para baixo ao ver as letras grandes e vermelhas escrito: “encerrado. Time completo.”.

Por um momento eu queria participar, sentia falta de poder jogar futebol e entrar em campo. Em sentir a bola rolando em meus pés e a adrenalina de fazer um gol. 

Eu sentia falta. 

E ver que o time foi completo e as inscrições encerrou, fez-me desanimar e pensar que talvez o ano que vem eu poderia jogar, já que estávamos já na metade do ano e, certamente, eles faziam isso apenas duas vezes por ano para ser renovado o time. 

Entretanto, torcia para que o ano que vem eu esteja no colégio ainda, já que meu pai vive viajando e levando-me junto a ele. 

— Posso te ajudar com isso. — Ouço uma voz atrás de mim, especificamente perto o suficiente do meu ouvido. 

Uma voz rouca, calma e um pouco indefinível ainda parecia presente em meus tímpanos como sussurros. 

— O que você quer dizer com isso, Harry? — Olho para ele, na qual o mesmo também me olha, fazendo nossos rostos ficarem alguns centímetros longe um do outro. 

Ele sorri de lado, olhando em meus olhos. 

Ele inclina seu corpo, ficando reto e olho para o papel e logo em seguida para mim repetidamente. 

— Bem, você quer participar do time? —Ele aponta para a folha em nossa frente. 

Fico alguns segundos calado, pensando se seria coerente em lhe responder aquela pergunta. Dou de ombro. 

— Talvez. — Digo, entretanto, aguardando suas próximas fala. 

— Eu posso te ajudar a entrar no time. — Ele sugere. 

Ergo a sobrancelha pela sua disposição repentina, e levemente estranhando todo aquele cenário. 

Em uma semana ele nem ao menos olhou para mim, cumprindo sua promessa em me deixar em paz. Agora ele estava aqui, bem ao meu lado, com uma pequena caridade em querer me ajudar. 

Eu não era idiota, retardado e tampouco tolo para não perceber o que de fato poderia estar acontecendo ali. 

Seu olhar entregava alguns pontos que, gradualmente, minha mente estava começando a chegar. 

— Você pode fazer isso? — Ergo a sobrancelha. Ele sorri docemente de lado. 

— Toda sua ajuda tem sua retribuição, não é mesmo? — Ele encosta na parede, colocando sua mão no bolso de seu sobretudo, olhando-me. 

Semicerro os olhos por trás dos meus óculos de grau, pensando o que ele poderia querer. Poderia imaginar que sua ajuda não sairia de graça, tão pouco por bondade. 

— O que você quer? — Digo, com minha voz saindo um pouco rouca, dando um passo à frente.

— No momento, eu quero você. Após isso, eu quero que você mate toda minha curiosidade que eu tenho em seu corpo. 

Essas foram suas ofertas. Sem rodeio. Sem enrolação. Indo direto ao ponto, olhando fixamente em meus olhos, curvando um mais para os meus lábios brevemente, fazendo eu travar levemente meu maxilar. 

Então esse era seu jogo. 

Ele desejava que eu o fodesse e, em troca, eu entraria no time. 

Bem, isso seria fácil para mim; só não sei para ele

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Eu queria informar que a partir desse capítulo a fanfic vai entrar no clímax dela, ou seja, agora muita coisa pode acontecer.

Pode ser que aconteça de ter gatilhos daqui por diante (avisando desde já), tanto da parte do Harry, como de Louis.

Queria dizer que, TALVEZ, eu só atualize segunda-feira :( mas se eu tiver tempo, eu atualize antes!

GENTE, 100 comentários no capítulo anterior???? Mds eu fiquei BOBAAA KKKK. Obrigada, por tudo! Cada detalhe! Vocês são incríveis e eu os amo!!!!!!

Desculpa qualquer erro ortográfico ou gramático.

Até o próximo cap. :)

Ana

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