Sete
Louis
— Não. Eu não estou bem. — Ele disse baixinho, com suas palavras quase embaralhando uma na outra.
— Você quer ajuda? — Digo, ainda com meus dedos em seu ombro.
Por mais que ele me tirasse do sério no colégio, eu não poderia ignorá-lo. Ele estava vulnerável, frágil, alterado e visivelmente precisando de alguma ajuda. E se eu o ignorasse, sei que seria desumano de minha parte.
As pessoas em volta, a maioria, estavam alteradas, restando pouquíssimos sóbrios ali.
Ele me olha, umedece os lábios e arrasta seus olhos por todo o meu rosto.
— Eu não sei. — Ele diz, parando seu olhar nos meus. — Eu preciso me recuperar e o som e tudo aquilo não está me ajudando. — Ele suspira e passa sua mão nos cachos de seu cabelo, jogando-os para trás repetidamente. — Eu acho que te conheço, mas não tenho certeza. — Ele semicerrou o olhar para mim, me analisando logo após.
Seu corpo ainda mexia levemente molengo e sua voz estava arrastada, como se sua embriaguez já estivesse dominado seu corpo e mente.
— Droga, se eu chegar assim em casa minha mãe irá me matar. — Ele esbraveja olhando para o chão. — Mas honestamente eu não me importo mais, já que sou a ovelha negra da família. — Ele ri, mas sem humor. — Tudo que eu fiz nunca a agradou. Nunca está bom. Nunca está o suficiente. Nunca está melhor. Mas ao mesmo tempo ela diz que eu sou o filho que ela queria. Ela é uma esquisita perfeccionista…mas é a minha mãe. — Riu levemente pelo modo como ele referiu sua mãe. Harry olha para mim. — Merda, porque eu estou falando isso para você? — Ele tenta se levantar, mas ele acaba voltando para o chão. Seguro em seu braço para não machucar ou cair de cabeça na calçada.
—Você tem certeza que não quer minha ajuda? — Digo. Ele olha para seu braço, na qual eu estava segurando.
— Você é o garoto do brechó. — Ele fala abruptamente.
Mordo meu lábio reprimindo uma estúpida e pequena irritação se aflorar em meu sangue.
— Louis. — Ele olha para mim, novamente.
E naquele momento, ouvindo meu nome sair baixinho de seus lábios, sinto minhas bochechas levemente avermelhadas. Céus, ele realmente conseguia fazer eu sentir mistos de sentimentos por ele.
De irritação, para timidez.
Porém tento não transparecer, mantendo meu olhar ainda nele. Apreensivo.
— Vem, eu irei te ajudar a ficar melhor, assim você terá menos um motivo para ser a ovelha negra oficial da família. — Puxo seu braço para cima, juntamente com o meu corpo.
Ouço ele gargalhar e ajudar a se levantar também. Olho para o seu rosto, encontrando duas covinhas em seu rosto e uma risada descontraída. Era um pouco impossível não sorrir junto a ele. Ele passa seu braço em torno do meu pescoço, se apoiando. Seguro levemente minha mão em suas costas.
Ele era pesado, já que ele estava depositando todo o seu peso em mim.
— Eu acho que minha mãe tem um caderno de anotações só das coisas que ela considera ruim sobre o que faço, pois é incrível como ela joga tudo em minha cara quando ela está discutindo comigo…é admirável como ela lembra de tudo.
Paro no portão e abri um pouco mais. Adentramos e logo o fechei. Retornamos a caminhar, mas, desta vez, Harry ficou quieto, apenas olhando para os seus.
Penso o que meu pai acharia ao acordar de manhã e ver que tinha um garoto dentro de casa. Queria saber sua reação, mas ao mesmo tempo não desejaria saber. Ele poderia ficar enfurecido, como, também, poderia ficar neutro e não se importar, e apenas tomando café da manhã e partindo para a usina.
Ou ele simplesmente não poderia ver que tinha um hóspede dentro de casa. Eu não iria me atrever a contar, mas caso ele soubesse, eu tinha que dar uma explicação mais coerente possível. Sei que bastava ser honesto, mas às vezes as palavras verdadeiras parecia não fazer sentido em certas situações, restando apenas, a pessoa acreditar ou não.
E eu esperava que meu pai acreditasse.
Olho para Harry pensando se o mesmo estava quase dormindo ou se estava acordado. E sim, ele estava acordado, porém apenas quieto, parecendo ter ficado um pouco sóbrio, já que seu corpo não se mexia tanto como se mexia na sarjeta e seus passos não estavam entrelaçando como estava quando vi-o encostado na parede.
Abro a porta da sala e entramos. Com o pé, fecho a porta. Conduzi-o até a escada. Ouço ele respirar pesado, porém se manteve quieto.
— Você consegue subir a escada? Senão posso arrumar um quarto para você na parte de baixo. — Sugiro, mas ele nega.
— Lá em cima está bom. — Sua voz saiu seca e rouca.
Assenti mantendo calado. Começamos a subir os degraus e tomei cautela para que o mesmo não acabasse caindo e se machucando. Minha outra mão mantinha em seu punho, segurando firme, sentindo seus braços levemente molengos.
— Eu achava que você era bolsista. — Sua voz saiu baixa, quase inaudível.
Fico alguns segundos calado, prestando atenção nos degraus, não desejando que Harry tropeçasse em algum.
— As aparências enganam. — Digo ao chegar no último degrau. Ouço sua risada nasal e imperturbável.
Arrastei-o para o corredor que ficava os quartos de hóspedes, escolhendo o quarto mais próximo, pois meus braços já estavam doendo e meu corpo implorava para se livrar do peso, sentindo minhas pernas levemente começarem a tremer de tanta força que eu depositava ali.
— Como eu também pensava que eu te irritava, sem ao menos fazer absolutamente nada para você. — Digo abrindo a porta do quarto, levando-o até a cama.
Ele senta e olha em meus olhos, com sua sobrancelha levemente enrugada.
— Não há aparência nisso. — Disse. — Você me irrita!
Paro em sua frente, sentindo meu corpo agradecer pelo alívio do peso e começar a ficar frustrado.
— Por que eu te irrito? Dizendo que nem ao menos fiz nada para merecer isso! — Franzi o cenho.
Ele deu de indo. — Seu jeito. Você é ridículo! Seu óculos. Sua franja é péssima. Parece que chupou limão e esqueceu de desfazer a careta.
E naquele momento, como a velocidade da luz, sinto meu sangue ferver e minhas veias compulsar.
— Você está me insultando dentro da minha própria casa? O único ridículo aqui é você!
Ele sorri zombeteiro e juro por Deus que eu podia sentir que ele estava começando a ficar sóbrio, voltando ao Harry que conheci naquele corredor. Que me humilhou e me rebaixou.
— Você quem queria saber. Você quem provocou para saber. Você sabia que você me irritava, mas fez questão de ouvir de novo e eu fiz sua ordem. — Cada palavra que Harry falava, mantinha uma calma; despreocupado com minha pequena fúria sobre ele.
Abro e fecho meus lábios, buscando uma resposta para aquilo. Ele olha para o meu rosto e desliza seu olhar para minhas mãos, sereno, despreocupado e sossegado, mordendo o lábio inferior, como se estivesse pensando em algo.
Céus, por que ele estava me olhando daquela forma?
Ele era um idiota, babaca, inbécil, estúpido e irritante. Mas, naquele momento, todas aquelas palavras que criavam motivação para eu sair de perto dele como fiz na biblioteca, tinha simplesmente evaporado em minha mente quando seu olhar cruzou no meu.
Meu coração parecia sair pela boca e meu rosto começou a formigar.
E por mais que minha mente pedisse para eu dar um passo para trás, eu permaneci ali parado, permitindo que ele me avaliasse como gostaria.
Eu era um idiota. Deus, eu era um tremendo idiota em recusar o pedido de minha mente.
Ele estica seu braço, estendendo sua mão em minha direção.
— O que você quer? — Murmuro, olhando para sua mão.
— Que você venha aqui. — Sua voz parecia estar carregada de uma mistura indefinível, dizendo no tom que eu, baixo. — Eu quero fazer uma coisa. — Ele dá uma pequena pausa, engolindo seco. — Mesmo que vá ferir meu orgulho quando o sol nascer, e mesmo que massacre meu ego. Eu quero que você venha aqui.
Olho brevemente para o lado e, em um suspiro, seguro em sua mão, ouvindo minha mente me xingar de tudo quanto é nome.
Sinto-o me puxar levemente, pedindo silenciosamente para que eu me aproximasse.
E assim fiz, me aproximei, sentando ao seu lado. Mordo meu lábio inferior sentindo o gosto metálico do sangue em minha boca. Não acredito que estou cedendo aos seus toques.
Assisto o momento que ele vira seu corpo para mim, umedeceu seus lábios e prendeu a ponta de sua língua em seus dentes. Oh céus.
Ele tira meu óculos do rosto, colocando cuidadosamente em cima da cama, olhando por todo meu rosto, como se estivesse perdido e tentando se encontrar.
— Eu quero tanto fazer uma coisa. — Ele olha para os meus lábios, fixando seu olhar ali. Harry se aproxima mais de mim, fazendo seu rosto ficar próximo ao meu. Céus. Sua respiração quente batia em meu rosto. Tão calmo, mas tão desesperado. — Isso não me faz gay, mas eu só quero sentir o seu gosto. — Ele fecha os olhos. Aproximando seu nariz em minha bochecha, roçou, causando leves arrepios em minha pele ao ouvi-lo respirar fundo, inspirando meu cheiro. — Quero sentir se seu gosto é tão irritante como você. — Ele parecia embriagado. Necessitado. E sua voz parecia implorar pelo meu beijo. Pelos meus lábios no seu. E a forma como suas mãos apertavam minhas coxas, impedindo que eu me afastasse, como se a única coisa que ele não quisesse, era que eu me afastasse dele.
E me sentindo imóvel, sinto seus lábios arrastarem em minha pele, até em meus lábios, selando. Seus lábios estavam quentes, molhados e apetitosos, sendo incapaz de recusar qualquer ação sua.
Ele afasta minimamente seus lábios do meu, contudo, ele roçou sua língua contornando a carne fina de meus lábios. Suspiro.
Abro minimamente meus lábios e ele invade sua língua em minha boca, grudando nossos lábios novamente, mas, desta vez, com sua língua necessitada e faminta.
Devorando. Saboreando. E chupando.
Apesar da tensão, nosso beijo era calmo e memorável, como se estivesse aproveitando mais o momento.
Minha língua tentava acompanhar a sua, criando um domínio. Movo meu corpo mais em sua direção, correspondendo de vez ao beijo, avançando minha mão em seu rosto, não permitindo que o mesmo se afastasse em nenhum momento.
Eu queria mais. Muito mais. E senti-lo se entregar a aquilo, estava me incentivando a saciar todo meu desejo ali. Em seu toque. Em sua língua quente com gosto de vodka com groselha.
Movo meu corpo mais para frente, tomando a iniciativa. Harry parecia entregue, permitindo que eu fizesse qualquer coisa em seu corpo, através do beijo.
Ergo mais um pouco meu corpo, mas sem separar nossos lábios. Fico por cima de seu corpo, fazendo-o deitar na cama. Suas mãos vão para minha cintura, com alguns polegares longe de minhas nádegas. Ele solta um leve e gostoso gemido quando mordo seu lábio inferior trazendo para mim, como se estivesse pedindo por mais.
Sinto sua ereção roçar na minha, fazendo-me voltar a realidade. Afasto rapidamente de seu corpo, me levantando de cima de seu corpo, ficando em pé. Harry levanta seu tronco, apoiando seus dois cotovelos na cama, me olhando com seus lábios minimamente abertos e vermelhos, com seu olhar brilhoso como se estivesse pedindo por mais, e seu peito subindo e descendo.
Céus.
— Tem toalha no banheiro, se quiser tomar um banho. Pode dormir aí e quando estiver bem, pode ir. — Digo desnorteado e o olhar que Harry lançava em mim, parecia não colaborar com a situação.
Passo meus dedos na na pele de minha testa e saio dali às pressas, fechando a porta do quarto. Respiro fundo tentando me recompor.
Eu o beijei.
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Eu ainda sinto que não sou boa em primeiro beijo, smut e etc...mas eu tento kkkkkk
Como eu falei, poderia acontecer que a relação deles poderia começar rápido...
Aaaah, agora a fic tem um banner e uma nova capinha. Espero que tenham gostado!
Obrigada para quem está lendo até aqui =)
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