Onze
Louis
Durante o acontecimento do intervalo, não encontrei mais Harry ou a garota cujo não sabia o seu nome. Tive aulas normais e algumas tarefas para serem feitas em quinze dias. Ao ter chegado, tomado um banho e me arrumando para dormir, Zara adentrou no quarto com um prato de sanduíche de salada com frango e um copo de suco de abacaxi natural.
De início estranhei sua alegria, mas logo tratei de suavizar minha expressão ao ouvi-la dizer que era a folga dela e eu iria acompanhá-la até um hospital de câncer. Confesso que de início não queria, por ter péssimas lembranças nesses tipos de lugares.
De meu choro. Angústia. Sofrimento. E da minha inútil esperança.
Eu realmente tinha acreditado que minha mãe iria sair viva dali.
Entretanto, Zara insistiu e eu acabei cedendo, colocando minhas típicas roupas, óculos e comendo rapidamente meu sanduíche, já que Zara estava pronta e só esperando eu finalizar com tudo para podermos ir. E no final, decidi ir com o meu carro.
Zara tinha vinte e seis anos, prestes a fazer seus vinte e sete anos. Ela sempre nos acompanhou de casa em casa. De país em país. Ela sempre argumentava que não tinha família na qual pudesse sentir falta dela, quando uma vez a questionei se a sua família não ficava incomodada com isso. E também porque ela gostava, dizendo que com isso ela poderia conhecer coisas novas.
E eu às vezes acreditava que Zara tinha uma queda por meu pai. Cada olhar. Gestos. Seu modo. Tudo era bastante duvidoso.
Eu compreendia. Já faz três anos que minha mãe faleceu, e desde então meu pai não se envolveu com mais ninguém. Ele estava solitário e sozinho, e precisava de alguém que pudesse entendê-lo e estar ao lado dele. E, para mim, Zara parecia uma ótima concorrente. Ela era bonita, simpática, madura, responsável e carinhosa. Eu gostava dela e acredito que meu pai também.
— É aqui. — Disse Zara, apontando para a janela.
Movimento o carro para dentro do estacionamento. O hospital era enorme, com amplo espaço de fora a fora. Estaciono o carro em uma vaga aberta.
— Como você sabe daqui? — Digo tirando o cinto e a chave.
Ela deu de ombro, abrindo a porta do carro. Saímos e fui em sua direção.
— Pesquisei. Fiz uma promessa — Começamos a andar até a porta do hospital. Olho para ela encontrando seu olhar em mim. — que eu iria para todos os hospitais de câncer quando viajaremos. — Riu de lado.
— Belo jeito de aproveitar as suas viagens. — Digo honestamente, e vejo um sorriso crescer em seus lábios.
— Eu gosto. E gosto ainda mais das histórias que essas pessoas têm para contar. Até parece um filme. — Assenti.
Realmente parecia um filme.
— E, bem, você sabe se estão aceitando visita?
Ela assente.
— Liguei uns dias antes e eles me informaram tudo.
Adentramos. O local parecia um pouco vazio de pessoas, mas, ainda sim, tinha algumas pessoas sentadas na cadeira, com seus braços cruzados enquanto assistia à televisão até chegar às suas vezes.
Zara para na recepção e eu a acompanho. As duas mulheres olham para mim e franze a sobrancelha com um pequeno interrogatório, olhando brevemente para minha roupa e logo em seguida olha para Zara, na qual dera para perceber que nem ao menos notou a mulher me avaliar.
— O que podemos ajudar? — Ela diz, mantendo seu olhar ainda em Zara.
— Eu e meu amigo viemos visitar as crianças que estão lutando contra o câncer. Eu fiz o cadastro e informaram que a visita seria hoje, nesse horário. — Explicou.
A mulher então olhou para mim com um pequeno sorriso no rosto e abaixou seu olhar, abrindo a gaveta e tirando dois adesivos. Ela estica sua mão em minha direção, indicando para eu pegar o papel. Pego e leio a palavra que continha ali.
“Visitante”
Colo em meu peito e Zara faz o mesmo.
— É só seguir a linha amarela. — Ela aponta seu dedo indicador para o chão. — Eles vão gostar de ver vocês. Boa sorte e ficamos agradecidos pelas suas visitas! — Diz, ainda com um pequeno sorriso no rosto.
Olho para o chão encontrando várias linhas, de várias cores, e, entre elas, vejo a amarela.
— Obrigado. — Digo baixinho, começando a caminhar na linha amarela, juntamente com Zara, que permanecia em minha frente.
— Está ansioso? — Ela diz ao virar o corredor. Ela para e vira seu corpo para mim com um sorriso enorme em seu rosto.
— Na verdade, não. — Sorriu de lado, um pouco sem graça, já que era notório a forma como Zara estava ansiosa para ir na sala de crianças.
— Eu estou! — Ela diz, virando seu corpo e andando mais rapidamente até a sala.
E assim que chegamos, sem delongas, Zara abriu a porta, observando as crianças com um sorriso radiante em seus lábios. Ela adentrou e logo em seguida, entrei, fechando a porta logo atrás de mim.
Olho em volta do cômodo. O decorativo parecia alegre e colorido. Os desenhos colados na parede e alguns balões deixava o ambiente mais vivo. As cortinas estavam escancaradas, deixando a luz solar entrar com todo o pudor na sala.
Algumas crianças brincavam no chão, enquanto outros permaneciam sentados na cadeirinha perto de uma mesinha, desenhando descontraídos. Ali dentro, havia duas enfermeiras brincando com algumas crianças, mas, mesmo assim, alarmadas ao redor.
Elas olham para nós e dão um pequeno sorriso. Retribuo, correndo meu olhar mais em volta, encontrando um painel embutido na parede com vários desenhos feito a mão.
Zara se afasta de mim, totalmente bobeada com as crianças. Ela se aproxima de um e agacha, começando a conversar com o mesmo, sendo respondida.
Sentindo-se um pouco perdido, ao fundo, noto um garoto desenhando junto com uma garotinha. Ele estava de costas para mim. A garotinha olha para ele e gargalha, retornando a desenhar. Sorriu de lado, mas logo tratei de desfazer ao vê-lo se levantar e apertar a bochecha da garota.
Ele vira seu corpo e me olha, com um simples sorriso no rosto. Ele desce um pouco seu olhar para baixo, certamente lendo o papel que estava em meu peito. Então ele se aproxima, vindo em minha direção.
Cruzo meus braços em frente ao meu corpo. Desvio meu olhar, olhando para a criança que brincava com o seu caminhãozinho, fazendo um pequeno barulho em seus lábios.
— Oi. — Olho para cima, encontrando os olhos castanhos do garoto em mim.
Sorriu de lado ao vê-lo se posicionar ao meu lado, cruzando seus braços também.
— Ei. — Digo.
— Primeira vez aqui, não é mesmo? — Ele indaga. Viro minimamente meu corpo para o lado, para olhá-lo melhor.
Anui.
— Sim. — Proferi. Olho para o seu peito não encontrando nenhum adesivo. — Você é visitante? — Volto olhar para os seus olhos, enrugando levemente a sobrancelha.
Ele suspira.
— Queria que fosse. — Ele tentou dizer com humor, mas, a única coisa que conseguiu transmitir foi uma pequena carranca.
Então, apenas com isso, eu entendi. Ele não era visitante, e sim um paciente.
Merda, eu deveria ter deixado minha boca calada.
— Eu não sabia que aqui poderia unir adultos com crianças. — Falo recebendo uma pequena risada do garoto. Ele inclina um pouco para minha direção.
— E não pode. A área dos adultos fica na parte de cima…digamos que eu saí sem avisar.
Coloco meus dedos nos lábios reprimindo uma risada, me questionando como ele conseguiu sair da parte de cima sem uma enfermeira ou enfermeiro ver.
— E elas deixam você ficar aqui? — Apontei para as duas enfermeiras um pouco afastadas de nós.
— Na verdade, não, mas falei pra elas que os enfermeiros da parte de cima autorizaram minha saída para ver as crianças, então elas cederam.
Ele aparentava ser esperto. Ergo minha sobrancelha, afastando meus dedos de meus lábios, retornando a cruzar meus braços.
— E o que você tem? — Questiono curioso.
— Leucemia. — Ele diz simples. Neutro. Fico alguns segundos calado e mordo levemente meu lábio. — Mas já estou estou para tomar alta.
— Isso é uma boa notícia!
Ele assente. — É sim. Não há do que se preocupar, sabe? Apesar de que isso é genético, eu acredito que isso um dia vai sair do meu corpo para nunca mais voltar.
— Isso depende de seu corpo. — Digo.
— E de mim. — Ouço ele sussurrar. — Honestamente eu gosto da sopa daqui. — Ele diz repentinamente.
Olho para ele surpreendido.
— Primeira vez que ouço alguém falar isso. — Admito, com minha voz levemente carregada. — Digo, quem gosta da sopa do hospital? Parece ser boa, mas ao mesmo tempo não…difícil de distinguir. — Falo, lembrando das épocas que comia as sopas do hospital quando minha mãe ficava internada.
Ele gargalha, mas fechou seus lábios, não querendo chamar a atenção dos demais ao redor da sala.
— Eu simplesmente gosto. Tem um gosto bom e me faz querer de novo. — Abro minimamente meus lábios ao notar que tínhamos uma opinião diferente um do outro.
— Isso é bom, significa que você não recusa nenhum prato de comida. — Faço uma pequena careta ainda lembrando do gosto das sopas.
— Aliás, eu me chamo Liam! — Ele estende sua mão, cessando a risada.
Preencho sua mão com a minha.
— Louis! — Sorriu de lado, gostando de sua presença.
— Aquela é sua namorada? — Ele aponta com a cabeça para Zara.
Arregalo meus olhos e nego. — Não! Ela é apenas uma amiga minha.
— Oh, sim, desculpe, achei que fosse. — Ele olha para mim.
Sorriu de lado. — Não há do que se desculpar. Na verdade, estou levando isso como elogio. — E novamente ele gargalha.
— Honestamente, gostei de você! — Ele diz cessando a gargalhada.
— Você também não é nada mal! — Dou um pequeno tapinha em seu braço. — Se você não tomar alta, qualquer dia posso vir aqui para visitar você, claro…se você quiser, mas eu abertamente espero que você já tenha tomado alta. — Dou de ombro. — Não faço quase nada durante a tarde, então isso não será um problema.
— Realmente? Se eu ficar é claro que irei receber sua visita! — Ele sorriu genuinamente. — Não nos conhecemos bem, mas isso é um bom passo.
Anui, afinal, não tinha amigos na cidade e seria interessante fazer um.
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Estou me sentindo tão insegura com essa fic :(
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