Alguém que pode te ajudar.

Olivia estava sentada no chão do quarto, com as costas apoiadas na cama e as pernas cruzadas. A luz do abajur projetava sombras suaves pelas paredes enquanto ela esperava Isaac aparecer. Ele havia concordado em ir até sua casa depois de uma mensagem rápida e urgente dela, mas o que ela precisava dizer parecia grande demais para caber em palavras escritas.

Quando ouviu três batidas leves na porta de seu quarto, o coração dela disparou.

— Pode entrar — disse, sua voz mais trêmula do que queria.

Isaac abriu a porta devagar e entrou, usando sua jaqueta de couro e o cachecol que parecia ser uma de suas marcas registradas. Ele olhou ao redor brevemente antes de se fixar nela, percebendo de imediato a tensão no ambiente.

A garota levantou-se e abraçou o loiro que a mesma não via desde que tinha ido para França. Embora os melhores amigos sempre houvessem mantido contato, eles ainda não tinham tido a chance de se encontrar desde que a garota voltou, pois ele dizia estar ocupado.

— O que aconteceu? — ele perguntou, fechando a porta atrás de si e se sentando na cama da garota, de frente para ela.

Isaac encarava Olivia, os olhos fixos em cada movimento dela. O quarto parecia menor, sufocante, enquanto ela tentava organizar os pensamentos. Ele estava sentado na beirada da cama dela, enquanto ela andava de um lado para o outro, mexendo nervosamente nas mãos.

— Eu... — Ela respirou fundo, mas a voz saiu fraca. —Eu preciso que você me escute, Isaac. Sem interromper, sem... me julgar.

— Ok... — Ele respondeu firme, embora o tom fosse suave, como se sentisse o peso que ela carregava.

Ela parou de andar e o encarou. — Quando eu fui embora, você me odiou por isso. Eu sei. E, honestamente, eu também me odiei. Mas você nunca soube o porquê, e isso me matou. Porque... era algo maior que eu. Maior do que nós.

Isaac estreitou os olhos, mas manteve o silêncio como prometido.

— Meu pai. — Ela começou, a voz tremendo. — Ele... ele é um lobisomem.

O impacto da palavra pairou no ar, e Isaac piscou, como se não tivesse certeza se havia ouvido direito.

— Eu descobri quando tinha quinze anos. Ele e minha mãe nos chamaram na sala de casa e... ele contou. Ele nos mostrou. Era a noite de uma lua cheia, e ele... — A voz falhou, e ela apertou os olhos, tentando afastar a lembrança.

— Eu tentei lidar com isso, sabe? Tentei ser a filha que fingia que tudo estava normal. Mas não era. Eu via as marcas nos móveis, o jeito que ele evitava certas noites, o jeito que minha mãe... olhava para ele, sempre com medo. Eu estava sufocando, Isaac. E eu não podia contar para ninguém. Eu não podia falar sobre isso com os meus melhores amigos. Então eu fui embora. Um intercâmbio parecia a desculpa perfeita.

Ela fez uma pausa, observando a reação dele. Isaac parecia perdido, como se processasse a informação aos poucos.

— Você... foi embora por isso? — Ele perguntou, a voz baixa.

— Sim. — Ela respondeu, umedecendo os lábios. — E eu odiei cada segundo longe daqui. Mas eu precisava de um tempo, de espaço para entender tudo isso sem desmoronar.

Isaac ficou em silêncio por um momento, mas então seus ombros relaxaram ligeiramente. — Você podia ter me contado.

— Eu não podia! — Ela retrucou, a voz carregada de emoção. — Eu não sabia como você reagiria. E agora... agora, eu não sei como você vai reagir ao que vou te contar a seguir.

Isaac a encarou com atenção renovada.

— Eu não estou te contando isso só porque confio em você. É porque... eu sinto que você entende. — Ela hesitou. — Porque você é um lobisomem também.

Isaac arregalou os olhos, a respiração falhando por um segundo. — Como você...?

— Papai me contou. Quando eu cheguei. Ele disse ter esbarrado com você a algum tempo atrás e... sentido o cheiro que você sentem. — ela explicou olhando para as próprias mãos — Eu não queria acreditar... Quer dizer, você é tão jovem Lay — chamou o garoto pelo apelido de infância.

Ele esfregou o rosto com as mãos e suspirou profundamente antes de se levantar. — Sim, Oli. Mas eu consigo lidar com isso.

Ela engoliu em seco, os olhos arregalados. — Desde quando?

— Acredite não faz muito tempo que Derek me transformou..

— Derek... Derek Hale...? — ela repetiu, tentando processar a informação. — E... quem mais sabe disso? Tem mais... como você?

Isaac assentiu, os olhos sombrios. — Scott McCall. Ele também é um lobisomem.

— Scott? — a boca de Olivia ficou seca. — Isso significa que... Stiles sabe? Ele sabia o tempo todo?

Isaac assentiu de novo. — Sim. Ele faz parte disso desde o começo. Ele e Scott sempre lidaram com essas coisas juntos.

Olivia deu um passo para trás, como se a informação fosse um golpe físico. — Eu podia ter contado tudo a ele. Todo esse tempo... Eu podia ter contado.

— Não tinha como você saber como ele iria lidar com isso. Embora eu creio que ele teria acreditado em você, pelo o que você contou, seu pai foi transformado bem antes de Scott, então...

A garota respirou tentando filtrar tudo que havia acabado de saber. Stiles sabia. Ela poderia resolver as coisas entre eles com mais confiança agora?

— Não tem mais algo que você disse que queria contar? — o garoto colocou a mão no ombro dela acariciando-a

— Sim. É melhor você se sentar.

Buscou o livro que andava a assombrando a e sentou-se no chão de seu quarto, com as pernas esticadas, os olhos fixos no objeto que agora repousava entre ela e Isaac. Ele, sentado ao seu lado, olhava para ela com uma expressão que misturava curiosidade e preocupação.

A voz dela vacilou no começo, e Isaac, percebendo o nervosismo dela, apenas ficou em silêncio, aguardando.

— Eu... eu não sei o que fazer.. — disse Olivia, sua mão tremendo levemente ao passar as páginas do livro, como se quisesse encontrar as palavras exatas para explicar o inexplicável. — O que eu encontrei... é, é mais do que eu pensava. Eu não sabia... eu não sabia que minha avó estava tão envolvida em tudo isso.

Isaac inclinou-se ligeiramente para frente, mais atento agora, seus olhos focados nas palavras que Olivia recitava em voz baixa.

— Minha avó não é apenas minha vó... Ela guarda algo. Algo que foi passado de geração em geração na nossa família. Eu, talvez, seja a última a saber, a última a... lidar com isso. — Ela fechou os olhos por um instante, tentando recobrar a compostura. — Ela me manteve distante de tudo isso, de tudo o que eu sou, de tudo o que a nossa linhagem é, por medo. Medo de que eu não estivesse pronta. Medo de me expor a um mundo que ela sabia ser... perigoso?

Isaac estava prestes a falar, mas Olivia o impediu, levantando a mão.

— Eu encontrei isso aqui — ela disse, apontando para o livro. — Descreve como ela foi escolhida, como ela, e depois eu, carrego algo que não posso explicar. Algo que eu não entendo completamente, mas que existe. Um poder, talvez... ligado aos Grayson. E, bem, ao meu assobio. Às vezes, ele me dá uma sensação estranha, como se fosse mais do que apenas um som. Eu recuperei memórias que eu havia esquecido, ou que me fizeram esquecer Isaac.

Isaac ficou em silêncio, digerindo cada palavra. Ele sabia que Olivia não era uma pessoa comum, mas isso... isso mudava tudo. Ela não estava apenas lidando com o segredo do pai. Ela estava lidando com algo ainda maior. Algo que a conectava com seu próprio destino.

— Eu... não entendi nada Olivia. Você acha que tem... poderes? Como, o que, exatamente? — Isaac perguntou, o tom suave, mas com uma preocupação crescente.

— Eu não sei, Isaac. Eu sei que parece loucura mas, não sei como explicar — ela deixou seus olhos fixos nos dele. — Mas isso é real. E parece que eu sou a chave de algo, de alguma coisa que minha avó temia.

Isaac a olhou profundamente, então se inclinou para frente e tocou seu rosto com a mão, suavemente, como se buscasse algum sinal de tranquilidade nela, de que estava bem. Mas Olivia parecia perdida em pensamentos, como se o peso de tudo estivesse finalmente caindo sobre ela.

— Eu sei que você está com medo — disse Isaac, seu tom agora mais suave. — Mas você não está sozinha nisso. Se há algo que você não entende, nós vamos entender juntos.

Olivia soltou um suspiro pesado e olhou para o livro novamente, os olhos lacrimejando de tanto esforço para controlar suas emoções.

— Eu nem sei por onde começar, Isaac. O que mais eles escondem sobre mim?

— Olivia — Isaac disse reflexivo, interrompendo seu turbilhão de pensamentos. — Acho que sei de alguém que pode te ajudar.

𐙚

No dia seguinte, após a noite em que chamara Isaac para conversar e pedir ajuda — ou melhor, socorro —, haviam decidido buscar apoio com um druida que ele conhecia. O nome dele era Deaton.

Enquanto dirigia até a clínica veterinária onde o druida trabalhava, Olivia apertava o volante com força, tentando conter os nervos. Não fazia ideia de quem era esse homem, mas escolheu confiar em Isaac. Mesmo assim, sua mente insistia em questionar: seria ele capaz de realmente ajudá-la?

Ao estacionar em frente ao estabelecimento, ela viu Isaac encostado na porta, os braços cruzados, mas o semblante sereno. Ao notá-la, ele se endireitou, os traços suaves tentando tranquilizá-la.

— Está mais tranquila? — ele perguntou, os olhos carregados de preocupação genuína. — Deaton é alguém que eu confio de olhos fechados. E Scott também.

— Um pouco — ela murmurou, incapaz de conter um suspiro.

Olivia acenou com a cabeça e seguiu Isaac para dentro da clínica. O ambiente era diferente do que imaginara, mais acolhedor, mas não menos estranho. Contudo, o que mais chamou sua atenção foi o grupo que os aguardava.

Scott e Derek Hale estavam ao lado de uma banheira, a enchendo de gelo. E observando-os estava um homem de pele negra, que Olivia deduziu ser Deaton. Mais afastado, encostado em uma parede, estava Stiles. O olhar dele encontrou o dela, e Olivia sentiu o peito apertar. Havia algo no modo como ele a olhava, algo que misturava mágoa e curiosidade, como se estivesse esperando por uma explicação que ela não sabia se poderia dar.

Antes que seus pensamentos pudessem vagar mais, Isaac tocou seu ombro.

— Isso... não é pra você — ele disse, apontando para a banheira, tentando tranquilizá-la.

Olivia tentou ignorar a sensação de desconforto crescente e voltou sua atenção ao homem que parecia comandar o lugar.

— Olá, Olivia. Sou o Deaton — disse ele, com um sorriso calmo, estendendo a mão.

— Oi — respondeu, apertando a mão dele, sentindo uma estranha sensação de calma vinda do druida.

— Isaac me contou sobre sua condição, mas antes de especularmos o que está acontecendo com você, precisamos resolver algo com ele. Tudo bem para você?

Ela limpou a garganta antes de responder:

— Tudo certo.

Enquanto Deaton se voltava para Isaac, Olivia lançou um olhar rápido para Stiles novamente. Ele parecia querer falar algo, mas permaneceu em silêncio. O desconforto nos olhos dele a deixava inquieta. A distância emocional entre eles parecia maior do que nunca, e Olivia não sabia se queria diminuí-la ou mantê-la.

— Obviamente, isso não vai ser muito... confortável — explicou Deaton, dirigindo-se a Isaac. — Mas, se desacelerarmos a sua frequência cardíaca o suficiente, você entrará em um estado de transe.

— Tipo... ficar hipnotizado? — Isaac perguntou, franzindo o cenho.

— É isso aí. Vai estar metade transformado, o que nos permitirá acessar sua metade subconsciente.

Olivia, que até então tentava processar o que ouvia, deu um passo à frente, preocupada:

— Isso é seguro? Quer dizer, um lobisomem consegue aguentar uma frequência tão baixa? — Sua voz soou firme, mas o tom de apreensão era evidente.

Deaton sorriu de canto, um humor leve tingindo sua resposta:

— Quer que eu responda com sinceridade?

Antes que ela pudesse insistir, Isaac tomou a frente:

— Não. Não precisa.

Um estalo de borracha cortou o ar, e todos os olhares se voltaram para Stiles, que agora calçava uma luva, claramente tentando parecer útil. Ao notar os olhares interrogativos — especialmente o de Derek, que parecia cheio de desprezo —, ele ergueu as mãos em um gesto de rendição.

— Que foi? — perguntou, desconcertado.

Sem obter resposta, Stiles tirou a luva com um suspiro frustrado. Olivia não conseguiu evitar um pequeno sorriso ao vê-lo tentar disfarçar o constrangimento. Mas o momento se foi rapidamente quando todos os olhares se voltaram novamente para Isaac.

Ele encarava a banheira de gelo com um misto de determinação e hesitação. Olivia sentiu o coração apertar ao ver como ele parecia pequeno diante daquela situação.

— Olha, se acha que é muito arriscado, você não precisa fazer isso — disse Derek, o tom preocupado do Alfa evidente, e havia Scott atrás dele acenando com a cabeça.

Isaac, porém, não respondeu. Ele apenas começou a tirar a camisa, revelando cicatrizes que contavam histórias que Olivia sabia da onde vinha, e imaginava serem dolorosas. Ao vê-lo entrar na banheira, ela deu um passo à frente, os olhos fixos nos dele.

— Você tem certeza? — perguntou, a voz baixa, mas carregada de preocupação.

Ele assentiu, embora ela pudesse ver o medo piscando em seus olhos antes de desviar o olhar.

Enquanto os lobisomens o ajudavam a se afundar no gelo, Olivia cruzou os braços, incapaz de conter a tensão. Sentia-se impotente, como se estivesse apenas assistindo algo que não entendia completamente. Seus olhos foram atraídos novamente para Stiles, que agora a observava com intensidade. Ele parecia querer dizer algo, mas não o fazia. E isso a incomodava mais do que gostaria de admitir.

Isaac respirava fundo na banheira, o gelo estalando ao redor de seu corpo. Olivia lutava contra o desejo de intervir, mas sabia que não havia nada que pudesse fazer. Era apenas uma humana, afinal, e naquele momento, isso parecia mais um peso do que nunca.

Após afundarem Isaac e o mesmo ficar em estado de transe, Deaton nos avisou antes de começar a falar com ele que era somente para o homem se comunicar com o garoto, para não o confundi-lo.

— Isaac? — Deaton perguntou enquanto o corpo de Isaac flutuava. — Tá me ouvindo? — perguntou novamente a Isaac enquanto seus lábios tremiam repetidamente.

Olivia estava ao lado da banheira, as mãos cruzadas no colo, mas inquietas. Observava o amigo como se tentasse, de alguma forma, transmitir coragem. Ele estava vulnerável, e ela sentia o peso disso como se fosse dela.

— Tô. — ele deixou sair. — Eu tô te ouvindo.

— Este é o Dr. Deaton. Eu quero te fazer algumas perguntas. Tudo bem? — continuou.

— Sim. — sussurrou Isaac, a voz trêmula.

— Eu quero saber sobre a noite em que encontrou a Erica e Boyd — disse Deaton, me fazendo virar para Stiles antes de ouvir trovões estrondosos do lado de fora.

Os olhos de Olivia cruzaram com os de Stiles por um breve instante. Ele parecia dividido entre preocupação e aquela constante hesitação que vinha mostrando desde que chegaram. Era difícil ignorar o incômodo que isso causava nela.

— Eu quero que conte pra mim com os detalhes possíveis, como se você estivesse lá — Deaton disse a Isaac, que balançou a cabeça em negação.

— Eu não quero fazer isso — Isaac disse, e as luzes começaram a piscar. — Eu não quero fazer isso — repetiu, a voz mais alta agora.

Olivia sentiu o estômago apertar. Podia ver o medo dominando o amigo, e a cada piscada de luz, parecia que o mundo ao redor ficava mais instável.

— Isaac, tá tudo bem, relaxa — Deaton o acalmou. — São apenas lembranças. Você vai só lembrar, não vai se machucar — assegurou.

— Eu não quero fazer isso — Isaac repetiu mais uma vez, a voz cada vez mais fraca.

Olivia hesitou por um momento, mas então estendeu a mão e agarrou a dele na água. O aperto foi firme, e ela sentiu a força dele se equilibrar um pouco.

— Relaxa. Relaxa — Deaton repetiu enquanto Olivia ainda segurava a mão de Isaac, sentindo o tremor diminuir aos poucos. Finalmente, ele pareceu se acalmar.

— Isso — Deaton disse. Olivia observou os lábios de Isaac, que estavam azuis pelo frio. Era difícil assistir sem sentir o desejo de tirá-lo dali.

— Agora vamos voltar àquela noite. Pro lugar onde você encontrou a Erica e Boyd. Pode me dizer o que você vê? — perguntou calmamente. — Tem algum prédio? Casa?

— Não é uma casa. É uma pedra — Isaac disse, fazendo Derek olhar para Deaton. — Eu acho que mármore...

Olivia franziu o cenho, tentando imaginar a cena que Isaac descrevia. Pelo o que entendeu, estavam tentando retornar as memórias dele para ajudar a salvar alguém. Era algo perigoso e necessário, mas ainda assim, ela não conseguia evitar sentir um calafrio.

— Perfeito — Deaton disse. — Pode me dar mais descrições?

— Tá empoeirado, vazio — Isaac respondeu, soltando lentamente a mão de Olivia.

Ela o deixou ir, mas permaneceu próxima, observando cada expressão dele. Não queria deixá-lo sozinho naquele estado, mesmo que fosse apenas nas lembranças.

— Como um prédio abandonado? — Deaton perguntou. Os trovões do lado de fora eram um lembrete de que o tempo estava contra eles. As luzes piscavam novamente, e Olivia se pegou olhando rapidamente ao redor.

— Isaac? — Deaton chamou novamente, mas Isaac começou a se mover repetidamente, inquieto.

— Tem alguém aqui — Isaac disse, agarrando a mão de Olivia novamente. Ela sentiu o aperto mais forte dessa vez. — Tem alguém aqui — repetiu, a voz cheia de pânico.

— Isaac, relaxa — Deaton disse, mas não parecia funcionar. O coração de Olivia disparou ao ver o desespero nos olhos do amigo.

— Não, não, não, não. Eles me viram! Eles me viram! — Isaac desesperou-se, e Scott e Derek o seguraram na banheira, tentando mantê-lo estável.

Olivia queria dizer algo, mas a voz parecia presa na garganta. A única coisa que conseguia fazer era apertar a mão dele, mesmo que isso fosse insignificante.

— São apenas lembranças. Lembranças não podem te machucar. Apenas relaxa — afirmou Deaton.

Isaac agarrou o braço de Olivia, e ela não se afastou, mesmo quando os dedos dele quase machucaram sua pele.

— Relaxa. Isso... — Deaton disse, enquanto Isaac finalmente soltava a mão dela. Olivia permaneceu próxima, sem se mover, porque sabia que ele poderia precisar dela novamente.

— Agora diga-nos o que você vê — o druida questionou, e de repente Isaac abriu os olhos.

— Tô ouvindo ele — disse Isaac. — Ele tá falando da lua cheia.

Olivia engoliu em seco. Quem era "ele"? E o que significava?

— Ele tá falando com a Erica? — Deaton questionou.

— Acho que sim. Eu não consigo... Não consigo ver ela. Eu não vejo nenhum dos dois — Isaac disse.

— Você pode ouvir mais alguma coisa? — Deaton perguntou.

— Tão preocupados... preocupados com o que vão fazer durante a lua. Eles estão preocupados se vão machucar um ao outro — Isaac explicou.

O trovão do lado de fora fez Derek olhar para o grupo, um lembrete de que precisavam agir rápido.

— Se ficarem presos durante a lua cheia, vão acabar um com o outro — Derek disse, a voz grave, mas alarmada.

— Isaac, precisamos encontrá-los agora mesmo. Consegue vê-los? — Deaton perguntou.

— Não.

— Você sabe que tipo de lugar é? Tem algum tipo de indicador? Número na porta? Sinal? — Deaton insistiu.

Isaac se assustou de repente, fazendo Olivia dar um pequeno salto. Ele "olhou" ao redor, como se estivesse vendo algo que mais ninguém podia ver.

— Estão aqui — Isaac sussurrou. — Eles estão aqui. Eles estão aqui — repetiu enquanto Olivia se aproximava novamente, agarrando a mão dele para tentar confortá-lo.

— Tá tudo bem — Deaton disse a ele, mas Isaac não parecia acreditar.

— Não, eles estão aqui — Isaac repetiu, mais alto.

— Só tem que nos dizer — Deaton insistiu.

— Eles me viram. Me acharam. Eles estão aqui! — Isaac gritou.

— Não está funcionando! Isaac, onde você está? — Derek perguntou, visivelmente tenso.

— Eu não consigo vê-los. Tá muito escuro! — Isaac gritou, a voz carregada de medo.

— Me fala onde você está — Derek insistiu.

— Eu não consigo ver! — Isaac disse, desesperado. — Eles me arrastaram para um quarto.

Olivia sentiu o coração apertar ainda mais quando Isaac falou a próxima frase.

— Eu não sei, mas há um cadáver — ele disse, e os olhos dela se arregalaram.

— Quem? — Deaton perguntou, a voz mais séria.

— Erica — Isaac disse, e Olivia congelou.

As palavras dele pareciam ecoar pela sala, deixando um peso impossível de ignorar.

— É, uh, Beacon Hills First National Bank. É um banco abandonado, e eles estão mantendo-os trancados dentro do cofre — Isaac disse, sua voz parecendo distante, como se ele não se lembrasse do que acabara de falar.

— Que foi? — Isaac perguntou, olhando para trás, confuso.

— Você não se lembra do que disse logo antes de voltar, não é? — Stiles perguntou, a voz carregada de curiosidade e tensão.

— Não — Isaac respondeu, e Olivia abaixou o olhar, sentindo o peso da situação mais do que nunca.

— Tá, você disse quando te capturaram que te arrastaram para um quarto e que tinha um corpo lá — Stiles disse.

— Que corpo? — Isaac perguntou, o silêncio tomando a sala antes que Olivia finalmente encontrasse sua voz.

— Você disse que era o de Erica — ela disse, a tristeza evidente em sua voz.

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