À Espera do Voo • 6ª Batalha Torneios Literário de Aranduka
Conto em forma de poesia criado para a 6ª Batalha do Torneio Literário de Aranduka
À Espera Do Voo
Então foi criada
Do pó, da luz e da própria água
Com todo cuidado e admiração
Feita pelas mãos sagradas do Pai da Criação
A sua própria imagem e semelhança
Com exceção da perfeição
Possuída apenas pelo Criador e sua nação
Flutuando sobre as águas da concha onde fora feita
O Soberano lhe assoprou as narinas e fez ar correr por seus ventrículos
A vida lhe era muito satisfatória e cheia de regalias
Tinha tudo nas mãos e nada mais precisava
Caminhava ao lado do Criador e nunca se cansava
Dormia e acordava alegre a cada dia
Uma nova coisa descobria
Naquele lugar misterioso onde vivia
Circulada por um céu azul e sempre estrelado
Andava sempre em meio às águas da concha iluminada
Num mundo sem trevas, o Senhor a alimentava e com mais nada se preocupava
Até que um dia Ele sobrevoou até às águas
Onde sua menina fora criada
E ela admirou suas asas
Fascinada
E disse ao Criador:
- Estou encantada.
Ele sorriu e disse:
- Também lhe darei asas. Um dia, quando estiver preparada.
- Me sinto lisonjeada.
E passaram-se dias e noites
E o Senhor não voltava
E sua menina não dormia ou descansava mais por nada
E enquanto Ele não voltava
Esta estava mais agitada
Até que novamente o Criador
Desceu ao mundo daquela menina
Encontrou-a sobre as águas deitada
Com a cabeça pensando em que cor e o quão brilhante seriam suas asas
Notou o brilho do Criador e levantou-se desesperada
Com os olhos cansados de falta de noites bem dormidas ela o encarava
E disse exasperada:
- Você voltou! Já estava angustiada.
Então o Criador perguntou a sua amada menina
- Por que estava preocupada?
- Estava me corroendo por dentro. Esperando por minhas asas.
- Eu não disse que lhe daria algum dia? Por que está tão desesperada?
- Não consigo mais dormir de tanto esperar. Como não ficarei preocupada se não penso em mais nada?
Então o Criador olhou ao redor de tudo que havia feito e só viu a concha, as estrelas no céu sempre azuel e água
- Anda muito desocupada. Vou criar para ti um entretenimento e distração.
Então o Senhor criou nas águas peixes que pulam e plantas aquáticas
- E os dou à você para que brinque com eles e sua mente fique ocupada.
A menina ficou encantada e nas águas se jogava enquanto seu Senhor à observava
Dormiu tarde e mesmo assim não estava cansada
Perdida na diversão que encontrava na água
Entretanto, logo, depois de dias
Já estava cansada
E não mais dormia nem nos peixes que pulam via graça
E começou novamente a ficar desesperada
Porque já estava entediada
E sua mente voltou a batutar
Que tudo que mais queria era ter asas
E voltou a sua concha, o Senhor
Pousou os pés sobre as águas e segurou suas mãos
Fazendo caminhar ao seu lado
E sentiu que estava inquieta e a alma agitada
- Estás novamente ansiosa? Já não disse para ficar despreocupada? Olhe os peixes que criei para deixá-la admirada.
- Não consigo mais ver nelas nenhuma graça. Estou entediada porque não consigo mais pensar em nada que não seja minhas asas.
- Se preocupa a toa, menina minha. Tudo tem o seu tempo e tens que aprender a deixar sua alma calma.
- Minha alma não mais se acalma com nada.
- Pois bem. Lhe darei uma coisa para se entreter e ficar ocupada.
Então o Senhor jogou sobre o chão terra seca
Fora da concha estava espalhada
E colocou nas mãos de sua menina um saco
Com sementes de flores e plantas para cultivá-las
E a menina, que Aluciss era chamada
Ficou novamente encantada
Ansiosa por saber do que o presente se tratava
- Plante essas sementes no chão, cada uma de acordo com sua espécie. Mas antes disso, deixe a terra arada e para cuidar das plantas, molhe com água.
E ele foi embora, deixando sua menina amada
Com seu novo trabalho,
Inteiramente cativada
Aluciss plantou plantas,
vegetais e furtas
Verdes
Brancas
Rosas e
Amareladas
E parecia que nada mais a entediava
Até os peixes que pulam voltaram a ter graça
Pulavam cada vez mais
Como se terra enfeitada
de flores e plantas
Fossem admiradas até mesmo pelos seres das águas
E passaram-se dias e noites
E a menina do Senhor ouviu na sua mente que ainda não tinha suas asas
Com isso se viu novamente cansada
Por seu maior sonho não mais enxergava
A beleza das coisas que até então cultivava
E quando o Senhor voltou,
novamente a viu entendida e
nem se preocupou em perguntar porque estava estirada sob às águas da concha
Com a começa voando em pensamentos
a respeito de suas asas
- Já é a segunda vez que a vejo entediada. Lhe dei a terra para cuidar, plantas para cuidar e peixes que pulam para observar. Mesmo assim, ainda está com a cabeça no futuro e não quer esperar.
Se arrastando até a borda transbordante da concha
Aluciss implorou aos pés do Soberano
Queria de todas as formas ter logo as suas asas
Com envergadura grande e prateada
Cravejada de pérolas e penas delicadas
- Terá de esperar. Já não lhe disse que tudo tem um tempo e de nada afianta reclamar? Quanto mais me implorar e sua cabeça não ocupar, mais o tempo vai passar e suas asas se demorarão a chegar.
- Mas não sou mais capaz de aguentar e esperar. Mais rápido o tempo poderia passar. Então assim, eu não me importaria em aguardar.
- Ainda não está pronta para voar e suas asas agora não irei dar. Espere mais um tempo, e no momento certo vou lhe dar. Enquanto espera, sua mente precisa se ocupar com algo novo, então irei lhe permitir novamente se divertir. Montanhas criarei e nuvens farei flutuar sobre os céus, para que asonatanhas possa escalar e as nuvens admirar.
Aluciss encantada estava
Com toda a beleza das serras que escalava
E das nuvens que todos os dias observava
E via a chuva que dela caía
Sua terra de plantações molhar
Fazendo crescer sozinhas as flores
e as plantas e encher as águas da concha
Fazendo-a transbordar
Mas ao olhar certo dia para os grandes algodões de água sobe o céu se movendo
Percebeu que as nuvens eram levadas pelo vento
Notou que assim como seu Senhor,
as nuvens também podiam voar
E lembrou de suas asas que não tinha para os alcançar
E nem as montanhas, nem as nuvens no céu
Ou os peixes que pulam
Ou as plantações na terra
Ou sua própria existência
Não mais lhe eram capazes de cativar
E novamente, voltou a flutuar
Sob às águas profundas
Sem o mundo ao redor reparar
Porque não mais lhe interessava
E voltou ao seu lar
O Senhor que a criara
Já sabendo que ela já estava cansada
De tudo que lhe havia dado para cuidar
E chamou sua menina
Observando por sobre a borda da concha
Aluciss deixando as águas lhe carregar
Enquanto o tempo passava
As plantas morriam
As montanhas cantavam em silêncio
O vento assoprava as nuvens sem sua atenção chamar
Quando a cabeça bateu na borda e a dor a fez levantar para reclamar
Viu o rosto severo do Senhor
Sua face enfadonha encarar
Um suspiro de ansiedade por seu corpo sentiu passear
Mas nada mais lhe importava
Pois de suas asas
Não mais gostava
E não lhe interessava, pois
Naquele dia
Já não sentia
Que era aquilo que realmente queria
E disse ao Senhor:
- Não sinto mais vontade de ter asas. Quero permanecer flutuando sob às águas. Percebi que sou muito boa nisso e me é muito confortável.
E Ele, decepcionado, respondeu sua menina:
- Eu disse, de qualquer forma, que deverias esperar enquanto com todas as coisas do mundo poderia se ocupar, pois em algum momento, suas asas iriam chegar.
- Mas eu não aguentei esperar. E agora não mais me interessa poder voar, porque tempo demais, preciso esperar até conseguir aquilo que eu mais desejar. Queria poder, ao futuro, viajar.
- Está cansada e entediada. Sua ansiedade a fez desistir e sua vida não quer mais continuar por ser tão apressada. Os brotos de suas asas já nascem em suas costas, mas isso não foi capaz de enxergar porque estava muito preocupada em, do tempo, reclamar. Viajar ao futuro, pois, não melhoraria nada.
Aquilo a deixou decepcionada
Mas assim que o Senhor saiu
Encontrou no interior de sua concha uma bela fruta
E essa não conhecia
Porque nunca havia plantado
Mas parecia saborosa e suculenta
Fez a boca se encher de saliva
Ansiando nervosa por uma mordida
Pensou que talvez fosse um presente do Senhor
E a fruta abocanhou
Mais tarde um sono pesado a tomou
E um sonho de um futuro belo em seu subconsciente se revelou
Suas asas eram grandes e belas
O Senhor as fez e em seu corpo colocou
Fez crescer os brotos
Que no seu corpo surgiram e
Fez suas asas voar
O vôo, Ele incentivou
Mas com cuidado
De um lugar baixo
Mas o coração de sua menina
Batia mais rápido que luz
Mais frenético que uma revoada
E mais alto que os trovões das nuvens
E seu desespero em querer fazer tudo logo
A fez subir o monte mais alto
As asas esticou
E do topo do monte pulou
E de encontro ao chão se surpreendeu
ao perceber que não sabia voar e nem mesmo como parar
Olhou aflita as montanhas
As nuvens no céu
As plantas e flores na terra
E os peixes que pulam nas águas
Antes que chegasse ao chão
E sua face beijasse a terra
Seus olhos se abriram
E voltou a consciência
Ao seu lado estava o Criador
Encarando seu rosto enquanto ela pensava
Que para alçar vôo
Ainda não estava preparada
- Te mostrei em sonho, que ainda não estava pronta. Sonha tanto em fazer tudo ao mesmo tempo e não entende o que eu falo quando digo que o melhor é esperar, não adianta desesperar. Enquanto assim agir, certo, nada dará.
Aluciss sorriu,
Encarando a face gloriosa do Criador
Não somente entendendo tudo agora
Mas também porque outras coisas notou
A sabedoria, a sua consciência, finalmente chegou
E disse ao Senhor:
- Tens razão, pois é sábio. Mas não somente isso fui capaz de perceber. Mas enquanto caía eu pude me lembrar de tudo que diz durante todo esse tempo, e perceber que muito eu fiz e não notei. São belas as flores e as plantas na terra que me deste para cuidar, são grandiosas e espetaculares as montanhas que me deu para escalar, são fascinantes e curiosas as nuvens que no céu fez voar e também são lindos e alegres os peixes que pulam nas águas onde posso nadar.
- Percebestes que o mundo ainda está aqui. Há mais coisas para se preocupar além do que ainda está por vir, e só é preciso esperar enquanto outras coisas deve fazer.
- Aprendi, ó Senhor, que o tempo de um jeito ou de outro vai passar. Seja rápido ou seja demorado, ainda passará. E de nada adiantaria eu querer para o futuro pular, pois se chegasse lá agora, sem nada ter aprendido, eu não conseguiria também voar.
"Poderia tentar alçar vôo longo e alto,
Mas com o chão certamente iria me encontrar, pois,
Para aprender o necessário para um vôo com êxito
Eu preciso esperar, estudar e treinar
Até que esteja preparada para essa jornada enfrentar e finalmente um dia eu chegarei lá.
E se isso eu decidir não fazer,
o tempo ainda verei passar.
E quanto mais eu perder meu tempo reclamando
Ignorando o mundo ao meu redor
Só vai demorar para esse dia chegar
Por isso vou apreciar
Tudo que estiver ao meu redor
Enquanto ainda estiver tudo aí
E não perder meu tempo me desesperando
Com aquilo que de um jeito ou de outro
Vou me demorar para conseguir."
O Criador a segurou pela mão,
E caminharam juntos por sobre às águas
Dizendo Ele à ela:
- Que bom que finalmente entendeu. Precisei repetir três vezes.
Ela riu em concordância
______🦋
2000 palavras.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top