SOBRE RODAS - Crônicas de um Jornalista Uber


Olá amigos! O Papo Café desta semana traz uma super novidade! Prontos para uma corrida, de Uber? Embarque nessa viagem sobre rodas!

Dois anos depois de estrear na ficção aqui no Wattpad com o thriller urbano "Primeira Página – Conflito na Baiana", JoseMauricioCosta anuncia o seu próximo livro, com lançamento previsto para abril de 2019: "Sobre Rodas – Crônicas de um Jornalista Uber".

Em seu novo livro, o autor, que também é jornalista, retrata sua experiência de um ano como motorista de aplicativo em saborosas crônicas sobre as situações que viveu e sobre personagens que conheceu ao volante.

"Em 2018 virei motorista de aplicativo achando que dividira minha rotina entre a escrita e o volante. Em pouco tempo percebi que não havia uma separação clara entre as duas atividades. Quanto mais eu dirigia mais histórias tinha para contar. SOBRE RODAS é uma saborosa viagem pelos contrastes do comportamento humano", explica o escritor.

Quem quiser mais detalhes sobre o livro Sobre Rodas pode visitar a página de financiamento coletivo, criada pelo autor para receber encomendas antecipadas da obra: https://www.kickante.com.br/campanhas/sobre-rodas-cronicas-um-jornalista-uber

Abaixo uma das crônicas que fará parte do livro, enviada pelo autor com exclusividade para o Papo Café:

Os filhos do Uber...

— É Úber pra Mônica, véi? É minha mãe. Sou eu que vou. Aí, na moral, dá só um minutinho pra eu me despedir dos meus amigos, valeu? É um minutinho mermo. Eu juro, véi.

Não tinha mais do que 12 anos o moleque, quando me deu as costas, sem esperar resposta, e atravessou a rua de volta para o restaurante. Fiquei ali pensando na geração de mães corajosas que o Uber criou. Eu preocupado com meu filho de 15 anos voltando sozinho, a pé e de dia da escola... E enquanto isso, um monte de crianças circulando sozinhas na noite carioca, fazendo roleta russa com motoristas desconhecidos por aí.

Claro que o João, esse era o nome do fedelho, demorou mais do que o prometido. Cinco minutos depois ele atravessa a rua de volta com um pote de açaí na mão.

— Nem pensar em entrar no meu carro comendo esse negócio! — sentenciei abrindo apenas metade da minha janela, sem destravar as portas do carro.

— Pô, véi. Faz isso não. Vai me deixar na mão aqui a essa hora da noite? Eu divido contigo, ó — O projeto de playboy tentou enfiar uma colherada de açaí na minha boca, no clássico estilo aviãozinho.

— Para com isso, moleque! Tá maluco? Se esse troço pinga no meu carro, mancha e eu morro num prejuízo absurdo. Vou cancelar a corrida e você tenta outro motorista pra te levar.

— Faz isso não, véi. Vou ter que acordar de novo minha mãe pra pedir outro motorista. Vai dar mó inquérito. Te dou uma garantia. Pode ser?

— Sinto muito, cara. Inquérito vai dar é se você derrubar essa merda dentro do meu carro.

— Olha só... Tem gravador de áudio aí no celular? Dá play aí... Eu, João Albuquerque, filho de Mônica e Eduardo Albuquerque, me comprometo a indenizar em mil reais o motorista gente boa, qual o teu nome mermo, véi? Beleza... O motorista gente boa Seu José, no caso improvável, extremamente improvável, de uma gotinha do meu açaí pingar no carro dele. Gravou? E agora? Tá suave, véi?

Juro que acionei o gravador do celular só por curiosidade. Queria ver até onde ia a performance do moleque. Não sei se foi pelo sorriso roxo, pela capacidade de improviso dele ou pelo meu cansaço de fim de dia. Mas acabei cedendo. No banco de trás, ele fez o casaco de toalha para redobrar o cuidado.

Conversamos sobre viagens, games, escola e até política. João era um menino maneiro, mas meio sem noção. Falou mais do que devia sobre o trabalho do pai, sobre as manias da mãe e sobre os hábitos da família. De vez em quando lá vinha ele de novo com a porra da colher fazendo aviãozinho com o açaí. Eu brigava. Ele ria. Chegamos na portaria do prédio dele às 23h. Rua deserta. Fiquei preocupado. Esperei que entrasse no prédio. Lá de dentro ele berrou:

— Valeu, véi! Viu? Não deixei cair nem uma gotinha! Bom trabalho aí, véi!

Fiquei uns dois minutos parado ali, rindo sozinho. Desejei que o destino só colocasse bons motoristas no caminho de João. Considerei alertar Dona Mônica sobre os riscos da noite carioca. Mas lembrei que ela já estava dormindo.

Achei melhor não perturbá-la com meus medos.

Por JoseMauricioCosta

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