Heróis e Vilões
Rubens estava se sentindo perdido e vulnerável diante do sargento Spencer e aqueles homens fortemente armados ao seu redor.
Algemado na cadeira, ele tentava compreender o que estava acontecendo e qual motivo o militar o havia sequestrado e fazendo perguntas sem sentido, das quais ele não sabia responder ao certo.
O sargento pegou uma cadeira e sentando-se na sua frente, encarou seus olhos verdes e dando um sorriso cruel, disse:
- Onde você estava quando deixou nossa arma sozinha em um lugar asqueroso como seu apartamento?
- O nome dela é Judy Cooper e você sabe muito bem disso, Spencer! - Vociferou Rubens
- Essa não foi a minha pergunta! - Falou o oficial desferindo um soco forte no rosto do ex-soldado de elite.
Com a boca sangrando um pouquinho no canto, Rubens deu um pequeno sorriso e ainda comentou:
- Finalmente né, sargento?
- Do que está falando?
- Está deixando sua máscara de bom homem cair! Torturando colegas de trabalho em nome de suas próprias ambições!
- Não seja ridículo! Em primeiro lugar, você foi contratado pela OM contra a minha vontade. Não precisamos de mais um espião nas forças armadas. Eu mesmo poderia resolver esse caso dos mafiosos sobre os mutantes!
- Então por que, não se ofereceu?!
- Eu tentei, idiota! Mas o comandante Christian achou melhor alguém da SEA resolver isso. Esse foi o grande erro deles!
- Erro?! - Protestou o ruivo
- Exatamente! Olhe pra você, Jensen! Não passa de um soldado de meia idade, aposentado, que vive bebendo em cada bar dessa cidade!
- Você não me conhece!
- Agora chega de papo furado e me conta onde você estava, quando deixou a projeto J sozinha?
Rubens encarou o militar e mesmo indignado com aquela situação, ele revelou sobre o resgate do Nefilin, onde o seu superior perguntou:
- A sua missão era só investigar e nos contar tudo o que descobriu para a base. Não deveria ter bancado o herói e tentar resolver aquilo sozinho. Agora por sua culpa, tem mutantes criminosos soltos na cidade!
- Eu sou um ex-soldado de elite, sargento! Eu sou mais do que suficiente para deter esses policiais corruptos que existem em Los Angeles!
- Você tem provas disso?
- Conheço Collins de outros carnavais! E sei que ele é membro do Comitê!
- E onde fica esse tal Mundo Isolado dos mutantes?
- Ainda não posso revelar. Não é o momento certo!
- O que disse?!
- Isso mesmo o que você ouviu, Spencer! Os mutantes precisam ser protegidos desses mafiosos e quase ninguém sabe desse lugar!
O homem forte se aproximou dele e pegando em seu pescoço, enforcando o oficial, disse:
- É uma ordem, senhor Rubens Jensen!!
- Pode me torturar se quiser... Mas pra você não conto... Sargento Spencer...
- Está cometendo um grande erro!
O militar jogou ele no chão com violência e chutava suas costelas e pisava em suas costas, com seu coturno pesado de ferro.
Rubens apenas gemia de dor, enquanto era observado por outros homens mascarados e usando fardas do exército. No entanto, ele resistia bravamente aos ataques.
Entretanto um dos homens alertou o militar sobre seu exagero nos golpes e ao perceber que estava indo além, Spencer se recompõe e fala:
- A sua sorte Jensen, é que foi contratado pela OM! Eu não posso me meter com aqueles caras. E se você resolver contar ao comandante Christian sobre esse interrogatório, será minha palavra contra a sua! E lembre-se que o presidente confia em mim até hoje!
- Você ... Não passa de um ... Covarde!
- Pense o que quiser ao meu respeito, eu não me importo! Mas não se meta em meu caminho, seu soldadinho aposentado!
Entretanto um alarme é acionado onde eles estavam, alertando sobre a localização de Judy Cooper.
Imediatamente um dos soldados avista o monitor e o lugar de onde ela estava. Ao perguntar o que estava acontecendo, o militar respondeu:
- Senhor Spencer, encontramos a projeto J!
- Onde ela está?!
- Em um galpão abandonado próximo daqui!
- Ótimo! Vamos até lá pessoal e você vem conosco Jensen!
- Claro... Não perderia isso por nada... Pode me soltar agora?
- Ainda não. Mas caso tivermos alguma surpresa desagradável por lá, você será nosso escudo!
- Que honra! Nem sei como... Agradecer! - Ironizou Rubens.
Spencer e aqueles homens mascarados pegaram seus veículos e foram até o local marcado. No meio do caminho, Rubens achou suspeito que os outros soldados do exército, continuavam encapuzados, somente o sargento mostrava sua verdadeira identidade.
Nesse instante, Craby acordava lentamente após ser golpeado violentamente na cabeça. Ainda meio tonto pelo ataque inesperado, ele observa a menina acorrentada na cadeira e ainda inconsciente, provavelmente o produto que aplicaram nela era bem pesado.
O homem olhou ao redor e viu que não tinha mais ninguém além deles dois naquele prédio abandonado.
Ao dar dois passos para ir embora, ele olhou para trás e ao ver aquela adolescente presa e vulnerável, ele disse:
- Não posso fazer isso. Não denovo.
Ele guardou sua pistola automática e tentava de alguma forma quebrar aquelas correntes de aço, porém com seus esforços e o barulho, Judy acaba despertando aos poucos, meio sonolenta e aérea.
Craby fica surpreso e perguntou:
- Olá menina! Você está bem?
- O que... Está acontecendo?... Onde estou?
- Estou tentando te libertar daqui... Você foi sequestrada...
- O que?... Espere... Quem é você?
- Craby... Apenas um amigo...
- Acho que já te vi em algum lugar... - Disse a loirinha ainda grogue
Inesperadamente veículos blindados surgem no interior do prédio, onde vários homens mascarados e com fuzis saem dos carros, apontando suas armas para o agente do mafioso Collins.
- SE AFASTE DA GAROTA! - Gritou o sargento Spencer
- Esperem... Eu não fiz nada!
- CALA A BOCA!
Rubens mesmo algemado, acaba conseguindo sair do veículo e ao olhar para Craby, comentou ao seu superior:
- Ele é o agente Craby. Considerado braço direito do bandido do Collins!
- Então é ele mesmo?
- Sim, sargento. Provavelmente a raptou. Pode prende-lo!
- Prender? Esse cara tem que morrer por tentar se meter com nossa arma militar!
- Vai matar ele? Mas ele é um suspeito, Spencer! Além de ser uma testemunha chave para aniquilar essa organização criminosa!
- Não se meta em meu trabalho, Jensen! - Afirmou o sargento aborrecido
Desesperado com aquilo, Craby saca sua arma e apontando para a cabeça de Judy, gritou:
- Se me atacarem, eu mato a garota!
- Covarde! - Disse Rubens nervoso
Judy ao notar de verdade o que estava acontecendo, ela desperta assustada e disse:
- EI! O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?!
- Eu não vou te matar, Judy. Mas não posso me entregar para esses caras.
- ENTÃO ERA VOCÊ QUE ME SEQUESTROU?! EU DEVERIA SABER!
- Desta vez não tive esse mérito. Você pode não acreditar, mas estou do seu lado.
- Como... Você sabe meu nome?
- Eu te conheço, mais do que você imagina. - Disse ele com a voz baixa e encarando seus olhos azuis.
Sem nenhuma compaixão, os homens armados começaram a disparar contra Craby que acaba tentando se esconder atrás de uma coluna de pedra.
Mesmo com gritos de Rubens pedindo que eles parassem de atirar, eles não cessavam.
O homem mutante sente uma ansiedade extrema e nervosismo, entao ele começa a se transformar em uma criatura enorme, de músculos e mãos grandes, deixando todos perplexos com aquela figura.
Furioso, ele pega um cilindro enorme de gás, pesando quase uma tonelada e arremessa contra o sargento e os outros, fazendo dois automóveis explodirem completamente pelo impacto.
Milagrosamente todos conseguem escapar, mas o oficial ordena que continuasse disparando na criatura.
- ATIREM PARA MATAR! - Vociferou o militar
Assim que reiniciaram os ataques, Craby transtornado da um salto enorme e escapa pela janela do décimo andar, desaparecendo das vistas de todos.
Porém, Judy observava aquilo tudo em choque e lembrou-se do seu passado, quando a doutora Brooke morreu na sua frente, ao tentar protegê-la de um ataque de um monstro mutante. E ela confirmou que aquele ser era o mesmo que tentou acabar com sua vida alguns anos atrás. Não restavam dúvidas que Craby era o assassino de sua melhor amiga.
Após sua fuga, os homens libertaram Judy de suas correntes, além da algema especial que inibia seus poderes.
Spencer ao verificar que ela estava bem, afirmou:
- Agora que já sabemos que Craby estava por trás de seu sequestro, ficará mais fácil a investigação. Além de ficar mais do que claro sobre a incompetência do Rubens Jensen.
- O que?! Eu estava libertando um inocente das garras do Collins.
- Sim, um mutante suspeito que agora está desaparecido. A situação está feia pro seu lado, Jensen.
- Engraçado como em tão pouco tempo, você descobriu onde estava a Judy e ainda por cima com o "criminoso" exatamente na hora certa do flagrante!
- O que está querendo dizer com isso?! - Perguntou Spencer em tom de ameaça
- Nada ainda... Sargento!
O militar ignorou a fala de Rubens e entrando em seu veículo com seus homens armados e mascarados, avisou para ele:
- Pode retornar para seu apartamento, Jensen. Ou o que restou dele. E você Projeto J, vem conosco?
- Não, sargento. Irei amanhã com o meu parceiro, entregar parte do relatório para o comandante!
- Ok, faça como quiser. Estarei te esperando. Vamos rapazes! - Disse ele fechando a porta do carro com brutalidade.
Assim que eles saíram do local, o ex-soldado de elite fica observando eles ao longe e pensativo, declarou:
- Eu sabia!
- Sabia do que, Jensen? - Perguntou a menina
- Não foi o Craby que te sequestrou.
- Como tem certeza?
- Spencer planejou tudo isso para tentar me sabotar. Afinal, como ele sabe que meu apartamento está destruído? Por que esses supostos soldados do exército, estão escondendo seus rostos? E colocando toda a culpa naquele mutante do Craby!
- Eu discordo! - Afirmou Judy aborrecida
- O que disse?!
- O verdadeiro culpado é o Craby! Ele tentou me matar e não conseguiu, não passa de um monstro covarde!
- Do que você está falando, Judy?!
- O sargento Spencer é um babaca as vezes. Mas ele não faria uma coisa dessas comigo. Se existe um inimigo aqui é o Craby e vou até o fim para acabar com a raça dele!
Rubens ficou abismado como Judy ficou odiosa de repente. Mesmo vendo que as evidências contra o sargento eram claras, ela insistia que o culpado deveria ser Craby e para ele aquilo não se tratava mais de uma investigação federal, a questão ali era pessoal.
O homem ruivo fingiu aceitar a sua versão, porém não ia concordar com ela sobre aquele caso tão cedo.
Ao retornarem para o apartamento, os dois estavam exaustos e vendo aquela bagunça toda, ela disse:
- Esse lugar está um caos. Vamos, eu vou te ajudar com isso.
- Não se preocupe pequena. Amanhã eu arrumo melhor essas coisas, sei que você também deve estar cansada depois de tudo o que aconteceu hoje.
- Confesso que sim. Mas não podemos desanimar Jensen! Amanhã é um novo dia e temos que estar preparados para nossos inimigos mutantes.
- Achei que nosso alvo seria os mafiosos. - Disse ele abrindo uma garrafa de cerveja
- Também. Mas depois de hoje, você viu como esses monstros podem ser perigosos.
- Sei. - Disse ele com um sorriso afetuoso e entregando para ela uma latinha de Coca-Cola.
- Por que esse sorrisinho? Você quer me dizer alguma coisa?
- Eu não, e você? O que está te incomodando?
Judy se sentindo pressionada com as palavras do amigo investigador, não resistiu e contou tudo o que se passava pela sua cabeça.
Relatou a ele sobre Craby ser o verdadeiro assassino de sua melhor amiga e mentora, a doutora Brooke, que foi morta por ele aquele dia. A adolescente prometeu vingança e não descansaria até exterminar com aquele mutante.
Rubens parecia preocupado com a saúde mental de sua pequena parceira e comentou:
- Sinto que você está um pouco mudada, depois que fomos para Chicago. O que você viu realmente naquela sala de simulação na SEA?
- Eu não vou mentir. Ainda mais pra você, Jensen. Eu vi imagens estranhas pelas quais não lembro. Cenas aterrorizantes e também imagens nostálgicas, de pessoas desconhecidas me amando.
- Interessante, continue.
- Não sei contar ao certo o que eu vi, mas me parecia lembranças perdidas. Avistei até...
- O que?
- ... Uma família. Um casal e um bebê... Muito parecidos comigo... Talvez seja, ou talvez não...
- Não se sinta pressionada com tudo isso, meu amor. Talvez sejam recordações do seu passado, mas cabe a você querer realmente descobrir mais a respeito ou enterrar de vez o seu passado.
A menina loira olhou para o amigo com lágrimas em seus olhos azuis e disse:
- Depois do que aconteceu hoje, eu tomei uma decisão.
- Qual foi?
- Eu vou descobrir tudo o que aconteceu comigo no passado, nem que seja a última coisa que eu faça. Sei que o general Rillston apagou minha memória para me proteger, mas agora que eu cresci, quero recuperar essas lembranças e saber quem realmente eu sou.
Rubens também não se contém, e com um sorriso carinhoso, ele com os olhos marejados, abraçou a jovem, beijando sua testa e falou:
- Estou muito orgulhoso de você. Independente quem você foi no passado, nunca vai deixar de ser essa garota durona que me encantou.
- Obrigada, Jensen.
Do outro lado do prédio, estava Evans, sentado na beira do edifício, observando os dois conversando com carinho. O Nefilin deu um sorriso satisfeito com aquela cena e vendo que por enquanto tudo estava indo bem, ele da um salto e retorna de volta.
Coincidentemente, Judy olha para a janela e fica um pouco confusa e emocionada, não sabendo o motivo de sua alegria, mas sabendo que dias incríveis estavam por vim.
Rubens Jensen: Finalmente Judy está a salvo 😅. Eu deveria ter imaginado que o sargento Spencer estava por trás daquele falso sequestro, ele não me engana 😠. Porém fico preocupado como Judy agora só pensa em querer se vingar contra Craby e não vê a verdade diante dos seus olhos 😓. O fato é que de agora em diante, tudo pode acontecer. Ela está determinada em saber sobre seu passado e isso pode ser assustador 😬. Se ela soubesse o que já sei de sua história, talvez ficaria perplexa, talvez eu conte na hora certa. 🧐
Eu só quero que ela seja feliz e fique bem 🥹❤️
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