Noite de missão
Haviam organizado as missões desdes os primeiros dias no novo esconderijo, quando perceberam que não seria nada agradável se manterem enfurnados em um prédio em destroços, sem comida, nem produtos básicos para higiene. Já bastava o consumo das águas suspeitas do ribeirão — ninguém era ingênuo ao ponto de acreditar que a transparência da água era sinônimo de saúde.
Revezavam-se dia sim, dia não, para saírem da proteção da indústria de papel e conseguirem mantimentos que dessem para passar os próximos dois dias, quando então era realizada a próxima missão. A comida era regrada para que durasse o máximo, e os banhos eram rápidos; aconteciam na calada da noite, quando até mesmo a avenida mais movimentada da cidade se entregava ao sono profundo. O racionamento, mesmo que a contragosto, estava surtindo um excelente efeito, Léo percebia. O dinheiro escasso que haviam reunido ainda não tinha chegado ao fim, o que significava que poderiam fazer até mais duas compras antes que precisassem buscar meios menos lícitos de sobrevivência.
— Precisamos de antibióticos — lembrou Léo.
Sandro parou diante da entrada do supermercado; a fronte enrugada com a dúvida.
— Uai, achei que a Clara pudesse curar qualquer coisa.
— Não, não sabemos certinho se funciona assim — o loiro respondeu. — Temos certeza que ela pode curar machucados, mas não infecções, e a gente não pode contar com a sorte.
Pedro fitou a rua, larga e sem grande movimento naquela hora da noite. O comércio local começava a fechar as portas.
— Tem uma farmácia aqui perto — ele informou. Guardava na voz um quê de mágoa, apesar de estar totalmente disposto a ajudar. Era como se o amigo quisesse deixar claro que conversaria apenas o essencial para o sucesso da missão. Nada além. — Eu vou lá.
— Eu vou com você. — Janaína se colocou em prontidão. — Não vão te deixar comprar sem receita médica, então eu posso resolver isso.
— Tomem cuidado — Léo pediu, antes que os dois partissem rua acima.
Os quatro ainda conseguiam se passar por adolescentes comuns, principalmente em supermercados pequenos como aquele diante dos dois rapazes. Tinham colocado a melhor roupa, a mais limpa, para que não parecessem mendigos. Não seria fácil explicar como tinham dinheiro se achassem que não podiam ser os donos dele. Por sorte, para os momentos que precisavam passar despercebidos, Janaína tinha um dom esplêndido. A hipnose da loirinha era a melhor máscara, a camuflagem perfeita em frente aos que demonstravam reconhecê-los, e por isso ela estava presente em todas as missões.
Sandro pigarreou, chamando a atenção do loiro para a realidade.
— E nós vamos ficar plantados aqui?
Com uma revirada de olho, Léo sorriu e empurrou o amigo para dentro do mercado. O local não era nenhuma grande empresa, nem continha todas as opções de produtos, mas tinha o que eles precisavam. Os dois se dividiram pelas prateleiras em busca do essencial. Sandro se encarregou de buscar o básico para a higienização de quatorze indivíduos, ao passo que ele se empenhou em procurar o mais importante: alimentos. Em tempos de precariedade, a sessão de industrializados lhe apareceu como um oásis; uma alimentação que traria energia, fácil de ser guardada e que não se estragaria na umidade e no calor. Catou salgadinhos e bolachas, doces e barras de cereais, tudo que lhe pareceu apetitoso aos olhos. Com o passar dos dias e o acúmulo de missões realizadas, já começava a ficar bom naquela tarefa. Mais uma vez, estava se adaptando rápido às mudanças.
Não demorou muito para que estivessem em frente ao caixa com as compras realizadas. Uma senhora os atendeu sem delongar, enquanto se mantinha atenta às notícias que passavam numa tevê pendurada na parede. Os olhos se perdiam, ocupados em contabilizar os itens e ao mesmo tempo acompanhar o jornal local.
— Foi confirmada nesta tarde a captura de um dos garotos mutantes pela equipe de soldados do Projeto Gênesis — a reportagem começou a dizer em certo momento, com um tom quase solene. Léo e Sandro imediatamente se entreolharam. — A captura, realizada no dia de ontem, virou notícia nas redes sociais após moradores e transeuntes presentes afirmarem ver um rapaz escalando alguns edifícios na região central da cidade. O próprio Projeto Gênesis confirmou o ocorrido hoje, afirmando que se tratava de um de seus mutantes, com nome de Matheus Dultra.
Léo sentiu o estômago revirar com aquela confirmação. Imaginou o que teria acontecido a Matheus e uma curta vertigem cobriu seus sentidos.
A conhecida face do black-comandante entrou em cena na pequena televisão analógica.
— Está cada vez mais difícil de prever as ações dos jovens mutantes fugitivos. — Manuel fizera questão de trajar o uniforme negro para aparecer diante das câmeras. A voz parecia ainda mais grave com o passar das semanas, e o olhar de vitória, mais repugnante. — Se tornam cada dia mais perigosos para a sociedade, mas estamos colocando o máximo de esforços para que a nossa cidade se livre rapidamente desse mal.
— Tomara que peguem eles logo — eles escutaram a voz meiga da senhora, proferindo as palavras de ódio como se desejasse o fim de uma grande apreensão. Ela fitou pela primeira vez o dois garotos, que logo avistaram o medo em suas feições. — Não é?
Tudo que Léo queria era responder com um sonoro e claro "não", afirmar que ela deveria entender o que realmente acontecia antes de julgar os mutantes e dizer que todo aquele papo de perigo e maldade era exatamente para colocar a população a favor de uma pesquisa atroz. Contudo, conteve-se antes que a primeira sílaba emergisse da boca, impedindo que a sua indignação levantasse suspeitas. Concordou com um aceno, a mandíbula travada e a respiração cortada, pagou a compra e então juntou o máximo de sacolas nas mãos. Sandro rapidamente o ajudou no serviço, e, então, saíram, antes que a reportagem expusesse fotos de algum dos dois.
— Que bom que se controlou — Sandro elogiou, quando estavam longe do mercadinho. — Bom menino…
Léo riu, porém a raiva ainda atiçava seu humor.
— Não tá sendo fácil.
Sentaram em um banco, um dos poucos na praça minúscula que mais lembrava uma rotatória. O moreno logo largou as sacolas no chão e se colocou a brincar com as mãos.
— Parecem desgastadas — Léo reparou as luvas, que começavam a soltar fiapos nas palmas e pontas dos dedos.
— Sim, tão precisando se aposentar. — Ele estendeu os braços para que pudesse enxergar melhor. — Mas sabe de uma coisa? Tô sentindo que cada vez mais elas tão ficando sem utilidade — falou, animado. — Tipo, é como se eu tivesse começando a controlar, sabe? Decidir a hora que eu quero que elas fiquem tóxicas ou não.
Aquilo sim era uma boa notícia, Léo refletiu.
— Isso é maravilhoso!
— Pois é… — Um risinho de satisfação e orgulho próprio iluminou a tez do menino anfíbio. — Isso me faz pensar… O quanto ainda não sabemos sobre os nossos poderes? O quanto ainda está por vir? Porque, não sei se vê dessa forma, mas me parece que estamos em um processo de evolução.
O brilho genuíno nos olhos do rapaz enquanto falava fez com que Léo também embarcasse naqueles devaneios. Todos eles estavam evoluindo aos poucos, aprimorando os seus dons como se as células estivessem respondendo aos novos estímulos gradualmente, e ele duvidava que Doutor Paulo e os outros cientistas pudessem prever até quando isso aconteceria. Talvez por isso, ele ponderou, fosse tão necessário para os pesquisadores manterem as cobaias presas o mais rápido possível, onde sabiam que poderiam intervir caso as adaptações ficassem incontroláveis ou fizessem dos adolescentes seres indestrutíveis.
Léo se pegou imaginando como ficariam com o passar dos anos. O que se tornariam? Um dia chegariam a ser vistos como heróis ou todo mundo acabaria por tachá-los como um perigo iminente, assim como a senhora do mercado? O futuro continuava sendo uma grande cortina de fumaça negra.
— Eles tão demorando… — Sandro o puxou de volta para a realidade.
Piscou algumas vezes, tentando encontrar sentido na frase, e, ao compreendê-la, arregalou os olhos. Era tanta coisa para pensar, que sequer verificara quantos minutos haviam se esvaído desde que Pedro e Janaína saíram dali. Na verdade, seus meios de contar o tempo estavam momentaneamente suspensos; a falta de eletricidade no esconderijo fazia com que seu celular e até mesmo o companheiro Rex, ficassem jogados em um canto, sem muita utilidade. Todavia, não precisava de muito para ter certeza de que os minutos gastos fazendo a compra tinham sido mais que suficientes para que os dois amigos retornassem com o medicamento.
Levantou-se em um salto, colhendo as sacolas do chão e soltando um grunhido de total descontentamento. Aquilo definitivamente não poderia significar coisa boa. Sandro, por sua vez, acompanhou-o de imediato, pegando também a sua parte dos produtos.
— Se prepare pra lutar — Léo alertou.
Antes que dessem o primeiro passo, entretanto, uma luz diferente se sobressaltou diante da iluminação fraca da cidade; um pisca-pisca azul e vermelho nada benquisto pelos dois rapazes dobrou a esquina mais próxima. A sirene tocou uma vez, curta, mas era o bastante para deixar claro que tinham avistados os dois e que iriam fazer perguntas.
— Que merda — resmungou Sandro, enquanto a viatura parava ao seu lado.
A expressão desconfiada e de poucos amigos do policial do volante fez o corpo de Léo gelar e as mãos se encherem de suor, de tal forma, que teve que forçar os dedos para manter neles as sacolas escorregadias. As lembranças do dia do incêndio na casa da Amélia voltaram como um tsunami, enchendo-o de um sentimento de desamparo. Tinha confiado em polícias uma vez e não estava inclinado a ser tão ingênuo novamente.
O homem estudou os dois de cima a baixo, e, de onde estava, o loiro viu o segundo policial também fazer o mesmo. Depois de algum tempo, o militar pareceu satisfeito com o que via.
— O que fazem aqui a essa hora? — perguntou, incisivo.
Sandro levantou as mãos.
— Fazendo algumas compras — respondeu da forma mais casual que Léo já o escutara falar. — No mercadinho alí da frente.
Léo olhou para o supermercado; as portas já fechadas.
O policial refletiu, antes de prosseguir:
— E por que ainda estão aqui?
— Estamos esperando uma carona, senhor. — Sandro era ágil.
— Como se chamam?
— Daniel — soltou Sandro, como se fosse a coisa mais fácil que tivesse respondido naquela noite.
O policial, então, fitou Léo.
— Felipe — ele respondeu.
Pelo que pareceu uma eternidade, o homem analisou as respostas dadas, como se buscasse na memória algo que os dois garotos jamais saberiam. Era óbvio para Léo que aqueles dois policiais sabiam da existência dos adaptados, e não duvidava de que estivessem ajudando o Projeto nas buscas.
Estavam contando com a sorte.
— Bom, meninos — E ela pareceu atender. O motor da viatura foi novamente ligado; o doce anúncio da partida. —, as ruas não são seguras a essa hora, não deviam ficar parados nesses lugares, podem acabar sendo assaltados. Apressem a carona de vocês.
— Sim, senhor — responderam os dois em unissom.
E da mesma forma que tinha emergido das profundezas, a viatura desapareceu entre as ruas, levando para longe toda a tensão que as suas luzes coloridas eram capazes de expelir no ar. Contudo, Léo só conseguiu respirar aliviado quando avistou Janaína e Pedro vindo, ao longe. Andavam calmamente, como se não houvessem tido nenhum imprevisto. A imagem dos dois amigos sendo encurralados e mortos sem que ele pudesse se despedir se apagou da cabeça; fez questão de jogá-la o mais longe que conseguiu, para que não atraísse mais desgraça. Pensou bem nas palavras antes de abrir a boca:
— Cêis demoraram… — disse, de uma forma que não parecesse uma bronca. — Tem policiais nas redondezas, temos que sumir agora.
— Tivemos que ir mais longe do que o esperado, a farmácia mais perto não tava aberta — foi Janaína que se desculpou. Léo, mais uma vez, observou a quietude de Pedro; um Pedro que ele não conhecia, nem sabia se queria conhecer.
O loiro se voltou para Sandro, sem tempo para lamúrias.
— Acha que ficaram desconfiados de alguma coisa?
O amigo negou com a cabeça.
— Não pareceu ter segundas intenções nas perguntas.
Era o que ele esperava.
— Tomara. — Encarou a rua uma última vez, vazia e silenciosa. Tinha certeza de que não estava errado em manter sempre um pé atrás, porém não podia se perder naquele sentimento paranóico de insegurança. — Vamos, então.
…
A indústria de papel pareceu estar com a mesma pacatez ao retornarem para lá. O pátio central se encontrava inabitado e o breu da noite tomava tudo do lado de fora, entretanto não demorou para que os quatro missionários enxergassem o tremular das fogueiras em diferentes cômodos. E ao colocarem os pés no esconderijo, Pedro procurou se afastar sem dizer nenhuma palavra. A birra do rapaz trouxe para Léo a recordação da tentativa suicida de reconciliação naquela tarde, que só tinha servido para abrir as feridas que começavam a cicatrizar. Agora a relação dos dois sangrava como no dia da morte de Camila.
Definitivamente, o dia não tinha sido dos melhores.
Janaína manteve a cordialidade e se despediu antes de se emaranhar na escuridão, indo de encontro ao cômodo onde deixara seus pertences. Já Sandro seguiu o amigo para o maior dos cômodos daquele lugar. Uma luz forte saia das frestas, rachaduras e dos espaços onde antes ficavam janelas, avisando que, lá dentro, uma fogueira vívida cumpria com maestria o seu trabalho.
— Tudo que eu mais quero agora é poder sentar um tiquinho e respirar sossegado… — confidenciou Léo, enquanto venciam a meia-dúzia de degraus.
— É, meu caro, então somos dois.
O som de conversa e de risadas ganhou o ambiente, aquecendo seu espírito. Uma roda de conversa tinha se formado ali, levando suas memórias para o dia em que entrara pela primeira vez no galpão abandonado: as chamas no centro, o crepitar da madeira, o cheiro de fumaça, os corpos parcialmente iluminados, as sombras se prolongando nas paredes… A nostalgia o levou a procurar a mesma visão que tivera naquele dia; uma Amélia com um sorriso tímido, as mãos suaves colocadas sobre os joelhos, e com a mesma trança pendida sobre o ombro. Quem sabe não visse até o mesmo vestido azul que ele tanto apreciara naquela ocasião?
As suas expectativas, contudo, caíram por terra no instante seguinte. Amélia gargalhava, mas seu riso se voltava inteiro para a garoto gordinho sentado ao seu lado, enquanto ele terminava de contar alguma história engraçadinha, ou alguma piada certamente de cunho ácido. Estavam tão próximos… Podiam até se passar por namorados. Dois pombinhos apaixonados.
Uma sensação de repulsa abraçou Léo sem que tivesse chances de impedir. A cena a sua frente era enojante aos olhos.
— Léo? — Sandro indagou, ao perceber a súbita mudança de humor.
Amélia, só então, percebeu a sua presença.
— Léo! — ela exclamou, levantando-se e indo em sua direção. — Graças a Deus vocês… — Ele não esperou que ela o alcançasse para se pôr para fora daquele lugar. — Léo?
Ouviu resmungos de Sandro, ao passo que toda a roda de adolescentes entrava em um silêncio cortante. Porém nada daquilo importava, pouco se danava com o que pensaria qualquer um deles. Era até melhor assim, ele refletiu, com as cartas todas jogadas na mesa. Esperava que Alex tivesse inteligência para entender o recado.
— Léo! — Amélia estava logo atrás, vindo em seu encalço. — O que foi aquilo? — o tom de voz já não era tão receptivo. — Dá pra você me explicar?!
Ele parou e a fitou. Não dava para enxergar muita coisa do lado de fora, porém conseguiu perceber a postura nada amigável da menina. Ela também estava com raiva, porém manteve a boca fechada, esperando por uma resposta.
— Não gosto da forma como ele fica perto de você — ele cuspiu, sem parcimônia.
— Mas… O quê?!
— Cê tá diferente depois que começou a andar com o Alex, e ele visivelmente gosta de você, Amélia.
Ela suspirou.
— Somos só amigos — rebateu.
— Não confio nele.
— E pelo jeito não confia em mim também. — Ele abriu a boca para se contrapor, mas ela prosseguiu antes que o fizesse: — Porque eu tô confiando em você, Léo.
Aquilo fez uma pulga surgir atrás de sua orelha.
— O que quer dizer com isso?
— Que eu tô com você apesar de todos os olhares que a Janaína joga pro seu lado, é isso que eu tô querendo dizer. Ou cê realmente acha que ninguém percebe?
— Espera um pouco — Aproximou-se mais, tentando enxergar o que se passava nos olhos acastanhados dela. Não podia acreditar no que estava ouvindo. —, então tudo isso é uma vingança sua?
Amélia riu. Um riso debochado, sem graça e um tanto quanto decepcionado.
— Acho que cê tá um pouco perdido nisso tudo, Léo… — falou com a voz branda, quase chorosa. — Acho que cê achou que eu era aquela menina abalada que tinha acabado de perder a família, que precisava de um porto-seguro o tempo todo. Eu não sou essa Amélia, Léo. Eu te amo, mas eu não sou essa Amélia.
Ela se afastou; à meia-luz, a postura arqueada mostrava que não estava disposta a mais debates.
— Amélia…
— Também acho que cê ainda não sabe o que realmente quer. Acredito que gosta de mim, mas tenho quase certeza que não é só de mim. E se cê se sente no direito de sentir ciúmes do Alex, então eu também quero ter certeza das suas intenções.
Sentindo que havia entrado em um caminho traiçoeiro, ele tentou segurar a sua mão, porém ela se desvencilhou.
— Eu… — Pensou duas vezes antes de concluir aquela frase. — Eu não tô entendendo onde cê quer chegar.
— É melhor a gente dar um tempo — ela bateu o martelo. — Até que você se decida, até que as suas dúvidas estejam sanadas… Até que faça uma escolha.
Plantado em meio ao pátio em ruínas, não restou outra opção a ele senão assistir aos passos pesados de Amélia, enquanto ela retornava para a fogueira. Tinha dado as costas a ele e decido voltar para os comentários irônicos do menino-gigante, colocando-o como o único errado da história. Léo não podia acreditar. Não queria nem mesmo tentar acreditar que aquilo estava acontecendo. Uma discussão com Pedro, Janaína e, agora, Amélia... O dia mais frustrante desde que haviam encontrado a novo esconderijo se encerrava com chave de ouro.
Com a cabeça prestes a explodir, já sentindo a fera aflorar no seu interior, saiu em disparada para longe. Percebeu as presas aumentarem de tamanho e a visão se enturvecer, como sempre acontecia quando os olhos felinos ganhavam forma, porém conteve a transformação. Mas não seria capaz de conter os passos furiosos, não aguentaria ficar mais um segundo naquele lugar.
— Onde cê vai, cara?! — ouviu o chamado de Sandro. — Ei!
— Pro único lugar que vai me trazer paz hoje — anunciou, sem olhar para trás.
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