XV. Estou esperando sua confissão de amor

Finalmente, sábado. A semana mais absurda de toda a minha vida finalmente terminara.

E hoje eu tinha um encontro com ninguém mais e ninguém menos que Matteo Caputo. O que conseguia ser ainda mais absurdo.

Depois da minha briga com meu pai, mamãe estava radiante. Ela me acordou bem cedo, cantarolando uma música qualquer e dançando na ponta dos pés; vestia uma camisola branca transparente e esvoaçante que a fazia parecer uma princesa de filmes da Disney.

- Que dia lindo para humilhar Sebastian Davis! - ela gritou, abrindo as janelas. Minha mãe era a pessoa mais feliz do mundo naquela manhã de sábado.

Tapei os olhos com as mãos e virei para o outro lado.

- A Brianna comprou o café da manhã. Pode acordar, você não vai ter que comer panqueca sem gosto hoje! - Brianna era a diarista que trabalhava em casa 3 vezes por semana. Eu amava todos os dias em que ela ia para a nossa casa, porque ela se oferecia para cozinhar para que nós possamos comer algo bom e finalmente tínhamos refeições que se assemelhavam a refeições.

A manhã passou como uma brisa. Minha mãe estava eufórica, e eu a ajudei a redecorar toda a sala. Ela vinha usando o tempo livre desde o divórcio com Doug para ler sobre os mais diversoss assuntos, e recentemente estava obcecada por feng shui. Já havia mudado a decoração do seu quarto duas vezes, e agora arrastava Brianna e eu para a sua aventura na sala. Eu concordava com todas as loucuras que mamãe tinha pós-divórcio, pois sabia que eu era o motivo pelo qual ela tinha largado todas suas ambições e agora depositava todas as suas cartas em casamentos que pareciam estar fadados ao fracasso.

Benjamin não me ligara e nem eu para ele. Acho que nenhum dos dois sabia muito bem como se portar depois daquela tarde e estávamos contando apenas com o acaso de nos vermos na segunda.

Leigh Anne havia tinha me enviado diversas mensagens. Pensei que a confusão de ontem teria o efeito contrário, mas agora minha irmã mais nova parecia me amar. O sentimento não era recíproco, no entanto, e minha antipatia por ela só aumentou quando ela comentou casualmente que veria Matteo no domingo. Uma irmã no sábado e a outra no domingo; ele tinha um fraco pelas Davis. Eu tentava ao máximo não pensar no que eles teriam feito na noite em que ela não dormira em casa.

Quando Brianna avisou ao porteiro para deixar Matteo subir para o apartamento, minha mãe pareceu esquecer de todos os avisos de que ele não era meu namorado e decidiu agir como o estereótipo perfeito de mãe.

- Esse é o seu namorado? - ela me cutucou com o cotovelo quando ele entrou e a cumprimentou - É tão bonitinho!

Ele riu, sem demonstrar um pingo de embaraço. Na verdade, ele até parecia estar mais a vontade que eu.

- É mesmo - eu ri, tentando, em vão, arrancar algum constrangimento dele. Já que o esforço para evitar era inútil, por que não me juntar a minha mãe? Não é como se ela estivesse mentindo. Ele estava lindo com sua jaqueta jeans desbotada e calça preta.

- Você tem uma casa linda, Sra. Davis. - era a primeira vez que eu via Matteo sendo gentil.

- Muito obrigada, Matteo - ela virou para mim, como quem diz "tá vendo?" - É o feng shui.

Antes que mamãe se pusesse a tagarelar sobre a técnica milenar chinesa por meia hora, me despedi e disse que tínhamos que ir logo se quiséssemos pegar a arena de paintball ainda quase vazia. Enlacei meu braço no dele, como se fôssemos realmente um casal, e dei um tchauzinho para minha mãe enquanto saíamos.

- Nunca mais a chame de Sra. Davis. Ela só não surtou porque está de bom humor hoje - falei baixinho.

Quando entramos no elevador, Matteo me encurralou em um canto e passou tempo demais me fitando em silêncio. Eu estava começando a me sentir acuada quando finalmente outro morador entrou. O velho do quarto andar nos lançou um olhar de reprovação e não disse uma palavra até chegarmos ao térreo. Observei, pelo canto do olho, Matteo a enrolar a barra da minha blusa entre seus dedos, com os olhos fixos no velho a nossa frente.

- Você não vai falar nada? - perguntei, quando já estávamos entrando em seu carro.

- Não é você quem está apaixonada? - ele me lançou um sorriso debochado, e eu revirei os olhos. Tinha esquecido que eu tinha dito que estava apaixonada por ele só para conseguir um encontro. Nem ele parecia acreditar naquilo. Matteo abriu a porta do carro e inclinou-se sobre mim, sua boca perto demais do meu pescoço para que a minha frequência cardíaca continuasse a mesma - Estou esperando sua confissão de amor.

Deixei uma risada seca escapar. Segurei a mão de Matteo que mantinha a porta aberta mesmo depois que sentei no banco do carro, e o puxei para roubá-lo um selinho no ângulo do lábio.

- Que cavalheiro. Você também trata a minha irmã tão bem assim? - provoquei.

- Trato ainda melhor - ele devolveu o selinho no canto da boca e fechou a porta.

Matteo sentou-se ao meu lado e começou a dirigir.

- Você dirige como um cego.

Eu segurava firme no cinto de segurança. Matteo dirigia como se fosse o protagonista de Velozes e Furiosos, e eu não sabia se ele estava fazendo aquilo para me assustar ou se ele simplesmente não tinha apego nenhum por sua vida e dirigia daquele jeito todo dia. Eu não sabia qual das duas opções era a pior.

- E você que nem sabe dirigir? - ele riu.

Não sei como ele sabia que eu era uma completa tapada que reprovou a prova de direção quatro vezes, mas decidi nem perguntar. Apenas fingi estar ofendida e dei-lhe um soco no braço, falando que gostosas não dirigem. O celular de Matteo não parava de tocar desde que entramos no carro.

- Você não vai atender? - eu podia ver que era a sua mãe ligando - Pode ser importante.

- Nunca é - ele sorriu.

Após cerca de 5 minutos e várias reclamações da minha parte sobre aquele ringtone irritante, ele finalmente parou o carro e atendeu a ligação. Tentei até me inclinar para ouvir o que estavam falando do outro lado da linha, mas era em vão. Pelo semblante dele e pelas frases jogadas que consegui captar, era algo sério.

- Teremos que fazer uma parada na minha casa antes do paintball.

Emma Barret não estava mentindo quando ela disse que Matteo era "tipo assim, milionário". Ele morava em uma mansão enorme numa parte afastada da cidade, no topo de uma colina pequena, com direito às iniciais da família cravadas no portão de ferro. Eu apostava que só o quarto dele era quase do tamanho do meu apartamento, que era um dos mais luxuosos da parte Oeste da cidade.

- Espero que minha família não te assuste. Só eu posso fazer isso.

- Eu pensava que você tinha matado a sua família a machadadas ou algo assim.

- Nem todos os boatos sobre mim são reais, Elizabeth - Matteo virou-se para me encarar, rindo, acrescentando o seguinte apenas após uma pausa dramática: - Eu usei facadas.

A mãe de Matteo nos recepcionou na entrada. Ela vestia um vestido longo e esvoaçante com uma estampa que eu só poderia como descrever como "provavelmente o que você vê quando usa LSD" (isso só Christofer conseguiria confirmar) e tinha os cabelos grisalhos presos em um rabo de cavalo. A Sra. Caputo não lembrava em nada o seu filho taciturno, exceto apenas pelo sorriso, mas o dela era muito mais fácil.

- Você deve ser a Elizabeth - ela me abraçou, com muita força, e então arrumou meu cabelo e colocou as mãos sobre meus ombros - Uau! Você é linda!

- Obrigada! A senhora também!

- Mais uma garota que eu perco para a minha mãe - Matteo bufou, fazendo com que nós duas ríssemos.

Uma criaturinha minúscula saiu da sombra da Sra. Caputo, e só então eu percebi que ele deveria estar se escondendo ali desde que eu cheguei. Deveria ter cerca de 8 anos e era provavelmente a criança mais fofa que eu já vira na vida, de bochechas tão grandes que desafiavam as leis da física. A mãe de Matteo ficou séria de repente, e eles trocaram um olhar que eu não sabia o que significava.

- Ei, garotão! - Matteo o pegou no colo e o rodou no ar. Ele parecia triste - Você conhece a Liz? 

Era a primeira vez que ele me chamava pelo meu apelido. Dei meu melhor sorriso e tentei segurar nas mãos pequenas e rechonchudas da criança, mas ela retirou a mão antes que eu conseguisse.

- O Nick é meio tímido - ele explicou.

- Entrem, entrem logo! O Giulio já deve estar chegando.

Passamos um bom tempo conversando sobre tudo na sala dos Caputo. O Sr. Caputo, Giulio, logo chegou e se juntou a nós. Ele não parecia em nada com o monstro que descreviam nos corredores da St. Margaret. Era um sujeito pequeno de barriga saliente e um humor energético típico dos italianos. Matteo passou o tempo todo sentado no chão conversando e brincando com seu irmão, que parecia resistir a todas as tentativas de alegrá-lo, e deduzi que seja qual fosse o motivo pelo qual estávamos ali, ele estava relacionado a Nick.

Quando o pequeno finalmente parecia estar feliz, Matteo andou até mim e estendeu a mão. Ele parecia cansado. Lancei um sorriso para ambos os seus pais e segurei sua mão, deixando que ele me guiasse para onde ele quisesse. Aquele novo tipo de contato com Matteo me era estranho. Pela primeira vez, não havia nenhuma ironia em seu ato, e nem no meu. Algo naquela tarde destruiu o muro que nos dividia.

Percebi então que estávamos em seu quarto. A bateria no canto não deixava dúvidas. Era um lugar bem diferente do que eu imaginava: nada de posteres de banda de rock, apenas paredes lisas; em vez de uma bagunça descomunal, tudo estava minimamente organizado. Se não fosse pela bateria e pela enorme quantidade de outros instrumentos musicais, eu diria que era impossível aquele ser o quarto de Matteo Caputo. Ele fez um sinal para que eu sentasse na cama e assim o fiz, com ele sentado ao meu lado.

- Então os rumores de que você é de uma família de mafiosos são falsos. Estou decepcionada.

- A St. Margaret é cruel - ele deu um sorriso amarelo - Basta se envolver em uma briga boba no primeiro dia de aula e ser filho de italianos, e você logo vira o herdeiro da máfia.

- O que aconteceu com o Nick? - deixei escapar. Me xinguei mentalmente por ser tão invasiva. Matteo respirou fundo.

- O Nicola não é muito amado pelos colegas da escola. Ele ainda não aprendeu a ler direito e virou o alvo de toda a sala por isso - Matteo balançou a cabeça. Parecia estar com raiva - Ele tem dislexia. Hoje era aniversário de um garoto e ele foi convidado, mas não saiu como o esperado.

Fiquei em silêncio por muito tempo. Eu não sabia o que responder, e também não sabia lidar com aquele Matteo que se abria para mim e contava todos os seus problemas familiares.

- E então, Matteo Caputo, o que mais sobre você não é verdade? - uma tentativa boba de mudar de assunto.

Ele riu, e pensou por um momento.

- Não aconteceu nada entre Leigh Anne e eu.

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hELLLLLLO
O capítulo mais esperado!! Liz e Matteo!!!!!
Pensando seriamente em mudar o dia das atualizações pra quinta haha quarta acabou virando um dia muito ocupado pra mim na faculdade, e eu esqueço de postar.
Então, por enquanto, se eu não postar quarta saibam que postarei na quinta.

Espero que gostem desse capítulo!

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