XI. Por isso você se importa
Eu precisava engolir meu orgulho se quisesse que Matteo continuasse sendo o meu possível namorado e não o de Leigh Anne.
Por esse motivo, e apenas por isso, quando a banda terminou e antes que ele saísse com a mão na cintura da minha irmã, eu sentei ao seu lado no sofá antes que Leigh o fizesse. Christofer andava de um lado para o outro, num surto eufórico.
- Você foi muito bom também - disse a Matteo, sorrindo.
- Eu sei - ele riu.
Respire fundo, Elizabeth. Ignore. Em todos os filmes e livros de badboy, a mocinha sempre precisa de uma quantidade descomunal de paciência, mas eles logo se apaixonam e o garoto rebelde deixa a máscara cair para revelar um menino doce e apaixonado. Você só precisa de paciência.
- Você vai continuar na banda? Como membro fixo, digo.
- O seu amiguinho me odeia - ele colocou ênfase demais na palavra "amiguinho" - Então sim, acho que vou continuar. Vai que a convivência fica tão insuportável que ele sai da banda que criou. Seria uma história legal para quando ficarmos famosos.
Tentei não rir, por lealdade a Chris.
- Isso se você não for atropelado antes.
- Fui eu quem atropelou o ex-baterista - ao ver minha reação, ele gargalhou - Meu deus, Davis! É uma piada! Não acredito que tenho que explicar.
- Nunca se sabe! Você é Matteo Caputo!
Acho que falei bobagem, mesmo sendo apenas uma brincadeira inofensiva, porque ele logo fechou a cara e não demorou muito para que levantasse e grudasse em Leigh, que estava admirando as placas neon como se nunca tivesse parado em um restaurante de beira de estrada. E provavelmente nunca tinha. E nem eu, para ser honesta.
Eles não se demoraram muito ali.
E nem eu, depois que eles saíram abraçados.
Eu ainda tinha uma última semana sem Leigh Anne no colégio. Assim que pisei no St. Margaret, estava determinada a ter os melhores últimos-dias-sem-minha-meio-irmã de todos os tempos, mas esse plano escorreu pelos meus dedos assim que Emma Barret surgiu ao meu lado, com o sotaque francês irritante pior naquele dia do que em todos os outros. Eu queria esfregar na cara dela que não tinha razão para aquele sotaque, já que ela nem visitava a França há anos e passara mais tempo vivendo nos Estados Unidos do que na Europa. Mas me controlei.
- Você estava com o Chris ontem, né? - ela perguntou, encostando-se na árvore em que eu repousava para ler meus e-mails no celular - Todo mundo tá falando disso!
Abri um sorriso de orelha a orelha. Meu coração se aquecia ao saber que o show da banda de Chris estava repercutindo. Eu sabia que seu maior sonho era ter um público grande o suficiente para que eles pudessem enfim tocar suas músicas autorais.
- AH, foi incrível! Você deveria ter visto ele, Emma, ele estava deslumbrante!
- Por que você deixou que ele fizesse aquilo? - ela riu - As fotos da maquiagem dele estão por todo lugar! Um cara do time de futebol estava lá e espalhou pra todo mundo.
Eu sabia que nada de bom poderia ter vindo de Emma Barret. Mandei uma mensagem de texto para Chris imediatamente e deixei Emma falando sozinha. Pela primeira vez na vida, ele estava realmente feliz com algo que fizera e aquele momento que deveria ficar imaculado em sua memória estava prestes a ser arruinado por alguns adolescentes infelizes o suficiente com suas próprias vidas para querer arruinar outras também.
Porém, quando vi Christofer andando pelo corredor, mesmo com o burburinho que o seguia, ele estava simplesmente radiante. Tinha o mesmo sorriso da noite passada no rosto, e me perguntei se ele teria parado de sorrir em algum momento entre ontem e hoje. Ele me ergueu no ar.
- Como você tá? - perguntei, cautelosa.
- Alguém beijou meu armário pra deixar marcas de batom! Eca! - ele chacoalhou o corpo, como que para esquecer aquilo - E agora todo mundo tá falando que Matteo e eu somos um casal!
- Que horror! - quase gritei.
- Aparentemente, as pessoas da St. Margaret cresceram em uma caverna e nunca ouviram falar em David Bowie.
- Você vai ficar bem?
- Liz - ele riu -, eu tô bem.
De fato, nada no rosto de Christofer dizia que ele era o atual alvo das fofocas dos jovens ricos e desocupados de St. Margaret's. Eu invejei sua capacidade de não se importar com nada. Se algo assim acontecesse comigo, eu provavelmente pediria para estudar o resto do ensino médio em casa, nunca mais colocaria os pés na rua e me afogaria de vez em sorvete e reality shows.
Ele se inclinou para ficar da minha altura e segurou meu rosto com as duas mãos.
- Você é boa demais para essa escola, Elizabeth Davis, por isso você se importa - Christofer me deu um beijo na testa, antes de soltar meu rosto e jogar as mãos para cima, ciente de que todos os olhares já estavam direcionados a si de qualquer jeito, então por que não presenteá-los com um show de excentricidade? - Mas eu não sou!
E então eu percebi que ele era grande demais para aquela escola. Por isso não se importava.
- Até que você e o Caputo não formariam um casal feio - tentei aliviar o clima. Não para ele, para quem o clima era sempre leve, mas para mim, que ainda estava incomodada com aquela história. Se Chris não se importava, então eu me importaria em dobro. Acho que eu me sentia um pouco culpada, em parte, porque tinha sido eu quem tinha feito a maquiagem. Ele fez uma careta.
- Mas aí eu teria que duelar com a sua irmã. E ela quebraria todos os meus ossos.
- Não se eu quebrar os dela primeiro!
- É verdade - Chris pegou meu braço magro, sua mão dando uma volta folgada ao redor do meu pulso magricela - Acho que a força de vocês corre no sangue da família.
Dei um tapa em sua mão para que ele me soltasse e envolvi meu braço em sua cintura. Caminhamos juntos até a sala em que ele teria aula.
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HELLOOOOOOU!! Mais uma quarta e mais um capítulo de PMN!
Espero que gostem! O Chris é um personagem importante pra mim pq ele não tá nem aí em seguir o padrão de masculinidade imposto a todo mundo <3
Até a próxima!!
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