X. Você não precisa me levar para casa

Notas
Esse capítulo tem trilha sonora!! Vocês podem encontrar a playlist do show no spotify, o nome é "Twilight's CGI Baby Is Fucking Scary". Dê o play assim que a banda entrar em palco e aproveite a tracklist escolhida a dedo por Christofer!
_____________________

Fui obrigada a levar minha mais nova colega de escola para o show da banda de Chris.

Era a minha primeira vez em um clube como o Central Station. Embora Christofer estivesse sempre falando sobre suas aventuras selvagens em clubes underground, eu nunca tivera coragem o suficiente para aquilo. Pelos relatos dele, todo tipo de coisa acontecia ali. Leigh Anne, no entanto, parecia estar em casa novamente, como se aquele túnel nos tivesse levado direto para seu quarto em Londres. Era a primeira vez que eu a via sorrir de verdade desde que havia chegado aqui.

- Até que isso aqui não é tão ruim - ela disse, ainda com o tom blasé que lhe era característico.

- Mas os clubes da Europa são melhores - continuei, sabendo que era exatamente aquilo que ela queria dizer. Era difícil lidar com alguém ainda mais arrogante que eu.

- Exatamente - Leigh sorriu, sem captar a ironia da minha voz.

A peguei pela mão e tentei fazer um caminho entre a multidão que se espremia no clube de paredes de tijolos marrons e teto de abóbada. Todas aquelas pessoas estavam ali para ver Christofer tocar! Eu estava tão feliz por ele! Quando finalmente cheguei na frente do palco, um segurança que possuía os olhos mais mortos que eu já vira barrou minha entrada par o backstage.

- Mas eu sou amiga do vocalista!

- Todas sempre são amigas do vocalista.

- Talvez tenha algo que eu possa fazer para que o senhor nos deixe entrar? - eu tentei fazer meu olhar mais insinuador possível.

O segurança franziu o cenho e só então percebi que talvez tentar suborná-lo não tivesse sido a ideia mais inteligente que eu já tivera, mas era a única coisa que eu podia fazer. Christofer não respondia nenhuma das minhas ligações, provavelmente estava concentrado demais na sua grande estreia. Leigh Anne se colocou entre nós antes que o segurança começasse a me esculhambar.

- Ela tá comigo - ela disse, simplesmente. E o brutamontes nos deixou passar.

- Como você conseguiu? - perguntei quando já estávamos longe dele o suficiente para que não nos ouvisse.

- Basta ter a aparência certa e eles acreditam que você faz parte da banda - Leigh continuou ao perceber que eu não tinha entendido: - É só não lavar o cabelo por duas semanas.

Olhei para as minhas roupas. Eu vestia uma saia jeans, cropped preto e ankle boots, e meus cabelos estavam tão hidratados e bem penteados quanto sempre, enquanto as roupas de Leigh pareciam ter mil anos de uso e ter sido rasgadas por algum cachorro com raiva - a doença. Ela realmente parecia uma estrela do rock, enquanto eu parecia estar vestida para uma tarde de compras. Torci o nariz.

O camarim era um local muito mais agradável do que o resto do clube, com placas neon de todas as formas e cores pelas 4 paredes e uma luz violeta que deixava o lugar com uma cara futurística. Me joguei nos braços de Christofer assim que o vi no canto do cômodo, afinando uma guitarra vermelha.

- Você veio! - exclamou, me envolvendo em um abraço que mais parecia um mata-leão - E trouxe...

- É a Leigh Anne.

Chris arregalou os olhos.

- Ela parece um fantasma da Leigh Anne verdadeira - ele sussurrou para mim, antes de continuar: - E aí, Leigh? Você tá ótima!

Gargalhei com o quão falso Chris era capaz de ser. Ela respondeu apenas com um sorriso de lábios grudados e um leve balançar de cabeça. Leigh Anne tinha os olhos fixos em outro ponto.

Matteo Caputo estava sentado no sofá, olhando para mim com a expressão mais serena possível. Ele parecia ter atingido o nirvana.

- E  esse é nosso incrível novo baterista! - Christofer fez uma reverência que transbordava sarcasmo.

- Prazer! - Matteo falou, direcionando-se apenas para Leigh - E bom dia para você!

Aparentemente, eu e o deliquente da escola agora tínhamos uma piada interna.

- Bom dia! - dei o meu melhor sorriso - É uma pena que o baterista não tenha sido atropelado dessa vez - disse, virada para Christofer, mas alto o suficiente para que Matteo risse.

Leigh Anne sentou-se ao lado do baterista e eles engajaram uma conversa que eu não queria ouvir.

- Cadê sua maquiagem? - perguntei, deixando meu rosto um pouco perto demais do dele para poder analisá-lo - Toda estrela do rock precisa de uma maquiagem extravagante.

- A Kim - ele apontou para a ruiva de cabelo crespo que estava testando o baixo naquele momento - não quis fazer porque aparentemente eu subestimei suas habilidades no baixo. Ela disse que vai sair da Twilight's CGI Baby Is Fucking Scary.

Eu não conseguia ficar séria quando Christofer falava o nome da sua banda como se não houvesse nada anormal sobre ele. Em uma bela tarde de ensaio na garagem, Chris chegara comentando que assistira Amanhecer pela primeira vez e que o que fizeram com a Renesmee era bizarro. "Aquele bebê de Crepúsculo feito por CGI é assustador pra caralho!" foi a primeira coisa que ele gritou quando entrou na garagem, ao que Austin, o baterista da vez, respondeu que aquele seria um ótimo nome para a banda. Por algum motivo esquisito, nenhum dos outros integrantes discordou.

Reuni todos os materiais de maquiagem que estavam jogados pelo lugar e fiz a única coisa que eu realmente sabia fazer. Quando terminei, Christofer parecia o maior astro do rock dos anos 80 e eu sentia uma vontade urgente de beijá-lo. Me afastei antes que fizesse alguma bobagem, fingindo tentar analisar a maquiagem de uma distância maior. Ele se olhou no espelho e me levantou nos braços, agradecendo.

- Só um toque final - disse, passando um batom laranja - Pronto. David Bowie ficaria orgulhoso.

- Boa sorte! - dei-lhe um beijo na bochecha e saí do camarim um pouco antes da apresentação. Leigh e eu encontramos um espaço perto do palco que nos cabia se ficássemos com os braços erguidos durante toda a performance.

- Você não precisa me levar para casa - a garota de cabelos cor de rosa gritou em meu ouvido um pouco antes da banda entrar em palco, rindo sozinha. Tecnicamente, eu não a levaria. Apenas a acompanharia no táxi - Vou sair com o baterista! Diga a papai que eu dormi com você, tá?

Estava tão abismada com a informação que nem vi quando a Twilight's CGI Baby Is Fucking Scary foi anunciada. Eu só conseguia olhar para a cara de Leigh Anne, que balançava o corpo com os olhos fechados como se estivesse em transe. Se tínhamos nos suportado mutuamente até aquele ponto, eu tinha certeza de que dali em diante aquilo mudaria. Quem aquele algodão doce ambulante achava que era? Primeiro ela roubava meu pai, depois meu colégio, e agora meu possível namorado!

Só despertei do ciclo de ódio quando ouvi a música que marcava a abertura do show. Christofer parecia vindo de outro planeta sob aqueles holofotes azulados. Ele estava sem camisa, deixando a mostra os músculos magros que percebi nunca ter visto antes, movimentando o corpo como um exímio rockstar; a maquiagem metálica ao redor dos olhos que me deixara tão orgulhosa brilhando toda vez que os refletores a iluminavam. Ele cantava Space Oddity, de David Bowie, e toda a plateia parecia imitar seu jeito de jogar o corpo. Eu estava hipnotizada.

E então havia Matteo, quase sumindo no fundo do palco (eu tinha quase certeza que aquela posição tinha sido escolhida por Christofer), concentrado  em sua tarefa. Ele não era gracioso como Chris; pelo contrário, era bruto, fazia movimentos rápidos e, nos raros momentos em que fazia contato visual com a plateia, seus olhos pareciam estar ardendo em chamas, muito diferente do olhar metálico do outro. Christofer era eletricidade, Matteo era fogo. E ele levaria Leigh Anne para a (sua) casa assim que o garoto magro cantasse o último we can be heroes da noite.

__________
Olá, terráqueos!
Minhas primeiras provas finalmente acabaram e agora tenho tempo para divulgar e escrever PMN! EEEEEE!
Eu gosto muito desse capítulo e espero que vocês gostem também!

Até a próxima quarta!!

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top