I. A lista

Eu tinha 99% de certeza de que estava louca. Havia vasculhado todas as minhas redes sociais, analisado todas as fotos coladas na minha parede, ligado para Cassie 3 vezes em 20 minutos, e tudo havia confirmado o que eu temia: eu, Elizabeth Davis, não tinha um namorado.

Então como explicar todas aquelas memórias repletas de 2 canudos em 1 milkshake em dias quentes, maratonas de Game of Thrones sob o edredom e amassos na quadra da escola quando ninguém estava olhando? Essa era a resposta que eu estava tentando encontrar desde as 08 da manhã daquele domingo, quando pensara sobre meu namorado enquanto tomava café da manhã e percebera que tinha algo muito, muito errado naquelas lembranças. Meu namorado era um vulto sem forma, sem voz e sem nome. Quando eu pedira aos céus na noite passada que eu conseguisse esquecê-lo (por um motivo que, advinhe!, eu também não conseguia lembrar), não era bem isso que eu queria dizer.

Eu sabia que namorava há pouco mais de 1 ano. Conseguia lembrar claramente do presente que ele me dera no aniversário de namoro, e isso era a única coisa que me impedia de elevar a 100% o percentual de certeza de que estava louca, porque a caixa de lembranças ainda estava em cima de minha escrivaninha. Minha memória falha insistia que aquela caixa costumava conter os bilhetinhos que trocávamos durante as aulas, ingressos de cinema e conversas em guardanapos dos mais diversos restaurantes. Mas não havia nada ali. 

Às 10 da noite, após um atípico dia trancada no quarto, minha mãe acabou me dando a ideia perfeita. Ela havia subido as escadas e batido à porta para certificar-se de que a filha ainda estava viva, já que eu nunca ficava isolada no sábado à noite, e algo que dissera sobre a lista de compras que ainda tinha que fazer iluminara minha mente como os letreiros da Times Square.

Eu faria uma lista de todos os garotos da escola que sentia que poderiam ser o meu namorado misterioso. Seria o meu próprio The Bachelorette. Muni-me de caderno, caneta e o celular com o instagram aberto. Estava tão animada com aquela ideia que balançava os pés no ar sem parar.

Como não acreditava em meus próprios critérios, tive que ligar para Cassie mais uma vez. Cassandra e eu éramos melhores amigas desde a terceira série, quando precisei de ajuda com matemática (a primeira vez em muitas) e uma amiga de mamãe ofereceu a própria filha como tutora. Deste momento em diante, ela fora não só minha professora de matemática, como também de física e química e confidente nas horas vagas.

- Você ainda tá fissurada na ideia do namorado? Meu deus, Liz, é melhor marcar a terapia. Urgente! - a voz de Cassie do outro lado da linha parecia exalar preocupação sincera.

- Para a sua informação, eu já marquei há tempos - eu passava os dedos nas flores estampadas no edredom enquanto falava. O mesmo edredom sob o qual eu e meu namorado nos entocamos para assistir os filmes indicados ao Oscar uma noite antes da premiação - Você vai me ajudar ou não? Não tem nada a ver com o que eu te disse antes. É só que eu decidi que vou começar a namorar e tenho que escolher com quem.

- Você sabe que poderia namorar qualquer um...

Modéstia à parte, era apenas a verdade. Metade dos garotos da escola eram abertamente loucos por mim e a outra metade não faria objeções se eu os convidasse para um cinema. Meu namorado misterioso devia ser bem sortudo. Já podia imaginar todos os garotos morrendo de inveja daquele vulto.

- Sim. Mas eu quero o cara perfeito, o tipo de cara que seria meu par romântico em um filme recordista de bilheteria.

Provavelmente levamos essa especificação a sério demais, porque, após horas e horas de risadas e discussões (aparentemente, Cassie tinha algumas ideias bem erradas do que faz uma mulher se atrair por um homem) acabamos baseando toda a lista em tipos de clichês românticos. Eu me conhecia bem demais para saber que não me contentaria com nada menos do que isso.

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01. Matteo Caputo

Matteo era o estereótipo vivo do badboy pelo qual qualquer mocinha adoraria se apaixonar. Embora Cassie tenha se oposto veementemente contra a adição dele na lista, principalmente por conta dos boatos de que estava envolvido em diversas encrencas, eu secretamente torcia para que Matteo fosse o tal namorado. Sempre me vira como a protagonista doce e inocente que de repente tem a vida virada de cabeça para baixo pelo badboy da escola que, por dentro, é apenas um garoto incompreendido com muito amor para dar. O único problema nessa narrativa era que eu não era tão doce e, certamente, tão inocente assim. 

02. Benjamin Navarro

Terminei por incluir Ben Navarro em minha lista por pura insisitência de Cassie. Nossa discussão se dera assim: eu acreditava que Toby Atkins era o nerd perfeito para mim, enquanto ela repetia incessavelmente que não havia, no mundo, ninguém melhor que Ben para o papel de garoto nerd boa pinta que ganha o coração da menina popular. Nas palavras dela, ele era um cavalheiro e tinha o melhor gosto musical de toda a escola. Acabei cedendo quando Cassie usou o argumento infalível de que eu sempre me arrependia dos homens com quem escolhia me envolver.

03. Steve Reynolds

Ah! Steve Reynolds! O ator principal dos sonhos molhados de todas as garotas da St. Margaret, incluindo aquela que vos fala. Steve seria o garoto perfeito se decidisse colocar seus quatro neurônios para trabalhar de vez em quando. Eu sempre simpatizara com ele, e sabia que a recíproca era verdadeira, porque ele estava sempre perguntando o que eu faria depois da aula e eu sempre desconversava de maneira cordial, porque tinha a impressão de que ele não saberia como manter uma conversa por mais de 5 minutos. Não me entenda mal: eu também não era a pessoa mais inteligente do planeta Terra; mas Steve... bom, era Steve. Só o colocamos na lista porque tínhamos esperanças de que tinha muito mais por trás daquela máquina de fazer touchdowns do que poderíamos ver e, sinceramente, porque eu só precisava de uma desculpa para pegar Steve Reynolds sem sentir-me culpada.

04. Christofer Keegan

Mais uma adição controversa. Chris era um de meus melhores amigos e, por mais que tudo tenha começado com um flerte e uma troca de saliva na festa anual de Emma Barret, nada havia acontecido entre nós desde então. Cassie, entretanto, estava constantemente reclamando sobre o quão desconfortável era sair conosco, porque havia um eterno resquício de tensão sexual que nunca nos deixava em paz. Ainda que me doesse admitir, as barreiras da amizade que Chris e eu havíamos erguido eram bem instáveis e, mesmo sob protestos, tive que adicioná-lo à lista. Ademais, toda boa história consistia de um romance entre a garota e seu melhor amigo.

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Eu estava disposta a fazer de tudo para encontrar meu namorado e sentia que, agora que havia reduzido minhas possibilidades, aquilo não teria como dar errado. Eu recriaria algumas de minhas melhores memórias com cada um dos possíveis namorados e no fim, ao comparar o situação gravada em minha cabeça com aquela que deveria ser a sua reprodução, finalmente encontraria meu par ideal e teria o namoro dos sonhos que tinha certeza que já tivera uma vez. Me senti tão inteligente por ter pensado em tudo aquilo que até parei de pensar que não ter o apoio de Cassie nessa missão seria o fim do mundo.

Elizabeth Davis, pendure os cartazes de "Procura-se: Meu Namorado", sua busca começará amanhã. E a recompensa será o relacionamento perfeito.

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Olá, meus amores!!!! Espero que tenham gostado do primeiro capítulo de PMN. Eu amo e odeio tanto a Elizabeth!!

E aí, o que acharam? Comentem aqui qual deles já é o seu possível namorado favorito e vamos ver se isso muda ao decorrer da história haha

Bem-vindos ao pentágono amoroso da vida de Elizabeth Davis! voltem sempre!

A história será postada inicialmente às quartas-feiras. Assim que (ou se) a história alcançar um numero considerável de leitores, eu começo a postar duas vezes por semana <3

Até o próximo capítulo!

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