trois

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point of view namjoon

— Eu já te disse que não, Namjoon! — O rosado vocifera comigo e a única coisa que faço é bufar inconformado.

— Só me diz, qual o problema de me passar seu número? — indago ficando sem paciência e tentando montar uma lógica em minha cabeça.

—Depois de tanto tempo você continua insistindo. — vejo-o colocar as mãos na cintura. — Você é apenas um cliente meu. — responde-me de forma ríspida e não deixo de demonstrar o quanto murchei. Então é isso...

— Cliente? — indago ainda com a esperança de no fim ser uma brindeira e, ouvir sua risada escandalosa e gostosa de se escutar.

Mas ele não diz nada por um tempo e eu sei que é visível ver a dor em meu olhar.

— Sim, um cliente. — afirma, e droga... Toda vez que vejo-o tratando nós como um assunto restritamente profissional, dói. — Você apenas me paga.

Dilacera, e são nessas horas que sinto que nunca vou ser retribuído.

Continuo a observá-lo e ele não expressa reação alguma, esse é o decreto. Pego um dos cartões da boate que estão em cima do balcão, e uma caneta no bolso de minha camisa social e anoto.

— Tudo bem. Pegue - estendo o papel a sua frente e ele olha desconfiado, mas acaba por apanhar o cartão — É o meu número, caso precise ou queira me ligar. — vejo o menor levantar o olhar mas não consigo decifrá-lo — Porque para mim, você é muito mais que alguém que possa ser alugado.

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Final de expediente é realmente um alívio.

Revisar conteúdos plausíveis e não plausíveis, fazer buscas extensas sobre alguma matéria parecida que possa tonar a nossa um plágio, é exaustivo, aliás isso acontece com frequência e então a parte trabalhosa vem novamente; novas pesquisas, novos testes, revisar as redações.

Eu amo meu trabalho, longe de mim reclamar de minha profissão ou algo parecido. Hoje só não é o meu dia.

De pressa corro na direção do elevador que estava para se fechar, mas uma mão o impede de partir, Jimin. Park Jimin.

O sorriso do — agora — homem que construiu sua carreira comigo desde a faculdade, estende-se, e não posso deixar de retribuir. Jimin é um grande amigo e sinto sua falta desde que mudamos de departamento e função.

São raros os encontros, mas sempre bem aproveitados. Já se passaram meses desde a última vez que nos vimos, pelo fato do mais novo estar fazendo uma pós graduação nos Estados Unidos.

Jimin estava diferente, não só pelos fios de cabelo agora loiros, mas pela expressão exalar leveza.

- Namjoon-ah! Que saudades - Jimin diz já me abraçando - está mudado, hyung.

- Senti sua falta também, Jimin - digo nos desprendendo do abraço forte e agarrando seu braço para entrarmos no elevador que já estava para se fechar novamente, o mais novo gargalha com o cômico acontecimento - Bem... Diferente como? Você também está diferente, Minnie. Mais alegre. - constato o que e realmente verdade.

- Ahn... - Vejo-o coçar a nuca de modo divertido, mas vejo suas bochechas ganharem uma tonalidade avermelhada e estranho o ato. - Diferente como... Está mais bonito hyung. Está mais homem. - Eu realmente não esperava por essa, é totalmente estranho ouvir isso de Jimin, mas algo dentro de mim gosta da sensação.

- Ah - deixo um riso fraco escapar -, Obrigada, uh! - agradeço-o de forma empolgada e, vejo-o retornar a sua postura relaxada e acabo ganhando um sorriso e olhinhos quase fechados. - Essa cor de cabelo te caiu bem, vejo que está também muito mais bonito - elogio -, não que não fosse antes. - completo por final de forma desajeitada.

- Obrigado, hyung. Fico feliz que tenha gostado. - o meu sorriso com certeza transmite o quando gostei da mudança, mesmo que eu não esperasse por essa resposta. - Mas então, como anda o novo chefe editor da revista? Muito trabalho?

- Ah, Jiminie... Sinto como se não relaxasse a dias, mas estou feliz. Feliz de verdade, tudo que eu sempre quis, estudei e me esforcei muito 'pra chegar aqui. - digo e vejo o acenar concordando.

- Que bom, hyung! - vejo o menor exclamar em sua costumeira animação - Eu vi tudinho do seu esforço e realmente você merece. O que acha de sairmos para... relaxar um pouco?

- É uma boa ideia, Jimin, como eu te disse, estou precisando mesmo - vejo um sorriso estender em seu rosto -, e também estou com saudade de ficarmos juntos.

- Eu também, hyung. - as portas do elevador se abrem - Humm, então nós marcamos mesmo né!?

- Claro que sim. Só não o convido agora porque estou de fato exausto. - explico, me aproximo mais dele para nos despedirmos - E eu preciso urgentemente de um banho. - falo num tom baixo perto de seu ouvido, como se estivesse segredando algo, e Jimin cai na gargalhada.

- Ok Namjoon, você tem razão - o loirinho ainda ri se recuperando -, eu quero sair com o meu hyung cheirosinho.

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O caminho para casa fora silencioso, o trânsito - milagrosamente - estava calmo.

Eu definitivamente me sinto exausto, a primeira coisa que faço assim que chego em casa é tomar um banho frio, a água carrega junto consigo toda a exaustão que habitava em mim.

A possibilidade de ver Jin hoje, muda totalmente minhas expectativas; todo o cansaço se esvai e minhas energias são recarregada quase que automaticamente.

Visto uma calça branca de linho e uma camisa com mangas curtas no tom azul celeste, com botões brancos dando destaque como detalhe.

Quando saio do apartamento, até mesmo o elevador parece ser sufocante, mal posso esperar para sair da caixa de metal agoniante.

Quando as portas metálicas abrem-se quase em frente à portaria, deixo um suspiro aliviado escapar por entre meus lábios.

Quando atravesso a portaria, olho para o balcão onde o porteiro deveria estar, é. Deveria. Afinal pagamos para isso, e o sujeito não se dá nem o trabalho de fingir que se importa com o trabalho, por hora apenas aliso minha calça na intenção de deixar o tecido impecável.

Vou em direção à parte das encomendas ou caixas de entradas e, pego minhas correspondências; basicamente cumprimentos de sócios da revista e contas a pagar. Impaciente demais para entrar novamente num elevador, sigo descendo o lance de escadas que me leva ao estacionamento subterrâneo.

Assim que as portas do carro se destravam, adentro-o com certa pressa, o motor silencioso ruge com a partida violenta, talvez até mesmo meu carro já saiba meu destino cotidiano.

Privé.

Por mais natural que tenham se tornado minhas idas à aquele local, um frio na barriga sempre me ocorre, pego desprevenido ou não esse nervosismo sempre surge. Até eu vê-lo.

Ao estacionar o SUV na parte reservada à frequentadores da boate, sou excepcionalmente bem recebido por uma moça bonita, sua roupa se torna atrativa a qualquer olhar; um macacão preto cujo tecido deve ser sintético, parece ter sido lustrado juntamente das botas de salto alto.

Adentro o saguão com a expetativa à mil, sempre parece ser a primeira vez. E eu gosto de sentir isso.

Os cabelos cor rosa-pastel sempre bem alinhados tomam minha visão, a silhueta está de costas para mim, a uma distância considerável entre nós dois - pelo menos ao meu ver, já que sempre que nossos corpos não se tocam eu acho que nós estamos longes demais.

Como um imã, sou atraído à sua direção, o ar misterioso que exala de si é completamente sedutor. Me perturba e atrai.

Disposto a por um fim a distância, aproximo-me de meu caçador, pois desde o começo eu sempre soube.

Eu sou a caça.

Contorno o grande espaço de modo que fique finalmente de frente a ele.

Ele esta segurando uma taça de vinho branco e pelos lábios franzidos, provavelmente é seco, sei como ele detesta o sabor. Assim que me vê não esboça reação alguma, o que é totalmente frustrante, mas eu já me acostumei com seu jeito e sei como ele pode ser apático quando quer.

Minhas pernas travam quando uma mulher afaga sua cintura e ele deixa um beijo casto nos lábios alheios.

Que porra?

Logo a mulher cochicha algo em seu ouvido e segue para o bar, aproveito o ensejo e continuo a caminhar a passos largos até ficarmos cara à cara.

- Você sabia que eu viria.

Ele lambe os lábios de forma felina e retorna a dar outro gole no conteúdo líquido de sua taça e logo retorce a boca.

- Chegou tarde demais.

- Você tá se ouvindo, porra? Por quê fez isso?

- Ah, Jonnie - vejo-o balançar o conteúdo da taça. - Você sabe, clientes não podem ser tratados com diferença.

- E desde quando isso te importa? - indago sentindo minha boca secar - Ela é importante pra você?

Observo um sorriso travesso estampar seu rosto.

- Não seja bobo. Não me importo com clientes.

É lógico seu idiota, mesmo depois dele ter te dito que você era só isso, você continua insistindo. É adepto ao sofrimento? Conheço dores mais prazerosas e que não envolvem corações partidos.

É isso que meu subconsciente grita dentro da minha cabeça. Furioso.

Sorrio sem querer deixar transparecer que fui completamente atingido mas sei que meus olhos marejados me entregam, já que logo seu sorriso some e um olhar preocupado surge em seu rosto.

Sinto vontade de me estapear por estar quase chorando.

- Tudo bem. Até.

Dou às costas a SeokJin e vou quase correndo até meu carro. Assim que me acomodo ao confortável estofado, respiro fundo. Finalmente seguro.

Tamborilo os dedos no volante e deixo uma lágrima teimosa escorrer por minha bochecha.

- Droga, droga, droga!

Dou partida no carro e acelero para longe daquele lugar, preciso da minha casa, preciso extravasar.

Quando me jogo no sofá preto e aconchegante em minha sala, suspiro frustrado... e triste.

Eu gosto tanto de SeokJin que dói, e dói mesmo. Me sinto doente. Doente de mim mesmo.

Não aguentando a agonia de ficar sozinho num espaço grande, confiro meus contatos no celular, não é como se precisasse de alguém para desabafar mas sim de alguém para me distrair dessa porra toda.

Não consigo pensar em alguém, não quero os bajuladores que ficam me puxando o saco pelo meu cargo.

E analisando minuciosamente meus contatos, uma luz surge em minha cabeça.

Eu: Jiminnie |

Jimin: oi, hyung! |

Acho que já tomei
banho |

Jimin: ufa! Isso significa que
vou sair com um hyung
cheiroso né |

Insinuando que não sou
cheiroso, Jimin-ssi? |

Jimin: longe de mim proferir
um absurdo desses

Rio com a brincadeira descontraída e assim que Jimin me passa sua localização vou buscá-lo. Sua casa é um tanto longe, lembro de que o loiro morava num prédio com poucos andares, e que ficava mais próximo a minha residência - de qualquer forma, vou me distraindo enquanto ouço uma música diretamente da estação local da rádio.

Paro em frente à um sobrado moderno e pelo visto, recentemente construído, cores neutras o estampam, e na verdade acho isso tudo muito frio para alguém como Jimin. A casa é incontestavelmente linda, mas ainda assim...

Quando toco o interfone anunciando que cheguei, o aparelho faz um barulho e sei que o portão está aberto, ainda na metade do pátio pequeno, Jimin já abre a grande porta com um sorriso maior ainda.

E diferente do que espero, ele vem ao meu encontro - mesmo que não haja uma necessidade - e abre os braços.

- Namjonnie-ah!

Não contenho o sorriso em vê-lo tão contente por minha presença, e só quando me desvencilho de seus bracinhos e vejo o eye-smile perfeito em seu rosto, me dou conta do quanto senti falta dele.

- Oi, saeng - se rosto parecia que iria rasgar a qualquer momento.

Jimin me puxa pela mão até adentrar o sobrado, de fato é a cara de Jimin, muito diferente do que passa a impressão do lado de fora.

O ambiente é moderno, completamente diferente das construções tradicionais, amplo e claro. E o mais encantador: colorido. A parede onde a televisão está fixada é de um amarelo intenso e logo avisto vários quadros bonitos e molduras coloridas com fotos, a que mais me chama a atenção é uma moldura roxa, em que Jimin está sorrindo espontâneo com a boca um pouco aberta, a foto abrange seu rosto e parte de sua blusa, e somente sua face está nítida. É lindo.

Sou pego observando a foto e quando percebo estou sorrindo embasbacado. Jimin me lança um sorrisinho tímido, e não contenho rir fraco de sua reação. Precioso.

Mesmo depois de tanto tempo e amadurecimento, o mais baixo nunca mudou sua essência.

- Você sabe onde quer ir, hyung?

- Não pensei nisso - ergo os ombros em sinal de negação. - Você tem algo em mente?

- Não... A gente pode só ficar aqui?

- Por mim tudo bem, Minnie. - acomodo-me no sofá.

- Ai! - exclama feliz - Que bom, hyung, então eu vou só colocar alguma coisa mais confortável... Ai podemos assistir algo?

- Podemos sim. Ótima ideia, saeng. - sorrio.

Em questão de minutos ouço-o descer a escada correndo pelo barulho espalhafatoso, o loirinho está vestindo agora uma camiseta branca de mangas curtas e, visivelmente alguns números maiores que o seu, veste também um shorts amarelo e molinho até a altura do joelho.

Percebo que meu amigo carrega junto a seu peito uma manta de florzinhas.

- Eu trouxe coberta, hyung - disse enquanto se sentava ao meu lado - Você está com frio? - Assinto um pouquinho já que o clima lá dentro era de fato mais fresco - Tire os sapatos pra ficar mais confortável, Nam. - obedeço e logo cruzo as pernas em forma de índio com as manta cobrindo-as - Eu acho que tenho uma bermuda maior, hyung... Posso pegar pra você?

- Não precisa não, Minnie. Está bem assim - sorrio por sua genuína preocupação, Jimin sempre fora assim, atencioso.

- Deixa de bobeira, hyung! - exclama já se pondo de pé - Eu vou num pulo.

E realmente foi, gargalhei com a corridinha desajeitada e sei que o menor ouviu, encostei minha cabeça no encosto do sofá confortável, logo passadas altas podem ser ouvidas.

- Viu só, hyung!? - grita ainda da escada - Já peguei - estende a peça na minha frente.

O mais novo me indica o banheiro que posso me trocar, e fico feliz por ser do meu tamanho e definitivamente mais confortável que a calça de linho. Volto para o sofá e Jimin está com um pote de pipoca grande nas mãos, me esperando.

- Você fez pipoca, Minnie?

- Aham. De microondas mas é de bacon. - disse enquanto levava a comida até minhas narinas para poder sentir o cheiro gostoso. - Gosta?

- Com certeza! - exclamo após pegar um punhado de pipoca com as mãos.

- Hyung, seu guloso! - vejo Jimin tapar o sorriso com uma das mãos e eu simplesmente dou de ombros, ainda humorado por sua reação.

- Abre a boquinha, Jiminie - guio uma pipoca até a frente de seu rosto, e logo ele tira a mão dos lábios e abre abre boca, recebendo de bom grado o "aviãozinho" improvisado. - Viu como ta gostosa? - ele acena com a cabeça, ainda com um biquinho proeminente pela mastigação, assim que engole, abre novamente a boca, esperando por mais - Não sou o único guloso. - Mostro minha língua, num gesto nada infantil e super maduro.

Me encosto no sofá, imitando Jimin e estico minhas pernas, logo nos cubro com a manta. Após muita enrolação pra escolher um filme, selecionamos "A sogra", é uma comédia romântica que nos rendeu muitas gargalhadas, ao longo do filme levantamos mais uma vez para fazer mais pipoca e enfim levar a garrafa de refrigerante até a mesa de centro.

Comentários do tipo "socorro, Jimin" enquanto ria com o corpo arqueado para frente, se tornaram comuns no decorrer do longa metragem.

Fazia tempo que não passava tempo com amigo de verdade, e o mais importante: fazia tempo que não me sentia mais tão eu.

Logo um filme foi reproduzido, algo como "O acordo" então um clima de tensão pairou sobre nós, é um filme de ação que rendeu até mesmo unhas roídas e gritinhos - vergonhosos - que eu mesmo soltei.

Nunca fui a pessoa mais extrovertida que existe, mesmo que não seja retraído, eu nunca tive muitos amigos, talvez pelo meu próprio empenho nos estudos eu tenha acabado me isolando, de qualquer modo, ter a amizade de Jimin é com certeza uma grande sorte.

Eu não sei direito quando foi, mas algum momento eu acabei adormecendo nos braços de loiro, enquanto eu ganhava carinho nos cabelos.

E ficamos ali, como sempre costumou ser. E depois de tempos, eu pude dormir e descansar de verdade, mesmo que de uma forma meio torta.

Afinal eu estava com um amigo, finalmente alguém que gosta de mim pelo que sou.

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primeiro cap na visão do nam

eu espero que estejam gostando

obrigada por votar e comentar! <3

(desculpem se há algum errinho)

até a próxima!

beijos.

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