O fim

Notas iniciais

Olá, olá, gente linda! Como estão hoje?Não sei dizer se essa é uma boa notícia ou não, mas chegou o momento final da fanfic. Esse é o último capítulo então leiam com bastante cuidado e carinho. Espero que gostem tanto de ler essa fanfic quanto eu gostei de escrevê-la. Beijinhos de luz e até mais tarde

Capítulo 3: O fim

Mesmo com a consciência semi-desperta, Jimin fora capaz de perceber que já não estava mais na Sala de recepção, assim como percebeu vozes alteradas vindas de um local não muito distante. A primeira que reconheceu fora a de Jungkook.

— Você não tocará em um fio de cabelo dele, está me entendendo? — Mesmo que o tom fosse neutro, Jimin sentiu-se arrepiar. Era uma ameaça. Não direta, mas uma ameaça de qualquer forma.

— Você é apenas um moleque, não tem o direito de me dizer o que fazer! — Em contraste ao tom baixo e marcante de Jungkook, Kwangjo gritava a plenos pulmões de modo estridente, fazendo a cabeça de Park latejar dolorosamente. — Você não conhece aquele tipo. Park Jimin é sujo. Ele é imundo.

— Não fale assim do rapaz, Yoon. — Haeil interviu firmemente. — Você nos deve uma explicação.

— Eu não devo nada! — berrou. — Vocês é que me devem satisfações! Esconder o inimigo de um rei também é considerado traição.

— Isso foi uma ameaça? — Dessa vez Jimin identificou a voz suave como a da rainha Soyoung.

A conversa perdeu momentaneamente o foco quando uma onda de tontura fez Jimin quase perder a consciência novamente. Mas que diabos estava acontecendo? Nem quando fora privado de comida por quase uma semana havia sentido tamanha fraqueza.

— Srt. Park? — Em um momento de confusão, Jimin pensou ter ouvido e visto Jungkook, mas ao recobrar um pouco os sentidos percebeu que, na realidade, estava na companhia de Jungmo, irmão mais novo de Jungkook.

— Príncipe? O que faz aqui? — Tentou levantar pelo menos o tronco, mas caiu novamente na cama, sentindo-se tonto.

— Papai, mamãe e Jungkook mandaram eu cuidar de você. Pelo visto eles tinham razão, você está péssimo.

— Obrigado, era tudo o que eu precisava ouvir — murmurou, ouvindo o príncipe rir enquanto despejava um pouco de água num copo e entregava para Jimin.

— Beba, irá se sentir melhor. — Sentou-se na cama, esperando Jimin finalizar o copo com água para o pegar novamente.

— Obrigado, já me sinto melhor. — Sentou-se na cama, fechando brevemente os olhos para tentar diminuir um pouco a náusea.

— Srt.Park? — Jimin olhou para o mais novo com atenção, esperando que ele continuasse. — Você pode me explicar o que está acontecendo? Tudo o que consegui perceber foi que o rei Yoon te conhece e te odeia e que você conhece o rei Yoon e teme ele mais do que eu poderia imaginar.

— Você entendeu corretamente — suspirou, tomando coragem para iniciar o assunto. — Você sabe que antes de ser criado aqui eu era um escravo, correto?

— Sim, Jungkook me contou e falou que eu jamais deveria tocar nesse assunto com você. — Coçou a cabeça, um pouco confuso. — Tem certeza de que deseja falar sobre isso? Meu irmão ficará uma fera se descobrir que fiz você falar sobre isso e se sentir mal.

— Eu me entendo com o seu irmão depois, não se preocupe. — Foi impossível para Jimin não sentir o coração acelerar ao pensar que Jeon havia tomado tantas providências apenas para que ele vivesse melhor, ainda que o assunto “rei Yoon” trouxesse lembranças terríveis. — O rei Yoon foi meu primeiro dono. — Engoliu a seco, sentindo a língua formigar por mencionar Yoon como “seu dono”. Era nojento. —  Minha família recebeu uma oferta generosa dele. Como estavam devendo muito dinheiro, aceitaram sem ao menos pensar nas consequências. Passei anos servindo como...— Desviou o olhar rapidamente, pensando em como explicar para uma criança de onze anos que fora abusado sexualmente durante quatro anos. O assunto era delicado, apenas relembrar o que viveu trazia a tontura novamente. — Servindo para qualquer coisa que ele precisasse.

— Como um servo?

— Isso, como um servo. — Respirou fundo antes de continuar. Sentia a garganta seca e o suor frio brotar na palma das mãos, mas queria continuar explicando. Jungmo merecia uma explicação, todos eles mereciam. — Eu estava farto daquela vida miserável, então planejei minha fuga. Coloquei sonífero no vinho dele e esperei que dormisse para fugir, mas não deu certo. Fui preso algumas horas depois e Yoon mandou que me executassem. — Fechou os olhos tentando conter as lágrimas. Sentiu o toque gentil de Jungmo em sua mão, era o que precisava para continuar. —  A esposa dele, a rainha Yoon Jina, salvou-me no último instante, mandando-me para a casa de um outro senhor, que me vendeu ao mercado de escravos.

— O mercado de escravos daqui? — perguntou, ainda um pouco incerto sobre continuar ou não com o assunto. Jimin percebeu o desconforto do menino.

— Não se preocupe comigo, eu lhe devo explicações. — Sorriu, sendo retribuído com um sorriso acanhado. Limpou as poucas lágrimas que escaparam com a mão livre, ainda tendo uma delas fortemente apertada pelo príncipe. — Respondendo sua questão: não. Eu fui vendido e comprado várias vezes antes de parar no mercado clandestino da Costa Jeon.

— Jimin, eu-

— Traidores! — Jimin e Jungmo olharam alarmados para a porta, ouvindo um baque surdo logo após o berro ensurdecedor. — Vocês são traidores!

Jimin sabia muito bem onde a conversa chegaria. Apressou-se em se levantar, usufruindo da boa vontade de Jungmo, que se voluntariou como apoio momentâneo. Assim que firmou os pés no chão e conseguiu sustentar o próprio corpo sozinho, Park abriu a porta, pedindo com um sussurro que o caçula dos Jeon’s continuasse no quarto.

O ambiente fora do quarto estava caótico. Yoon havia socado a parede e estava suado e descabelado, andando nervosamente de um lado para o outro. Haeil e Soyoung pareciam irritados e nervosos, de braços cruzados e bufando vez ou outra, alternando o olhar entre Kwangjo e qualquer outra parte do corredor. Jungkook, entretanto, encarava Yoon com ódio puro, ainda que mantivesse a pose ereta e inabalável.

Ainda sem chamar atenção para si, Jimin caminhou para mais perto da confusão, sentindo os músculos tensos por estar tão perto de Yoon depois de tanto tempo sendo livre. A primeira pessoa a notar sua presença fora Soyoung, que rapidamente comunicou ao marido. Quando Haeil viu que Jimin estava ali, arregalou os olhos, olhando imediatamente para Yoon, que permanecia imerso em um mundo próprio enquanto murmurava palavras chulas. Haeil tentou se comunicar sem emitir sons, apenas movendo os lábios. Na segunda tentativa Jimin compreendeu o que foi dito. Saia daqui imediatamente. Park negou o pedido do rei, sorrindo antes de tentar se comunicar sem som. Não posso. É minha culpa, Majestade.

— O que esta coisa está fazendo aqui? — Jimin fechou os olhos por um momento, sentindo uma leve náusea. — Você deveria estar morto. Morto!

— Calado — Haeil pronunciou-se de maneira autoritária.

Ao abrir novamente os olhos Jimin percebeu que estava sendo intensamente encarado por Jungkook. Não conseguiu decifrar o significado do olhar, apenas sentiu-se intimidado e protegido ao mesmo tempo.

— Vocês não sabem o que estão defendendo. Ele não vale nada. — Ameaçou avançar até Jimin, mas foi impedido por Jungkook, que segurou-o pelo ombro.

— Nem mais um passo, Yoon. — Encarou-o com superioridade. — Espere na sala de assuntos reais, um dos guardas o escoltará — Empurrou Kwangjo de volta ao lugar.
Em questão de segundos um guarda apareceu, segurando Yoon com firmeza enquanto o arrastava para longe da família real. Assim que se viram livres do soberano hostil, os monarcas voltaram a atenção para Jimin.

O criado estava escorado na parede, os olhos arregalados e marejados encarando um ponto fixo, como se estivesse em choque e processando tudo o que havia acontecido. Jungkook tomou a frente, caminhando determinado até Park e tocando-o com delicadeza.

— O que está sentindo, Minnie? — perguntou baixo, num tom carinhoso. — Diga-me como posso ajudar. — Jimin apenas negou com a cabeça, deixando que as primeiras lágrimas escapassem.

A primeira reação de Jungkook foi se afastar, achando que, de alguma maneira, tivesse machucado Jimin, mas depois percebeu que era algo mais profundo. Aproximou-se novamente e tocou gentilmente os fios louros, num carinho terno.

— O que aconteceu, Minnie? Por que o teme tanto? — Novamente Jimin apenas negou. Não queria repetir tudo novamente. Fora forte ao contar para Jungmo, mas não conseguiria a mesma força de antes para contar aos outros três Jeon’s.

— Eu posso contar para eles, Jimin? — Jungmo colocou a cabeça para fora da porta, encarando os pais e o irmão antes de focar no corpo encolhido de Park.

— Pode — sussurrou.

— Vamos todos para meu quarto, os guardas tomarão conta de Yoon enquanto conversamos com Jimin. — Com uma mão na base da coluna e outra no ombro, Jungkook guiou Park novamente para o quarto, sendo seguido por Soyoung e Haeil.

Jungkook não sabia para onde olhar. Haeil e Soyoung estavam numa situação parecida, olhando cada um para um móvel diferente.
Quando Jungmo terminou a breve explicação e eles tiveram uma confirmação verbal baixa e fraca de Jimin, cada um tomou uma ação diferente. Jungkook tentou consolar Jimin, mas não sabia se podia ou não tocá-lo, assim como não sabia o que falar para amenizar a situação. Soyoung e Haeil simplesmente não se moveram ou pronunciaram, permanecerem inertes e com o olhar fixo. O único que teve alguma ação foi Jungmo, que aproximou-se de Jimin e segurou-lhe as mãos, num aperto solidário.

— Eu não fazia ideia, Minnie. — Jungkook fungou, olhando para Jimin e sendo retribuído. — Me desculpe.

— Você não teve culpa nenhuma, Jungkook. — Fungou, alternando o olhar entre Jungmo e Jungkook. — Você me salvou, eu deveria agradecer por isso. Me salvou antes e está salvando agora. — Olhou ao redor, vendo que todos o encaravam. — Todos vocês. Eu sou grato a todos. — Respirou fundo, limpando as lágrimas com uma das mãos, deixando que a outra ainda fosse segurada por Jungmo. — Estou me sentindo um pouco melhor. Posso ajudar de alguma forma?

— Pode deixar que nós resolvemos, querido. — Jimin arregalou os olhos, se segurando para não estapear Jungkook. Olhou de soslaio para Haeil e Soyoung, vendo que eles estavam surpresos pelo tratamento carinhoso, mas não aparentavam choque ou desaprovação. — Pai, mãe, alguma ideia?

— Ele está nos acusando de traição, uma acusação gravíssima — Soyoung levantou da cadeira, andando pelo quarto enquanto pensava. — Precisamos de algum deslize dele, algo grande.

— Mas isso não será suficiente! — Jungkook fechou o punho, frustrado. — Mesmo que joguemos algo que ele fez, não será suficiente, sabe disso tão bem quanto eu.

— E se forjássemos a morte de Jimin? — Haeil opinou.

— Seria muito fácil descobrir que ele continua vivo, o problema seria ainda maior. — Jungkook coçou a nuca, ainda mais frustrado.

— E por que não blefar? — Jungmo interferiu, recebendo a atenção de todos. — Podemos blefar, não é?

— Jungmo, você me deu uma ideia incrível! — Jungkook levantou animado, beijando gentilmente a testa do irmão antes de olhar para Jimin. — Não se preocupe, eu e meus pais cuidaremos de tudo. Jungmo ficará aqui com você.


[...]

A sala de assuntos reais parecia repentinamente menor do que realmente era. Jungkook sabia que era apenas o nervosismo e o medo dando sinais, mas o momento não permitia que o desespero tomasse conta. A vida de Jimin e a paz do reino estavam nas mãos dele e dos pais. Se o plano não desse certo, uma guerra invadiria a Costa Jeon e certamente aniquilaria mais da metade da população.

— Decidiram entregar o garoto? — Yoon perguntou assim que avistou os três Jeon’s no centro da sala.

— Não, viemos aqui para conversar, Yoon Kwangjo. — Haeil tomou a frente, caminhando calmamente até a mesa de reuniões e sentando em uma das cadeiras disponíveis. Soyoung e Jungkook imitaram o movimento. — Existem algumas questões a serem tratadas.

— Creio que sim. — Yoon aproximou-se da mesa, sentando um tanto afastado do trio. — Sobre o que desejam falar primeiro? A traição de vocês, Park Jimin ser meu ou a guerra que irei trazer para este reino caso não me entreguem o garoto?

— Queremos falar sobre um outro assunto, na realidade. — Jungkook arrumou brevemente a postura, sorrindo com desprezo. O autocontrole pré-estabelecido antes de entrar na sala quase se perdeu quando a voz rouca e nojenta afirmou posse sobre Jimin. — Você possui o terrível hábito de comprar escravos sexuais, sabemos disso, mas a igreja não. Também possui outro hábito terrível, extorquir pequenos reinos com um esquema sujo de compra e venda de artigos roubados em pilhagens esquematizadas por você, outro detalhe que a igreja não sabe. — Jungkook tamborilou os dedos na mesa, sorrindo ao perceber o rosto naturalmente bronzeado ganhar manchas rosadas.

— Isso é uma ameaça? Saiba que isso não é suficiente para acabar comigo, ainda posso enviar minhas tropas e-

— Meu filho esqueceu de acrescentar outro detalhe, Yoon. Você também tem o péssimo costume de não ajudar reinos vizinhos, o que torna você um rei sem aliados, mas disso a igreja está ciente. — Haeil sorriu cinicamente. — Nós temos aliados do Sul ao Norte, inclusive de reinos vizinhos ao seu. Se acha que nos venceria em uma guerra, está muito enganado. Temos treinamento, suprimentos e aliados. Tudo o que você tem é raiva e algum poder de fogo, que não chega aos pés do nosso.

— Vocês estão blefando — disse com desdém, mas sem muita convicção.
— Não, Yoon. Você está blefando. — Soyoung apontou para ele, enfatizando a frase. — Nosso poder de fogo é maior, nosso exército é maior, temos aliados e dinheiro. Não é um blefe, mas se quiser mesmo comprovar isso, estamos totalmente preparados para mostrar quão poderoso o exército Jeon pode ser.

— Tudo isso por um criadinho de merda? — murmurou com o maxilar travado, transbordando raiva antes de finalmente render-se — O que vocês querem?

— Tudo o que queremos é que saia daqui, nunca mais volte e esqueça a existência de Park Jimin. — Jungkook respondeu, levantando-se da cadeira.

— Mas Park Jimin me pertence!

— Não, ele não pertence à você. — Haeil levantou da cadeira também, sendo acompanhado pela esposa.

— Jimin faz parte do reino Jeon agora. Não existe ligação alguma entre você e ele. — Soyoung foi firme, não vacilando em momento algum. — Saia da Costa Jeon imediatamente e não volte.

Soyoung, Haeil e Jungkook deixaram a sala, passando instruções precisas aos guardas antes de finalmente voltarem ao quarto para contar as boas novas para Jungmo e Jimin.


[...]

A noite tranquila e fresca, dando os primeiros sinais verdadeiros do início da primavera, não deixou nenhum resquício do terror do dia. Depois de agradecer aos monarcas pelo esforço e risco, Jimin fora instruído a descansar pelo restante do dia, entretanto, contrariando as regras de Soyoung e Haeil, continuou seu trabalho como criado, lavando e passando roupas e organizando o que fosse necessário, obviamente que sem a aprovação de Jungkook.
Estava quase finalizando a organização e limpeza dos livros do escritório de Jungkook quando ouviu a voz suave vinda de perto.

— O que pensa que está fazendo, Srt. Park? — Jungkook perguntou, vendo o criado virar para ele com um olhar culpado. — Mandei que descansasse.

— Não consegui ficar parado. Precisava fazer algo de útil.

— Como assim, querido? — perguntou, sentando em uma das poltronas. — Sente-se e me conte o que está acontecendo. — Jimin obedeceu, largando o pano na mesa e sentando perto de Jungkook.

— Todos vocês se arriscaram hoje por um problema meu. O rei Yoon quase iniciou uma guerra por causa disso e tudo o que eu fiz foi me esconder no quarto! — Suspirou, derrotado. — Se eu continuasse sem fazer algo de útil, acabaria em prantos.

— Você fez o que era necessário, querido. — Jungkook levantou de onde estava, ajoelhando de frente para Jimin. — É nosso dever proteger o reino. E é meu dever proteger o que realmente importe nele.

— Eu não sou importante para o reino, Jungkook. Fora dessa castelo ninguém sequer sabe que eu existo.

— Você é importante para mim, Jimin. — Jungkook sorriu, levando uma das mão ao rosto de Park.

Jimin fechou os olhos com o contato, absorvendo o calor. Não sabia exatamente o que estava acontecendo, se estava sonhando ou se estava acordado. Ainda receoso, abriu os olhos, temendo ter sido apenas uma peça maldosa do cansaço mental, mas o que encontrou fora apenas o olhar intenso de Jungkook.

— Você também é importante para mim — sussurrou, num surto momentâneo de coragem.

Jungkook sorriu abertamente e Jimin retribuiu. Naquele instante, mesmo que sem palavras, ambos tiveram o mesmo pensamento.

Eu te amo.

Notas finais

Não sei vocês, mas eu estou muito boiola com esse final. Espero que tenham curtido essa fanfic. Eu gostei bastante de escrevê-la, tive minhas dificuldades, não irei mentir, mas mesmo assim eu gostei de cada momento e do resultado final.
Lembrem-se que eu adoro saber o que você pensam sobre o que escrevo, então não se acanhe em me contar se gostou ou não e o que pensou no decorrer da estória.
Não posso deixar de agradecer à @ParkEmy pela betagem impecável tanto desse quanto do capítulo anterior e à @hotk pela capa. Muito obrigada por me ajudarem a concluir esse trabalho <3
Não se esqueça: faça carinho num animalzinho, beba água e não cuide da vida alheia
Beijinhos de luz e até a próxima <3<3<3

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