Capítulo 24
Ian e Alisson estavam indo embora. Ele já havia falado com os pais dela, que não aceitaram muito bem inicialmente, mas ao que parece depois que souberam que Ian era futuro rei de Brighton amenizaram os insultos iniciais e o ouviram melhor. Algo me disse desde o princípio que os pais de Alisson não eram tão bons assim, o que era uma pena, pois a filha já provou ser digna de confiança.
Assisti com o coração apertado Mabel e Alisson se despedindo. As duas se abraçaram e choraram, conversando baixo por alguns poucos minutos. Depois foi a minha vez de se despedir, então peguei a mão de Alisson e beijei delicadamente.
— Cuide bem dela... Mabel merece. — Alisson sussurrou enquanto ainda segurava sua mão e assenti concordando.
Óbvio que cuidaria bem de Mabel, afinal a amava e minha missão era fazê-la feliz. Ela sorriu e então Ian veio até nós. Dei um sorriso sincero e o abracei batendo levemente em suas costas.
— Parabéns amigo. — Sussurrei e ouvi sua risada baixa — Que vocês três sejas muito felizes.
— Você também. — Sorriu.
Depois de se despedirem de todos, meus pais acompanharam o casal até a frente do palácio, onde um carro já esperava e os levaria até a província de Ian.
O salão estava em silêncio. Amanda ainda permanecia sentada em um dos sofás, encarando o chão com uma expressão pensativa. Victor estava encostado perto da entrada com os braços cruzados sobre o peito enquanto olhava para o nada. Além de Mabel perto do outro sofá, ainda visivelmente abalada com a saída da amiga.
Podia dizer que finalmente tudo estava acabando. Amanhã seria a cerimônia final e então as coisas estariam no eixo certo. Essa convocação terminaria oficialmente e poderia seguir com minha vida.
— Bom, vou subir... Estou meio cansada. — Mabel avisou chamando a atenção — Boa noite.
Acompanhei com os olhos ela andar em direção à saída do salão. Quando estava passando por mim segurei sua mão e beijei o dorso.
— Boa noite e durma bem. Amanhã terá um dia cheio — Sorri levemente para tentar anima-la um pouco.
— Vou sim. — Concordou e seguiu para fora do salão.
Suspirei baixo e passei as mãos pelos cabelos. Também estava cansado e não seria má ideia ir deitar, então me despedi de Amanda e Victor e subi ao meu quarto.
Tomei um banho rápido, mas relaxante e vesti o calção do pijama. Deitei e encarei o teto por alguns bons minutos. Minha cabeça estava tão cheia que não conseguia focar em um pensamento especifico.
Respirei fundo, repetindo algumas vezes, até me sentir mais leve. O que funcionou já que alguns minutos depois peguei no sono.
***
Acordei um pouco mais tarde do que o habitual. Hoje seria o dia da eliminação final e queria estar relaxado. Minha decisão já estava tomada a muito tempo e não a mudaria. Não tinha a mínima chance de isso acontecer.
Fui tirado desses pensamentos por uma batida sutil na porta do quarto. Ainda estava deitado, como diria minha mãe: Curtindo uma preguiça.
Ouvi alguém batendo na porta do quarto e autorizei que entrasse.
— Alteza. — Uma das criadas chamou a abrindo minimamente.
— Pode entrar. — Autorizei sentando na cama.
Ela abriu mais a porta e entrou no quarto. Notei suas bochechas ficarem vermelhas quando percebeu que estava sem camisa e contive uma risada baixa.
— O café está servido. O rei e a rainha estão no salão. — Avisou desviando os olhos para a parede oposta, ainda visivelmente constrangida.
— Obrigado. — Agradeci — Diga que já estou descendo.
A criada assentiu concordando e saiu do quarto, fechando a porta novamente. Me espreguicei e levantei indo ao banheiro. Liguei o chuveiro e deixei a água morna cair em meu corpo.
Hoje era um dia especial e decisivo. Minha vida mudaria ainda mais e para melhor, pois estaria junto de Mabel.
Terminei o banho e sai do banheiro, indo ao closet. Escolhi um conjunto social preto e o vesti.
Quando estava pronto desci ao salão das refeições. Meus pais e Victor já estavam à mesa tomando café. Victor dava risada de alguma piada própria e provavelmente sem graça, pois meu pai revirava os olhos discretamente.
— Bom dia! — Os cumprimentei.
— Bom dia, querido. — Minha mãe sorriu.
Beijei sua testa e sentei na cadeira vaga. Meu pai deu um sorriso calmo, que retribui e Victor apenas acenou com a cabeça.
— Nervoso? — Victor questionou.
— Sim e não. — Confessei fazendo com que ele desse risada.
— Como assim filho? — Minha mãe me olhava confusa.
Mordi o lábio pensando em como explicar aquela confusão de sentimentos.
— Sim, porque estou nervoso de finalmente tudo isso acabar. Essa convocação foi mais tumultuada do que pensamos. — Expliquei e minha mãe apenas assentiu concordando — E não, porque tenho certeza de minha escolha.
— Agora o entendo, — Sussurrou segurando minha mão — Você está amando e isso é lindo.
— Sim, estou! — Confessei apertando sua mão gentilmente.
Notei o sorriso discreto do meu pai e o retribui. Sabia que eles me apoiariam em qualquer que fosse a escolha, mas também sabia que gostavam de verdade de Mabel. Ela já havia provado ser digna de confiança e ter as qualidades necessárias para ser uma rainha. Tinha certeza de que minha mãe seria bem substituída.
Tomamos café com calma falávamos sobre a organização do evento de hoje à noite. Nós faríamos uma pequena recepção depois da cerimônia, apenas para alguns poucos convidados e em maioria amigos próximos da província e negociantes mais importantes. Assim apresentaríamos melhor a nova princesa e futura rainha.
Depois de satisfeito segui com Victor e meu pai até o escritório. Minha mãe queria que passasse o dia descansando, mas precisava me ocupar, pois a ansiedade estava começando a bater e quanto menos ocioso ficasse seria melhor.
Acabamos passando a manhã toda em uma reunião sobre contratos recentes com algumas províncias. Jony um dos assessores estava presente e almoçou conosco.
As garotas passaram o dia em seus quartos, pois estavam se preparando para a cerimônia de logo mais. Então quando já era quase noite decidi que também me recolheria, pois queria tomar um banho relaxante e deitar um pouco.
Subi ao terceiro andar, mas quando estava quase chegando ao quarto ouvi alguém me chamar.
— Mãe. — Sorri ao vê-la parada no corredor.
— Têm um minuto? — Pediu e assenti concordando.
Ela indicou que entrasse em seu quarto e a obedeci. Caminhei até a cama e sentei na beirada. Vi minha mãe ir até seu closet e franzi a testa sem entender. O que estava fazendo? Não tive tempo de pensar muito nisso, pois ela logo voltava com uma caixa de madeira nas mãos. Era média e tinha um espelho bonito na tampa.
— O que é? — Questionei não contendo a curiosidade.
— Hoje você vai escolher sua futura esposa, — Começou sorrindo levemente — É um dia importante e fico feliz que esteja fazendo isso por amor. — Confessou — Então quero que seja especial.
— Como assim? — Franzi a testa.
Já estava sendo especial. Por ser com Mabel e por meus pais estarem apoiando essa decisão. Só precisava que a noite chegasse logo e tudo enfim terminasse, ou começasse.
Minha mãe abriu a caixa revelando uma grande quantidade de joias. Todas foram presente do meu pai durante os vários anos de casados. Ele sempre gostou de presenteá-la e admirava isso.
Vi ela mexer em algumas com cuidado e pegar uma pequena caixa, de veludo vermelha. Fechou a caixa maior novamente e deixou ao nosso lado na cama.
— Seu pai me deu isso quando me escolheu na convocação. — Contou sorrindo abertamente com a lembrança — Quero que dê a Mabel. — Explicou enquanto a abria e revelava o bonito e delicado anel.
Era de ouro branco com vários cristais perfeitamente encrustados nas bordas, mas o que reinava era a pedra de tamanho médio no centro dele. Um lindo diamante.
— É lindo mãe. — Sussurrei admirando o anel.
— Pegue. — Ofereceu o estendendo.
Peguei a pequena caixa e o avaliei mais de perto. Era realmente magnifico e fiquei imaginando se Mabel gostaria. Ficaria lindo no seu dedo. Tinha certeza disso.
— Obrigado mãe. — Agradeci emocionado — É um gesto muito bonito.
— Você é meu filho. Eu o amo e só quero sua felicidade. — Confessou sorrindo.
Senti minha garganta se fechando e contive o choro, apenas abraçando-a carinhosamente. Minha mãe era uma das mulheres mais importantes da minha vida. Eu a admirava muito, sua bondade, ternura, paciência, elegância e inteligência. Não me surpreendia que meu pai ainda fosse tão apaixonado.
— Agora vá descansar. — Beijou minha bochecha.
— Nos vemos mais tarde. — Me despedi.
Sai de seu quarto com a pequena caixa nas mãos e segui ao meu. A deixei sobre a mesinha no canto, em cima de alguns relatórios de finanças da província.
Caminhei até o banheiro e coloquei a banheira para encher. Despejei alguns sais e tirei minha roupa, jogando no cesto perto da porta. Entrei na banheira e sentei, relaxando. Fechei os olhos e respirei fundo algumas vezes. A água morna estava uma delícia e ajudou a aliviar meus músculos meio tensos de ansiedade.
Acabei cochilando, mas felizmente acordei a tempo de conseguir me arrumar com calma. Escolhi um conjunto social mais formal em um tom de azul marinho escuro, quase preto. Ajeitei a gravata me olhando no espelho do closet. Ajeitei meus cabelos e quando achei que estava tudo pronto voltei ao quarto.
Olhei no relógio em meu pulso e vi que já estava na hora de descer. Peguei a pequena caixa em cima da mesa e abri admirando o anel uma última vez. Esperava que Mabel gostasse. Coloquei no bolso interno do paletó e sai do quarto.
Desci ao salão principal e encontrei Victor sentado em um dos sofás. Ele encarava o vaso de flor em cima da mesa como se houvesse um quebra-cabeças dificílimo. Dei um pigarro baixo chamando a atenção e imediatamente ele levantou os olhos.
— Tudo bem? — Questionei.
— Tudo sim. — Sorriu levemente.
Não era segredo nenhum que Victor teve um interesse por Mabel, na verdade, não sei se ainda tinha. Então imagino que devia ser complicado para ele tudo isso. Obviamente Victor sabe que Mabel é minha escolha, sempre foi. Essa era uma situação meio chata, mas que não tinha outra saída. Eu amava Mabel e não existia a possibilidade de deixa-la.
— Ligou para seu pai? –— Questionei sentando no sofá em frente.
Quando sai do escritório essa tarde Victor havia pedido se podia usar o telefone que tínhamos no palácio para ligar ao seu pai.
— Sim. Ele está em Ashervill. — Explicou e assenti concordando — Ao que parece vai ficar por lá algum tempo. O rei está com alguns problemas com saqueadores de mercadorias.
— Nossa... Que chato isso! — Comentei.
Começamos uma conversa sobre algumas províncias que eles haviam passado e a situação atual. Algumas estavam bem tanto financeiramente, quanto em harmonia. Já outras viviam em um sobe e desce que era complicado. Quando as províncias foram formadas, cada uma nomeou um rei, algumas por voto e outras por indicação, mas nem todos nascem para reinar, afinal é uma responsabilidade muito grande.
Por sorte meu pai havia me preparado muito bem para isso. Me sentia confiante e pronto para assumir esse fardo.
— Filho. — Minha mãe chamou entrando no salão junto com meu pai.
— Mãe. — Sorri lembrando de seu gesto carinhoso ao me dar seu anel.
— Pronto? — Meu pai questionou.
— Pronto! — Afirmei respirando fundo.
Levantei do sofá e Victor fez o mesmo. Seguimos logo atrás do casal real, com mais três guardas nos acompanhando até o ginásio. Então em menos de dez minutos estávamos na sala reservada para que esperássemos.
Minha mãe sentou em uma das poltronas e meu pai ficou na porta conversando com um dos guardas. Já eu fiquei parado perto dos degraus que davam acesso ao palco. Me escorei a parede e fechei os olhos, respirando fundo algumas vezes.
Deixei minha mente vagar e voltar no tempo, mais precisamente no dia em que esbarrei com a bela morena no centro da província. Quem diria que minha vida mudaria depois disso? Nunca imaginaria que encontraria o amor assim literalmente do nada. Lembrei dos olhos cor de mel me olhando como se pudessem ver minha alma e ao mesmo tempo me trazendo uma paz que não achei que um dia sentiria.
Abri os olhos novamente quando ouvi a voz de Verônica iniciando a noite, já fazendo os habituais avisos e anúncios. Depois disto ela chamou meus pais e eu para entrarmos no palco. Sorri acenando discretamente para a plateia, que aplaudia entusiasmadas. Imaginava que estavam ansiosos para a noite de hoje, afinal a futura rainha seria escolhida.
— Então agora sem mais delongas vamos à cerimônia final da escolha da nova princesa de Thompson. — Verônica avisou sorrindo levemente — Como já sabem por motivos internos nós temos apenas duas finalistas para nosso príncipe Lorenzo escolher e elas são... — Verônica uma curta pausa antes de continuar — Senhorita Amanda Janks. — Chamou.
Alguns poucos segundos depois vi Amanda passando pela cortina. Ela desceu os poucos degraus com elegância e seguiu até sua cadeira. Amanda era uma garota bonita e não podia negar isso, mas meu coração não batia mais forte quando a via.
— E a senhorita Mabel Fischer. — Verônica a chamou.
Imediatamente olhei para as cortinas e não contive um pequeno sorriso assim que vi a bela morena. Mabel estava magnifica. Tive que me conter para não levantar e ir encontrá-la. Aquele tom de azul ficava perfeito em sua pele, contrastando e deixando-a com um ar delicado.
A plateia aplaudia enquanto Mabel caminhava até seu lugar e sentava ao lado de Amanda.
— Sejam bem-vindas senhoritas. — Verônica sorriu e então uma mulher loira apareceu para entregar um microfone a cada uma delas — Hoje é um grande dia, não é?
— Acho que tem um buraco negro em meu estomago. — Amanda confessou, arrancando uma risada de todos.
— Totalmente compreensível. — Verônica sorriu ainda mais — Hoje uma de vocês se tornara a princesa de Thompson... E como dizem: A voz do povo é a voz de Deus. Então hoje vocês... — Apontou para a plateia — Terão participação mais do que especial.
Notei que todos se animaram com a ideia e alguns cochichavam com os outros, sorrindo. Percorri as fileiras de pessoas com os olhos e encontrei os avós de Mabel na primeira, assim como havia pedido a minha mãe hoje pela manhã. Achei que seria bom para as garotas ter seus familiares mais a vista, ainda mais para Mabel que era apaixonada pelos avós e irmã. Por isso também sugeri uma visita em seus quartos antes da cerimônia. Quem sabe isso as acalmasse.
— Quem será o primeiro a falar com nossas candidatas? — Verônica questionou olhando para a plateia.
Várias mãos foram levantadas e Verônica escolheu uma mulher loira, de no máximo trinta e cinco anos. Estava bem vestida e tinha um sorriso contido.
— Boa noite. — Nos cumprimentou — Gostaria de perguntar a senhorita Amanda qual a melhor qualidade do príncipe... Algo que a tenha cativado.
— Boa noite. — Amanda sorriu levemente — Acho que sua maior qualidade é a bondade. O príncipe é um homem muito bondoso. Sempre pensando no outro antes dele mesmo e quem sabe isso possa ser um defeito também, — Olhou em minha direção — Mas nos tempos em que vivemos a bondade no homem é com certeza uma das coisas mais essenciais e admiráveis.
Confesso que me surpreendi com sua resposta, mas fiquei feliz, afinal me esforçava para ser uma pessoa justa. Meu pai ensinou que devemos fazer ao outro somente o que queremos que seja feito conosco.
Todos aplaudiram Amanda e então Verônica escolheu a próxima pessoa. Uma senhora.
— Boa noite. Gostaria de saber da senhorita Mabel, qual seu momento preferido até agora ao lado do príncipe. Nós sabemos que tiveram encontros... — Deu uma pequena e baixa risada — O que fizeram? — Questionou curiosa.
— Boa noite. — Mabel deu um bonito e cativante sorriso — Todos os momentos em que passei ao lado do príncipe foram bons. Sua companhia é com certeza muito agradável e não consigo escolher apenas um lugar, ou encontro específico em que tenha gostado mais. — Deu de ombros discretamente — Gosto apenas de nossas conversas e de quando ele sorri. É como se nada fosse mais importante do que isso. — Completou me olhando de relance.
Eu tinha um sorriso de canto nos lábios enquanto a encarava intensamente. Suas palavras me desarmaram completamente. Mabel conseguia me tocar de um jeito único.
Verônica ainda escolheu mais duas pessoas na plateia e depois disso convidou o rei para falar algumas poucas palavras. Ele nunca se pronunciou sobre as garotas e essa convocação, pelo menos não publicamente, então seria a primeira vez que falaria assim mais abertamente.
— Boa noite povo de Thompson. — Cumprimentou — É um prazer estar com vocês nesta noite tão importante para todos. Hoje ganharemos uma princesa e futura rainha, e nós... — Olhou rapidamente para minha mãe — Nós ganhamos também uma filha. — Ela sorriu e assentiu concordando.
Sabia que minha mãe gostaria de ter tido mais um filho, quem sabe uma menina, mas por circunstâncias da vida isso não pode acontecer. Ninguém sabe, mas alguns anos depois que nasci meus pais tentaram ter outro filho e conseguiram, minha mãe engravidou. Obviamente que os dois ficaram felizes, mas então, quando ela estava com quase dois meses houve o que chamam de aborto espontâneo.
Foi difícil para meus pais, ainda mais quando souberam que com esse aborto aconteceram algumas complicações e minha mãe não poderia mais ter filhos. Lembro que mesmo sendo pequeno na época, devia ter uns três ou quatro anos, consegui ver a tristeza deles, mas como tudo na vida, nada melhor do que o tempo. Hoje essa já era uma história superada e agora finalmente eles teriam mais um filho, ou melhor, filha.
Minha mãe levantou e seguiu até o meio do palco junto com meu pai, que lhe entregou o microfone.
— Boa noite. — A rainha cumprimentou com sua característica voz doce, aquela que sempre me acalmava — Como nosso rei já disse, é um prazer estar aqui com vocês e as finalistas. Eu posso dizer que qualquer uma das duas que for escolhida pelo nosso filho... — Fez uma pequena pausa e me olhou carinhosamente — Será uma boa princesa.
Em seguida minha mãe se virou para as garotas e sorriu mais abertamente.
— Vocês são garotas incríveis. — Começou agora direcionada a elas — Tive o prazer de conhecê-las um pouco melhor nos últimos tempos e agradeço por isso. Fez com que relembrasse de minha época... Estava tão nervosa no dia da cerimônia final. — Confessou dando uma pequena risada — Rei Philliph já havia dado indícios de que seria sua escolhida, mas minha mente teimava em dizer que tudo só estaria decidido quando dissesse meu nome em frente a todos ali na plateia. — Explicou olhando para meu pai, que sorria — E quando ele disse meu nome foi como se nada mais existisse, só nós dois. — Suspirou baixo se voltando novamente às garotas — Realmente desejo que uma de vocês sinta isso. O quanto é especial ser escolhida por alguém... Ainda mais se for quem você ama.
Sorri ouvindo as palavras de minha mãe. Ela tinha o dom de saber o que dizer e na hora certa, sempre foi assim. Quando precisava de um conselho ou ajuda eu a procurava. Assim como tenho certeza de que ajudou as duas garotas sentadas ali no palco.
Verônica agradeceu a participação do casal real e eles se despediram voltando até seus lugares.
— Boa sorte filho. Estou orgulhosa de você. — Minha mãe sussurrou.
Segurei sua mão e beijei o dorso, depois a testa. Olhei para meu pai que apenas fez um sinal positivo com a cabeça, como se quisesse dizer que confiava em mim.
— Então agora sem mais delongas nosso príncipe assumirá o palco. — Verônica avisou dando a deixa.
Todos aplaudiram animados quando levantei e caminhei calmamente até o meio do palco. Peguei o microfone que foi oferecido e virei de frente para a plateia.
Não tinha preparado um discurso e nem decorado nada. Sabia que estaria nervoso, ansioso, e acabaria esquecendo tudo, então preferi que as palavras viessem na hora, com a emoção do momento.
— Boa noite a todos. — Cumprimentei agora virando para as garotas e sorrindo levemente — Hoje com certeza é um dos dias mais importantes para mim e credito que para Thompson. — Continuei fazendo uma pequena pausa — Quando tudo isso começou confesso que não tinha muitas esperanças. Ouvia minha mãe contar as histórias de quando participou, as amizades que fez e as coisas que aprendeu. — Expliquei olhando de relance para ela, que assentiu concordando — Mas assim como todo mundo quando pensa em casamento, pensa em amor, eu também sempre quis o amor. Estar com alguém com quem quisesse passar a vida toda ao lado.
Virei um pouco e fiquei de lado, assim tanto as garotas quanto a plateia conseguiam me ver. Baixei os olhos por alguns instantes, deixando que o sentimento trouxesse as palavras certas. Olhei novamente para as duas garotas, que me observavam em expectativa.
— Alguém que me completasse. Que fosse o que não sou e que me tornasse alguém melhor a cada dia. Que fizesse meu coração disparar toda vez em que a visse. — Fiz uma pausa e mordi o lábio — Vocês podem estar pensando que estou exigindo demais e que isso tudo é uma ilusão... Mas não é. — Neguei sorrindo enquanto olhava para a plateia — Eu consegui! Não apenas isso, como muito mais. — Afirmei.
Respirei fundo e devagar comecei a caminhar em direção as garotas. Toda a plateia permanecia em silêncio e nem as respirações eram ouvidas. Quando já estava a alguns passos sorri meio emocionado e estendi a mão em direção a Mabel. Meus olhos estavam presos nos seus e os dela visivelmente marejados. Ela a aceitou e com cuidado a puxei fazendo com que levantasse da cadeira. Nós demos alguns passos e ficamos de lado, de forma que a plateia conseguisse nos ver.
— Eu achei, — Continuei agora encarando seus olhos — Achei alguém que me completa. Que me faz querer acordar todos os dias e ser melhor por meu povo e por ela. — Confessei apertando sua mão gentilmente.
Sorri olhando para Mabel com todo amor que havia no coração. Vi uma lágrima rolar por seu rosto e logo após mais algumas tantas se juntaram.
— Quero passar a vida toda ao seu lado. — Confessei sorrindo mais abertamente — Quero você como minha princesa e rainha. Como minha mulher. Quero amar você todos os dias da minha vida, mais do que já amo! — Declarei chegando mais perto dela — Mabel Fischer... Você aceita se casar comigo?
Por favor diga sim. Repeti em minha mente. Diga que aceita ser minha para sempre.
Com um pouco de dificuldade vi Mabel assentir concordando enquanto secava as bochechas molhadas pelas lágrimas que insistiam em cair. Não gostava de vê-la chorando, mas se fosse por felicidade era mais tolerável.
Um sorriso gigante surgiu em meu rosto enquanto pegava a pequena caixa no bolso do paletó. A abri e estendi mostrando o bonito anel. Com cuidado o tirei e peguei sua mão direita, deslizando em seu dedo. Assim que o anel estava no lugar o beijei e me levantei, chegando mais perto de Mabel.
— Eu te amo. — Declarei com o rosto a centímetros do seu.
— Eu te amo. — Sussurrou.
Devagar me aproximei ainda mais. Sua respiração estava meio acelerada, creio que pela emoção do momento. Segurei sua cintura e Mabel espalmou as mãos em meu peito, finalmente tocando seus lábios em um leve selinho, mas cheio de amor.
— Desculpe. — Mabel sussurrou.
Segui seu olhar e encontrei Amanda. Ela ainda estava sentada na cadeira e sorriu enquanto negava com a cabeça, sussurrando um simples: Parabéns! Amanda era uma boa pessoa e merecia encontrar alguém que a amasse.
Verônica fez um sinal com a cabeça e então a mesma mulher que havia entrado no começo da cerimônia apareceu para levar Amanda.
— Obrigado Amanda. — Agradeci — Você é uma garota adorável, mas tenho que obedecer meu coração. — Expliquei sorrindo meio pesaroso.
— Entendo Alteza... E desejo felicidades aos dois. — Sorriu fazendo uma pequena reverência antes de deixar o palco.
Olhei novamente para Mabel e segurei sua mão enquanto nos virava de frente para a plateia. Algumas pessoas assoviavam e outras gritavam o seu nome. Vi que na primeira fileira Samantha dava pequenos pulos no lugar e contive uma risada.
— Mabel Fischer... Nova princesa e futura rainha de Thompson. — Anunciei a olhando — Minha futura esposa! — Completei sorrindo orgulhoso.
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