Capítulo 20
Já tinha conversado com Victor. Contei tudo que Mabel me relatou ver e nós havíamos tido uma ideia. Era ariscada, mas a única que conseguíamos ter no momento devido as atuais circunstâncias, pelo menos que não envolvesse e colocasse mais pessoas em risco.
Precisávamos descobrir quem estava junto com Nolan. Esse era um dos passos fundamentais para conseguirmos resgatar meu pai.
Ainda não sabia se nos comunicariam algo, pediriam uma troca ou sei lá, mas também, o que iriam querer? Afinal, porque esses ataques? Se era por poder então porque levar o rei e deixar o príncipe sucessor, no caso eu. Não tinha lógica.
— Então é isso, vamos pegar Nolan e quem o está ajudando. — Victor afirmou enquanto subíamos a escada, indo ao segundo andar.
Tudo já estava praticamente pronto, a não ser pelas poucas manchas de sangue na parede, mas isso só com tinta para sair mesmo. Continuamos pelo corredor indo em direção ao quarto de Mabel, queria avisa-la de que já tinha as coisas sobre controle, que não precisava se preocupar, afinal foi ela quem deu a pista maior disso tudo.
Bati na porta do seu quarto e alguns poucos minutos depois Mabel a abria.
— Oi. — Sussurrou.
— Temos um plano. — Olhei de relance para Victor, que assentiu concordando.
Imediatamente Mabel abriu mais a porta do quarto e deixou que nós entrássemos.
— Não me deixem curiosa. — Acusou fechando a porta.
— Nós vamos pegar Nolan. — Victor afirmou de forma simples e direta.
— E como pretendem fazer isso? — Questionou revessando o olhar entre nós dois.
— Você disse que Nolan vai se encontrar amanhã com essa pessoa que está ajudando ele, então nós vamos segui-lo e descobrir quem é. — Expliquei suspirando baixo.
— E então pega-los. — Victor completou dando de ombros.
Parecia simples ouvindo assim, mas sabia que exigiria bastante de nós, já que teríamos que fazer isso em sigilo total, nem os guardas saberiam de nada.
— É arriscado, — Nos olhou pensativa — Mas vou junto. — Completou.
— Não! — Negamos juntos.
— Vou sim. — Afirmou cruzando os braços de forma determinada.
— Mabel... — Comecei, mas ela negou com a cabeça e me interrompeu.
— Thompson precisa de nós. — Me olhou séria.
Ficamos nos encarando em silêncio por alguns minutos. Notei em seus olhos que Mabel não dessistiaria facilmente, então era mais fácil tê-la junto, saber onde estava e o que fazia, do que ficar preocupado depois.
Conhecia Mabel o suficiente para saber o nível de sua determinação quando queria algo. Suspirei baixo e a olhei como quem diz: Você ganhou!
— Falei que tem que ser mais firme com ela. — Victor comentou.
— Você está pedindo uns tapas... — Mabel o ameaçou, fazendo Victor revirar os olhos em desdém.
— Você vai participar, mas vai fazer somente o que combinarmos. — Expliquei com seriedade.
Mabel sentou na beirada da cama e assentiu concordando. Suspirei baixo e comecei a contar todo o plano enquanto ela ouvia atentamente e vez ou outra comentava, ou sugeria alguma coisa.
Quando estava tudo combinado nos despedimos com um selinho rápido, afinal já era tarde e tínhamos que estar preparados para amanhã. Me despedi de Victor no terceiro andar e entrei em meu quarto. Precisava de um banho e da minha cama, pois amanhã seria o dia.
***
Ainda era cedo. Apesar do café da manhã já ter sido servido em nossos quartos o palácio continuava silencioso, só sendo interrompido por passos nos corredores vez ou outra. Esses que eram das criadas que ainda limpavam a bagunça de ontem.
Terminei de descer a escada e cheguei ao primeiro andar. Sabia que a qualquer momento Mabel apareceria, pois Victor já tinha ido avisa-la que podia começar sua parte do plano. Como combinado me escondi na minúscula dispensa que havia embaixo da escada e esperei ali, no escuro, pelo aviso de Mabel.
Quase dez minutos depois ouvi o barulho de saltos contra o piso e uma batida na porta da dispensa. A abri e encontrei Mabel me olhando meio ofegante.
— Ele está indo. — Avisou.
— Obrigado. — Agradeci já começando a andar em direção à porta do palácio.
Ouvi passos perto e girei quase trombando em Mabel.
— Mabel. — A alertei percebendo sua intenção.
— Vou com você e não adianta teimar. — Afirmou me olhando séria.
Nos encaramos por alguns segundos. Sabia que até convence-la eu perderia tempo e precisava seguir Nolan rápido, ou o perderia. Suspirei rendido mais uma vez. Isso estava virando habito e não podia deixar acontecer, teria que começar a ser mais duro com Mabel.
Como se eu conseguisse. Pensei.
Segurei sua mão e a puxei comigo para fora. Logo nós já alcançávamos Nolan, que seguia pelo caminho de pedras do jardim, entrando em meio às árvores que havia no final dele. Sabia que aquela trilha levaria ao lago. Então era lá que eles se encontrariam.
Nos escondemos atrás de uma árvore de tronco grosso enquanto Nolan caminhava até perto do lago, onde parou e colocou as mãos nos bolsos da calça, olhando para frente como se apreciasse a paisagem. Então quase dez minutos depois, quando já pensava que aquilo era uma armadilha ou distração, senti Mabel me cutucar e indicou com a cabeça para o lado.
— Deve ser a pessoa que está o ajudando. — Sussurrou.
Segui seu olhar e encontrei um homem alto vestindo terno cinza escuro caminhar até Nolan. Ele estava de costas para nós, mas mesmo assim era familiar, na verdade, meu coração já estava acelerado, quase saindo pela boca. Porque? Fácil. Porque já tinha uma boa noção de quem era, só não entendia o motivo.
— Ó! — Mabel sussurrou.
— Não pode ser... — Neguei.
Não queria acreditar que era ele. Não podia ser. Neguei em minha mente, mas a prova estava ali, diante dos meus olhos. Por mais doloroso que fosse.
— Alexander... — Mabel chamou.
Lentamente virei o rosto e encontrei seus olhos preocupados e surpresos. Até ela não esperava por isso. Que dirá eu.
Voltei a observar os dois homens que ainda conversavam perto do lago. Daqui não conseguíamos ouvir, mas Nolan assentia concordando com o que o outro falava, sorrindo de vez em quando. Desgraçado! Minha vontade era de ir lá e socar a cara dos dois, mas não podia fazer isso, pelo menos enquanto não soubesse onde meu pai estava.
Cerca de vinte minutos depois eles se despediram e então Nolan refez o caminho de volta pela trilha, enquanto o outro sumia pelas árvores de onde veio. Nós esperamos até Nolan estar alguns bons metros longes e então saímos detrás da árvore. Segurei a mão de Mabel e refizemos nossa caminhada de volta ao palácio.
Minha mente trabalhava sem parar tentando achar uma explicação. Porque? Essa pergunta se repetia em minha cabeça e não conseguia achar uma resposta.
Assim que passamos pela porta de entrada e já seguíamos até a escada, nós fomos parados por alguém que me chamava. Mais do que imediatamente reconheci a voz e isso fez com que os pelos da minha nuca se arrepiassem.
— Lorenzo. — ele chamou alto fazendo com que nos virássemos em sua direção — Vim assim que soube. Sabe que pode contar comigo, não sabe amigo? — Colocou a mão em meu ombro e o apertou levemente.
Assim que senti seu toque todos os músculos do meu corpo ficaram tensos. Tive vontade de afastar sua mão e gritar com ele o porquê de estar fazendo aquilo, socando sua cara do jeito que merecia. Mas ao contrário disso, vesti minha máscara de frieza e apenas o encarei como se nada estivesse acontecendo.
— Jason. — Cumprimentei com seriedade.
Senti um aperto sutil na mão que Mabel ainda segurava e incrivelmente isso me deu mais força para continuar encenando. Mesmo que minha vontade fosse chutar o balde e a bunda do homem que considerei, e se disse meu melhor amigo.
Mas isso não era verdade, pelo menos não mais. Agora ele era Jason Hartwell, um traidor. Tinha ajudado a sequestrar meu pai, seu rei, para acabar com o reinado e agora sofreria as consequências.
Sem que esperasse Jason me puxou para um abraço, como os antigos, de quando ainda acreditava que éramos amigos de verdade. Disfarçadamente me desfiz dele e dei um passo para trás, mantendo alguma distância.
— Obrigado. — Agradeci.
— Mabel, como vai? — Questionou a notando ao meu lado.
— Jason. — Mabel o cumprimentou sorrindo levemente.
Percorri seu rosto com os olhos, tentando procurar algum sinal ou dica de que aquilo tudo não era verdade. Que Jason continuava sendo o mesmo menino que cresceu comigo no palácio e que considerava como irmão, e meus pais como filho.
— Já tiveram notícias sobre rei Philliph? — Jason questionou.
— Ainda não, mas vamos encontra-lo. — Afirmei com convicção — Victor e eu já estamos tomando as atitudes necessárias.
— Victor, — Jason repetiu o nome e por um segundo seus olhos brilharam, alguma emoção ainda desconhecida passando por ali, mas rápida demais para ser notada — Que bom!
— Lorenzo. — Victor chamou vindo até nós acompanhado da rainha — Jason, como vai? — O cumprimentou apertando sua mão cordialmente.
— Bem e você? — Devolveu o aperto.
— Bem, na medida do possível, não é? — Victor deu de ombros.
— Tia Elisabeth. — Jason deu um beijo aparentemente carinhoso em sua testa.
— Querido. — Sorriu gentilmente.
Minha mãe sempre o considerou muito, acho que pelo fato de ter perdido os pais cedo sempre o tratou como um filho. Por isso não conseguia entender como teve coragem de causar o sofrimento de pessoas que foram tão boas com ele.
Senti um pequeno aperto novamente em minha mão e olhei para Mabel.
— Calma. — Sussurrou e assenti concordando.
Sabia que teria que ter muita calma para fazer o certo e conseguir terminar com tudo isso de vez.
— Que tal um chá com biscoitos? — Mabel sugeriu.
— Ótima ideia querida. — Minha mãe concordou sorrindo levemente.
— Me ajuda Victor? — Chamou.
Conhecia Mabel e sabia que estava fazendo isso apenas para poder colocá-lo por dentro dos acontecimentos, afinal ele tinha ficado no palácio enquanto nós seguíamos Nolan. Victor ficou em alerta, cuidando das garotas e da minha mãe, pois não sabíamos ainda se o ataque de ontem tinha realmente acabado, ou era uma armadilha.
— Claro. — Victor concordou nos olhando meio perdido.
— Peça a uma das criadas. — Minha mãe sugeriu.
— Elas estão tão ocupadas com o palácio, não me custa nada fazer isso. — Mabel justificou sorrindo — Além de que sempre fiz isso em casa, estou acostumada. — Explicou.
A rainha sorriu concordando e aproveitei para oferecer meu braço. Então devagar eu, minha mãe e Jason começamos a andar em direção ao salão principal. A ajudei a sentar em um dos sofás e me acomodei ao seu lado. Já Jason sentou em uma das poltronas, quase de frente para nós.
— Então, como isso aconteceu? Eles burlaram a guarda? — Questionou parecendo interessado.
— Ao que parece sim, não sabemos como, mas eles sabiam o horário de revezamento. — O olhei atentamente.
Agora nós sabíamos como conseguiram essas informações, mas Jason não precisava saber, não ainda.
— Nossa... — Murmurou pensativo.
Pensando em que? Em como conseguiu nos enganar facilmente? Em como nos fez de trouxas? Que ódio!
— Vai dar tudo certo tia, a senhora sabe disso, afinal o rei é forte. — Comentou e a rainha assentiu concordando, sorrindo levemente.
Segurei a mão de minha mãe e a afaguei. Não queria nem pensar em quando ela soubesse da verdade, de que Jason era quem estava ajudando nisso. Seria uma decepção.
— Voltamos. — Victor anunciou entrando no salão acompanhado de Mabel.
Ele colocou a bandeja sobre a mesa de centro e Mabel nos serviu do chá. Esperava mesmo que a bebida quente ajudasse a me acalmar um pouco.
Mabel sentou no outro lado da rainha e nós ficamos ali alguns minutos, Jason pedia informações sobre o ataque de ontem e eu e Victor respondíamos, sendo vagos obviamente. Era como aquele ditado: Mantenha seus amigos perto e os inimigos mais perto ainda.
Falando em inimigos, tinha acabado de terminar minha xícara de chá quando ouvi passos se aproximando.
— Aí estão vocês... — Nolan sorria entrando no salão.
Minhas costas ficaram eretas no mesmo momento, como se meu corpo automaticamente entrasse em alerta para qualquer coisa que fosse acontecer.
Nolan veio até nós e cumprimentou Jason discretamente. Quem assistia de fora, sem as informações que já tínhamos, podia até achar que os dois nem se conheciam, mas a realidade era outra.
— Quer um chá? — Minha mãe ofereceu gentilmente.
— Aceito. — Sorriu.
Mabel se levantou rapidamente e serviu uma xícara Nolan, voltando em seguida ao seu lugar.
— Como estamos nas investigações. — Nolan questionou me olhando.
— Avançando aos poucos. — Respondi vagamente.
Não podíamos dar detalhes, pois era ariscado demais. Havia muitas coisas em jogo e nesse momento tínhamos que ser mais espertos que eles.
— No que precisar pode contar comigo. — Nolan afirmou e apenas assenti concordando.
— Podemos bolar um plano, que pegue o mandante destes ataques. — Jason sugeriu entrando na conversa.
Um plano que pegue você e seu amiguinho Nolan? Pensei, mordendo a língua para não falar nada.
— Precisamos primeiro de pistas. — Victor interveio olhando-o sério.
— Claro, não podemos arriscar a segurança do rei. — Jason concordou.
Continuamos no salão por algum tempo, com Jason e Nolan se mostrando bem prestativos em nos ajudar. Minha cabeça só trabalhava ideias de como fazer para pega-los no flagra e fazer com que dissessem onde meu pai estava. Quem sabe se os prendêssemos e arrancássemos essa informação. Sim, era uma possibilidade.
— Bom, vou me recolher. — Minha mãe avisou enquanto levantava do sofá.
— Eu a acompanho. — Mabel se prontificou.
Dei um pequeno sorriso em forma de agradecimento. Não queria minha mãe andando pelo palácio sozinha, não com o perigo tão próximo e ela sem saber de nada. Isso me lembrou que precisava ver com os guardas que estiveram atentos a Nolan antes, para que continuassem e agora ainda mais redobrados de atenção.
Algum tempo depois, não sei ao certo quanto, mas o suficiente para não conseguir mais olhar na cara de nenhum dos dois homens ali no salão, pedi licença dizendo que precisava fazer algumas coisas.
Jason perguntou se precisava de ajuda e menti dizendo ser algo mais pessoal, mas sugeri que ele e Victor cuidassem da parte de organizar a reconstrução do palácio. Assim Victor conseguiria ficar de olho nele, além de não ter tempo para confabular com Nolan por aí.
Enquanto seguia ao escritório parei uma das criadas e pedi que o almoço fosse servido no quarto das garotas, assim como tinha sido o café da manhã. Seria menos tumultuoso e seguro.
Não tinha visto nenhuma delas hoje, além de Mabel é claro. Deviam estar nos seus quartos se recuperando de ontem. O que era compreensível e até bom, pois não tinha cabeça para lidar com garotas agora.
Entrei no escritório e caminhei até a mesa do meu pai. Olhei a cabeira vazia e senti uma pequena pontada no coração. Eu o traria de volta.
Sentei na cadeira oposta e peguei a relação com o nome dos guardas, as ordens e os postos onde ficavam. Peguei também o mapa do palácio e chequei as entradas por onde os invasores podiam ter passado na noite passada. Isso com ajuda é claro, já que nossa segurança estava bem mais forte desde que meu pai a redobrou, justamente pelos ataques.
Passei a tarde ali, pensando e remoendo tudo que tinha acontecido até agora. Em certo momento uma criada trouxe café e pedi a ela que chamasse o chefe dos guardas. Precisava conversar com Félix, repassar nossas estratégias e deixá-los mais alerta. Ainda sem mencionar Nolan, pelo menos por enquanto.
Quando já era quase hora do jantar nos despedimos e saímos do escritório. Subi a escada e vire no segundo andar. Até podia seguir ao meu quarto, afinal queria descansar um pouco, na verdade, apenas deitar e fechar os olhos. Paz, precisava de paz, mas minhas pernas agiam por conta própria, seguindo meu coração e não a mente. Então em poucos segundos estava parado em frente ao quarto de Mabel. Testei a maçaneta e encontrei a porta destrancada. Isso era um perigo com esses ataques andando por aí.
A abri encontrando o silêncio cômodo e bem-vindo do ambiente. Entrei com cuidado para não fazer barulho e fechei a porta com o mesmo cuidado. As cortinas estavam quase completamente fechadas, o que deixava o quarto mais escuro, não totalmente, mas de um jeito confortável.
Olhei para a cama e um pequeno sorriso surgiu em meu rosto. Mabel estava deitada, seu peito subia e descia tranquilamente. Parecia um anjo, assim dormindo. Caminhei até perto da cama e devagar deitei ao seu lado.
Virei de lado e olhei melhor para o seu rosto, decorando cada traço. Dediquei um bom tempo a isso e deixei que minha mente viajasse, inconscientemente esquecendo de todos os problemas. Com Mabel isso era muito fácil, esquecer de tudo, pensar só em nós e desejar que as coisas que imaginei se tornasse realidade.
Levantei uma das mãos e toquei sua bochecha com cuidado, sentindo o calor e macies. Ainda no seu sono Mabel suspirou baixo, se mexendo um pouco e então devagar seus olhos se abriram minimamente encontrando com os meus.
— Oi Princesa. — Sussurrei sorrindo.
— Alexander? — Questionou ainda sonolenta.
— Desculpe, te acordei. — Comentei com certo pesar.
Mabel estava dormindo tão gostoso que era um pecado tê-la acordado, apesar de logo o jantar ser servido e provavelmente sua criada vir chama-la.
— Que horas são? — Virou de lado na cama, ficando de frente para mim.
— Quase hora do jantar. — Avisei.
— E como você está? — Me olhou avaliativa.
— Sinceramente? — Suspirei baixo — Em um pesadelo.
Não tinha porque esconder isso, na verdade, com Mabel tinha certeza de que podia ser cem por cento sincero. Confiava nela de olhos fechados.
— Ah Alexander... — Lamentou chegando mais perto e tocando nossos narizes.
— Esses ataques, meu pai sumido e agora Jason. — Desabafei fechando os olhos.
— Vai dar tudo certo. Nós vamos encontrar seu pai e pegar Nolan e Jason. — Afirmou e abri os olhos encontrando os seus, deixando que me aquecessem por dentro.
— Ainda bem que tenho você. — Declarei sorrindo levemente.
— Sempre vou estar aqui. — Prometeu se inclinando e beijando meus lábios delicadamente.
— Ma Belle. — Sussurrei.
— Jason está onde? — Perguntou interessada.
— Eu o designei para que cuidasse da reconstrução do palácio juntamente com Victor. Assim ele não tem tempo de ficar por aí planejando coisas com Nolan ou sei lá mais quem... — Expliquei suspirando baixo — E Victor aproveita e fica de olho nele.
— Isso é bom. — Concordou.
— Não consigo entender... Por mais que tente e queira. — Neguei com a cabeça — Porque Jason está fazendo isso? Quando os pais dele morreram meu pai cuidou e o tratou como um filho. — Desabafei.
— Existem pessoas que não sabem reconhecer o que os outros fazem por elas. — Mabel justificou, ou pelo menos tentou.
— Queria poder apertar um botão e puf tudo simplesmente voltar ao devido lugar. — Confessei.
— Você é forte e sei que vai conseguir resolver tudo isso. — Afirmou pegando minha mão e a apertando gentilmente — E quanto a Nolan?
— Quando estávamos apenas nós no salão, depois que você e minha mãe tinham subido... Nolan comentou sobre ter que ir amanhã até sua província para conferir como as coisas estão e trazer alguns guardas para ajudarem na busca pelo rei. — Revirei os olhos em desdém ao lembrar.
— Acha que é um truque? Para fugir? — Franzi a testa.
— Não sei, — Confessei suspirando baixo — Estou meio perdido.
Meio era amenizar a situação, estava bem perdido nisso tudo e rezando para que as coisas dessem certo.
— E se nós o seguíssemos? Quando ele for voltar à província. — Sugeriu me fazendo pensar naquilo — Quem nos garante que Nolan vai mesmo fazer isso?
Não era uma ideia ruim. Nolan podia estar nos enganando, mais uma vez. Podia ir até onde meu pai estava e não voltando a sua província.
— É uma hipótese. — Concordei ainda pensativo — Vou conversar com Victor, Nolan volta só amanhã de qualquer forma. — Dei de ombros.
Não queria que Mabel pensasse muito nisso ou iria se incluir novamente em algum plano e era o que menos precisava nesse momento, ela em perigo.
— Podemos planejar algo. — Sugeriu me olhando.
— Victor quer contar a Ian, mas não sei se é uma boa ideia. — Comentei mudando o foco do assunto sem que Mabel percebesse.
— Porque não? — Questionou.
— Não quero envolve-lo. — Expliquei dando de ombros novamente — Já tem gente demais... Não queria nem você nessa confusão. — Suspirei baixo.
— Não deixaria você sozinho nunca. — Afirmou encarando meus olhos.
— Obrigado. — Agradeci pegando sua mão e beijando.
— Quero falar uma coisa... — Começou visivelmente receosa.
— Fale. — Encorajei.
— Pedi a Jerremy que conseguisse informações sobre minha família. — Confessou de uma só vez, bem rapidamente — Jason estava cuidando da minha família e estou com medo que tenha acontecido algo. — Completou explicando seus motivos.
Não gostava nada dos dois juntos. Já tinha dito isso a Mabel, ou melhor, dado a entender, assim como com o próprio guarda.
— Podia ter me pedido, que mandaria algum guarda fazer isso. — A olhei sério.
— Jerrremy é um guarda, — Justificou como se fosse óbvio — E estava desesperada, então só pensei nele na hora. Além de que você já tem tantos outros problemas. — Explicou dando de ombros.
— Não gosto de você perto dele. — Confessei suspirando baixo.
— Não tem motivos para isso. Nós não temos nada e nem amigos somos. — Sorriu.
— Eu só... Tenho ciúmes. — Assumi desviando os olhos.
Senti Mabel tocar meu rosto e a encarei novamente.
— Não tenho nenhum interesse nele ou qualquer outra pessoa. Desde o dia em que nos esbarramos no centro da província, só tem uma pessoa que ocupa minha mente e coração. — Admitiu sorrindo levemente — E também tenho ciúmes de você... Principalmente com Amanda.
— Amanda? — Questionei surpreso.
Como assim com Amanda? Não tinha a menor possibilidade de nós dois, na verdade, nem nós dois e nem com qualquer outra que não fosse Mabel.
— Sim. Já vi como vocês se dão bem. — Explicou dando de ombros — Ela seria uma ótima futura rainha.
Queria revirar os olhos, mas me contive, sabendo que assim como eu, Mabel tinhainseguranças, que só passariam depois que estivéssemos juntos de verdade.
— Sim, nós nos damos bem, mas não sinto nada por Amanda, — Confessei — Não tem nem como comparar com o que sinto por você Bel. Toda vez que te vejo é como se aparecesse o sol em um dia nublado. — Declarei esfregando nossos narizes, em um beijo de esquimó — Você é meu sol... Me aquece.
Mabel sorriu e beijou meus lábios delicadamente. Minha mão que acariciava o seu braço deslizou até a cintura, a puxando para mais perto.
— Nós seremos muito felizes. — Prometi.
— Vamos sim. — Concordou me dando um selinho rápido.
— Agora acho melhor irmos, afinal já está quase na hora do jantar. — Avisei levantando.
Mabel sentou e passou as mãos pelos cabelos, ajeitando-os. Quando estava pronta me olhou e deu um pequeno sorriso, que retribui facilmente.
— Está linda. — Elogiei fazendo suas bochechas ganharem um tom rosado.
Quando Mabel levantou a abracei e encarei seus olhos.
— Assim que tudo isso acabar nós vamos casar e então vou te levar para a lua de mel. — Comentei acariciando sua cintura — Não vejo a hora de passar um tempo a sós com você.
— Também quero isso. — Confessou corando novamente.
Sorri e busquei seus lábios, mas dessa vez com mais urgência. Minha língua logo pediu passagem, se enroscando e brincando com a de Mabel, provocando-a e chupando, para depois voltar a beija-la com vontade.
Quando nosso beijo acabou nós dois estávamos ofegantes. Encostei nossas testas e respirei fundo, abrindo finalmente os olhos e me perdendo nos de Mabel. Ela tinha esse e muitos outros poderes e eu estava completamente em suas mãos.
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