Capítulo 19
Tinha passado a manhã com Jason e um dos homens que meu pai designou para cuidar do projeto da construção da nova escola da província. Ficamos acertando alguns detalhes sobre os materiais já comprados e os que ainda faltavam chegar.
Acabamos parando só para o almoço, mas depois voltamos direto para o escritório. A tarde Jason saiu com o homem para o centro da província ver como as coisas estavam. Sabia que não o veria mais hoje, pois toda vez que ia para lá acabava alongando sua viajem e passando na casa dos avós de Mabel. Só esperava que isso realmente não acabasse mal.
Suspirei aliviado quando terminei de conferir a última nota com valores das compras que fizemos para a construção. Minhas costas doíam ligeiramente, mas nem poderia me dar ao luxo de descansar, pois tinha mais uma tarefa a cumprir ainda hoje.
Sai do escritório e encontrei com uma criada que passava. Perguntei onde as garotas estavam e descobri que minha mãe tinha as convidado para tomar um chá no salão principal.
— Boa tarde senhoritas. — Cumprimentei sorrindo.
— Boa tarde. — Responderam juntas.
— Acho que não me enquadro neste termo querido. — Minha mãe brincou e deu uma risada baixa.
— Como não? Está na flor da idade. — Caminhei até ela e beijei sua testa.
— Gentileza sua. — Negou.
— Bom, vim pedir a companhia da senhorita Hoffman para um passeio. — Expliquei a olhando e sorrindo.
— Ó! — Betina exclamou visivelmente surpresa.
— Então... — Insisti estendendo a mão.
— Claro. — Concordou sorrindo e a aceitou.
— Com licença. — Engatei nossos braços.
Dei um pequeno sorriso a minha mãe, que o retribuiu e então Betina e eu saímos juntos do salão. Antes de sumir completamente virei um pouco e vi Alisson sentar ao lado de Mabel.
Tinha evitado olhar muito em sua direção ou não conseguiria fazer o que tinha planejado. Acabaria dispensando Betina e chamando Mabel em seu lugar, mas não podia, pois a eliminação seria daqui dois dias e precisava cumprir com minhas tarefas.
Acabamos passeando pelo palácio até chegar a sala de música. Nos sentamos em uma das poltronas e conversamos por um tempo. Betina era uma garota tímida, falava pouco e se não fosse eu para puxar assunto acho que ficaríamos a tarde toda em silêncio.
Quando já era hora do jantar nós seguimos até o salão das refeições. Levei Betina até seu lugar e agradeci a companhia.
Sentei ao lado de Ian e em frente a Victor. Meu pai estava à cabeceira, com Nolan ao lado. Acabei sem tempo de conversar com Victor sobre Nolan. Saber as providencias que já tinha tomado e melhorar ainda mais nossa segurança.
— Preciso falar com você depois. — Sussurrei e Victor assentiu concordando.
— Assim que acabarmos — Avisou.
Ian ao meu lado apenas nos olhava em silêncio. Não sabia se contava algo a ele, afinal não queria colocar mais pessoas no meio disso tudo. Já estava perigoso demais, isso se fosse realmente verdade.
Logo as garotas entravam no salão junto com minha mãe e Verônica. Elas fizeram revência e sentaram em seus lugares. O jantar foi servido e começamos a comer com calma.
Quando tínhamos terminado meu pai chamou os homens para o escritório, pois precisava falar conosco. Não estava com um bom pressentimento, mas mesmo assim segui com eles.
— Chamei vocês aqui porque conseguimos mais uma informação hoje. — Meu pai avisou sentado em sua cadeira.
Eu permanecia de pé perto da porta. Tinha me servido de uma dose de uísque e a bebia devagar.
— Diga-nos. — Victor incentivou.
— Um morador da província relatou ter visto um carro novo passando nestes últimos dois dias. — Explicou nos olhando — Deixamos guardas disfarçados pelo centro hoje e esse mesmo carro descrito foi visto, mas quando tentaram aborda-los ele acelerou e sumiu.
— Não sabem quem estava dentro? — Ian questionou.
— Não conseguimos ver, mas um dos guardas diz ter visto um homem no banco do passageiro. Só não sabemos quem era o outro. — Suspirou baixo e se encostou mais a cadeira.
— Temos que acabar com isso logo. — Nolan afirmou me fazendo olha-lo atentamente.
Percebi que Victor também o encarava de forma observadora. Com certeza procurando algum indicio de que ele tinha mesmo haver com os ataques.
Queria muito que não fosse verdade, mas essa visita repentina a nós estava mesmo estranha. Nolan nunca esteve aqui antes e agora do nada vinha a Thompson, sem o pai e previsão de voltar.
Quando terminamos nossa pequena reunião meu pai nos dispensou.
— Victor. — Chamei quando ele já estava indo em direção à porta.
— Sim. — Se virou e me olhou.
— Preciso falar com você sobre Nolan. — Sussurrei com medo que alguém ouvisse — Mabel já me contou do sonho e tudo mais.
Victor assentiu concordando e colocou as mãos no bolso da calça enquanto olhava pensativo para o chão.
— Conversei com alguns guardas e pedi que ficassem em alerta, sempre perto e atentos aos seus passos. — Explicou dando de ombros.
— Ótimo. Por enquanto vamos manter entre nós apenas, até termos uma certeza. — Avisei e Victor assentiu concordando — Vou conversar com o chefe da segurança, vai ser bom ter Félix atento também.
Combinamos de conversarmos com Félix no dia seguinte. Subimos a escada e nos despedimos em frente aos quartos. Entrei e suspirei de alivio assim que fechei a porta.
Precisava muito de um banho e da minha confortável cama. Uma boa noite de sono com certeza me ajudaria a pensar melhor. Conversar com o chefe da segurança foi uma boa ideia, afinal ele mais do que ninguém conhecia de estratégias e provavelmente conseguiria pensar em algo.
Depois de pronto vesti o calção do pijama e deitei. Puxei o lençol para me cobrir e encarei o teto pensando no carro que meu pai disse que haviam visto no centro da província. Quem seriam as pessoas dentro?
Suspirei baixo e desliguei o abajur, deixando o quarto no breu total. Virei de lado e fechei os olhos, finalmente relaxando.
...
Acordei com batidas fortes na porta. Ainda atordoado levantei da cama e então um guarda a abriu, sendo totalmente contra as regras de etiqueta. Até pensei em contestar, mas ele estava com a respiração acelerada e tinha uma arma bem grande nas mãos.
— Senhor, preciso que venha comigo. — Avisou olhando ao redor do quarto como se procurasse algo.
Agucei os ouvidos e consegui ouvir os barulhos ao fundo. Pareciam disparos e coisas quebrando.
— O que está acontecendo? — Questionei tentando olhar pela varanda, mas ainda estava escuro do lado de fora.
— Estamos sobre ataque e preciso que venha comigo. — Avisou indicando a porta do quarto.
— Só um minuto. — Pedi já correndo até o closet.
Tirei o calção e coloquei uma calça social qualquer, peguei uma camisa branca social e enfiei meus pés nos sapatos, sem as meias. Sai do closet ainda fechando a camisa e fiz sinal ao guarda para que seguisse na frente.
Saímos ao corredor e seguimos por ele a passos rápidos. Os barulhos eram mais altos e podia ouvir a movimentação nos andares de baixo.
— Meus pais e as garotas? — Questionei quando já estávamos descendo ao segundo andar.
— O casal real já está no abrigo e as convocadas sendo reunidas e levadas também. — Explicou me olhando de relance sobre o ombro.
Assenti concordando e notei que enfim tínhamos chegado ao primeiro andar. Percorri o lugar rapidamente com os olhos e vi alguns guardas correndo de lá, para cá.
Continuamos indo em direção a cozinha e passamos por ela, agora completamente vazia. Saímos do palácio e seguimos pela lateral. Já conhecia esse caminho, tínhamos tido treinamento de segurança algumas vezes, mais precisamente uma vez por mês durante muitos anos.
Rapidamente chegamos ao abrigo subterrâneo. O guarda abriu a porta que havia no chão e indicou que descesse a escada.
— Obrigado. — Agradeci e o guarda apenas acenou com a cabeça, já fechando novamente a porta.
Assim que estava dentro da sala olhei para os outros ocupantes. Meus pais estavam mais ao canto, sentados em um pequeno sofá. Meu pai afagava os braços da minha mãe consolando-a e acalmando. Ao lado deles estava Bianca, que parecia incrivelmente calma.
Vi Ian e Victor perto da escada e Nolan sentado em uma cadeira, razoavelmente perto deles.
Continuei a inspeção pelo ambiente e na parede oposta encontrei as garotas, que se resumiam a Alisson, Betina, Amanda e Kelly. Franzi a testa notando que faltava uma pessoa: Mabel. Onde ela estava?
Não tive tempo de me questionar sobre isso, pois ouvi a porta do abrigo abrir novamente e para minha grata surpresa Mabel descia a escada. Parecia assustada e quis abraça-la dizendo que estava tudo bem, mas com certeza não seria uma boa ideia.
Alisson correu na direção da amiga e a abraçou. Aproveitei para ir até Ian e Victor. Os dois conversavam baixo e sorriram levemente assim que me aproximei, parando ao lado deles.
— Estávamos falando sobre o ataque, assim repentino... — Victor comentou me olhando de forma significativa.
Entendi sua mensagem por trás do comentário e assenti concordando. Realmente era estranho esse ataque a nós assim, do nada.
Olhei de canto para Nolan, mas ele ainda estava sentado tranquilamente na cadeira, parecendo quase sereno. Não seria possível que estivesse fazendo esse ataque a Thompson. Seria?
— Com licença. — Ian se despediu deixando Victor e eu sozinhos.
Notei que ele ia em direção as garotas, mas logo voltei minha atenção a Victor.
— Precisamos bolar algo para pega-lo. — Comentei e ele assentiu concordando — Se for Nolan mesmo por trás ou apenas ajudando nisso tudo... Precisamos descobrir.
Pelo canto do olho notei que Mabel se aproximava de nós e pigarrei baixo endireitando o corpo.
— O que estão falando? — Questionou sendo direta.
— Nada demais. — Victor deu de ombros.
— Alexander. — Insistiu me olhando desafiadoramente.
Conhecia bem essa sua teimosia e sabia que não desistiria tão facilmente.
— Estamos planejando como pegar Nolan no flagra. —Expliquei suspirando alto.
— Cara! — Victor exclamou dando um soco no meu braço.
— O que? — Franzi a testa.
— É, 'o que'? — Mabel questionou colocando as duas mãos na cintura e me olhando séria.
— Você tem que ser mais firme com ela. — Explicou.
— Seu... — Mabel murmurou controlando a raiva.
— Quero dizer que não precisa saber de tudo, — Victor deu de ombros — É para sua segurança.
— Você é um bobo. — Desdenhou.
— Estou ofendido. — Victor zombou revirando os olhos.
— Se vão fazer algo vou participar e sabem disso. — Avisou revessando o olhar entre nós dois.
— Nem pensar! — Negamos juntos.
— Não está em discussão. — Victor acrescentou.
Com certeza não estava, porque não deixaria Mabel entrar nessa loucura. Sim, sabia que era uma loucura, mas sendo comigo e Victor era mais tranquilo, agora com Mabel não. Estava fora de questão.
— Veremos. — Cruzou os braços em um desafio claro.
Antes que disséssemos qualquer coisa Mabel já se virava e seguia de volta as garotas. Como já disse: Teimosa.
Suspirei baixo e neguei com cabeça, voltando minha atenção a Victor. Precisávamos pensar em algo, algum plano que desse certo e que nós alcançássemos nosso objetivo. Pegar Nolan.
...
Já tinha se passado quase meia hora. Victor e eu tínhamos pensado em várias coisas, mas nenhuma delas parecia realmente boa, ou que desse certo. Estava com uma dor de cabeça gigante quando ouvi a porta do abrigo ser aberta.
Automaticamente todos ficamos em alerta. Victor e eu estávamos perto da escada e demos um passo para mais perto dela, tendo uma visão melhor da porta.
— Acabou senhor. — Um guarda nos avisou e reconheci como sendo Jerremy.
— Obrigado. — Meu pai agradeceu e ouvi o suspiro aliviado de minha mãe.
Com calma nós seguimos para fora do abrigo. Eu estava logo atrás do guarda e todos os outros nos seguiam.
Assim que estávamos ao lado de fora, no jardim, pude ver um pouco da destruição. Tinham pedaços de madeira e vidro espalhados pelo chão, onde com certeza os guardas correram e lutaram com os invasores.
— Vocês podem subir ao andar real, já verificamos e está seguro. — O guarda explicou e assenti concordando.
Continuamos seguindo, todos andando perto um do outro, como se isso trouxesse alguma segurança a mais.
Passamos novamente pela cozinha, agora ainda mais destruída, com coisas espalhadas pelo chão e até algumas manchas de sangue. Ignoramos isso e continuamos até o salão principal, onde alguns guardas estavam em alerta, ou fazendo algum curativo improvisado em seus machucados.
— Majestade, — Outro guarda nos cumprimentou — Conseguimos combater os invasores.
— Todos mortos? — Meu pai questionou.
— A maioria sim, mas alguns feridos conseguiram recuar e fugir. — Confessou baixando a cabeça.
— Nosso prisioneiro? — O rei perguntou com visível interesse.
— Eles o libertaram senhor. — O guarda confessou envergonhado.
— Que droga! — Esbravejou sem se conter — Desculpem... — Virou em nossa direção.
Mas eu o entendia. Esse prisioneiro era nossa chance, mesmo que não falasse nada de útil e não tivesse dado nenhuma pista concreta, tipo nomes. Mesmo assim entendia sua frustração.
— Calma querido. — A rainha o tranquilizou tocando seu ombro com gentileza.
— Quero que façam uma busca, encontrem-no. — Ordenou aos guardas, que prontamente o obedeceram, saindo dali.
— Vamos subir querido. — Minha mãe sugeriu.
—Vamos. — Concordou pegando sua mão — Vamos subir, temos cômodos para todos. — Avisou se dirigindo a nós.
Assentimos concordando e quando estávamos prestes a sair do salão um barulho alto nos parou. Era como algo se quebrando. Nos abaixamos imediatamente, bem a tempo de vermos uma das janelas se estilhaçar e lançar cacos de vidro para todos os lados. Ainda abaixado procurei por Mabel entre as garotas e a encontrei ao lado de Alisson e perto de Ian. Rapidamente me coloquei ao seu lado e segurei sua mão, a puxando para mais perto.
Ouvi mais barulho, mas agora de disparos. Olhei para trás para tentando identificar de onde vinham. Estávamos sendo atacados novamente. Como isso era possível?
— Achei que tivessem controlado o ataque. — Meu pai acusou enquanto mantinha minha mãe nos braços, a protegendo.
— Nós tínhamos senhor. — O guarda afirmou atirando contra algo.
Mais disparos foram ouvidos e barulho alto de vozes. Guardas corriam tentando nos proteger, fazendo disparos contra o inimigo.
Olhei ao redor procurando um jeito de saíssemos dali, afinal não era nada inteligente ficarmos na linha de fogo. Foi quando notei alguns homens de preto entrando pela janela quebrada.
— É um segundo ataque. — Sussurrei perto do ouvido de Mabel, mais como um pensamento meu do que comentário.
Mabel não teve tempo de me responder, pois nossa atenção foi desviada para um grito mais agudo, com certeza feminino. Olhei sobre a cabeça dela que estava perto do meu peito e vi minha mãe sendo contida por dois guardas. Segui seu olhar desesperado e então meu sangue gelou.
Dois homens de preto passavam pela janela quebrada e saiam do palácio, mas não sozinhos e sim com meu pai, o rei, desmaiado nos braços deles.
— Tire as garotas daqui. — Mandei a um dos guardas.
Tinha que pensar em algo rápido, mas com elas aqui no meio dessa confusão não me concentraria, principalmente com Mabel.
— Mas senhor... — O guarda contestou.
— Tire-as! — Repeti com firmeza.
— Ok. — Concordou chamando outros dois para ajudá-lo.
Virei minimamente para Mabel, que ainda estava encolhida contra meu peito. Não sei se em choque ou apenas me deixando pensar.
— Vai! — Beijei sua testa.
— Não, — Negou segurando minha mão com mais força — Você...
— Vai! — Repeti encarando seus olhos — Eu te encontro. — Prometi.
Vi os três guardas as escoltarem para fora do salão e suspirei alto, levantando devagar. O barulho de tiros já havia diminuído e percebi que os homens de preto que invadiram não estavam mais ali. Obvio, afinal já tinham conseguido o que queriam: O rei!
Senti a raiva crescer dentro de mim e caminhei decidido até perto da janela quebrada. Sabia que era arriscado, mas estava realmente com raiva. Como as coisas tinham chegado a esse ponto?
— Guarda. — Chamei um dos que passava.
— Senhor. — Fez reverência.
— Quero que revistem todo o palácio, canto por canto, e não quero falhas. — Ordenei e ele assentiu concordando — Jerremy. — Chamei o guarda que em segundo já estava ao meu lado.
— Sim. — Me olhou sério.
— Está encarregado do jardim e todo o perímetro perto. — Avisei com autoridade — Olhem todos os cantos, qualquer suspeito, qualquer pista.
O guarda assentiu concordando e fez mais uma reverência antes de sair gritando comandos para outros que o seguiam.
Podia ver nos guardas que passavam correndo uma pequena pontada de susto. Afinal estávamos sem nosso rei agora e precisávamos resgata-lo, mas como?
— Lorenzo. — Victor chamou parando ao meu lado.
— As garotas? — Questionei passando a mão pelos meus cabelos.
— Estão lá em cima, em segurança. — Explicou e assenti concordando.
— Minha mãe? — Lembrei de seu grito e senti um aperto no coração.
— Está com elas. — Tranquilizou-me.
Minha mãe com certeza estaria mais do que abalada com tudo isso, afinal nós não esperávamos que uma coisa dessas acontecesse. Com certeza foi planejado. Eles sabiam que se achássemos que o ataque tinha acabado nós baixaríamos a guarda, assim eles conseguiriam nos pegar desprevenidos e foi o que aconteceu. Só assim mesmo para eles terem conseguido fazer o que fizeram.
— Nolan? — Questionei interessado.
— Não sei, não o vi lá em cima. — Victor comentou me lançando um olhar estranho.
Se Nolan não estava lá em cima, então onde estaria e com quem? Mal tive tempo de pensar nisso e Nolan já passava pela entrada do salão, vindo até nós. Parece que tinha adivinhado.
— Então como estão todos? — Perguntou parando na nossa frente.
— Pegaram o rei, como acha que estamos? — Victor retrucou não se preocupando em ser gentil.
Coloquei a mão no seu ombro em um sinal para que se segurasse um pouco. Neste momento teríamos que ter sangue frio, ou não conseguiríamos alcançar nosso objetivo.
— Estamos bem. Já tomei algumas providencias, mas é melhor nós subirmos também. — Avisei e Nolan assentiu concordando.
Deixei que Nolan fosse na frente e empurrei levemente Victor para que andasse também, seguindo-os logo atrás. O primeiro e segundo andar estavam bem bagunçados. Com certeza teríamos algum trabalho para colocar em ordem, mas mesmo sem ter pedido já via algumas criadas limpando e ajeitando o máximo que conseguiam.
Chegamos ao terceiro e vi dois guardas parados em frente ao escritório particular do meu pai. Eles fizeram sua reverência assim que nos viram e um deles abriu a porta para que passássemos. Entrei e imediatamente olhei para minha mãe sentada no sofá logo à frente. Estava entre Bianca e Mabel, que segurava sua mão, consolando-a.
Caminhei até ela e agachei a sua frente, vendo o rosto molhado pelas lágrimas. Era óbvio que estava sofrendo. Seu marido foi levado e não sabíamos para onde, e nem o que fariam. A abracei forte tentando passar confiança.
— Nós vamos encontra-lo mãe. — Prometi e ela assentiu concordando, me abraçando mais forte — Estou resolvendo tudo e logo o rei estará de volta. — Garanti.
Sim, logo meu pai estaria em casa novamente. Isso era uma promessa. Faria com que os responsáveis fossem pegos e pagassem por isso.
Desfiz nosso abraço e meus olhos cruzaram com os de Mabel. Dei um pequeno sorriso agradecendo silenciosamente por estar ali com minha mãe e então levantei indo até Victor, que esperava a alguns passos de nós.
— Verifique com Jerremy se estamos mesmo seguros, — Sussurrei a Victor que apenas assentiu concordando — Já tenho mais ou menos uma ideia do que fazer.
Saímos do escritório juntos, mas nos separamos no corredor, combinando de nos encontrarmos mais tarde. Segui até meu quarto, pois precisava ficar alguns minutos quieto e pensar.
Estava quase chegando quando lembrei que não avisei Ian sobre o que estava acontecendo, nem ao menos falei com ele. Só tinha dado ordens ao guarda da porta para que ninguém saísse de lá, pois não queria Nolan andando pelo palácio. Então girei nos calcanhares e voltei pelo corredor.
— Mas eu preciso. — Insistiu uma voz já bem conhecida.
— Bel. — Chamei sua atenção.
Ela estava parada ao lado de fora do escritório e encarava o guarda, mas virou assim que ouviu minha voz.
— Preciso falar com você. — Avisou me olhando com seriedade.
— Vem! — Chamei estendendo a mão.
Mabel a aceitou imediatamente e nos guiei pelo corredor em direção ao meu quarto. Abri a porta e entramos.
— Fale. –— Incentivei fechando a porta.
— Tenho algo para te contar. — Avisou ainda me olhando séria.
— Estou ouvindo... — A observei com mais atenção.
— Descobri que Nolan está por trás de tudo isso, — Começou e antes que pedisse como Mabel sabia disso, ela já continuou — Quando os guardas estavam subindo conosco como você pediu, eu o vi correndo para fora do palácio e o segui... — Explicou levantando a mão para me deter novamente — Sim, sei que foi arriscado, mas me escute... Ele voltou ao abrigo, encontrou alguém lá que não consegui ver quem era e então confirmei minhas suspeitas, Nolan está por trás disso tudo mesmo.
— Sabia... — Comentei baixo.
— Nolan pediu sobre o prisioneiro e depois se o rei foi pego mesmo, — Continuou enquanto a olhava sério, mas meus pensamentos estavam longe, mais precisamente em minhas mãos esganando o pescoço de Nolan — E tem mais... Eles combinaram de se encontrar amanhã, não sei que horário, mas quem está o ajudando vai encontra-lo.
Caminhei até a cama e sentei na beirada. Era com certeza bastante coisa para processar. Precisava colocar a cabeça em ordem para poder fazer alguma coisa. Apoiei os cotovelos nos joelhos e enterrei a cabeça em minhas mãos, suspirando baixo.
Senti o colchão ao meu lado afundar e em seguida o toque suave em meu ombro.
— Nós vamos dar um jeito... — Mabel reconfortou.
Segurei sua mão que estava em meu ombro e a levei aos lábios, a beijando.
— Não sei o que seria de mim sem você. — Confessei.
Mabel negou com a cabeça e tocou meu rosto com a mão livre. Fechei os olhos e aproveitei seu carinho, sentindo logo em seguida os seus lábios tocaram os meus levemente.
— Preciso que volte ao escritório, vou conversar com Victor. — Avisei respirando fundo — Minha mãe está tentando ser forte, mas sei que está bem abalada e quero que fiquem juntas... Ela gosta muito de você. — Pedi encarando seus olhos cor de mel, deixando que me acalmassem um pouco.
— Não se preocupe, — Sorriu — Sua mãe ficará bem.
Ela ficaria sim, porque eu faria de tudo para que isso acontecesse. O rei não estava aqui agora e cabia a mim colocar as coisas nos devidos lugares. Ele tinha me educado para isso e o honraria.
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